ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE E ESTILO DE VIDA DE ESCOLARES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE CRISSIUMAL

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0 UNIJUÍ UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DHE DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE E ESTILO DE VIDA DE ESCOLARES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE CRISSIUMAL RAQUEL CAROLINA SCHNEIDER Ijuí RS 2015

1 RAQUEL CAROLINA SCHNEIDER ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE E ESTILO DE VIDA DE ESCOLARES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE CRISSIUMAL Monografia apresentada à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da UNIJUÍ como exigência parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Orientador: Luiz Serafim de Mello Loi Ijuí RS 2015

Dedico este trabalho a todos os professores de Educação Física que cumprem com afinco, dedicação e amor, o seu compromisso com a educação social e corporal. Tornando-se responsáveis por acreditar que mudanças são possíveis, que sonhos são acessíveis e que o mundo ainda pode se tornar um lugar mais humano e igualitário. 2

3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me permitir chegar até aqui. Por reger minhas forças em todos os momentos, inclusive naqueles em que pareciam não haver mais esperanças. Ao meu noivo, por estar presente em todos os momentos sempre me apoiando. À minha família por fazer-se um pilar forte e constante em minha vida. Aos meus amigos da vida, que hoje estão distantes, mas que foram essenciais para minha formação humana. Aos amigos da faculdade sem os quais essa caminhada teria sido incontáveis vezes mais árdua. Aos alunos que perpassaram meu caminho e que me permitiram ver sentido na prática docente. Aos mestres, que contribuíram para minha formação acadêmica e que se fizeram exemplos a serem seguidos. Ao Professor Luiz Serafim de Mello Loi por me orientar. Por fim, a todos aqueles que fizeram parte da minha formação pessoal.

4 RESUMO A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no organismo. Ela vem crescendo de forma assustadora em todo o mundo, ganhando status de epidemia global. As causas da obesidade são de etiologia multifatorial, sendo as principais delas a inatividade física e a alimentação inadequada, rica em gorduras. O presente estudo caracterizou-se como descritivo transversal e teve como objetivo analisar a prevalência da obesidade em escolares da rede estadual de ensino de Crissiumal. A amostra foi constituída de 28 escolares, de ambos os sexos, na faixa etária entre 8 e 10 anos de idade de três escolas estaduais sorteadas aleatoriamente, provenientes da área urbana e rural do município. Os instrumentos de coleta de dados foram dois: Questionários que verificaram os hábitos alimentares na escola e o nível de atividade física. O peso e a estatura para estabelecer o IMC. Os resultados apontaram uma maior prevalência de escolares com IMC normal (39,4%), com diferença do percentual de crianças que já apresentam obesidade (32,1%), e menor prevalência de crianças com excesso de peso (28,5%) que não chegam a obesidade. O estudo ainda revela maior prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares do sexo feminino somando 72,2% enquanto o masculino 40%. Também revelou que 96% dos escolares admitem consumir alimentos hipercalóricos na escola. Pode-se concluir que existe uma elevada prevalência de sobrepeso e obesidade entre alunos de 8 á 10 anos, nas três instituições da rede de ensino estadual de Crissiumal - RS que estiveram envolvidas na amostra. Foi possível perceber também, uma relação positiva entre estar fisicamente ativo e estar com o IMC considerado normal. Também percebeu-se que não estar fisicamente ativo, ou seja, passar mais tempo parado, com atividades com pouco movimento, tornando-se cada vez mais sedentário, aliado a constatação de que a maioria dos alunos envolvidos na amostra, consome, na escola, alimentos hipercalóricos, ou seja, alimentos com alto teor de gorduras podem estar influenciando significativamente no aumento do peso corporal dos mesmos. A obesidade está inserida na sociedade, porém é necessário que se conscientize a população da importância de buscar soluções. Palavras-chave: Obesidade. Escolares. Educação Física. Obesidade Infantil.

5 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Resultados de IMC do total da amostra... 22 Gráfico 2: Distribuição do total de alunos do sexo masculino na classificação do IMC... 23 Gráfico 3: Distribuição do total de alunos do sexo feminino na classificação do IMC... 24 Gráfico 4: Resultados de IMC de estudantes de 8 anos de idade... 25 Gráfico 5: Resultados de IMC de estudantes de 9 anos de idade... 26 Gráfico 6: Resultados de IMC de estudantes de 10 anos de idade... 27 Gráfico 7: Percentual do total de obesos da amostra distribuídos por instituições... 28 Gráfico 8: Resultado dos hábitos alimentares na escola da amostra. Consumo de pelo menos uma vez por semana de alimentos hipercalóricos... 29 Gráfico 9: Resultado dos hábitos alimentares na escola de ambos os sexos e instituições (A, B e C). Descrição dos percentuais de consumo de alimentos hipercalóricos (pizza, biscoito, salgadinhos, etc.) por semana na escola... 30 Gráfico 10: Resultado dos hábitos alimentares na escola do total da amostra. Descrição dos percentuais de consumo de refrigerante... 31 Gráfico 11: Resultado do nível de atividade física dos escolares de ambos os sexos e instituições (A, B e C). Descrição dos percentuais da forma de deslocamento para a escola... 32 Gráfico 12: Resultado das aulas de Educação Física ofertada para os escolares de ambos os sexos e instituições (A, B e C)... 33 Gráfico 13: Resultado do nível de atividade física do total da amostra. Descrição dos percentuais de atividades físicas regulares ou prática de esporte fora da escola... 34 Gráfico 14: Resultado do nível de atividade física do total da amostra. Descrição dos percentuais de período sem fazer atividade física... 35

