Revisão Literária Sobre Liderança Por David S. Penner



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Transcrição:

Revisão Literária Sobre Liderança Por David S. Penner 1. Introdução 2. Liderança em um contexto mais amplo 3. Abordagens ao apresentar a discussão 4. Os assuntos principais 5. Uma lista bibliográfica 6. Futuro: Há mais o que estudar? 7. Lista de referência Introdução A liderança tornou-se a nossa obsessão. Nós falamos sobre ela, a assistimos na televisão e lemos sobre ela nos jornais. Livrarias estão cheias de livros sobre o assunto. Apesar de sempre ter havido um interesse no estudo da liderança, nos últimos anos houve uma explosão. Não somente milhares de livros foram impressos sobre várias idéias e teorias em liderança, mas agora centenas de cursos e programas acadêmicos estão disponíveis para aqueles interessados em liderança. Recentemente eu digitei a palavra liderança em uma busca na Internet e fui recompensado com quase 13 milhões de itens! Em 1974, Bernard Bass e Ralph Stogdill identificaram 3.000 estudos em liderança em sua primeira edição de Handbook of Leadership. Na edição de 1990 o número subiu para 7.000 e só se pode estimar que, se atualizada hoje, poderia conter mais de 12.000. É possível que este aumento de interesse seja uma renovação do reconhecimento da importância da liderança. Pode ser um desejo sincero de desenvolver bons líderes ou mesmo para obter uma compreensão melhor da liderança. Mas também pode ser que existam tantos exemplos de péssima liderança. Qualquer que seja a razão, a discussão sobre liderança está aqui e aparentemente há muito para ser dito sobre isto. Nas primeiras discussões sobre líderes e liderança, o foco era geralmente em um único indivíduo central no grupo, digamos, um rei, um general ou um líder religioso. Mas à medida que o debate foi aquecendo durante mais ou menos a última década, tem havido uma ampliação na definição e compreensão de liderança. Entende-se agora que um líder pode ser qualquer um, desde uma pessoa no topo de uma organização hierárquica a qualquer outra pessoa que trabalhe dentro ou fora da organização. Uma leitura do que há Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 1

publicado mostra claramente um significado amplo e vago para as palavras líder e liderança. Isto contribui para uma certa quantia de confusão à medida que um autor pode intencionar um significado enquanto outro pode ter algo completamente diferente em mente. Na verdade, quando pressionados para darem uma definição de liderança, muitos admitem que não existe uma boa definição. Muitas das publicações mostram uma insegurança quanto a isto, e muitos autores tentam estreitar o enfoque. Isto é claramente visto em debates tais como: a diferença entre liderança e gerenciamento; se a liderança é uma posição, uma ação ou um estado de espírito; se é meramente uma condição de berço ou sexo; e se a definição e o papel do líder são fornecidos pelos seus seguidores e influenciados por diferenças culturais. Em alguns casos o líder pode ser um grupo ou mesmo uma pessoa que não o cabeça visível da organização. Na verdade, o próprio conceito de liderança servil parece perturbar totalmente a idéia de liderança. Este capítulo tem como intenção ser uma introdução à discussão sempre crescente sobre líderes e liderança. Irá concentrar-se primariamente nos assuntos atuais. Mas não se pode ignorar as fontes históricas que nos deram a fundação do nosso pensamento corrente tais como os trabalhos de Lao-Tzu na China durante o sexto século AC ou A República de Platão e O Príncipe de Maquiavel. Várias antologias sobre liderança tais como The Leader s Companion (Wren, 1995) incluem trechos dos primeiros autores. Outros lançam uma rede mais ampla, tais como The Classic Touch: Lessons in Leadership from Homer to Hemingway (Clemens e Mayer, 1987) ou traduzem as obras como Wing fez em The Tao Power: Lao Tzu s Classic Guide to Leadership, Influence and Excelence (1997). Mas a tarefa deste capítulo é enfocar os trabalhos atuais e selecionar dos milhões de referências a líderes e liderança quaisquer temas ou padrões que venham a emergir. Para o estudo da liderança este é um ponto de partida, o início de uma jornada. Quem sabe algumas palavras sobre as teorias e temas da liderança antes de prosseguirmos. Já houve muitas tentativas de explicar liderança, algumas que se desenvolveram em teorias com pesquisa para apoiá-las. Apesar deste não ser o lugar para explicar as várias teorias nem entrar na história de como se desenvolveram, é útil conhecer algumas das tendências atuais em teoria da liderança como um auxílio para entender as publicações atuais. Uma teoria, popular no século dezenove e conhecida como Teoria do Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 2

Grande Homem, procurava explicar tudo em termos de indivíduos únicos que alteraram a curso da história. Mesmo não sendo mais apresentada como uma solução adequada, há um eco em algumas das publicações atuais quando se sugere que presidentes (CEOs) per se podem mudar a organização. Teorias de característica sugeriam que qualidades superiores tais como altura, idade ou nascimento determinavam um líder. Teorias situacionais argumentavam que líderes são criados e definidos por cada situação. Estas no geral caíram das graças como sendo explicações gerais, mas algumas vezes retornam como suposições por trás de histórias e anedotas sobre liderança. As idéias de liderança transformacional e transacional já não são novas, mas ainda servem como uma suposição subjacente para muitas das discussões sobre liderança. Rapidamente, liderança transacional explica liderança em termos de uma troca entre líder e liderado - recompensas por serviços- mas que cada pessoa permanece inalterada durante o processo. Por contraste, a liderança transformacional sugere que tanto o líder quanto os liderados serão mudados, então muito do que está sendo dito atualmente cairia dentro desta teoria geral. É lógico que houve muitas outras teorias apresentadas através dos séculos de debate. Muitas destas estão incluídas no respeitado Bass and Stogills Handbook of Leadership (Bass, 1990) e em antologias tais como The Leadership Companion (Wren, 1995). Liderança em um contexto mais amplo A explosão nas publicações sobre liderança tem sido, em parte, devido ao número de disciplinas que se juntaram ao debate. Cada uma trouxe um ponto de vista particular para a discussão e tem tentado aplicar de volta na disciplina original o que foi aprendido no debate mais amplo. O interesse esmagador e as grandes contribuições à literatura publicada sobre liderança têm vindo das áreas de gerenciamento e negócios. Alguns dos maiores nomes em liderança têm origem nestas áreas, e o maior volume de publicações encontradas em bibliotecas e livrarias está, de longe, na seção de negócios. Mas estes têm sido acompanhados de perto por outras áreas. A área de educação a muito tem se interessado em desenvolver líderes em administração, mas recentemente também em professores na sala de aulas. Na verdade, termos como liderança educacional e liderança instrutiva têm sido usados por muitos anos para descrever o trabalho de administradores e professores. Por exemplo, Deal e Peterson (1998) argumentaram que o coração da liderança está Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 3

