PSICOTRÓPICOS UTILIZADOS POR USUÁRIOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE CUIABÁ-MT, 2011. UREL,Denner Regis 1 ; ZORMAN, Ivanilda Benedita Santiago²; REZIO, Larissa Almeida³; MARCON, Samira Reschetti 4. Palavras Chave: Psicotrópicos, Saúde Mental, Programa Saúde da Família. Introdução: No Brasil, o movimento social da Reforma Psiquiátrica iniciada na década de 80 visa à reinserção social dos usuários, assim como, a construção de uma Rede de Atenção Psicossocial com a articulação de serviços extra-hospitalares e dispositivos da comunidade, ampliando as unidades de saúde descentralizadas como as Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos, ações de saúde mental do PSF (Programa Saúde da Família) dentre outros (SCÓZ, FENILI, 2003; AMARANTE, 2007). A atenção básica por sua vez, por ter um caráter descentralizador, com ênfase continua na promoção e prevenção de doenças da população atendida em sua área de abrangência, apresentase como uma estratégia importante para atender a usuários em sofrimento psíquico, pois ações como acompanhamento e visita domiciliar pela equipe interdisciplinar de saúde, propicia um atendimento mais humanizado, favorecendo á redução na quantidade de internações nos hospitais psiquiátricos (SOUZA et al, 2007), possibilitando a promoção da reinserção social e construção de autonomia, finalidade primeira da Reforma Psiquiátrica/ Atenção Psicossocial (AMARANTE, 2007). A relação entre as ações estratégicas do PSF em conjunto com as diretrizes da Reforma Resumo revisado pela Coordenadora da Ação de Extensão Análise da situação de Saúde da População Cuiabana Assistida Pela Equipe do Projeto PETSAÚDE/Saúde da Família, código 693/2009. Coodenadora: Laryssa Almeida Rezio 1.Graduando do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem - FAEN/UFMT. Email: Denner_urel2@hotmail.com. 2. Enfermeira Preceptora do PET Saúde. Email: ivanildazorman@hotmail.com. 3.Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem. Mestre em Enfermagem. Área Enfermagem em saúde mental. Email: larissarezio@hotmail.com. 4.Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem FAEN-UFMT. Doutora e Ciências da Saúde, área Enfermagem em Saúde Mental. Email: samira.marcon@gmail.com.
Psiquiátrica vem sendo uma maneira inovadora do trabalho na área da saúde, as quais são embasadas num conjunto de ações interdisciplinares. Os profissionais do PSF devem ser capacitados, para que assim possam realizar um trabalho mais especifico e abrangente para os pacientes em sofrimento psíquico, uma vez que a atenção básica é a porta de entrada do usuário para o serviço de saúde pública. (SCÓZ, FENILI, 2003). São inúmeras as demandas em saúde mental que são atendidas na unidade básica diariamente, os principais motivos de atendimentos tratam-se de situações que envolvem problemáticas com álcool e outras drogas, utilização inapropriada de fármacos, como os benzodiazepínicos, atendimentos a pacientes com sofrimento psíquico e casos resultantes de envolvimento de violência e exclusão social (DIMENSTEIN et al, 2005). Visando pesquisar sobre os principais psicotrópicos utilizados pelos usuários da área de abrangência de um PSF do município localizado na região sul do município de Cuiabá, Mato Grosso, a partir de uma atividade vinculada ao Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde Saúde da Família, identificamos um número significativo de pessoas que utilizam psicotrópicos. Objetivo: Descrever os diagnósticos de sofrimento psíquico, uso de psicotrópicos e presença de comorbidade entre os pacientes atendidos num Programa Saúde da Família da região sul do município de Cuiabá-MT. Método: Trata-se de um estudo descritivo documental com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada no mês de outubro de 2011 a partir dos prontuários de 45 pacientes da unidade primária de saúde Coxipó III em Cuiabá-MT, que tiveram prescrição médica de psicotrópicos nos últimos dois anos. Este PSF está localizado na região sul da cidade de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso. Atende em torno de 4000 pessoas de sua área de abrangência. A coleta de dados foi concretizada a partir da seleção dos prontuários que continham informações médicas e de enfermagem, elegendo assim as variáveis de estudo como sexo, idade, tipo de sofrimento psíquico apresentado, presença de comorbidades e psicotrópicos prescritos. Os critérios de inclusão foram: paciente ser residente na área de abrangência da unidade de saúde, utilizar psicotrópicos e ter realizado a última consulta nos últimos dois anos. Os dados foram organizados em planilhas no software Excel, a partir do qual foram analisados através de tabelas e gráficos. A pesquisa está inserida no projeto matricial denominado Análise da situação de Saúde da População Cuiabana