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 7 1 REVISÃO DE LITERATURA... 10 1.1 A POPULAÇÃO CADA VEZ MAIS OBESA... 10 1.2 OBESIDADE... 12 1.3 AS CAUSAS DA OBESIDADE... 13 1.4 AS CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE... 14 1.5 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA OBESIDADE... 15 1.6 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DIANTE DA EPIDEMIA DA OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES... 17 2 METODOLOGIA... 19 2.1 TIPO DE PESQUISA... 19 2.2 AMOSTRA E SUJEITOS... 19 2.3 INSTRUMENTOS... 19 2.4 COLETA DE DADOS... 20 2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS... 20 2.6 CUIDADOS ÉTICOS... 20 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 22 CONCLUSÃO... 36 REFERÊNCIAS... 37 ANEXOS... 40

7 INTRODUÇÃO A prevalência da obesidade tem crescido de forma significativa nos últimos anos transformando-se em um grave problema de Saúde Pública. Os crescentes avanços tecnológicos nos proporcionam inúmeras facilidades, comodidade e confortos. Atividades que antes exigiam grandes esforços físicos são hoje realizadas sem esforço algum. A infância que antigamente era baseada em brincadeiras nas ruas e bairros com várias crianças, correndo e se divertindo, ou seja, baseada em movimento, hoje foi substituída por uma vida totalmente sedentária em frente ao computador, videogame e a televisão. A alimentação que antes se baseava no famoso arroz e feijão, atualmente foi, em grande parte, substituída por alimentos industrializados, frituras e doces, que são as preferências da maioria das crianças. Sendo assim o sedentarismo associado a uma má alimentação, ou seja, uma alimentação não balanceada é o principal fator que gera a obesidade. É de se analisar que a obesidade pode incidir qualquer faixa etária, e iniciada por fatores como o desmame precoce, a alimentação exagerada de alimentos inadequados, distúrbios de comportamento alimentar e da relação familiar, especialmente nos períodos de aceleração do crescimento. Dados tais fatos, percebe-se que é importante identificar precocemente o excesso de peso em crianças para que se possa diminuir os riscos de se tornarem adultos obesos. Alguns autores dão ênfase a dois fatores que possivelmente podem contribuir para dobrar o risco da obesidade em adultos jovens: obesidade em um dos pais ou sua presença na infância.

8 Os avanços tecnológicos induziram as crianças a se tornarem menos ativas nas últimas décadas. Nos anos 1990, as pesquisas já relatavam relação positiva entre a inatividade, como o tempo gasto assistindo televisão, e o aumento da adiposidade em escolares. [...] O tempo gasto pela criança na frente de aparelhos eletrônicos, como televisão, computador e vídeo game, resulta no sedentarismo, contribuindo para o aumento da prevalência de sobrepeso e de obesidade infantil. Por outro lado, as brincadeiras realizadas em casa e as atividades físicas na escola atuam na prevenção de sobrepeso e de obesidade (BAUGHCUM et al., 2000 apud CORSO et al., 2012). Os crescentes índices de sobrepeso da população adulta gera grandes preocupações para a saúde pública, que se reflete no controle do peso em crianças e adolescentes. A obesidade não é algo que afeta somente os adultos, pode iniciar nas primeiras fases da vida de um indivíduo, e pode ser mantida até a idade adulta, sendo diretamente ligada a doenças cardiovasculares. Desta forma, diagnosticar a obesidade precocemente, pode resultar em um tratamento mais eficaz e menos oneroso. Segundo o Ministério da Saúde, Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul é a capital que possui a maior quantidade de pessoas com excesso de peso, o que chega a um percentual de 55,4% (VIGITEL BRASIL, 2014). Portanto, significativas são as pesquisas que relatam o problema da obesidade infantil atualmente, e as principais evidencias são a má alimentação e o sedentarismo desde cedo, pois as crianças ocupam seu tempo em frente ao computador e a televisão em vez de brincarem ao ar livre tendo um gasto calórico como se deve. O problema vem crescendo cada vez mais, e cada vez mais rápido, tornando-se assim uma epidemia global. Para combater isso ou tentar diminuir, deve-se conscientizar as crianças desde cedo sobre a necessidade de uma alimentação saudável e práticas de exercícios regularmente e conscientizar principalmente os pais, para que então em conjunto com a escola façam um trabalho eficaz com relação à obesidade. Este estudo teve como objetivo analisar a prevalência da obesidade em escolares da rede estadual de ensino de Crissiumal. Também buscou analisar o estilo de vida dos escolares, sua frequência alimentar na escola e o nível de atividade física dentro e fora do ambiente escolar, relacionando esses pontos com o sobrepeso e a obesidade.

9 O estudo está dividido em três capítulos, o primeiro consta a revisão de literatura que traz dados sobre o aumento da obesidade, sobre sua definição, as causas e consequências, prevenção e tratamento e também sobre o papel da Educação Física escolar diante da epidemia da obesidade em crianças e adolescentes. Após tem-se a metodologia onde explica como a pesquisa foi desenvolvida, o tipo de pesquisa, a amostra, os instrumentos, coleta de dados e os cuidados éticos. Seguida da análise dos dados que foram apresentadas através de gráficos e discussão dos resultados. E por fim a conclusão, onde destaca-se uma relação positiva entre estar fisicamente ativo e estar com o IMC considerado normal e que a obesidade está inserida na sociedade, porém é necessário que se conscientize a população da importância de buscar soluções para modificar ou minimizar essa situação.