moldando a cultura das escolas, Glickman (2002) pelo desenvolvimento da liderança nos professores, Segiovanni (1990, 1992) pela liderança moral e de valor agregado na administração educacional. Com o debate sobre liderança se estendendo para incluir as idéias da organização que aprende no rastro do livro de Peter Senge, A Quinta Disciplina: A Arte e Prática da Organização que Aprende (1990), tem havido ainda mais interesse no líder como aprendiz, professor e mentor. As áreas de enfermagem e saúde têm desenvolvido um forte interesse em liderança em uma grande variedade de áreas, desde a administração de hospitais até a liderança de enfermeiras ao desempenharem suas tarefas. Tornando-se um Administrador de Saúde Eficaz: As Habilidades Essenciais da Liderança (Sperry, 2003), e Papéis de Liderança e Funções Administrativas na Enfermagem: Teoria e Aplicações (Marquis e Huston, 2002), são apenas alguns exemplos. Organizações religiosas têm sentido a necessidade do desenvolvimento e treinamento da liderança para os administradores e para os que lideram as igrejas e sinagogas locais. Bill Hybels em seu livro Liderança Corajosa (2002), assume a discussão sobre liderança no contexto das igrejas. Organizações comunitárias e voluntárias têm atraído muita atenção recentemente, já que tem sido sugerido que uma ênfase excessiva tem sido colocada nas grandes organizações. A Fundação Drucker tem realizado muitos trabalhos nesta área, conhecida atualmente como Leader to Leader. Trabalhando em conjunto com Max DePree e outros, Frances Hesselbein, diretor do Instituto Leader to Leader, se tornou o principal porta-voz desta discussão. Leading Without Power (DePree, 1997), é um dos melhores em constatar o fato de que existem diferenças significativas em liderar grandes corporações e organizações voluntárias pequenas. Abordagens ao apresentar a discussão Warren Bennis disse, A liderança se tornou uma indústria de peso (Crainer, 1998) ao querer dizer que a liderança não é mais uma conversa isolada, mas sim um tópico principal e um assunto global. Tornou-se uma discussão sem fronteiras e sem definição. A palavra liderança pode significar qualquer coisa, mas não perdeu nada de sua popularidade no processo. O mercado da liderança é instável e modista, enfatizando isto ou aquilo à medida que o interesse do público muda. Algumas abordagens são mais populares que outras; um autor de sucesso atrairá imitadores imediatamente. Através desta avalanche de Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 4

publicações, alguns livros permanecem como padrões nas listas de leitura sobre liderança, mas muitos outros aparecem, somem e são substituídos ainda por outros neste mercado de livros sobre liderança. Isto significa que existe um fluxo constante de livros e que se tornou uma tarefa árdua manter-se em dia com todas as novas publicações. Estas, no entanto, podem ser separadas em áreas ou abordagens gerais do que há escrito sobre liderança. As categorias que se seguem não foram intencionadas a serem classificações científicas porém, mais como pilhas de livros em uma escrivaninha, cada livro nos lembra de algo em outro então nós os empilhamos juntos. Os parágrafos que se seguem examinarão as pilhas e abrirão alguns livros como ilustração. Em adição aos livros padrões sobre liderança, uma abordagem comum é examinar o assunto observando as melhores práticas. Tipicamente um livro nesta categoria centraliza uma pessoa que, tomando por base alguns critérios, foi identificada como um líder de peso. Prossegue então na descrição de como aquela pessoa demonstra um ou outro aspecto da liderança. Semelhantemente, uma organização que teve um desempenho acima das expectativas será descrita em termos do que funcionou melhor naquela organização (ou freqüentemente, o que o CEO -Presidente- fez na organização). Um exemplo deste tipo de livro é Jack Welch and the G.E. Way: Management Insights and Leadership Secrets of the Legendary CEO (Slater, 1998) que conta a história da General Electric Company e o seu CEO, ambos considerados padrões para o mundo corporativo. Relacionada a esta abordagem existe a tendência dos próprios líderes falarem sobre liderança. Enquanto alguns abordam o assunto vangloriando-se e com bravata, outros o fazem de maneira mais ponderada. Um dos melhores exemplos é o de Max DePree. Através de toda sua carreira ele tem se dedicado muito a liderança. Baseado em sua experiência como CEO e Presidente do conselho administrativo da Herman Miller, Inc., DePree explicou sua filosofia de liderança em um pequeno livro com o seguinte título: Leadership is an Art (Liderança é uma Arte, 1989). A primeira responsabilidade de um líder, ele disse é definir a realidade. A última é dizer obrigado. Entre as duas, o líder deve se tornar um servo e um devedor (p.11). Ele sentia que liderança não é uma lista de características de personalidade e sim a aceitação de responsabilidades, ou simplesmente, dever certas coisas à instituição (p. 12). Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 5

