Fundamentação. Educação Infantil



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Transcrição:

Fundamentação Educação Infantil

Coleção Cidadania Educação Infantil 2011 Autoria Veima Cristina Vechiatto Autoria das músicas inéditas para esta coleção Odin D Albuquerque Lima Jr. Editora Opet Direção Geral Maria Cristina Swiatovski Gerência Editorial Célia Cúnico Coordenação Editorial Anna Carolina G. Curto Déborah de Araujo Maia Assistente Editorial Cristiane Marthendal Consultoria Pedagógica Vasco Moretto Revisão Carlos Melnik Coordenação de Editoração Roland Cirilo Editoração Eliana Pereira Quaresma Ivan Vilhena Leonir Bianchini Marcelo S. Schvabe Márcia Braun Novak Ilustração Márcia Braun Novak Iconografia Vera Cruz Francielen Oliveira Revisão Comparativa Dyanne Lopes Marcelle Iubel Editoração, Impressão e Comercialização: Editora Gráfica OPET Rua Des. Hugo Simas, 1220 CEP 80520-000 Curitiba PR Tel.: (41) 3017 0111 Fax.:(41) 3017 0100-0800 41 0034

Coleção Cidadania Educação Infantil Editora Gráfica OPET Curitiba PR

Sumário A Coleção Cidadania...4 A Escola de Educação Infantil...4 O Processo Educativo...5 Abordagem Metodológica...6 Âmbito: Formação Pessoal e Social Eixos de Trabalho...7 Identidade e Autonomia...7 Âmbito: Conhecimento de Mundo Eixos de Trabalho...8 Movimento...8 Música...8 Artes Visuais...10 Linguagem Oral e Escrita...10 Natureza e Sociedade...12 Matemática...12 Objetivos...13 Objetivo Geral...13 Objetivos Específicos...13 Processo de Avaliação...14 Estrutura Didática da Coleção...16 Unidades Temáticas...17 Ícones...18 Organização dos Conteúdos Curriculares...20 Infantil I...20 Infantil II...25 Infantil III...29 Leituras de aprofundamento...33 Letras das músicas dos CDs...43 Portal Opet Virtual...56 Referências...61

Professora e professor, Sabemos o quanto é importante o trabalho educativo que acontece nas salas de aula das instituições de Educação Infantil para o desenvolvimento do ser humano. Diante disso, elaboramos este livro. Ele foi pensado exclusivamente para auxiliar em seu dia a dia na sala de aula. Este livro de fundamentação fala sobre a coleção cidadania, apresentando os princípios pedagógicos que norteiam as atividades didáticas propostas em cada livro, a organização e estrutura didática, a metodologia, os quadros de conteúdos por faixa etária e as referências (documentos oficiais e teóricos que fundamentam nosso trabalho) de todas as propostas. O nosso desejo é desenvolver com você práticas pedagógicas que estejam em harmonia com o desenvolvimento da criança e com a realidade histórica, social e cultural em que elas vivem. Bom trabalho! Editora Opet

A Coleção Cidadania 4 Para a construção da cidadania é necessário ultrapassar os limites do espaço escolar. As oportunidades educativas devem estar inseridas no currículo, na metodologia, no fazer didático, nas rotinas, nos processos de avaliação tendo como referência a vida cultural: da família, da comunidade e da cidade. Assim, na coleção Cidadania Educação Infantil todas as ações didáticas propostas buscam a explicação da realidade humana, o que possibilita a sua compreensão no interior da prática social e abrindo espaços para a condução do processo ensino aprendizagem, de forma significativa e inovadora. Ao se levar em conta esses aspectos, não se pode perder de vista a especificidade da pedagogia da Educação Infantil, como afirma Rocha (1999): Enquanto a escola tem como sujeito aluno, e como objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas por meio da aula; a Educação Infantil tem como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança até 6 anos de idade. É importante destacar que essas relações educativas às quais a autora se refere na instituição de Educação Infantil são perpassadas pela função indissociável do cuidar/educar, tendo em vista os direitos e as necessidades próprias das crianças no que se refere a alimentação, à saúde, à higiene, à proteção e ao acesso ao conhecimento sistematizado. As relações educativas na instituição de Educação Infantil são perpassadas pela função indissociável do cuidar/ educar, tendo em vista os direitos e as necessidades próprias das crianças no que se refere a alimentação, à saúde, à higiene, à proteção e ao acesso ao conhecimento sistematizado. Portanto a intenção desta Coleção, é ampliar as capacidades afetivas, emocionais, cognitivas e sociais da criança, assim como apresentar caminhos possíveis para uma prática pedagógica que possibilite o desenvolvimento de uma educação transformadora que, segundo Paulo Freire, [...] a educação só cumpre sua principal função, quando ela é geradora de mudança social, de conhecimentos. O nosso compromisso é o de estabelecer um direcionamento que oriente para a compreensão da realidade humana, no sentido de ampliação das experiências, do conhecimento da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de transformação da natureza e para convivência em sociedade. A Escola de Educação Infantil No Brasil, a partir da década de 1980, a Educação Infantil ganhou um grande impulso, primeiramente em 1988, quando foi promulgada a nova Constituição Federal que reconhece o direito da criança, e depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente e, em 1996, tivemos a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, colocando a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica. Mas a grande mudança ocorreu em 1998, quando o Ministério de Educação publicou o Referencial Curricular Nacional para a Educação FEIV11