10 1 REVISÃO DE LITERATURA 1.1 A POPULAÇÃO CADA VEZ MAIS OBESA Atualmente pode-se observar e refletir sobre a frequência em que encontramos crianças acima do peso, e o que eram casos raros, hoje são frequentes, havendo um aumento gradativo de tal situação devido a vários fatores que influenciam a obesidade na infância. A obesidade possui controvérsias relacionadas com o volume ou ingestão alimentar. Não necessariamente o obeso ingere grandes volumes calóricos, é fato que o balanço calórico negativo deve ser atingido, para que haja uma redução no peso corporal total e peso de gordura (SANTOS; ALBERTO, 2007, p. 15). A obesidade está relacionada a uma série de fatores, como hábitos alimentares e atividade física, além de fatores biológicos, comportamentais e psicológicos. Não se trata de um problema meramente estético. Os pesquisadores do IBGE, entre julho de 2003 e junho de 2004, visitaram 48.470 residências. E a pesquisa colheu dados sobre orçamento doméstico, altura e peso dos entrevistados. E desta forma obtiveram os seguintes resultados: Cerca de 3,8 milhões de brasileiros, 4% da população, têm déficit de peso, e 40,6% da população adulta ou 38,8 milhões de pessoas chegam ao excesso de peso. Desse total, 10,5 milhões são obesos, 13,1% das mulheres e 8,9% dos homens. Os números indicam que a quantidade de obesos é dez vezes maior que a de desnutridos (VEJA.COM, 2010). Pode-se perceber através disso o grande avanço de obesidade entre os brasileiro, pois os pesquisadores da VIGITEL, entre fevereiro e dezembro de 2014 realizaram entrevistas por telefone com 40.853 adultos com mais de 18 anos, residentes das 26 capitais de estado e do Distrito Federal, e obtiveram como resultado que cresceu o número de pessoas com excesso de peso no país. Enquanto em 2006 os índices eram de 43% em 2014 esse percentual está em 52,5% de brasileiros acima do peso, e em relação à obesidade 17,9% da população já se encontra obesa (VIGITEL BRASIL, 2014).

11 Os dados referentes a obesidade causam preocupação, pois em 1974, apenas 2,8%dos homens e 7,8% das mulheres eram obesas, e agora estes números chegam ao patamar de 52,6% dos homens está acima do peso ideal e 44,7% das mulheres. Cruz, Santos e Alberto (2007, p. 17) correlacionam fatores comportamentais e sociais com a tendência de declínio de gasto energético: O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre basicamente de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis e/ou profissionais. Alguns fatores contribuem para um estilo de vida menos ativo. A disponibilidade de tecnologia, o aumento da insegurança e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos, reduzem as oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo atividades sedentárias, tais como: assistir à televisão, jogar videogames e utilizar computadores. O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2005, p. 6) também correlaciona os dois fatores: As estimativas apontam que, no Brasil, o número de crianças obesas cresceu cinco vezes nos últimos 20 anos. No mundo, as estimativas são que um terço das crianças enfrentam problemas com a obesidade, um número em torno de 700 milhões de crianças. Este aumento se deve, principalmente, a dois motivos: a ingestão de alimentos com mais gordura e açúcar e à falta de exercício físico. Junto com a urbanização vieram novos hábitos, nem sempre saudáveis, como as refeições altamente calóricas e feitas de forma rápida; e a troca das brincadeiras tradicionais, como o pique e queimada, por jogos no computador e programas de televisão. A pesquisa do Ministério da Saúde revela também que 34,6% dos brasileiros comem em excesso carnes com gordura e mais da metade da população (56,9%) bebe leite integral regularmente, tornando esse fator um dos principais responsáveis do excesso de peso e da obesidade no Brasil. Além disso, 29,8% dos brasileiros consumem refrigerantes pelo menos cinco vezes por semana. Por outro lado, apenas 20,2% ingerem a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde de cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças. Os hábitos alimentares do brasileiro não mudam, comem poucas frutas e verduras. Da mesma forma que a carne gordurosa é a preferência nacional há muito tempo. O que tem mudado ao longo dos anos é o aumento do consumo de

12 alimentos refinados, industrializados e produtos "prontos" para uso com alto teor calórico. Com isso, percebe-se que é de suma importância à conscientização da população, que é extremamente importante ter uma alimentação saudável, ingerindo pouco açúcar e pouca gordura, que atividades físicas regulares são muito importantes para a saúde e que o desenvolvimento tecnológico é necessário para o desenvolvimento econômico e social, porém também traz seus malefícios. Se mantidas as tendências verificadas pelas pesquisas, os casos de obesidade irão aumentar gradativamente, acarretando de mesma forma em uma população menos saudável e o crescimento das doenças relacionadas à obesidade. Portanto, a obesidade que atinge as crianças não se trata somente de um problema estético e doenças físicas, ela poderá ser a causa de vários traumas psicológicos gerados pelo frequente bullying que sofrem dos amigos e colegas. 1.2 OBESIDADE A obesidade está cada vez mais presente no dia a dia da sociedade, tornando-se um problema cada vez mais grave. As pessoas não se preocupam com as crianças obesas, pois acham que é bonito ser gordinho quando pequenos, mas não analisam os problemas futuros que isso pode causar. Recine e Radaelli (2015, p. 3) definem obesidade como: Uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal, ela causa sérios prejuízos à saúde do indivíduo. A obesidade está ligada ao aumento de peso, porém, nem todo aumento de peso está ligado com a obesidade, como por exemplo, muitos atletas possuem um peso elevado devido sua massa muscular e não adiposa. A obesidade é a consequência de o indivíduo ingerir mais energia que seu corpo necessita. Pode-se afirmar que tal consumo em excesso é possível de se iniciar em qualquer fase da vida de uma pessoa, podendo sofrer influências culturais ou dos próprios hábitos familiares. Por isso dizemos que a obesidade possui fatores de caráter múltiplo, tais como os genéticos, psicossociais, cultural-nutricionais, metabólicos e endócrinos. A obesidade, portanto, é gerada pela interação entre fatores genéticos e culturais, assim como familiares.