Biografias de indivíduos famosos têm sido a muito a fonte de estudos sobre liderança. Atualmente, existem muitos livros que retiram lições sobre liderança da vida dos famosos, sendo Winston Churchill e Abraham Lincoln duas escolhas populares. Outros descrevem líderes militares tais como George Patton, Colin Powell e Átila, o Huno. Livros sobre líderes religiosos tais como Moses on Leadership (Kock, 2001) e Jesus, CEO (Jones, 1994) estão disponíveis atualmente. Outros livros destacam momentos específicos quando um indivíduo exibiu liderança, seja sobrepujando um desafio específico ou encarando uma crise esmagadora. Enquanto descrevem o momento crítico, os autores tipicamente enfatizam lições de liderança aprendidas com a experiência, seja pelas palavras do indivíduo ou do ponto de vista do autor. Por exemplo, Shackelton s Way: Leadership form the Great Antarctic Explorer (Morrel e Campparell, 2001) entrelaça observações e comentários sobre liderança na dramática história de Shackelton ao levar sua equipe para um lugar seguro após uma tentativa de alcançar o Pólo Sul. Esta técnica nem sempre é um sucesso completo. Existe uma tentação de forçar o entendimento atual de liderança em uma pessoa que viveu e operou em uma época e lugar diferentes. Livros de liderança inspiracional e motivacional abundam. Estes vão de histórias caseiras a teorias sofisticadas e podem conter conselhos úteis ou não. Livros desta natureza tendem a ser animados, contam histórias emocionantes de coisas que outros já fizeram e sugerem que você também pode se tornar uma pessoa semelhante. Por exemplo, Becoming a Leader: Everyone Can Do It (Munroe, 1999) promete que você será encorajado, provocado e estimulado à medida que a Liderança - Poder serão literalmente ativados dentro de você através das páginas deste livro (declaração dos editores). Leadership 101: Inspirational Quotes and Insights for Leaders (Maxwell, 1997) ilustra uma outra forma de livros sobre liderança inspiracional. Coleções de citações são freqüentemente interessantes e divertidas mas, devido à idéia ter sido removida do contexto original, pode se tornar uma fonte limitada para o entendimento da liderança. Livros de auto-ajuda se propõem a direcionar o leitor a um caminho melhor ou mais satisfatório de liderança através de um conjunto de passos em particular ou desenvolvendo hábitos mentais específicos. Já foram vendidas mais de 10 milhões de cópias do livro de Covey, The Seven Habits of Highly Effective People (1990), constatando a popularidade deste tipo de livro. Um outro exemplo é Discovering the Leader in You: A Guide to Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 6

Realizing Your Personal Leadership Potencial (King e Lee, 2001). O livro se propõe a ser um guia ao longo da jornada de se tornar um líder. A premissa básica é que muitas pessoas se encontram em papéis de liderança por força da circunstância, não por escolha própria. Os autores prometem que pela leitura deste livro, líderes veteranos e em potencial ambos irão adquirir uma compreensão mais pessoal do que a liderança realmente significa para eles, obter mais controle sobre suas escolhas de carreira profissional e, conseqüentemente, atingir mais sucesso pessoal sendo líderes (capa do livro). O livro é escrito em um estilo fácil e aberto e segue um formato semelhante ao de um livro de exercícios. Perguntas que instigam o pensamento são salpicadas de maneira liberal através de todo o texto e existem espaços em branco são colocados para respostas pessoais. Nesta abordagem em estilo de seminário, espera-se que o leitor atinja uma compreensão do seu estilo de liderança. Agora estão também disponíveis muitos livros sobre liderança que são escritos na forma de histórias ou fábulas. Estes livros são rápidos e fáceis de ler e no processo ensinam lições-chave de liderança. Jaclyn Kostner, desafiada pelo problema de liderança em companhias geograficamente diversas, descobriu que incorporando suas idéias em uma fábula, chegaria ao ponto mais claramente e de maneira mais inteligível. Como resultado ela escreveu Virtual Leadership: Secrets from the Round Table for the Multi-Site Manager (1996). Uma trilogia atualmente popular de Patrik Lencioni adota uma abordagem semelhante. Em seu primeiro livro The Five Temptations of a CEO, Leoncioni tece a história de um CEO de uma companhia em decadência encarando problemas em uma reunião do conselho administrativo. A caminho de casa no metrô naquela noite ele conhece uma pessoa chamada Charlie, que lhe faz algumas perguntas reveladoras que explicam as cinco tentações: preferir escolher status a resultados, preferir escolher popularidade a responsabilidade, preferir escolher certeza a clareza, preferir escolher harmonia a conflito produtivo e preferir escolher invulnerabilidade à confiança. Lencioni deu seguimento a este livro com outro, The Four Obsessions of an Extraordinary Executive (2000). Seu terceiro livro, The Five Disfunctions of a Team (2002), retoma o assunto mas desta vez para liderança em grupos. Esta abordagem tornou-se muito popular e um número de outros livros já se juntaram a estas fábulas de liderança. Os Assuntos Principais Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 7

O primeiro ponto é a procura de uma definição, uma resposta para a pergunta: O que é liderança? Em 1990, Bernard Bass, em Bass & Stogdill s Handbook of Leadership, observou que existe quase o mesmo número de definições distintas sobre liderança quanto o número de pessoas que tentaram defini-la (p.11). Para muitos autores isto não parece criar problema algum, apesar de ser comum salientar a ausência de uma definição consistente. Alguns tentam rodear o assunto simplesmente dizendo que a palavra não pode ser definida; outros, dizendo que você só conhece a liderança quando a vê. Joseph Rost, abordando este mesmo assunto em Leadership for the Twenty-First Century (1991), entendeu esta ambigüidade como sendo inadmissível e pediu uma definição mais precisa. Por causa da falta de definição, ele concluiu que os eruditos não sabem o que é que eles estão estudando, e os praticantes não sabem o que é que eles estão fazendo (p.08). John W. Gardner, em seu livro On Leadership (1990), definiu liderança como o processo de persuasão ou exemplo através do qual um indivíduo (ou equipe de liderança) induz um grupo a lutar por objetivos mantidos pelo líder ou compartilhados pelo líder e seus seguidores (p. 01). Tomando uma outra visão, Warren Bennis explicou que liderança é uma função de se conhecer, ter uma visão que seja bem transmitida, criar confiança entre os colegas, e tomar medidas efetivas para realizar o seu próprio potencial de liderança! Estas e outras foram apresentadas, mas até o presente momento, não parece haver nenhum acordo sobre uma definição. Na verdade, uma definição definitiva parece estar ainda mais distante do nunca com o debate sobre liderança tendo seus periféricos se ampliando e suas bordas em constante expansão. Como alternativa, ou porque a única maneira de se obter uma definição é descrever o que fazem os líderes, o mercado atual de publicações está cheio de livros que enfocam líderes específicos - Giuliani and Leadership, Rounds (2003) -, cria listas de coisas que os líderes fazem, - The Leadersip Challenge, Kjouzes e Posner (2002) - ou preceitos que eles seguem - The 21 Irrefutable Laws of Leadership, Maxwell, (1998). Como parte do processo de definição, tem havido uma luta entre os termos liderança e gerenciamento. Alguns autores tentaram definir a diferença, outros concluíram que é muito difícil separa-los e que, de qualquer maneira, ambos gerentes e líderes precisam de aspectos um do outro. Vários autores, incluindo John Kotter, aceitaram o desafio de desenrolar os dois. Seu artigo What Leaders Do é considerado hoje um clássico e foi re- Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 8

