Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº MS (2006/ ) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS AGRAVANTE : ROSA MARIA ORTEGA ORTIZ TALEB ADVOGADO : COSME LUIZ DA MOTA PAVAN E OUTRO(S) AGRAVADO : BANCO SUDAMERIS BRASIL S/A ADVOGADO : MARCO ANDRÉ HONDA FLORES E OUTRO(S) INTERES. : HANI TALEB E M E N T A AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO BANCÁRIO. EXTINÇÃO DO MANDATO. REVOGAÇÃO. ATO PRATICADO PELO EX-MANDATÁRIO. VALIDADE. TERCEIROS DE BOA-FÉ. - É válido e eficaz o negócio jurídico praticado por ex-mandatário com terceiro de boa-fé, que desconhecia a extinção do mandato. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ari Pargendler. Brasília (DF), 19 de dezembro de 2007 (Data do Julgamento). MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS Presidente e Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 1 de 6

2 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº MS (2006/ ) RELATÓRIO MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS: A decisão agravada (fls. 329 e 330) negou seguimento ao recurso especial, porque o negócio jurídico praticado por ex-mandatário - ainda ostentando a antiga condição de procurador - é plenamente eficaz para o terceiro de boa-fé que desconhecia a revogação do mandato. O agravante alega que: a) o ex-procurador nunca havia negociado com a instituição financeira, o que afastaria a necessidade de comunicação ao terceiro; b) o banco deveria ter verificado a regularidade da procuração; c) a revogação do mandato deu-se por escritura pública, logo presume-se que a extinção do contrato era de conhecimento geral; do mandato são nulos. d) e todos os negócios travados com a instituição financeira após a extinção AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº MS (2006/ ) AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO BANCÁRIO. EXTINÇÃO DO MANDATO. REVOGAÇÃO. ATO PRATICADO PELO EX-MANDATÁRIO. VALIDADE. TERCEIROS DE BOA-FÉ. - É válido e eficaz o negócio jurídico praticado por ex-mandatário com terceiro de boa-fé que desconhecia a extinção do mandato. VOTO MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS (Relator): O acórdão recorrido (fls. 285 a 289) atesta que os contratos com a instituição financeira foram celebrados após a revogação do mandato outorgado pela agravante ao seu marido. O acórdão recorrido, assentado nas provas, fixou a premissa de que o ex-mandatário e cônjuge da agravante, Sr. Hani Taleb, continuou a ostentar a representação da agravante e que o banco agravado demonstrou a qualidade de terceiro de boa-fé. Ultrapassar e infirmar tais conclusões, com o reexame das provas constantes Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 2 de 6

3 nos autos, seria ignorar a Súmula 7. Baseado nestas questões de fato assentadas em definitivo pelo aresto combatido, percebe-se que ocorreu uma espécie de negócio jurídico putativo. A instituição financeira efetivamente acreditava negociar com procurador de suposta mandante. O negócio jurídico praticado por ex-mandatário é plenamente eficaz para o terceiro de boa-fé, que desconhecia a revogação do mandato. Essa é a indicação dos Arts e 1.321, do CC/1916 (Arts. 686 e 689, do CC/2002) ao tratar da revogação do mandato, confira-se: "Art A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no caso lhe possam caber, contra o procurador." "Art São válidos, a respeito dos contraentes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele, ou a extinção, por qualquer outra causa, do mandato (art )." Sem comunicação, outras pessoas dificilmente saberão que o mandato foi revogado, inda mais, no caso em que o ex-mandatário, casado com a recorrente, constantemente negociava em seu nome. Merece destaque a circunstância de que a revogação ocorreu em localidade diversa e distante da qual foram celebrados os contratos. A publicidade é necessária para preservação da estabilidade e segurança dos negócios jurídicos, um dos princípios elementares do Direito Contratual brasileiro. De igual forma, não se pode exigir que a instituição financeira aja com precauções acima das que o homem médio tomaria. Não é lícito exigir que ela verifique a regularidade do mandato em todo o território nacional. Precedentes: REsp /NANCY, REsp /HUMBERTO e REsp 379/CLÁUDIO SANTOS. Assim, a agravante deve responder pela dívida contraída em seu nome pelo mandatário aparente. É oportuno observar que o suposto ex-procurador é responsável perante à agravante em caso de eventual prejuízo, nos termos dos Arts e 1.331, do CC/1916. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 3 de 6

4 Nego provimento ao agravo regimental. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 4 de 6

5 ERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2006/ AgRg no REsp / MS Números Origem: EM MESA JULGADO: 19/12/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS Secretária Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO AUTUAÇÃO RECORRENTE : ROSA MARIA ORTEGA ORTIZ TALEB ADVOGADO : COSME LUIZ DA MOTA PAVAN E OUTRO(S) RECORRIDO : BANCO SUDAMERIS BRASIL S/A ADVOGADO : MARCO ANDRÉ HONDA FLORES E OUTRO(S) INTERES. : HANI TALEB ASSUNTO: Comercial - Títulos de Crédito - Cédula de Crédito Comercial AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : ROSA MARIA ORTEGA ORTIZ TALEB ADVOGADO : COSME LUIZ DA MOTA PAVAN E OUTRO(S) AGRAVADO : BANCO SUDAMERIS BRASIL S/A ADVOGADO : MARCO ANDRÉ HONDA FLORES E OUTRO(S) INTERES. : HANI TALEB CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Sidnei Beneti votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ari Pargendler. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 5 de 6

6 Brasília, 19 de dezembro de 2007 SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/02/2008 Página 6 de 6