13 Obesidade é definida, em vários estudos epidemiológicos que tratam da questão, como sendo o acúmulo excessivo de gordura no organismo. Considerada uma doença multifatorial, a obesidade, principalmente a obesidade visceral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento de inúmeras desordens metabólicas, incluindo-se a intolerância à glicose, hiperlipidemia, complicações cardiovasculares e acidente vascular cerebral. (DÂMASO et al., 2003 apud COLLOCA; DUARTE, 2015, p. 192). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) recomenda o Índice de Massa Corporal (IMC), como método válido na verificação do estado nutricional populacional, indicativo de prevalência de sobrepeso e obesidade. Calculado a partir da relação entre peso (kg)/ estatura (metros), utilizando a equação matemática IMC = PESO (kg) / ALTURA (m) 2, em que o valor obtido classifica, indivíduos adultos, como estando com peso normal se o índice obtido estiver entre os percentis < 20 e > 24,9 Kg/m 2, com sobrepeso quando este percentual for < 25 e > 29,9 Kg/m2, enquanto que, para indivíduos obesos, considera-se o índice > 30 Kg/m2. (VIUNISKI;2000 apud COLLOCA; DUARTE, 2015; p.194) Pode-se observar a partir destas informações, que a obesidade não é só um problema de aumento de gordura corporal, acontece que junto a ela vem vários problemas relacionados, prejudiciais à saúde dos seres humanos, e que é errado usar como base o peso do indivíduo, uma vez que existem pessoas que são pesadas e nem por isso são obesas. 1.3 AS CAUSAS DA OBESIDADE Encontra-se hoje uma sociedade sedentária, que passa horas em frente de aparelhos eletrônicos, e estas horas acarretam em um gasto energético mínimo. E por outro lado acrescentam o consumo de alimentos enquanto assistem a televisão, fazendo com que seu consumo calórico aumente mais ainda. Segundo o Coordenador do LABSAU (Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde da UERJ): O aumento da obesidade ocorre em função, principalmente, das conquistas tecnológicas, que permitiram uma maior sedentarização das pessoas, mas também em razão de fatores conjunturais que levam a um padrão de consumo alimentar desfavorável. Dessa forma, trata-se de um problema que não pode ser enfrentado de forma eficaz em uma dimensão individual. Os aspectos contextuais, de responsabilidade coletiva, devem ser enfrentados. Tal enfrentamento deve ter por objetivo tornar mais acessível a todos uma rotina em que o tempo livre e as condições socioeconômicas permitam a prática regular de atividades físicas como forma de lazer e a aquisição de alimentos com maior poder nutritivo e menor nível calórico (CONFEF, 2005, p. 4).

14 A rotina das pessoas passa por mudanças devido as inovações tecnológicas e frequentemente nos deparamos com crianças e adolescentes que substituem as atividades que demandam gasto energético por uma diversão diferente, que consome menos energia e gera menos movimento físico. É com grande frequência que às vemos por várias horas na frente da televisão, computador, videogame ou navegando na internet. E para piorar, normalmente esta rotina é praticada comendo alimentos nada saudáveis, como salgadinhos, batatas fritas e bolachas recheadas, que são ricos em sódio, colesterol e calorias. Com o passar dos anos esta rotina levará a criança à obesidade infantil. Através das informações já levantadas, percebe-se que a principal causa da obesidade está diretamente ligada a hábitos não saudáveis, sendo estes, a má alimentação, somada ao sedentarismo. Estes fatores não são somente culpa da tecnologia e da mídia, também estão relacionados aos pais, que ao mesmo tempo não oferecem alimentos saudáveis a seus filhos, vão sempre pela opção mais prática dos alimentos industrializados, e tampouco educam seus filhos sobre hábitos saudáveis, os deixando livres para escolher suas tarefas no tempo livre. 1.4 AS CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE A obesidade é causa geradora de várias patologias e condições clínica, que afetam diretamente a saúde e a qualidade de vida das pessoas como descreve o autor a seguir. A obesidade é um sério problema de saúde, que já reduz a expectativa de vida pelo aumento do risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana, hipertensão arterial, diabetes tipo II doenças pulmonar obstrutiva, osteoartrite e certos tipos de câncer (GUEDES; GUEDES, 2002 apud CRUZ; SANTOS; ALBERTO, 2007, p. 21). Sendo assim, a obesidade, nunca vem como uma doença isolada ela geralmente traz outras doenças vinculadas com ela, e não bastando isso ela prejudica principalmente a qualidade de vida das pessoas, que muitas vezes pelo excesso de peso tem vergonha de sair de casa, tem dificuldades de fazer uma caminhada e acabam no seu tempo de lazer ficando em casa, não possuindo uma diversão ou entretenimento, o que muitas vezes causa a depressão.