impresso em 1992 no livro Harvard Business Review, On Leadership. Liderança é diferente de gerenciamento, ele começou, mas não pelas razões que a maioria das pessoas acha. Ele prosseguiu em explicar que gerenciamento está relacionado a lidar com a complexidade enquanto liderança está relacionada a lidar com desafios (pp. 39-40). Ele deu continuidade a esta distinção em uma outra publicação, A Force to Change: How Leadership Differs from Management (1990), explicando que gerenciamento se concentra em manter uma organização complexa em dia (dentro dos horários*) e dentro do orçamento prestando atenção especificamente em planejamento e orçamento, organização e pessoal, controle e solução de problemas. A liderança, diz ele, produz movimento focando especificamente as tarefas de estabelecer direção, alinhar, motivar e inspirar as pessoas (pp.4,5 e expandido nos capítulos subseqüentes). Está claro que um líder deve tanto compreender quanto facilitar mudanças, e este assunto tem predominado as publicações atuais. Michael Fullan, em Leading in a Culture of Change (2001), criou uma estrutura dividida em cinco partes para uma melhor compreensão. Ele identificou um conjunto de fatores que precisam estar presentes para que uma mudança efetiva ocorra: propósito moral, compreensão de mudança, construção de relação, criação e compartilhamento de conhecimento e produção de coerência (fazer sentido*). De uma maneira mais linear, John Kotter, em seu livro Leading Change (1996), propôs que existem passos reais para que haja mudança: 1) aumentar a urgência, 2) estruturar uma equipe-guia, 3) acertar a visão, 4) comunicação para aceitação, 5) dar poder para agir (delegar*), 6) criar vitórias em curto prazo, 7) não desistir, e 8) fazer com que a mudança pegue. Estes oito passos foram mais expandidos com histórias e ilustrações em seu livro mais recente, em co-autoria com Dan Cohen, The Heart of Change: Real-life Stories of How People Change Their Organizations (2002). Abordando o estudo da mudança por um outro ângulo, Jim Collins (Good to Great, 2001) estudou um grupo de companhias que fez mudanças particularmente significantes, muito mais do a média em seu grupo. Originalmente, ele deu início ao processo com a decisão consciente de não dar ênfase aos líderes das companhias, uma vez que o CEO é estudado com muita freqüência e de vez em quando isolado do resto da companhia. No entanto, ele e sua equipe descobriram que os líderes tinham algo em comum. Collins os chamou de Líderes de Nível 5 (proveniente de uma hierarquia de cinco níveis de liderança), ou seja, Líderes Nível 5 Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 9

canalizam as necessidades de seu ego para longe de si e para dentro do objetivo maior de construir uma grande empresa (p.21). Não foi porque eles não tinham egos mas porque eles tinham encontrado uma maneira de construir uma grandeza duradoura através de uma mistura paradoxal entre humildade pessoal e vontade profissional (p.20). Ele descobriu que esta qualidade ajudou a companhia a mudar do status de ser simplesmente boa para maravilhosa. Muitos livros sobre liderança concentram-se em uma pessoa e seu papel na organização. Mesmo quando grandes companhias ou pequenos grupos e equipes são estudadas, o foco freqüentemente permanece no indivíduo que está no topo. O papel do líder heróico é enfatizado não somente na literatura, mas também nos esportes onde times ganham ou perdem, mas indivíduos é que são as estrelas; ou nos filmes, onde indivíduos se tornam maiores do que a própria vida e, sozinhos, são responsáveis por salvarem o dia. No entanto, existe um crescente reconhecimento de que ocorre liderança em todos os níveis da organização, não somente no topo, e que liderança pode ser uma atividade em grupo. Felizmente, existe um bom número de livros que abordam este tema. Katzenbach e Smith observaram em seu livro The Wisdom of Teams (1994), que apesar da maioria das companhias terem equipes através de toda a organização, elas podem não estar sendo reconhecidas como tais ou podem estar sendo subestimadas como líderes na organização. No desenvolvimento e reconhecimento de equipes, eles acharam que era importante compreender que equipes e trabalho em equipe não são a mesma coisa e que líderes de equipe são melhor reconhecidos por suas atitudes e pelo que não fazem (p.04). Através de todo o seu livro, eles exploram a natureza das equipes, como funcionam e o que a gerência pode fazer para aumentar sua eficiência. Nem todas as equipes ou grupos de trabalho são iguais e Bennis e Biederman, levando a idéia à diante em Organizing Genius: The Secrets of Creative Collavoration (1997), sugeriram algumas idéias que poderiam aumentar a probabilidade de uma equipe comum se tornar em uma grande equipe. Os grupos que foram estudados iam de Disney Animation ao grupo musical The Greatful Dead. Os autores descobriram entre outras coisas que grandes equipes começaram com indivíduos de talento que trabalharam em conjunto e criaram seus próprios líderes. Eles eram otimistas, visionários e estavam cumprindo uma missão. Lipma-Blumen and Leavitt em Hot Groups (1996) também Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 10