Infantil (RCN). No ano seguinte (1999), as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil apresentaram os objetivos gerais (sem ir ao detalhe de cada ação como o RCN), que permitiram incentivar e orientar projetos educacionais pedagógicos, nos níveis mais diretos de atuação, com objetivos relacionados à formação integral da criança, deixando um espaço para que os envolvidos na educação infantil famílias, professores e crianças assumissem a autoria desses projetos. Os princípios pedagógicos expressos nesse documento foram usados como referência para a construção da proposta da Coleção, assim como outras pesquisas e publicações que, nos últimos anos, discutem as possibilidades de aprendizagem com base nas diferentes atividades que a criança vivencia cotidianamente, com as brincadeiras, nao exercício da criatividade e da curiosidade, que é da criança dessa faixa etária. Assim, desenvolver a autonomia, a identidade, a memória, a atenção, a percepção e a imaginação é a proposta básica para as crianças dos dias atuais, ou seja, a intenção é que, desde muito cedo, a criança explore o que está a sua volta, a fim de que possa ter diferentes percepções sobre tudo que vê, toca, experimenta e manipula. Esse processo de construção de aprendizagens significativas requer da criança uma intensa atividade interna, pois consiste em estabelecer relações entre o que ela já sabe e aquilo que é novo. A construção do conhecimento na Educação Infantil se fundamenta e se desenvolve de forma integrada A função da escola de Educação Infantil é criar situações de aprendizagem que possibilitem às crianças a apropriação do conhecimento necessário para a compreensão do mundo em que vivem. Para isso, é preciso que vivenciem as mais diversas situações, que estão presentes no seu cotidiano, no espaço escolar. e global, fazendo uso das mais diferentes linguagens (oral, escrita, matemática, artística, corporal e gestual). O conhecimento não pode ser simplesmente uma reprodução da realidade, mas sim um processo de significação e ressignificação que se realiza por meio de atividades significativas e criativas, organizadas de forma problematizadora, contextualizada e sempre em processo de interação com o outro. E por isso, a apropriação do conhecimento na Educação Infantil ocorre de forma coletiva, em um processo de interação entre sujeitos sobre um determinado conhecimento, ou seja, a criança internaliza as informações recebidas e relaciona-as com informações e experiências anteriores. A partir daí, a criança atua na sociedade com a consciência modificada pelo conhecimento adquirido. Portanto, a proposta de trabalho que apresentamos para a Educação Infantil busca encorajar a exploração de diferentes situações de aprendizagem integradas, tendo como referência os diversos contextos do mundo real, as experiências e a linguagem natural da criança, além de considerar que, quando a criança chega à escola, ela já possui saberes que adquiriu nas relações familiares e com outras crianças e adultos de seu meio social. O Processo Educativo Uma ação educativa de qualidade na Educação Infantil tem a criança como um ser social e histórico que 5

6 faz parte de uma sociedade na qual partilha uma determinada cultura. Com isso, queremos dizer que [...] o desenvolvimento da criança está intimamente ligado ao meio social em que vive, mas também contribui com ele, ou seja, a criança é um ser produtor e produto da história e da cultura. (FARIA, 1999). Portanto, toda a aprendizagem da criança decorre das condições do meio em que ela se encontra e das relações que estabelece com a sua família, as outras pessoas que lhe estão próximas, os objetos e a cultura presente. Além disso, devem-se considerar as especificidades afetivas, emocionais e cognitivas das crianças de zero a cinco anos, que estão embasadas, segundo os RCN nos seguintes princípios: O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc. O direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil. O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética. A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas, sem discriminação de espécie alguma. O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. Abordagem Metodológica A proposta pedagógica da Coleção Cidadania Educação Infantil contempla o trabalho com os Âmbitos de Experiências Essenciais: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo e seus subeixos, considerando as particularidades da faixa etária e suas formas de aprender, sendo trabalhados de forma integrada como apresentados no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1999), assim como contempla os princípios éticos, políticos e estéticos apresentados nos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006). Na Educação Infantil os âmbitos de Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo constituem-se em importantes referenciais de leitura e interpretação da realidade, essenciais para garantir a formação de cidadãos, isto é, sujeitos autônomos. O âmbito de Formação Pessoal e Social trabalha o eixo Identidade e Autonomia, o qual oferece às crianças condições para que aprendam a conviver, a ser e a estar consigo mesmas. O âmbito de Conhecimento de Mundo trabalha os eixos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. Os conteúdos de cada eixo são trabalhados de forma integrada, intencional e em níveis de complexidade diferenciados, procurando atender as crianças de cada faixa etária. Esta organização abre possibilidades diversas para o trabalho de elaboração de conhecimentos por meio de atividades construtivas que se referem à formação da criança para o exercício progressivo: dos princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; dos princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, da criticidade e do respeito à ordem democrática; FEIV11

