RELATOR : MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. CORREIO ELETRÔNICO (E-MAIL). INVIABILIDADE NO ÂMBITO DO STJ. - Não se conhece de recurso interposto intempestivamente. - Não se admite recurso aviado por correio eletrônico (e-mail), que, não é meio similar ao fac-símile (Art. 1º da Lei 9.800/99). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ari Pargendler. Brasília (DF), 24 de maio de 2007 (Data do Julgamento). MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS Relator Documento: 695160 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 11/06/2007 Página 1 de 5
RELATÓRIO MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS (Relator): Agravo regimental contra decisão (fl. 304/306) em que neguei provimento ao agravo, nestes termos: Inicialmente, quanto à alegação de violação aos Arts. 940 do Código Civil de 2002 e 1.531 do Código Civil de 1916, registro que o acórdão recorrido não debateu tais dispositivos. Tampouco foram opostos embargos de declaração. Falta prequestionamento. Incidem as Súmulas 282 e 356 ambas do STF. - Critério de Amortização do saldo devedor: Além disso, na linha da jurisprudência deste Superior Tribunal, não é ilegal o critério de amortização do saldo devedor mediante a aplicação da correção monetária e juros para, em seguida, proceder ao abatimento da prestação mensal do contrato de mútuo para aquisição de imóvel pelo Sistema Financeira da Habitação. A propósito, confira-se: "O sistema de prévio reajuste e posterior amortização do saldo devedor não fere a comutatividade das obrigações pactuadas no ajuste, uma vez que, de um lado, deve o capital emprestado ser remunerado pelo exato prazo em que ficou à disposição do mutuário, e, de outro, restou convencionado no contrato que a primeira parcela será paga apenas no mês seguinte ao do empréstimo do capital"(resps. 427.329 e 479.039/NANCY). Juros - Limitação: Sobre a interpretação do Art. 6º, e, da Lei 4.380/64, a Segunda Seção entende que: "(...)2. O referido dispositivo não estabelece limitação da taxa de juros, apenas dispõe sobre as condições para a aplicação do reajuste previsto no artigo 5º da mesma Lei" (ERESP 415588/SC-Menezes Direito, DJ de 01/12/2003). Do voto condutor dos Embargos de Divergência, extraio: "(...) o 'dispositivo aplicado pelo acórdão recorrido, art. 6º, e), da Lei nº 4.380/64, refere-se, especificamente, ao reajustamento previsto no artigo anterior, que disciplina a correção monetária dos contratos imobiliários. Dispõe que a previsão de 'reajustamento das prestações mensais de amortização e juros com a conseqüente correção do valor da dívida toda vez que o salário mínimo for alterado' (art. 5º), somente se aplica aos contratos que satisfaçam as condições estabelecidas no art. 6º, dentre elas a de que o imóvel não tenha área total de construção superior a 100 m², o valor da transação não ultrapasse 200 vezes o maior salário mínimo vigente no país e que os juros convencionais não excedam a 10% ao ano. Fica claro, portanto, que o dispositivo não trata da limitação de juros para os contratos, mas, sim, de condições para que seja aplicado o disposto no artigo anterior. E, no caso, o imóvel negociado, segundo o contrato (fls. 26), tem área superior a 100m². Tabela PRICE - Anatocismo: A respeito do tema, o STJ assentou: Documento: 695160 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 11/06/2007 Página 2 de 5
"A existência, ou não, de capitalização de juros no sistema de amortização contábil operado no contrato firmado entre recorrente e recorrido (tabela price), constitui questão de fato, insuscetível de ser analisada em sede de recurso especial (Súmula 7), conforme o entendimento firmado no Resp 410775/PR, Rel. Min. Menezes Direito, Rel. p/ ac. Min. Nancy Andrighi, julgado pela Terceira Turma em 23/03/04 (REsp 506.702-PR/Nancy Andrighi). No mesmo sentido, lembro ainda: REsp. 747767 e AgRg no Ag. 697649/FERNANDO GONÇALVES, AgRg no REsp. 781005/PARGENDLER, REsp. 584370/PEÇANHA, AgRg no REsp. 490898/SCARTEZZINI e REsp. 562720/TEORI. - Repetição dos valores pagos: Quanto ao ponto, registro que quem recebe pagamento indevido deve restituí-lo para obviar o enriquecimento sem causa. No entanto, para a repetição em dobro, no entanto, deve estar configurada a má-fé do credor (REsp 528.186/DIREITO, REsp 505.734/DIREITO e REsp 596.976/PÁDUA), o que não foi constado pelo acórdão estadual. - TR como índice de correção do saldo devedor: A Taxa Referencial, prevista no contrato ou ainda, pactuada a correção pelo mesmo indexador da caderneta de poupança, pode ser utilizada como índice de correção monetária do saldo devedor em contrato de financiamento imobiliário Nesse sentido lembro: "Taxa Referencial. Adoção como indexador, desde que pactuada a correção monetária em conformidade com a remuneração das cadernetas de poupança" (REsp 229.590/SP-Eduardo Ribeiro, Terceira Turma, DJ de 21/08/2000). Vejam-se, ainda: REsp 419.053/ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, REsp 302.501/ROSADO, REsp 493.354/DIREITO, AGREsp 579.431/ALDIR PASSARINHO e AG 784834/NANCY. Nego provimento ao agravo." AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE. CORREIO ELETRÔNICO (E-MAIL). INVIABILIDADE NO ÂMBITO DO STJ. - Não se conhece de recurso interposto intempestivamente. - Não se admite recurso aviado por correio eletrônico (e-mail), que, não é meio similar ao fac-símile (Art. 1º da Lei 9.800/99). VOTO MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS (Relator): O agravo regimental é intempestivo. A decisão agravada foi publicada no dia 17.04.2007 (terça-feira). O recurso foi interposto, via fax, dia 24.04.2007 (terça-feira). Documento: 695160 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 11/06/2007 Página 3 de 5
O original, entretanto, somente foi protocolizado em 25.04.2007 (quarta-feira), sendo que o prazo de cinco dias previsto no Art. 2º, caput, da Lei 9.800/99, terminou no dia 23.04.2007 (segunda-feira). Registro, ainda, que não se admite a interposição de recurso aviado por correio eletrônico, que, por não se tratar de meio similar ao fac-símile (Art. 1º da Lei 9.800/99), não tem o condão de dilatar o prazo para a entrega dos originais (Art. 2º da Lei 9.800/99), levando à intempestividade do recurso. Precedentes: "O correio eletrônico (e-mail) não pode ser considerado similar ao fac-símile para efeito de aplicação do artigo 1º da Lei nº 9.800/99, que estabelece ser permitido às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita." (AgRg no REsp 674.043/GALLOTTI) "A jurisprudência do STJ não admite a interposição de recurso aviado por correio eletrônico (e-mail), que, por não se tratar de meio similar ao fac-símile (Art. 1º da Lei 9.800/99), não tem o condão de dilatar o prazo para a entrega dos originais (Art. 2º da Lei 9.800/99), levando à intempestividade do recurso." (AgRg no REsp 815.852/HUMBERTO) Portanto, o prazo previsto na referida lei é contínuo e não se suspende aos sábados, domingos ou feriados. Veja-se, a propósito: "I. É intempestivo o agravo regimental interposto via fac-símile, se o original é apresentado após o transcurso do prazo estabelecido no art. 2º da Lei n. 9.800/99, contado da protocolização do fax, pelo princípio da preclusão consumativa. II. O prazo previsto nesse dispositivo é contínuo, tratando-se de simples prorrogação para a apresentação do original da petição recursal, razão pela qual não é suspenso aos sábados, domingos ou feriados. Precedentes do STJ e do STF. III. Agravo regimental não conhecido." (AgRg no Ag 705.680/PASSARINHO) No mesmo sentido: AgRg no Ag 466.260/PASSARINHO, AgRg no Ag 477.271/DIREITO, AgRg no Ag 456.945/SÁLVIO, AgRg na Pet 1.816/DIPP. Não conheço do agravo regimental. Documento: 695160 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 11/06/2007 Página 4 de 5
CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA AgRg no Número Registro: 2007/0019124-7 Ag 857572 / SP Números Origem: 1074880601 1074880602 EM MESA JULGADO: 24/05/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO FILHO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. PEDRO HENRIQUE TÁVORA NIESS Secretária Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO AUTUAÇÃO ASSUNTO: Civil - Contrato - Mútuo - Sistema Financeiro de Habitação - SFH AGRAVO REGIMENTAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ari Pargendler. Brasília, 24 de maio de 2007 SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO Secretária Documento: 695160 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 11/06/2007 Página 5 de 5