estudaram equipes que fizeram coisas extraordinárias. Eles descobriram que muitos grupos quentes não tinham líderes identificáveis como tais, e que como um todo, eles prestavam pouca atenção a símbolos de hierarquia e autoridade (p.59). Além disso, em grupos quentes todo mundo é influente e ativo, então o líder do grupo, se é que existe um, não se sobressai consideravelmente à turma (p.83). Motivado por ter participado em equipes que deixaram a desejar tais como comissões de docentes, Richard Hackman em Leading Teams: Setting the Stage for Great Performances (2000), se propôs a compreender grupos a partir de uma outra perspectiva. Ele estudou tripulações de companhias aéreas, times de hockey e orquestras. Estes grupos exibiam grande capacidade de auto gerência e, em função de abordagem singular às suas tarefas, ofereciam um modelo diferente das equipes corporativas. Ele descobriu que para que as equipes sejam efetivas elas precisam de estabilidade, direcionamento claro, apoio e coaching por um especialista. O diretor executivo da Orquestra de Câmara Orpheus de Nova York, Harvey Seifter, propõe um outro conceito interessante sobre liderança, mais uma vez, do ponto de vista de uma orquestra. A Orpheus opera sem um maestro, e disto Seifter sugere que equipes podem na verdade não precisar de um líder como tal (Seifter and Economy, Leadership Ensemble, 2001). Por algum tempo tem havido uma discussão sobre sexo e liderança, particularmente sobre o papel das mulheres em posições de lideranças as diferenças em estilos de liderança entre homens e mulheres. Sally Helgesen observou que anterior a 1990, grande parte da literatura sobre mulheres e liderança tinha se concentrado em pretensas vantagens/fraquezas e como as mulheres deveriam se adaptar às organizações nas condições em que elas (as organizações) se encontravam (The Female Advantage, prefácio da edição de 1995, p.xiv). Ela sentia que era importante demonstrar que as mulheres traziam algo para as organizações visão recém-chegada e uma nova abordagem. Ela baseou seu estudo somente em mulheres líderes. Mas ao invés de simplesmente gravar seus comentários e filosofias, ela as observou em seu ambiente de trabalho e registrou suas ações em um diário. O livro que resultou deste processo, The Female Advantage (1990), não somente descreveu em detalhes o que mulheres líderes realmente fazem, mas forneceu um modelo para outros seguirem e, como ela o chamou, um tipo de manual de treinamento (prefácio da edição de 1995, p.xvi). Após o livro ser publicado, ela ficou satisfeita por muitas Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 11

mulheres terem respondido positivamente às maneiras de liderar que ela havia descrito. No entanto, ela também ficou surpresa ao saber que um número de homens foram impregnados com as idéias do livro. Em um livro subseqüente, The Web of Inclusion (1995), ela relatou que tanto homens quanto mulheres freqüentemente se sentiam como marginais ou tinham ficado desiludidos com a liderança hierárquica tradicional (p.11). Indo além do estereótipo da mulher como líder, Shoya Zichy ofereceu uma base para a compreensão das diferenças de estilo de liderança para mulheres em seu livro Woman and the Leadership Q: The Breakthrough System for AchievingPower and Influence (2001). Construindo sobre o trabalho de Jung e Myers-Briggs, Zichy desenvolveu um questionário que ajuda mulheres a verem e compreenderem seu estilo de liderança pessoal. No livro ela forneceu o questionário e uma avaliação de oito estilos de liderança, ilustrando cada um com exemplos de mulheres líderes que demonstram aquele tipo em particular. Apesar do número de estudos sobre o assunto, até agora não há um consenso sobre diferenças entre os sexos no que diz respeito à liderança nem se entende claramente que tipo de impacto líderes mulheres tem no estilo e direção organizacional. Através dos últimos anos, tem havido um crescente interesse na liderança como uma arte. Isto ocorre em parte devido a uma preocupação em trazer um equilíbrio às vidas algumas vezes tremendamente agitadas de líderes empresariais. Mas existe mais por traz desta discussão do simplesmente equilíbrio. Pode ser que a maneira de trabalhar do artista possa servir de modelo para empresas e outras organizações. Pode ser que na pressa de ser eficiente e atingir excelência outros fatores importantes foram passados por alto. Russ Moxley escreveu seu livro Leadership and Spirit (2000) porque ele descobriu que muitos trabalhadores estavam com o espírito abatido, muitos de nós saímos do trabalho todos os dias nos sentindo esgotados, drenados, desenergizados e gastos. Ele apontou para a liderança como sendo uma das causas, observando que muito freqüentemente, práticas de liderança sufocam o espírito (p.xii). Ele recomendou que gastássemos tempo não desenvolvendo novas habilidade e técnicas de liderança, e sim desenvolvendo nosso eu interior. Max DePree deu o título Leadership as an Art (1989) para o seu livro, e argumentou que a liderança não é, na verdade, uma habilidade cuidadosamente projetada, mas sim uma arte praticada que revolve ao redor de pessoas e a confiança que se coloca nelas. Ele enfatizou a necessidade de se gastar tempo com os trabalhadores, de ouvi-los e Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 12