15 Os prejuízos que o excesso de peso pode causar ao indivíduo são muitos e envolvem desde distúrbios não fatais, embora comprometam seriamente a qualidade de vida, até o risco de morte prematura. Os dados existentes são alarmantes: estima-se que mais de 80 mil mortes ocorridas no país poderiam ter sido evitadas se tais pessoas não fossem obesas (RECINE; RADAELLI, 2015, p. 9). Portanto, além de várias outras consequências relacionadas a obesidade, uma delas é a rejeição por parte dos amigos e colegas, que acaba sendo percebida tanto pelos adultos quanto pela própria criança, onde os gordinhos são excluídos de brincadeiras por não conseguirem se movimentar rápido, acompanhar os outros ou não conseguirem realizar algumas tarefas, essa rejeição causa um certo trauma psicológico, que no decorrer da vida tende a aumentar. 1.5 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA OBESIDADE A obesidade infantil não tem uma formula única para se tratar, o tratamento varia em conformidade com a gravidade da doença, e sendo que, em certos casos medidas extremas podem ser adotadas, como o uso de medicamentos e a intervenção cirúrgica. No entanto, estas medidas são o último recurso para o tratamento, que, em casos menos graves, que são a maioria, deve-se adotar a reeducação alimentar e sair do sedentarismo com a participação da família e da sociedade. No entanto o tratamento para a obesidade pode-se tornar difícil, pois o metabolismo basal dos indivíduos pode variar e até mesmo na mesma pessoa em devidas algumas circunstâncias diferentes. Assim, com o decorrer do tempo a pessoa com a mesma ingestão calórica, poderá engordar e outra não (MELLO; LUFT; MEYER, 2004). Portanto, cada pessoa possui um metabolismo diferente, e deve seguir uma dieta diferente, pois o que pode ajudar para uma pessoa pode prejudicar outra, cada pessoa deve conscientizar-se a ter uma vida ativa e saudável, para evitar problemas. A melhor forma de prevenção é começar pela conscientização de cada um, para após isso ter uma conscientização geral e um resultado eficaz.

16 A prevenção da obesidade é relativamente simples e consiste em equilibrar a ingestão calórica com o dispêndio energético. Se um indivíduo ingerir 3.000 Kcal/dia e gastar 3.000 Kcal/dia (incluindo o metabolismo basal) este manterá seu peso corporal. Se o indivíduo ingerir 3.000 Kcal/dia, mas apenas gasta 2.000 certamente engordará e se o indivíduo ingere 3.000 Kcal dia e gasta 4.000 emagrecerá (AÑES; PETROSKI, 2002). Constata-se que o principal causador da obesidade infantil é o ambiente em que a criança vive, que resulta em uma má alimentação e uma vida sedentária. Pois, constatou-se que as doenças endócrinas são causadoras de menos de 5% dos casos de obesidade infantil, por que os casos de hereditariedade são meros fatores de risco, fazendo com que a obesidade se manifeste apenas em um ambiente favorável. Com a evolução da tecnologia, é muito comum crianças e adolescentes substituírem atividades que demandam gasto energético pelas brincadeiras automatizadas. É frequente vê-las por horas na frente da televisão ou do computador, jogando videogame ou navegando na internet. Na maioria das vezes, essas atividades são praticadas consumindo petiscos nada saudáveis, como salgadinhos, que possuem elevado teor de sal, colesterol e calorias; batatas fritas, bolachas recheadas. Com o tempo, a prática desses hábitos pode levar a criança à obesidade infantil, uma das doenças mais comuns hoje e causada, em boa parte, pelo sedentarismo (SILVA, 2011). Desta forma, a obesidade infantil causada pelo fator genético só irá se manifestar caso o ambiente vivenciado pela criança for favorável. Já o acompanhamento e o tratamento para as crianças obesas ou a cima do peso é envolvedor de vários aspectos, com ênfase no comportamento da criança, visando a reeducação alimentar e mudanças no estilo de vida sedentária, que acarreta no envolvimento e no exemplo partido da família. Para que haja um tratamento mais eficaz, é necessário que se faça uma intervenção precoce nos hábitos da criança, quando constatado mudanças motoras e o elevado ganho de peso na criança, antes mesmo dela se tornar obesa. Pois, quanto mais velha for a criança e maior for o seu peso, mais difícil será a reversão de tal quadro (VITOLO; CAMPOS, 1998 apud CRUZ; SANTOS; ALBERTO, 2007). Como o tratamento da obesidade é bem complexo, a principal indicação é preveni-la, em escolares têm se um pouco mais de probabilidades de dar certo, pois não possuem a ideia formada nem hábitos de vida ativos, então buscar ensina-los a

17 terem um habito alimentar saudável e praticarem atividade física regularmente é a melhor solução encontrada para o problema. 1.6 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DIANTE DA EPIDEMIA DA OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Fala-se, comprovadamente que são enormes as chances de que adultos ativos foram crianças ativas, e da mesma forma a maior parte dos adultos obesos também foram crianças obesas. Portanto torna-se necessário que se promova a prática de exercícios físicos já na infância e adolescência, para que a criança não se torne um adulto sedentário, assim prevenindo a obesidade infantil, previne-se a obesidade quando se tornarem adultos. Na atual realidade social em que vivemos, a obesidade infantil se tornou um problema sério de saúde pública, sua incidência aumenta gradativamente em todas as classes da população brasileira, tornando-se um problema que atinge as crianças e se mantém até a vida adulta, trazendo consigo suas consequências. Como já falado, é mais fácil e mais barato tratar este mal em seu início, focando o a prevenção em crianças, para que a incidência em adultos diminua. Para que isso seja possível, não há lugar em que se possa atingir diretamente maior número de crianças possível do que a escola como concordam Mello, Luft e Meyer (2004). Em nosso meio, a obesidade infantil é um sério problema de saúde pública, que vem aumentando em todas as camadas sociais da população brasileira. É um sério agravo para a saúde atual e futura dos indivíduos. Prevenir a obesidade infantil significa diminuir, de uma forma racional e menos onerosa, a incidência de doenças crônico-degenerativas. A escola é um local importante onde esse trabalho de prevenção pode ser realizado, pois as crianças fazem pelo menos uma refeição nas escolas, possibilitando um trabalho de educação nutricional, além de também proporcionar aumento da atividade física. A merenda escolar deve atender às necessidades nutricionais das crianças em quantidade e qualidade e ser um agente formador de hábitos saudáveis (MELLO; LUFT; MEYER, 2004). Como quase a totalidade das crianças fazem pelo menos uma refeição diária na escola, deve-se começar por ela fazendo uma reeducação alimentar, proporcionar aos escolares essa refeição balanceada e saudável, buscando a partir dai um trabalho em sala de aula que busque trabalhar a conscientização, e