dos princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. Assim, os conteúdos, trabalhados de forma intencional, é uma possibilidade para que as crianças desenvolvam suas capacidades nos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos/linguísticos e sociais, bem como exercitem sua maneira própria de pensar, sentir e ser, ampliando suas percepções e hipóteses acerca do mundo ao qual pertencem. Dessa forma, na Educação Infantil, as propostas pedagógicas devem organizar o processo ensino- -aprendizagem por meio de atividades diversificadas, ora estruturadas, ora espontâneas, ora livres, mas que possibilitem às crianças: Ampliar o seu universo cultural Adquirir informações. Desenvolver a habilidade de registro: desenho e escrita. Fazer leitura compreensiva da realidade. Pensar sobre atitudes, valores e normas sociais. Buscar informações em fontes diversas. Expressar seus pensamentos. Participar em produções coletivas. Ampliar seus conhecimentos. Desenvolver as capacidades de atenção, percepção, memória, imaginação e o pensamento. Âmbito: Formação Pessoal e Social Eixos de Trabalho Identidade e Autonomia Uma criança se desenvolve à medida que aprende coisas novas sobre o mundo e sobre si mesma. Nessa relação, ela percebe a diferença entre ela e as pessoas dos seus grupos de convivência, algo que marca a singularidade de cada um no grupo: nome, características físicas, forma de pensar e agir que irão compor contornos próprios nas vivências, interações sociais que compõem a história de cada ser humano. Assim passa a se reconhecer como um ser único, estas são as primeiras marcas da sua identidade. Na interação com o meio, a criança vai aprendendo a cuidar-se e desenvolve um autoconhecimento construindo a sua autoestima. Participar da organização de espaços e das brincadeiras, fazer escolhas, perguntas, pesquisas, dar sugestões, criar e expressar-se são características humanas que precisam ser respeitadas no processo de formação da identidade infantil. Outro fator a se considerar no processo de formação da identidade é o fato de que a criança sofre influência direta das ações histórico-culturais dos seus grupos de convivência, passando por transformações influenciadas pela interação com os outros, adotando conhecimentos de um grupo social, valores, crenças, memória. Na descoberta de si mesma e na interação com seu meio social, a criança vai construindo a sua identidade. Podemos então dizer que a maneira como é tratada, a forma como é vista pelos outros, o respeito pela sua bagagem cultural já existente, influenciam diretamente na formação da sua autoestima. Cabe ainda ressaltar: A maneira como cada um vê a si próprio depende também do modo como é visto pelos outros. O modo como os traços particulares de cada criança são recebidos pelo professor e pelo grupo em que se insere tem grande impacto na formação de sua personalidade e de sua autoestima, já que sua identidade está em construção. (RCN vol. 2, p. 13) No dicionário Aurélio, autonomia é definida como a faculdade de se governar por si mesmo, a criança da Educação Infantil deve ser orientada para perceber que é capaz de interagir com o meio, e que pode influenciá-lo, assim passa a tomar decisões por si própria, levando 7

8 em conta as regras, os valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, permitindo ao indivíduo uma tomada de decisão com base na sua relação com o mundo, fazendo com que seja autônomo nas suas ações. Para a construção da Identidade e Autonomia da criança, é preciso que ela aprenda a usar seus conhecimentos pessoais na tomada de decisão diante das diferentes situações da vida. Isso quer dizer que toda criança é um ser social capaz de interagir e aprender com tudo que está à sua volta. Com base nestes princípios, percebe-se que ela aprende por meio dos vínculos que estabelece, na interação com o outro, utilizando a imitação, o faz de conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal. A progressiva independência na realização das mais diversas ações e o autocontrole são as referências para a sustentação da identidade e da autonomia, ou seja, o fazer sozinho deve estar aliado à reflexão e ao planejamento de cada ação. Âmbito: Conhecimento de Mundo Eixos de Trabalho Movimento O trabalho com movimento contempla multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão sobre as posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança. (RCN Conhecimento de mundo p. 15) Assim, o movimento para a criança, vai muito além do movimento de deslocamento do corpo no espaço. É uma atividade que permite a exploração e descoberta do meio, a comunicação com o outro e propicia a ela uma forma de se expressar. A primeira grande capacidade de movimento que a criança conquista é o de locomover-se de um lado para outro, sem uma finalidade específica. Além disso, o andar dá à criança a possibilidade de explorar e manipular com as mãos os objetos de uso diário, assim como possibilita o desenvolvimento de gestos simbólicos, tanto aqueles ligados ao faz de conta quanto aos que têm uma função educativa (dar tchau) ou representem uma ação. Gradativamente, a criança começa a pensar antes de agir, ou seja, passa a planejar seus movimentos e controlá-los. Essa ação ocorre em consequência do desenvolvimento crescente dos recursos de contenção motora, que se traduzem no aumento do tempo que a criança consegue manter-se na mesma posição. Os jogos de correr, de pegar ou procurar, ajudam as crianças a perceber como são importantes as regras para viver em sociedade. As brincadeiras ritmadas estão presentes principalmente no folclore. As crianças se encantam em repetir e reinventar movimentos durante as parlendas e brinquedos cantados que ajudam nas habilidades de memória. Ao estar atento a todos esses brinquedos e brincadeiras, o professor atua como mediador entre a criança e o mundo que a cerca, trazendo cultura, ampliando as possibilidades de a criança significar o mundo à sua volta. Música Existe uma identificação natural das crianças com a música, porque elas vieram ao mundo embaladas por canções. Desde o seu nascimento, elas têm sensibilidade para a música, iniciada com as cantigas de FEIV11