Assistida Pela Equipe do Projeto PETSAÚDE/Saúde da Família que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM) através do protocolo 693/2009. Resultados e Discussão. A população estudada é predominantemente do sexo feminino (84%), com faixa etária entre 40 a 50 anos (45%), seguida de 50 a 60 anos (20%). De acordo com Alves et al (2011), as mulheres são mais cuidadosas quanto á prevenção de doenças, de forma que buscam mais o serviço de saúde do que o sexo masculino, uma vez que os homens podem apresentar como empecilhos: o machismo, dificuldades quanto a acessibilidade de entrar em contato com os serviços de saúde e em poder assumir a patologia que possui. Os quadros de sofrimento psíquico evidenciados em maior proporção foram depressão com 34% dos casos, ansiedade (25%) e em menor proporção a fibromialgia (15%). Neste estudo, a depressão predominou em relação aos outros quadros psíquicos evidenciados, estudos mostram que na população em geral sua prevalência se apresenta entre 5 a 6%, e durante a vida cerca de 10% da população poderá desenvolver este tipo de sofrimento psíquico (CAMPIGOTTO, 2008; SIQUEIRA, 2009). A ansiedade é a patologia psiquiátrica com mais incidência na população, de forma que 24% da população apresenta ansiedade, já em três capitais brasileiras (São Paulo, Brasília e Porto Alegre) a prevalência de ansiedade foi maior que 18% (MERCANTE et al, 2007). Na investigação de presença de comorbidades, evidenciou-se que entre 42% dos usuários não havia outros diagnósticos médicos associados, porém em 40% foram identificada uma comorbidade associada. As comorbidades psiquiátricas tem tido um tratamento inadequado frequentemente de forma que podem apresentar resultados como minimização da qualidade de vida e de saúde e incapacidade significativa (CASTRO, 2011). Em relação aos medicamentos prescritos os principais foram Amitriptilina (62%), Fluoxetina (11%) e Diazepan com 7%. Os dados evidenciam o predomínio de antidepressivos sendo prescritos entre a população estudada, em segundo lugar estão os ansiolíticos, que são medicamentos com potencial de dependência. Este tipo de medicamento deve ser utilizado com cautela, bem como nos momentos de crise, e assim que possível devem ser gradualmente descontinuado o seu uso (SARACENO; ASIOLI; TOGNONI, 2001). A OMS (Organização Mundial da Saúde), alerta sobre o uso incontrolável e o controle insuficiente de fármacos psicotrópicos nos países
subdesenvolvidos. No Brasil entre os anos 80 e 90, os benzodiazepínicos apresentaram uma grave realidade de uso indiscriminado, em uma pesquisa domiciliar realizada em 2001, cerca de 3% dos entrevistados afirmaram já haver usado algum desses fármacos sem receita médica. Conclusão: Neste estudo o sexo feminino prevaleceu na população atendida no PSF, sendo a depressão o quadro psíquico predominante e a Amitriptilina o psicofármaco mais utilizado. Em relação à presença de comorbidades em 52% dos pacientes em uso de psicotrópicos, apresentaram principalmente depressão, ansiedade e fribromialgia. A atenção básica tem papel fundamental na constituição da Rede de atenção à saúde mental, podendo ser a porta de entrada e, muitas vezes um dispositivo importante na detecção de uso abusivo de psicotrópicos e drogas, assim como de algum sofrimento psíquico. Desta forma, a constituição da Rede começa a ser efetivada na medida em que é realizado o acolhimento e acompanhamento desta clientela pelos profissionais dos PSF garantindo à integralidade da assistência a população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SCÓZ, Tânia Mara Xavier; FENILI, Rosangela Maria. Como desenvolver projetos de atenção à saúde mental no programa de saúde da família. Rev. Eletr. Enf., 5(2): 71 77. 2003. 2. AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. 3. SOUZA et al, Aline de Jesus Fontineli. A saúde mental no Programa de Saúde da Família. Ver. Bras. Enferm., 60(4): 391-395. 2007. 4. DIMENSTEIN, M. et al. Demanda em saúde mental em unidades de saúde da família. Mental, vol.3, n.5, p. 23-41, 2005. 5. Alves et al. Gênero e saúde: o cuidar do homem em debate. Psicol. teor. prat., v. 13, n. 3, p. 152-166, 2011. 6. CAMPIGOTTO et al, Kassia Fernanda. Detecção de risco de interações entre fármacos antidepressivos e associados prescritos a pacientes adultos. Rev. Psiq. Clin., v. 35, n.1,p. 1-5, 2008.
7. SIQUEIRA, G.R. Análise da sintomatologia depressiva nos moradores do Abrigo Cristo Redentor através da aplicação da Escala de Depressão Geriátrica (EDG). Cien. Saúde. Colet., v.14, n.1, p.253-259, 2009. 8. MERCANTE et al, Juliane Prieto Peres. Comorbidade Psiquiátrica diminui a qualidade de vida de pacientes com enxaqueca crônica. Arq. Neur-Psiq., 65(3-B):880-884,2007; 9. Castro et al, Marta M.C. et al. Comorbidade de sintomas ansiosos e depressivos em pacientes com dor crônica e o impacto sobre a qualidade de vida. Rev. Psiq. Clin., 38(4):126-9, 2011.. 10. SARACENO, B.; ASIOLI, F.; TOGNONI,G. Manual de saúde mental. 3º ED. Editora Hucitec. 2001.