contar histórias que tragam direcionamento e esperança. Ele falou do relacionamento entre a gerência e os trabalhadores de uma empresa como sendo um pacto baseado em ideais compartilhados, idéias compartilhadas, objetivos compartilhados, respeito compartilhado, um senso de integridade, um senso de qualidade, um senso de defesa da causa, um senso de cuidado e preocupação (p.90). Bárbara Mackoff e Gary Wenet exploraram esta parte da liderança em leu livro The Inner Work of Leaders, e identificaram cinco hábitos mentais que ajudam os líderes a encararem os obstáculos em seu trabalho. Após entrevistar 50 líderes, eles descobriram o trabalho interno dos líderes estando centralizado em reflexão, construir uma estrutura para transformar experiências negativas em uma narrativa positiva, a habilidade de ouvir e aprender com os liderados, convicção ou autoridade interior e uma renovação de perspectiva. Os assuntos relativos à liderança são tão interessantes quanto multifacetados. Cada livro sobre liderança traz um novo ponto de vista para a discussão. Ao invés de se chegar a uma conclusão, o debate simplesmente abriu novos pensamentos e idéias. Cada resposta à pergunta sobre liderança fornece novas perguntas a serem exploradas. Nos meses e anos que se seguirão muito mais será escrito sobre líderes e liderança. É nossa obsessão, nossa paixão e nossa necessidade. Uma lista bibliográfica É um tanto quanto difícil saber onde começar na seleção de uma lista de leitura sobre o assunto de líderes e liderança. Literalmente milhares de livros foram escritos sobre o assunto e cada mês é testemunha de mais volumes chegando às estantes. A lista que está incluída aqui não é simplesmente uma lista dos meus livros favoritos, apesar de alguns realmente serem, nem é uma lista de todos os meus livros favoritos já que tive de deixar muitos deles fora da lista. Mas é uma lista que representaria uma amostragem do pensamento corrente sobre líderes e liderança. A ordem em que eles serão apresentados não é importante com exceção de que muitos estão listados juntos quando faz sentido revisá-los juntos. Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 13

1. Bass and Stogdill s Handbook of Leadership: Theory, Research and Managerial Applications (third edition) by Brenard Bass (New York: Free Press, 1990). Este é um livro mais antigo, mas ainda é o livro de referência padrão disponível. Escrito para aquele estudioso sério da área de liderança, é baseado em pesquisa cuidadosa e apresentado de maneira erudita. É particularmente útil no destrinchar de teorias e modelos sobre liderança e dos estudos mais científicos relacionados à liderança. Com Mais de 900 páginas de texto escrito em letras pequenas além de um vasto glossário de termos e uma extensa bibliografia de 190 páginas, definitivamente não é uma leitura fácil, mas no todo um trabalho de referência bom e sólido. Não está isento, porém, de críticos que são rápidos em destacar que a amplitude coberta pelo livro não permite que se vá a fundo o suficiente, e que o material contém algumas interpretações ultrapassadas um fator negativo que se agrava mais e mais já que o Handbok não é atualizado desde 1990. Mesmo assim, ainda é uma excelente referência. Bernard Bass é o Distinto Professor Emérito de Comportamento Organizacional na Escola de Gerenciamento na Universidade Binghamton, Universidade Estadual de Nova York. 2. The Encyclopedia of Leadership: A Practical Guide to Popular Leadership Theories and Techniques by Murray Hiebert and Bruce Klatt (New York: McGraw-Hill, 2001). Resumindo e acrescentando aos trabalhos de notáveis gurus da liderança tais como Bennis, Covey, Kotter, Blanchard, Drucker, Peters, Senge, e outros, a Enciclopédia resume e apresenta 130 princípios e teorias sobre liderança, técnicas e ferramentas de fácil referência. Cada uma é rapidamente resumida em uma ou duas páginas e contém referência a outros materiais úteis na Enciclopédia. Folhas de exercícios e questionários estão incluídos no livro e, além disso, podem ser baixados do site da Mcgraw-Hill na Internet. Não é um livro para se ler em de uma vez, mas sim, um livro ao qual se deve retornar cada vez que houver a necessidade. Ele foi feito para aquelas pessoas que gostariam de conhecer os pontos principais rapidamente, mas não têm tempo para ir a fundo no assunto. O lado negativo é que o leitor somente recebe um resumo breve e pré-digerido e acaba perdendo o vigor completo do material original. Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 14

Murray Hiebert e Bruce Klatt são consultores organizacionais de Calgary, Asberta, Canadá. 3. The Leader s Companion: Insights on Leadership Through the Ages edited by J. Thomas Wren (Nova York: The Free Press, 1995). Wren montou uma antologia bem balanceada sobre liderança, desde os tempos antigos até o presente, de Lao-Tzu, Aristóteles e Platão a Bennis, Burns e MacGregor e alguns pelo meio. Ele tanto incluiu seleções de eruditos da liderança quanto alguns líderes de per se. Já que a liderança é, segundo as palavras de Wren, um aspecto fundamental da condição humana (p.x), ele escolheu as suas fontes de forma ampla, incluindo seleções de Ghandi, Tolstoy, Du Bois e Machiavel. The Leader s Companion traz um gostinho de muitos autores e dá ao leitor uma noção do debate. Como acontece em todas as antologias, os trechos e citações não podem ser longos e, sem todo o contexto, parte da compreensão e da sabedoria se perdem. Thomas Wren é Professor Associado na Escola Jebson de Liderança, Universidade de Richmond, Virgínia. 4. The Future of Leadership: Today s Top Leadership Thinkers Speak to Tomorrow s Leaders edited by Warren Bennis Gretchen M. Spreitzer, and Thomas G. Cummings (New York: John Wiley & Sons, Inc., 2001). Editado por Speitzer e Cummings, este livro foi escrito como um tributo a Warren Bennis, um autor notável de mais de vinte livros sobre liderança, gerenciamento de mudança e colaboração criativa. O próprio Bennis encabeça com um artigo soberbo, The Future Has No Shelf Life, no qual ele argumenta que à medida que mudanças significativas ocorrem no mundo, tais como aquelas sinalizadas pela queda do Muro de Berlin, nós temos que novamente começar do início a reconstrução do mundo. Esta é uma das melhores coleções do pensamento corrente de alguns dos mais respeitados e conhecidos pensadores da área da liderança tais como Handy, Kouzes, Lipman-Blumen, e O Toole. É um volume de fácil leitura e um excelente ponto de partida para aqueles interessados no futuro da liderança. Warren Bennis é Distinto Professor de Administração de Negócios na Escola Marshall e Presidente Fundador do Instituto de Liderança na Universidade do Sul da Califórnia. Gretchen Spreitzer é professora assistente na Escola de Administração Marshall. Thomas Cummings é o Presidente do Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 15