ninar. Das canções de ninar para as de roda, a transformação acontece de forma rápida. A atividade musical contínua e ativa, permeada pela reflexão e conscientização, encaminha as crianças para experiências de níveis cada vez mais elaborados. Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa linguagem. Com o intuito de despertar o gosto pela música, desenvolveu-se o projeto de Musicalização integrado ao Material Didático Coleção Cidadania, dentro de cada nível de trabalho. Neste projeto, algumas páginas de abertura foram musicalizadas, com letras escritas especialmente para elas, o que contribui para a leitura das imagens. Outro diferencial são alguns textos que também foram musicalizados para auxiliar na leitura, no ritmo e no movimento. As letras são apresentadas no material do professor. É importante ressaltar que os gêneros são diferentes, apresentando-se o frevo, a valsa, o chorinho, o samba, o rap, entre outros. Sabe-se que música e musicalização são elementos contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e da integração da criança no meio em que está inserida. É importante diferenciar música e musicalização. Música, segundo Bréscia (2003), é uma linguagem O trabalho com música deve considerar, portanto, que é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive àquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (RCN Conhecimento de mundo p. 49) universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. De modo geral, é considerada ciência e arte. Ele conceitua-a como: [...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc. Os elementos que compõem a música são: Som: vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade. Os atributos do som são: altura (agudo, médio, grave), intensidade (forte, fraco), duração (longo, curto), timbre (característica de cada som; diferenciação das vozes e instrumentos). Ritmo: efeito que se origina da duração de diferentes sons longos ou curtos. Melodia: sucessão rítmica e bem ordenada dos sons. Harmonia: combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. Musicalização, também para Bréscia (2003), é [...] um processo de construção de conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. 9

10 As atividades de musicalização permitem um autoconhecimento com noção de esquema corporal que contribuem de maneira significativa para o desenvolvimento cognitivo e linguístico, psicomotor, social, afetivo, estimulando a memória e a inteligência. Artes Visuais As Artes Visuais estão presentes na vida da criança desde a mais tenra idade, considerando o fazer artístico, a apreciação e a reflexão como elementos que desenvolvem a imaginação criadora, a expressão, a sensibilidade e a capacidade estética das crianças e que, a partir disso, desenvolvem a percepção, a sensibilidade, a cognição e a imaginação. As experiências em Artes Visuais oferecem à criança a possibilidade de explorar o espaço físico e construir objetos variados, descobrindo as possibilidades expressivas e ampliando seu campo referencial. As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentido às sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas e pontos, tanto bidimensional como tridimensional, além do volume, espaço, cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos bordados, nos entalhes, etc. (RCN Conhecimento de mundo p. 85) Linguagem Oral e Escrita Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCN 1998) se referem à aprendizagem da linguagem escrita como [...] um processo de construção de conhecimento pelas crianças por meio de práticas que têm como ponto de partida e de chegada o uso da linguagem e a participação nas diversas práticas sociais de escrita. Além disso, esse documento enfatiza que [...] as instituições e profissionais de Educação Infantil deverão organizar sua prática pedagógica tendo em vista o desenvolvimento, nas crianças, das seguintes capacidades: [...] interessar-se pela leitura de histórias; familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos e outros tipos de textos. Nossa abordagem tem como referência esses princípios, mas também o fato que, desde o nascimento, a maior parte das relações sociais que a criança vivencia com o adulto são estabelecidas em situações diversas de fala: os adultos falam com elas ou falam perto delas. Por conviverem com a linguagem oral desde muito cedo, muitas crianças já chegam à escola com certo domínio da fala, o que as ajuda a interagir com outras pessoas com certa autonomia. A ampliação do domínio da linguagem decorre do seu uso em diferentes situações cotidianas: brincando, ouvindo história, trocando experiências, etc. São nessas circunstâncias que as crianças, pouco a pouco, percebem a função social da linguagem e passam a ter um domínio sobre ela. É por meio destas aquisições que desenvolvem diferentes capacidades como as de compreensão e produção de textos orais que favorecem a convivência com uma variedade maior de contextos culturais e sociais. Portanto, a aprendizagem da linguagem oral e escrita se constitui em um dos eixos básicos do processo de aprender da Educação Infantil, por ser um dos elementos mais importantes para que as crianças ampliem suas possibilidades de inserção e participação em práticas sociais diversas, no que se refere à interação com as outras pessoas, na orientação das FEIV11

ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. É na escola que a criança vai entrar em contato com a escrita e a leitura, razão pela qual o trabalho com a linguagem, constitui um dos eixos básicos da Educação Infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. Assim, as propostas de atividades de linguagem mediadas pelas ações de falar, de ler, A ampliação do domínio da linguagem decorre do seu uso em diferentes situações cotidianas: brincando, ouvindo história, trocando experiências, etc. São nessas circunstâncias que as crianças, pouco a pouco, percebem a função social da linguagem e passam a ter um domínio sobre ela. de escrever, visam não só superar um paradigma de que linguagem é apenas o vocabulário, lista de palavras e sentenças isoladas como também estamos abrindo espaços para a ampliação das capacidades de comunicação, expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Assim sendo, o processo de desenvolvimento das competências de falar, de ler e de escrever não deve ser entendido como um desenvolvimento de capacidades relacionadas ao treino de um conjunto de habilidades sensório-motoras e sim como um processo no qual as crianças precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem a compreender de que forma a escrita alfabética em português representa a linguagem e assim poderem escrever e ler de forma autônoma. Para isso é preciso que saibamos que: Falar não é só memorizar sons e palavras, mas que a fala traduz os sentimentos, as sensações, os desejos, os pensamentos e explicita os atos das crianças. A linguagem escrita não é um sistema de codificação das unidades fonéticas, mas sim, um sistema de representação da língua, de maneira que o letramento é produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnológico. Ouvir um texto é uma forma de leitura, cabe ao professor propiciar esse acesso à leitura, fazendo uso de poesias, parlendas, jogos de palavras, possibilitando às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e afetivas envolvidas. A língua é um sistema de signos históricos e sociais que possibilitam ao homem significar o mundo e a realidade, de tal modo que, aprender a ler e a escrever fazem parte de um processo longo, ligado à participação em práticas sociais de leitura e de escrita. Nessa perspectiva, propomos a organização do trabalho didático do eixo linguagem oral e escrita, por meio de atividades diversas, em crescentes desafios, trabalhando a oralidade, a leitura e a escrita de forma integrada e complementar. Além disso, deve-se estimular e ampliar as possibilidades de comunicação e expressão para que a criança conheça vários gêneros orais e escritos, conte suas vivências, ouça as de outras crianças, elabore e responda perguntas, além de se familiarizar com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas, jornais e outros suportes de texto. 11

12 Natureza e Sociedade O eixo de trabalho denominado Natureza e Sociedade reúne temas pertinentes ao mundo social e natural. A intenção é que o trabalho ocorra de forma integrada, ao mesmo tempo em que são respeitadas as especificidades das fontes, abordagens e enfoques advindos dos diferentes campos das Ciências Humanas e Naturais. (RCN Conhecimento de mundo p.163) O eixo Natureza e Sociedade reúne temas pertinentes ao mundo social e natural, onde as indagações das crianças acontecem a todo o momento: Como acontece o dia? E a noite? Como nasce o Sol? Como a Lua aparece? Por que se constrói prédios? Por que crianças passam fome? Por que morremos?. Outro universo interessante é o mundo animal, a criança fica embevecida com os dinossauros, percebe as tempestades, anima-se com as diferentes festas folclóricas, observa com riqueza de detalhes os diferentes ambientes, o seu corpo, etc. Todas essas informações, para ela, não são classificadas, fazem parte do seu contexto, do seu mundo e estão ao mesmo tempo num todo integrado. O trabalho com esse eixo deve possibilitar à criança vivenciar múltiplas experimentações, para que ela estabeleça progressivamente a diferenciação entre mitos, lendas, explicações provenientes da ação comum e conhecimentos científicos. Assim, quanto mais a criança perguntar, reunir informações, organizar explicações e arriscar respostas melhor ela organizará seu conhecimento para conceber conceitos de natureza e cultura. Quanto mais a criança experimentar, pesquisar, conversar, interagir, perguntar, imaginar soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, confrontar o seu modo de pensar com as outras crianças e com os adultos, o conhecimento do mundo social e natural será cada vez mais elaborado. É importante lembrar que os conhecimentos de Natureza e Sociedade não se consolidam na Educação Infantil, são construídos gradativamente, na medida em que a criança se desenvolve e tem atitudes de curiosidade, de crítica, de refutação e de reformulação, de tomada de decisões para a pluralidade de fenômenos e acontecimentos do mundo social e natural. Assim, quanto mais a criança desta faixa etária for colocada diante de situações de análise e de crítica desses conhecimentos melhor será a sua tomada de decisão. Matemática Muitas são as convenções existentes para o Ensino da Matemática na Educação Infantil. A ideias de classificar, ordenar, seriar, corresponder e comparar eram pré-requisitos para a aprendizagem dos conceitos matemáticos, mas sua aplicação, de forma equivocada, tornou a Matemática para os pequenos algo repetitivo e sem sentido, em que a criança, por inúmeras e incansáveis vezes repetia as mesmas ações seriando, ordenando, classificando, e tudo isso em um ambiente desconexo e sem nenhuma utilidade real. É importante ressaltar que as operações espontâneas do pensamento, ou operações lógico-matemáticas são fundamentais para qualquer ciência e não exclusivamente para a Matemática, assim essas situações não podem deixar de ser exploradas na Educação Infantil, mas devem ser FEIV11