18 principalmente fazer com que as crianças criem esse habito saudável para o resto de suas vidas. Silva (2011) também concorda com o combate a obesidade dentro das escolas no trecho a seguir. Como a obesidade é uma doença de difícil tratamento, a grande arma que possuímos é a prevenção. A escola parece ser o melhor local para ações preventivas da obesidade por uma série de motivos: hoje em dia quase a totalidade das crianças frequenta a escola, a educação física é matéria obrigatória inserida na grade curricular, os alunos têm pelo menos dois encontros semanais com os professores de educação física, que estão habilitados para tratar com muita propriedade o assunto e, além de tudo, é nessa idade que os hábitos se cristalizam e intervenções teóricas e práticas no sentido da prevenção se tornam muito oportunas. Portanto, o papel da Educação Física escolar é também trabalhar sobre a saúde, não somente aliado com os esportes, pois os esportes talvez não acompanhem todas as pessoas no decorrer de suas vidas e os hábitos saudáveis com certeza farão uma diferença enorme para todas as pessoas, evitando doenças e problemas futuros. Guedes (1999, p. 4) acrescenta que: A função proposta aos professores de educação física é a de incorporarem nova postura frente à estrutura educacional, procurando adotar em suas aulas, não mais uma visão de exclusividade à prática de atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcançarem metas voltadas à educação para a saúde, mediante seleção, organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos educandos não apenas situações que os tornem crianças e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida. Perante a realidade em que os índices de obesidade crescem, e ao mesmo tempo crescem as consequências negativas trazidas pela obesidade, torna-se necessário que os profissionais da saúde tomem medidas drásticas para o diagnóstico, prevenção e controle desta enfermidade. Que no caso das crianças e dos adolescentes o foco seja a conscientização sobre o problema, e seus pontos negativos, também devem transmitir informações e aconselhamentos sobre hábitos alimentares e prática de atividade física para aplicação no dia a dia, assim, levando uma vida saudável.

19 2 METODOLOGIA 2.1 TIPO DE PESQUISA Este estudo tem caráter descritivo transversal, de abordagem quantitativa, e o tipo de delineamento adotado é o levantamento epidemiológico, que de acordo com Pereira, é a identificação do padrão de ocorrência de doenças nas populações humanas e dos fatores que influenciam (determinam, condicionam). 2.2 AMOSTRA E SUJEITOS A amostra foi constituída de 28 escolares, na faixa etária entre 8 e 10 anos, de ambos os gêneros, de três escolas estaduais, sorteadas aleatoriamente, provenientes da área urbana e rural de Crissiumal, que estão matriculados e cursando o Ensino Fundamental no ano letivo de 2015. Os escolares foram avaliados no horário da aula de Educação Física ou em horário estabelecido pelas instituições. 2.3 INSTRUMENTOS Foram aplicados dois questionários. O primeiro aplicado foi o de Gama (1999), não validado, adaptado por Freitas (2010). O mesmo tem por objetivo verificar a frequência alimentar dos alunos da amostra no ambiente escolar. O segundo, um questionário simplificado de Silva (2009), com objetivo de verificar o nível de atividade física e os hábitos sedentários da amostra. Foram verificadas também as variáveis sexo e idade. Os dados foram coletados através de questionário estruturado com os escolares envolvidos na amostra. O cálculo do IMC foi realizado utilizando-se a fórmula Peso/Estatura², expresso em quilograma por metro quadrado (kg/m²). Os resultados foram classificados, conforme o quadro que segue abaixo:

20 IDADE SEXO BAIXO PESO NORMAL SOBREPESO OBESO 8 ANOS MAS FEM ABAIXO DE 14,3 ABAIXO DE 14,1 14,3 18,0 14,1 18,7 18,0 19,1 18,7 19,8 ACIMA DE 19,1 ACIMA DE 19,8 9 ANOS MAS FEM ABAIXO DE 14,6 ABAIXO DE 14,6 14,6-19,0 14,6 19,8 19,0 19,9 19,8 21,2 ACIMA DE 19,9 ACIMA DE 21,2 10 ANOS MAS FEM ABAIXO DE 15,0 ABAIXO DE 14,5 15,0 19,8 14,5 20,7 19,8 19,8 20,7 22,0 ACIMA DE 19,8 ACIMA DE 22,0 Fonte: OMS (Organização Mundial da Saúde, 2004). A massa corporal foi mensurada em uma balança digital de vidro EB- 9070+plus, marca BIOLAND, com precisão de 100 g. Toda a amostra foi submetida às medidas descalços e com o mínimo de roupa possível e permaneceram na balança com ligeiro afastamento lateral dos pés, mantendo-se sobre o centro da plataforma da balança e com a cabeça e as costas eretas e, desta forma, foi aferida e anotada a massa corporal em quilogramas. As medidas de estatura foram realizadas com o avaliado em posição ortostática, pés unidos, procurando pôr em contato com a parede as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A medida foi feita com o indivíduo em apneia inspiratória, de modo a minimizar possíveis variações sobre esta variável antropométrica. Para a medição foi utilizada uma trena emborrachada com gancho magnetizado, marca DTOOLS. 2.4 COLETA DE DADOS Após o consentimento dos pais e a autorização da escola, foram aplicados os questionários e após feito as medições, toda a coleta foi feita durante as aulas de Educação Física ou no tempo disponibilizado pela escola, durante o segundo semestre de 2015. 2.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Todos os dados coletados foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel (2007), e apresentados em gráficos para melhor compreensão dos resultados obtidos. Os dados foram analisados utilizando-se elementos da estatística descritiva, com descrição da frequência (f) e frequência percentual (f%). 2.6 CUIDADOS ÉTICOS