Departamento de Gerência e Organização, USC, e Diretor Executivo do Instituto de Liderança. 5. Leader to Leader: Enduring Insights on Leadership edited by Frances Hesselbein and Paul M. Cohen (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1999). The Leader of the Future: New Visions, Strategies and Practices for the Next Era edited by Frances Hesselbein, Marshall Goldsmith, and Richard Beckhard (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1996). Estas são mais duas antologias excelentes sobre material de liderança. Hesselbein, desempenhando seu papel na Fundação Drucker, tem atraído alguns dos melhores escritores sobre liderança. É difícil saber que livro recomendar, Leader to Leader ou Leader of the Future, ambos são excelentes e recomendados. O primeiro é uma coleção de artigos previamente publicados na revista especializada Leader to Leader; ambos de leitura fácil e cheios de artigos escritos por autores bem conhecidos da área de liderança tais como Handy, Helgesen, Kouzes e Posner, Bennis, Collins, DePree, Drucker, Gardner, Hamel e Kotter. Francês Hesselbein tem escrito vastamente sobre o assunto da liderança; uma coleção dos seus escritos pode ser encontrada em Hesselbein on Leadership (2002). Ela é a redatora chefe da revista Leader to Leader, Presidente do Conselho Administrativo da Fundação Drucker, e Ex-Presidente da Girl Scouts of America. 6. Leadership by James MacGregor Burns (New York: Harper and Row, 1978). Nós procuramos avidamente por liderança, porém buscamos aprisioná-la e domesticála (p.09). Assim começa este clássico da liderança. Burns aborda seu assunto de maneira ampla, porém erudita, dissecando e destilando a história passada e mais recente da liderança, política e poder político através de 500 páginas. Como historiador, a noção e compreensão histórica de Burns são repletas a ponto de fazer com que este volume quase épico seja considerado por muitos como uma leitura essencial para todos os estudiosos da liderança. Neste livro Burns fez a sua afirmação central de que a liderança tem um aspecto moral e cunhou o termo liderança transformacional. Ele argumenta que este tipo de liderança, ao contrário da liderança transacional, que resulta apenas em uma troca, traz uma mudança tanto no líder quanto nos liderados, e Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 16

os inspira a níveis mais altos de motivação e de moralidade. Mesmo sendo considerado por muitos o livro definitivo sobre liderança alguns diriam que é muito longo, amplo, e histórico para ser considerado prático. Mesmo assim, as idéias apresentadas por Burns têm influenciado grande parte do pensamento atual sobre liderança. Ele é Erudito Sênior na Academia James MacGregor Burns de Liderança na Universidade de Maryland. 7. On Leadership by John W. Gardner (New York: Free Press, 1990). Na discussão mais ampla sobre liderança, o livro de Gardner provou ser uma influência estável. Seu livro, invariavelmente, encontra o caminho das listas de livros recomendados. Sua experiência como Secretário de Saúde, Educação e Bem-Estar Social dos Estados Unidos e inúmeros outros cargos governamentais ajudaram-no a enxergar e compreender a necessidade de liderança em todos os níveis. Liderança ele disse, não é uma atividade misteriosa. É possível descrever as tarefas que os líderes desempenham. E a capacidade de desempenhar estas tarefas está amplamente distribuída na população (p.xv). Ele identificou seis tarefas-chave da liderança: visualizar objetivos, ratificar valores, motivar pessoas, gerenciar, atingir uma unidade que favoreça o trabalho, explicar, servir de símbolo, representar o grupo e renovar. Seu livro discorre de maneira vasta e ampla sobre tópicos de liderança e seu chamado para uma liderança maior, baseada em valores compartilhados e comunidade, ainda é apropriado para os dias de hoje. John W. Gardner era professor consultor na Universidade Stamford na ocasião de sua morte em 2002 aos 89 anos de idade. 8. Leadership for the Twenty-First Century by Joseph C. Rost (New York: Praeger, 1991). Rost se propôs a examinar as definições sobre liderança como ela tem sido entendida nos últimos setenta e cinco anos e sugeriu alguns caminhos de como esta discussão deveria progredir no futuro. Seu livro está incluído na lista porque Rost, talvez mais do que qualquer outro autor, tentou responder a pergunta: O que é liderança? Rost se esforçou muito em ressaltar que existem problemas significativos com os estudos sobre liderança e argumentou que o assunto da liderança tem sido considerado de maneira muito frívola. Ele estava convencido, ele disse, que há muito mais escrito e estudado sobre aspectos periféricos da liderança do que sobre o ponto central do assunto. Ele Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 17

atribui a culpa disto em parte à falta de uma definição apropriada e na maneira liberal com que o termo é usado nas discussões sobre liderança. Rost tem discípulos leais e dedicados, mas a oposição entende que apesar do seu argumento quanto à falta de consistência ser bem aceito este é o único ponto. Joseph Rost é professor de liderança e administração na Escola de Educação da Universidade de San Diego. 9. The Leadership Challenge (third edition) by James M. Kouzes and Barry Z. Posner (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 2001). Um dos livros mais populares sobre o assunto, The Leadership Cahallenge combina ambos, a prática e a teoria. Partindo da premissa de que liderança é da conta de todos, os autores propõem uma estrutura para compreensão dos papéis e responsabilidades da liderança. Baseados em pesquisas e entrevistas eles descobriram cinco práticas comuns às melhores experiências pessoais em liderança. Quando executando coisas extraordinárias em organizações, líderes se engajavam nestas Cinco Práticas da Liderança Exemplar: moldar o caminho, inspirar uma visão compartilhada, desafiar o processo, capacitar outros a agirem, encorajar o coração (espírito*) (p.13). Pareados a estas práticas estão dez compromissos à liderança, cada um explicado e ilustrado com exemplos. Apoiado em pesquisa e pelo Leadership Practices Inventory (LPI), este livro é considerado por muitos como sendo um dos trabalhos mais confiáveis sobre liderança. Agora em sua terceira edição, tornou-se um livro padrão para muitos cursos universitários em liderança. Jim Kouzes é Presidente Emérito da Tom Peters Company e um Executive Fellow no Center for Innovation and Entrepreneurship na Escola de Business Leavey, Universidade Santa Clara. Barry Posner é Diretor da Escola de Business Leavey e professor de Liderança na Universidade Santa Clara. 10. The Seven Habits of Highly Effective People: Restoring the Character Ethic by Stephen R. Covey (New York: Simon and Schuster, 1990). Quando primeiramente publicado, este livro foi altamente elogiado como o livro sobre liderança pessoal da década (capa). Tornou-se extremamente popular, já tendo vendido mais de 10 milhões de cópias e dado origem a uma companhia, Franklin Covey. Covey compilou a sabedoria popular sobre liderança e mudança de muitas fontes e as organizou em sete seções que ele denominou hábitos. A confluência do conhecimento, habilidades e desejo se torna em princípios e padrões internalizados de Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 18