realizadas em contextos reais e de possibilidades agradáveis às crianças. Nas últimas décadas vem-se discutindo que para ensinar Matemática à criança pequena, faz-se necessário a manipulação de objetos, a observação de fatores de repetição, a análise de situações cotidianas e a reflexão. Com base nessas afirmações, a repetição, a memorização e a associação caem por terra, abrindo as cortinas para um novo cenário ao ensino conhecimento da Matemática, no qual a experimentação, a análise e a conclusão são pontos fundamentais para a aprendizagem de números e operações, espaços e formas, grandezas e medidas. As crianças devem lidar com os números e com o sistema de numeração, trabalhando com resolução de problemas, contagem e regras do sistema decimal. Assim, devem ser capazes de pensar e debater sobre as relações numéricas utilizando as convenções de nossa própria cultura, tendo familiaridade com números e desenvolvendo as habilidades matemáticas que as favoreçam a enfrentar as necessidades do dia a dia, além de compreender as informações matemáticas, tais como gráficos e tabelas. Para a geometria, é importante lembrar que a criança constrói o espaço a partir de seu próprio corpo e de seus deslocamentos, construindo noções geométricas mais complexas. Dessa forma, o trabalho envolvendo espaço e forma não deve limitar-se ao reconhecimento e memorização de formas geométricas. O trabalho com grandezas e medidas propicia às crianças estabelecer relações entre objetos, comparando-os de acordo com um padrão estabelecido, ou seja, uma ação de comparações entre os objetos a serem medidos. A apropriação do conhecimento matemático se dá pela interação com o meio, com as pessoas, relacionando conceitos e fazendo uso de possibilidades às quais, se efetivam em situações diversas, como os questionamentos, as atividades desafiadoras que incentivam a verbalização, a representação gráfica e o registro. Objetivos Objetivo Geral Proporcionar condições para o crescimento integral da criança, cujo eixo de orientação e aprendizagem seja seu desenvolvimento; respeitá-la, colaborando para a construção de uma autoimagem positiva, a partir da descoberta de si, estimulando-a na busca de novos conhecimentos; incentivar, por meio de processo lúdico, o espírito investigador e pesquisador, visando à formação de indivíduos capazes de gerenciar, com êxito, o conhecimento. Objetivos Específicos Favorecer o desenvolvimento infantil, nos aspectos motor, intelectual e socioemocional. Promover a ampliação das experiências e dos conhecimentos infantis, estimulando o interesse da criança pelo processo de transformação da natureza e pela dinâmica da vida social. Proporcionar o desenvolvimento do raciocínio e permitir à criança descobrir e elaborar hipóteses. 13

14 Oferecer oportunidades de fortalecimento da autoestima e de construção da identidade. Construir uma forma privilegiada de aprender, na qual o ambiente lúdico envolva criativamente a criança no processo educativo. Valorizar o trabalho cooperativo, possibilitando a divisão de responsabilidades e funções, para que as crianças atuem desta forma também na sociedade. Enfatizar o início da vida social, segurança e independência num ambiente afetivo e acolhedor, no qual a criança sinta prazer em aprender. O Processo de Avaliação A avaliação na Educação Infantil, assim como nos demais níveis escolares, se destina a obter informações e subsídios capazes de favorecer o desenvolvimento integral dos educandos e a progressão das aprendizagens as aquisições dos alunos. Nesse sentido, avaliar não é apenas medir, comparar ou julgar. Muito mais do que isso, a avaliação deve possibilitar a reflexão sobre as bagagens de saberes de que cada aluno dispõe, cuida da dimensão cognitiva e da afetiva, assim como apresenta uma importância cultural, social e política fundamental no fazer educativo. Para validar esse processo formal de avaliação na escola de Educação Infantil usamos como referência as orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n. 9 394 de 1996), do documento oficial do Ministério de Educação o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) e as contribuições de HOFFMANN (2002), KRAMER (1989) e PERRENOUD (2000) sobre a abordagem formativa da avaliação. Portanto, a proposta que defendemos parte do pressuposto de que o trabalho educativo deve estar voltado para o desenvolvimento integral dos indivíduos, mediante a melhoria da compreensão do meio em que vivem, maiores percepções de si mesmos, elevação sociocultural das suas condições de vida e desenvolvimento de valores próprios de uma sociedade em mudança e, também, a clareza do que cada criança deva aprender em cada etapa da Educação Infantil. A avaliação formativa é um instrumento mediador da ação pedagógico-educativa podendo-se, por meio dela, diagnosticar, investigar informações que viabilizam o rendimento desta ação. Além disso, essa proposta tem como referência a crença de que tudo que avaliamos nem sempre está visível, ou seja, que o trabalho de avaliação na Educação Infantil exige uma observação sensível das crianças, em sua exploração constante do mundo à sua volta, portanto, é um processo que exige atenção por parte dos professores tanto no espaço escolar, como também a do espaço familiar. Essas observações devem, sobretudo, manifestar confiança nas possibilidades que as crianças apresentam, além de compreender que o desenvolvimento individual ocorre em processo dialético, no qual as interações entre todos os sujeitos (crianças e adultos) são decisivas. Assim, quando temos claro que a intenção pedagógica avaliativa é a de buscar caminhos para a melhor aprendizagem e desenvolver a imaginação, a expressão, a argumentação, o raciocínio, o senso de observação ou a cooperação. Com isso, a avaliação abre possibilidades para o professor conhecer as crianças considerando as características próprias da infância, conhecer e acompanhar o desenvolvimento delas, conhecer as dificuldades de aprendizagem, planejar FEIV11