21 Os indivíduos elegíveis para pesquisa baseado no critério de inclusão foram convidados a participar da pesquisa pelo pesquisador principal. Neste momento, foram apresentadas informações sobre a pesquisa (objetivos, riscos, benefícios, e procedimentos aos quais foram submetidos). Confirmado o desejo de participar voluntariamente da pesquisa, foi entregue uma cópia do termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO A), para que lesse seu conteúdo, entendesse e pudesse ser esclarecidas as dúvidas. Só então, com a assinatura do termo foi formalizada a participação do indivíduo na pesquisa.

22 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O presente estudo avaliou 28 alunos de três instituições de ensino Estadual do município de Crissiumal, definidas elas como Instituições A, B e C, onde a Instituição A é do interior do município, a Instituição B é de uma vila considerada periferia e a Instituição C é do centro da cidade e a maioria dos alunos de classe média. A Instituição A, composta de 6 alunos, sendo eles 2 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, a Instituição B, composta de 10 alunos, sendo eles 5 do sexo masculino e 5 do sexo feminino e a Instituição C, composta de 12 alunos sendo eles 3 do sexo masculino e 9 do sexo feminino. A amostra foi composta de 28 alunos entre 8 e 10 anos. Do total avaliado, 10 (35,7%) eram do sexo masculino e 18 (64,3%) do sexo feminino. Gráfico 1: Resultados de IMC do total da amostra Fonte: dados da autora A classificação nos IMC do total dos alunos, apresentadas no gráfico 6, revelam que 39,4% estão classificados com padrões de IMC Normal, também que 28,5% classificados com padrões de Sobrepeso e, 32,1% estão com o IMC classificado como Obesidade. Os resultados desse estudo são semelhantes aos encontrados por Fagundes et al. (2008), quando analisou a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da região de Parelheiros do município de São

23 Paulo, com idade entre 6 e 14 anos, cujo resultado encontrado foi de maior prevalência de IMC normal. Também Bender (2006), em sua pesquisa cujo objetivo foi verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares e a influência dos fatores ambientais no processo da obesidade infantil, com crianças de 7 á 10 anos, estudantes de escola pública e particular, cujo resultado foi de 34% de toda a amostra da pesquisa apresentar sobrepeso/obesidade, independente do sexo e tipo de escola (pública ou particular). Gráfico 2: Distribuição do total de alunos do sexo masculino na classificação do IMC Fonte: dados da autora. Os resultados apontados no Gráfico 2 mostram que o grupo de escolares do sexo masculino apresentou 60% dos avaliados na classificação do IMC considerado Normal. Verificou-se que 10% estavam com o IMC na classificação de sobrepeso, e, 30% na classificação de Obesidade. Os resultados deste estudo estão com percentuais abaixo do encontrado por Boneto et al. (2008), quando analisou a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de 8 a 10 anos em uma escola da rede municipal de ensino de Campo Grande MS, verificando que o sexo masculino apresentou percentuais maiores de IMC considerado normal, seguido de sobrepeso e apresentando apenas 5,88% de obesidade.

24 Gráfico 3: Distribuição do total de alunos do sexo feminino na classificação do IMC Fonte: dados da autora O grupo de escolares do sexo feminino, onde os resultados estão descritos no gráfico 2, apresentou 27,8% dos avaliados com o IMC na classificação considerada Normal, 38,9% na de Sobrepeso e, 33,3% na de Obesidade. Os resultados dessa pesquisa se comparados com a feita por Boneto et al. (2008), que analisou a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de 8 a 10 anos em uma escola da rede municipal de ensino de Campo Grande MS, mostram resultados que divergem deste estudo, pois o sexo feminino da pesquisa citada teve uma maior prevalência de IMC normal, seguida de sobrepeso e apenas 10,26% apresentando obesidade.

25 Gráfico 4: Resultados de IMC de estudantes de 8 anos de idade Fonte: dados da autora O gráfico 4 mostra que do total de 7 alunos com a idade de 8 anos participantes da pesquisa, a maior prevalência é de IMC considerado normal com 57,14%, seguindo de 28,57% que apresentam sobrepeso e apenas 14,28% que já apresentam obesidade nessa idade. Os resultados dessa pesquisa se comparados com a de Camargo, Venditti Júnior e Martins (2009) que analisaram a incidência da obesidade infantil em crianças de 1ª a 3ª series do ensino fundamental em uma escola particular da zona sul da cidade de São Paulo, nos trazem divergências quanto ao percentual de crianças obesas com 8 anos, pois na pesquisa citada o percentual mais elevado foi das crianças diagnosticadas como obesas (35,38%).

26 Gráfico 5: Resultados de IMC de estudantes de 9 anos de idade Fonte: dados da autora O gráfico 5 mostra que do total dos 9 alunos com a idade de 9 anos participantes da pesquisa, a maior prevalência é de sobrepeso com 55,56%, seguindo de 33,33% apresentando obesidade e apenas 11,11% apresentando IMC considerado normal. Os resultados desta pesquisa, mostram percentuais inferiores de crianças com obesidade se comparados com a de Camargo, Venditti Júnior e Martins (2009) que analisaram a incidência da obesidade infantil em crianças de 1ª a 3ª series do Ensino Fundamental em uma escola particular da zona sul da cidade de São Paulo, onde nessa mesma idade a prevalência foi de 53,14% das crianças diagnosticadas dentro desse nível, um percentual mais alto do que os encontrados nesta pesquisa.