comportamento ou hábitos efetivos 9p.48). Os sete hábitos são: Seja proativo (princípios de visão pessoal); Comece com o fim em mente (princípios de liderança pessoal); Ponha as primeiras coisas em primeiro lugar (princípios de gerência pessoal); Pense ganhar/ganhar (princípios de liderança interpessoal); Busque primeiro compreender, e então ser compreendido (princípio de comunicação empática); Sinergize (princípios de cooperação criativa); e Afie a serra (princípios de autorenovação equilibrada). Este livro está incluso nesta pequena lista porque é um exemplo de um gênero particular de livros sobre liderança somente por causa de sua popularidade. No entanto, muitas críticas foram feitas contra este livro e outros que se originaram deste escritos por Covey. Alguns acham o livro simplista, não contribuindo com nada de novo para a compreensão da liderança, não embasado em pesquisa, e escrito em um estilo condescendente. Stephen Covey é Vice Presidente do Conselho Administrativo da Fanklin Covey, localizada em Salt Lake City, Utah. 11. The 21 Irrefutable Laws of Leadership: Follow Them and They Will Follow You by John C. Maxwell (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1998). O livro de John Maxwell representa uma linha de materiais sobre liderança se caracteriza por uma abordagem mais leve e conselhos gerais. Como o título sugere, ele estruturou o livro em observações que ele chamou de leis da liderança. A grande maioria das leis está baseada em histórias sobre indivíduos como E. F. Hutton, Harriet Tubman e até Claude, uma pessoa do conselho administrativo de sua igreja local. São feitas observações ao término de cada história e então desenvolvidas no que Maxwell chama de uma lei de liderança. Por exemplo, ele começou sua Lei de Influência ressaltando a liderança de Diana que, como Princesa de Gales, exerceu sua influência não só na Inglaterra mas ao redor do mundo. Ele mencionou que no final ela perdeu o título, mas esta perda não diminuiu em nada seu impacto sobre os outros (p.13). Então após observar que título e posição não são a mesma coisa que liderança, ele desenvolveu a sua lei: Liderança é influência nada mais, nada menos (p.17). O livros são populares, divertidos e de fácil leitura. Aqueles que gostam de Maxwell se entusiasmam com seu bom-senso na abordagem e referências em forma de anedotas. Outros acham seu trabalho muito simplista, não tendo profundidade nem base de pesquisa, e muito dependente de exemplos de sua experiência pessoal. A idéia de que Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 19

estas sejam leis irrefutáveis pode ser vista como um toque de arrogância ou exagero. Alguns têm reagido negativamente aos livros de Maxwell dizendo sentir que a visão dele reflete uma liderança de cima para baixo. Mesmo tendo intencionado seu livro para todos os líderes, sua formação e experiência como pastor podem tornar seus livros mais aplicáveis ao contexto da igreja do que ao mundo dos negócios. Autor de mais de 25 livros, John C. Maxwell é o fundador do Grupo INJOY em Atlanta, Geórgia. 12. The Five Disfunctions of a Team: A Leadership Fable by Patrick Leoncioni (San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 2002). Este best-seller é o terceiro de uma série de fábulas sobre liderança escritas por Patrick Leoncioni. Ele se concentra na equipe administrativa enquanto os dois primeiros foram dirigidos especificamente ao executivo empresarial. Leoncioni é um bom contador de histórias e o leitor é rapidamente sugado para dentro do conto. Uma nova CEO foi nomeada e seu primeiro desafio é unir a equipe administrativa. Eles participam de uma viagem para dinâmica de grupo, onde os problemas logo se tornam aparentes falta de confiança, medo de conflito, falta de comprometimento, esquiva de responsabilidade, desatenção para com resultados. Ao final do conto eles já resolveram suas diferenças e estão a caminho de se tornarem uma equipe funcional. Seguindo a história, Leoncini explicou as cinco disfunções dando sugestões de como superá-las. Na conclusão deste livro ele observou que a realidade permanece de que trabalho em equipe é, em última instância, o resultado da prática de um pequeno conjunto de princípios por um longo período de tempo. O sucesso não é questão de dominar uma teoria sutil e sofisticada, mas sim de abraçar o bom-senso com níveis incomuns de disciplina e persistência (p. 220). Se há alguma crítica a ser feita sobre este livro seria que esta é apenas uma história simples que não descreve todas as situações para todas as organizações. Mas o poder de uma fábula se encontra na simplicidade. Todos os três livros incluindo este, The Five Temptations of a CEO e The Four Obsessions of an Extraordinary Executive já estão disponíveis na Patrick Leoncioni Trilogy (2002). Parick Leoncioni é o fundador e presidente do The Table Group, uma firma de consultoria administrativa com sede na área de San Francisco. 13. Servant Leadership: A Journeyinto the Nature of Legitimate Power and Greatness by Robert K. Greenleaf (New York: Paulist Press, 1997). Revisão Literária Sobre Liderança por David S. Penner, página 20