novas situações de aprendizagem (atividades) para superação das dificuldades, propor formas e metodologias de avaliação adequadas ao desenvolvimento da criança, verificar o que aprenderam, etc., possibilitando ao docente fazer reflexões sobre o processo de avaliação formal na Educação Infantil, assim como, criar formas e metodologias avaliativas, que efetivamente contribuam para o desenvolvimento global do educando, bem como explicitar as etapas ou desenvolvimento de uma metodologia avaliativa. Portanto, a prática avaliativa na Educação Infantil deve ser processual (formativa), destinada a auxiliar o processo de aprendizagem, fortalecendo a autoestima das crianças. Para que isso ocorra, é preciso que o professor observe ações cotidianas das crianças que demonstram um avanço no processo de aprender, por exemplo, quando ela consegue realizar sozinha uma tarefa que inicialmente não conseguia. É importante compartilhar com as crianças todas as observações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de superação das dificuldades. O retorno dessas situações simples do cotidiano, fortalece a função formativa que deve ser atribuída à avaliação, porque é feito de forma contextualizada. Na avaliação formativa é possível garantir a evolução de todos os alunos e valorizar todos os aspectos do desenvolvimento da criança, o qual envolve diferentes habilidades: física, afetiva, sexual, cognitiva, ética, estética, de relação intra e interpessoal. Isso tem como pressuposto que as crianças não são iguais, cada uma possui um ritmo próprio e uma forma de aprender. A avaliação formativa constitui, também, um suporte fundamental para que a criança possa fazer a leitura do mundo e o desenvolvimento de habilidades essenciais, como: autonomia, criatividade, expressividade e solidariedade, considerando a importância de uma avaliação contínua (formativa), não somente como forma de valorizar e acompanhar todos os aspectos do desenvolvimento da criança dessa faixa etária para fundamentar as decisões do professor sobre as aquisições do aluno, mas que possa contribuir também para estratégias de ensino-aprendizagem que auxiliem o aluno a aprender melhor. Uma alternativa que pode facilitar esse trabalho para dar conta do processo de acompanhamento da progressão da aprendizagem é o recurso conjunto de um portfólio e de um diário de classe (PERRENOUD, 2000), pois é um instrumento que ajuda o docente a desenvolver uma atitude permanente de observação contínua e de registro. Para essa complexa tarefa do professor, o portfólio, ou seja, o registro da trajetória da aprendizagem do aluno é uma das práticas avaliativas mais defendidas atualmente. Esse registro escrito de informações qualitativas sobre o que as crianças estão aprendendo pode se dar por meio da comparação dos saberes alcançados em diferentes momentos do processo educativo, da seleção, ordenação de documentos produzidos ao longo do ano letivo. Podem ser desenhos, textos ou outros materiais produzidos pela criança, ou por meio de documentos externos, como fotos, reportagens, textos, que de algum modo contribuíram para a sua aprendizagem, colocando em evidência seu patamar de desempenho, as hipóteses que levantou e se os fins que alcançou foram realmente os propostos no início do trabalho. A organização de um dossiê ou portfólio torna-se significativa pelas intenções de quem o organiza e pelas possibilidades de vir a ser um elo entre o professor, o aluno e a família desse educando. Não há sentido em coletar trabalhos dos alunos para serem somente notificados aos familiares. Eles precisam constituir-se em um 15

16 conjunto de dados que expresse avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e de fazer relativos à atuação dos alunos. São muitas as alternativas possíveis para repensar o ensino por meio da avaliação, acompanhando a progressão da criança, considerando cada situação de aprendizagem e relacionando-a em diferentes aspectos de sua realidade física e social, resgatando as raízes culturais de seu meio e de outros. Fica o desafio e o comprometimento de construirmos conhecimentos que efetivamente ajudem as crianças da Educação Infantil a avançarem em suas descobertas e aprendizagem. Para isso, apresentamos, a seguir, alguns pontos que merecem destaque quando se decide por uma avaliação formativa contínua: Análises e discussões coletivas periódicas sobre o trabalho pedagógico, a fim de poder avaliar o seu próprio planejamento e replanejar em decorrência de situações observadas no dia a dia da sala de aula. Observações e registros sistemáticos das conquistas, e das mudanças da turma (coletivas) e de cada criança (individuais). Assim, ao final de um período, o professor terá em seus registros informações sobre todas as crianças. Utilização de diferentes instrumentos de registro para que a expressão infantil seja valorizada. Os materiais produzidos pela criança, individualmente ou em grupos, exemplificam o seu desenvolvimento global, assim como explicitam o percurso individual de cada aluno. Construção de um olhar atento, capaz de perceber cada criança em sua individualidade, considerando todos os aspectos particulares para assim, valorizar suas conquistas. Vemos, enfim, que... a avaliação formativa se consolida na relação diária entre o professor e seus alunos, e seu objetivo é auxiliar cada um a aprender não a prestar contas a terceiros. (PERRENOUD, 2000). Estrutura Didática da Coleção O Livro de Fundamentação Apresenta os pressupostos teóricos e epistemológicos que norteiam e encaminham a Coleção Cidadania, tendo em vista a necessidade de reflexão sistemática acerca da prática do professor com a ajuda da teoria em um movimento permanente e reflexivo diante de situações e sujeito reais. O Livro do Professor Contribui para a formação e aperfeiçoamento do educador, oportuniza o desenvolvimento de práticas inovadoras e apresenta orientações e sugestões didáticas que subsidiam a ação docente com base na proposta pedagógica adotada em cada livro. Livro do Aluno O material didático de Educação Infantil está organizado em quatro livros anuais, apresentando Unidades Temáticas, Meus Registros e os Materiais de Apoio. FEIV11

Os livros para o Infantil I (3 anos) e Infantil II (4 anos) apresentam uma unidade temática em cada livro. Os livros para o Infantil III (5 anos) apresentam duas unidades para cada livro. Unidades Temáticas TEMAS Unidade Infantil I (3 anos) Infantil II (4 anos) Unidade Infantil III (5 anos) 1 Vamos nos conhecer! Conhecendo você e muito mais! 1 Nomes, muitos nomes... 2 Tudo tem um nome! 2 Conhecer, brincar e descobrir os movimentos... Como é gostoso conviver 3 A turma da escola 4 O mundo onde vivo 3 Esses lugares são diferentes!! Quanto tempo o tempo tem? 5 Muitas coisas para ver e conhecer! 6 Grandes descobertas, aqui, ali... 4 Cada lugar é um lugar! Aprendendo mais sobre animais, plantas e pessoas 7 Passa o Tempo...Temos tempo para tudo 8 Canta, canta... Gira, gira... Estrutura do livro Temas e Unidades A seleção dos temas que compõem cada unidade leva em conta o interesse da criança de cada faixa etária, a formação de valores, a sua contribuição para o desenvolvimento intelectual da criança e a leitura de mundo. Para tanto, cada tema funciona como um recurso articulador e de interação do conhecimento entre as diversas áreas como sustentação dos conteúdos, do desenvolvimento de valores e das propostas de atividades. É com base nos temas que são definidos os conteúdos básicos necessários à constituição dos conhecimentos e dos valores e as opções metodológicas, os recursos didáticos e as estratégias pedagógicas. O trabalho pedagógico de cada unidade se faz por meio de atividades contextualizadas de Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Movimento, Natureza e Sociedade, 17

18 Música e Artes Visuais, que são propostas em situações de estudo diversificadas de forma interdisciplinar. Ao fazer uso dessas linguagens, a criança constrói diferentes formas de representação, pensamento e expressão do mundo em que vive e sobre si mesma. Todas essas vivências são condições para o desenvolvimento do processo de representação e de atribuição de significados, o qual se efetivará em cada uma das ações propostas no livro. Assim, em cada unidade, o tema busca traduzir a intencionalidade pedagógica daquela unidade, bem como define os conteúdos que serão trabalhados. Enfim, é com base no tema que as atividades são organizadas e a interação entre as diversas áreas de conhecimento e os aspectos da vida cidadã acontece. Além disso, o tema é o ponto de partida para o processo de contextualização e problematização na construção e apropriação do conhecimento. Meus registros São atividades para ampliar as propostas didáticas das unidades onde a criança irá desenvolver habilidade de leitura e interpretação das imagens, tentativas de escrita, desenvolvimento da motricidade, expressão artística por meio de desenhos, pintura, rasgaduras e colagem. Material de Apoio Os Materiais de Apoio encontram-se ao final do livro para serem utilizados nas atividades propostas tendo como objetivo, ampliar o universo da criança no momento dos seus registros. Esses materiais foram desenvolvidos em papel com gramatura mais resistente, para facilitar o manuseio da criança. Eles possuem peças para serem destacadas (picote ou adesivo), que serão utilizadas nas atividades do livro e na construção de jogos, quebra-cabeças, entre outros. O trabalho do movimento da pinça com os adesivos, para serem colocados interagindo com a atividade solicitada, favorece o processo ensino-aprendizagem. Tais recursos possibilitam à criança interagir com outros materiais além dos já utilizados como cola, lápis, giz de cera, papéis, tintas. CD de musicalização O projeto de musicalização integrado ao material didático Coleção Cidadania foi desenvolvido com o intuito de despertar o gosto pela música e o conhecimento de diferentes ritmos e instrumentos musicais. O CD de música é anual e foi pensado para cada nível. Além do CD, o professor pode acessar as músicas no Portal Opet Virtual. Ícones A identificação das atividades propostas é feita por ícones, que têm a função de organizar as ações didáticas, de orientar o processo de construção do pensamento, identificar as situações pedagógicas e de criar possibilidades educativas diversas, que poderão ser amplamente exploradas pelo professor por meio de conversas, debates, questionamentos e estabelecimento de relações. São eles: FEIV11