27 Gráfico 6: Resultados de IMC de estudantes de 10 anos de idade Fonte: dados da autora O gráfico 6 mostra que de um total de 12 alunos, com idade de 10 anos, participantes da pesquisa, a prevalência é de 50% com o IMC considerado normal, mas com pouca diferença em relação aos que apresentam obesidade ficando com 41,67%, restando assim 8,33% que apresentam sobrepeso nessa idade. Esses resultados se comparados com a pesquisa de Camargo, Venditti Júnior e Martins (2009) que analisaram a incidência da obesidade infantil em crianças de 1ª a 3ª series do ensino fundamental em uma escola particular da zona sul da cidade de São Paulo, mostram divergência quanto a prevalência de crianças obesas com 10 anos, pois a minoria (25%) foi classificada como obeso e somente dos alunos do sexo feminino, o sexo masculino não apresentou nenhum aluno obeso.

28 Gráfico 7: Percentual do total de obesos da amostra distribuídos por instituições Fonte: dados da autora O gráfico 7 mostra que de um total de obesos que foram identificados na amostra que são de 9 pessoas, 55,56% dos alunos pertencem a instituição A que se localiza no interior, 11,11% pertencem a instituição B que se localiza em uma vila da cidade, e 33,33% pertencem a instituição C que se localiza no centro da cidade.

29 Gráfico 8: Resultado dos hábitos alimentares na escola da amostra. Consumo de pelo menos uma vez por semana de alimentos hipercalóricos Fonte: dados da autora O gráfico 8, mostra o resultados do questionário de frequência alimentar na escola, verificando-se que 96,4% dos alunos de ambos os sexos e instituições, alegaram consumir alimentos hipercalóricos na escola, como pizza, batata frita, bolo, bolacha, biscoito, e salgadinhos.

30 Gráfico 9: Resultado dos hábitos alimentares na escola de ambos os sexos e instituições (A, B e C). Descrição dos percentuais de consumo de alimentos hipercalóricos (pizza, biscoito, salgadinhos, etc.) por semana na escola Fonte: dados da autora No gráfico 9, estão expressos os resultados relacionados aos hábitos alimentares na escola, de ambos os sexos e instituições, onde verificou-se os percentuais de consumo de alimentos hipercalóricos na semana. Os resultados mostram que 3,58% dos alunos não consomem alimentos hipercalóricos, que 75% consomem esses alimentos 1 ou 2 vezes por semana, e que 21,42% alegam comer pizza, biscoitos, bolachas, salgadinhos, entre outros de 3 a 5 vezes por semana na escola. Esse estudo diverge da pesquisa realizada por Freitas (2010), quando da avaliação da prevalência de obesidade em escolares da rede de ensino particular de Morada Nova, pois aquela pesquisa encontrou um percentual maior de crianças que admitem consumir esses alimentos de 3 a 5 vezes na semana diferente desta em que a maioria admite consumir de 1 a 2 vezes na semana

31 Gráfico 10: Resultado dos hábitos alimentares na escola do total da amostra. Descrição dos percentuais de consumo de refrigerante Fonte: dados da autora O gráfico 10, mostra que do total da amostra, apenas 10,72% dos alunos admitem tomar refrigerante dentro do ambiente escolar e que o restante de 89,28% dizem não consumir a bebida dentro da escola, até porque nas escolas não existe cantina que venda lanches e bebidas então quem ingere a bebida traz de casa. Esse estudo diverge da pesquisa realizada por Freitas (2010), que analisou a prevalência de obesidade em escolares da rede de ensino particular de Morada Nova, que obteve como resultado uma quantia considerável de alunos que consumiam refrigerante de 3 a 5 vezes na semana na escola.

32 Gráfico 11: Resultado do nível de atividade física dos escolares de ambos os sexos e instituições (A, B e C). Descrição dos percentuais da forma de deslocamento para a escola Fonte: dados da autora Os próximos resultados mostram os percentuais relacionados ao nível de atividade física dentro e fora da escola. O gráfico 11, apresenta resultados sobre a questão 1 do questionário do nível de atividade física, e identifica que a mesma quantidade de alunos da amostra que se desloca para a escola andando se desloca para a cidade de transporte motorizado. Os percentuais são de 46,43% dos alunos de ambos os sexos e instituições que se deslocam andando para a escola, 46,43% se deslocam com transporte motorizado e apenas 7,14% se deslocam de bicicleta. Os resultados desse estudo divergem dos resultados encontrados por Skolaude et al. (2012), numa análise das práticas de atividade física e deslocamento para a escola: relações com a obesidade em escolares de Santa Cruz do Sul - RS, que obteve como resultados para o sexo masculino, que há uma tendência daqueles com sobrepeso/obesidade realizarem o deslocamento de forma ativa, em comparação com aqueles que realizam o deslocamento passivo. Entre o sexo feminino, há uma prevalência de escolares com sobrepeso/obesidade que se deslocam ativamente para a escola.

33 Gráfico 12: Resultado das aulas de Educação Física ofertada para os escolares de ambos os sexos e instituições (A, B e C) Fonte: dados da autora A questão 2 do questionário do nível de atividade física refere-se se há oferta pela Instituição ou não, de aulas de Educação Física. Identificou-se que todas as Instituições participantes da pesquisa proporcionam essa aula, porém uma delas oferece aulas teóricas e práticas e 2 vezes na semana, as outras duas Instituições oferecem apenas aulas de cunho prático e apenas 1 vez na semana. O gráfico acima mostra o percentual de aulas de Educação Física. Sobre a questão 4 do questionário, que questiona o porque da não participação das aulas de Educação Física, 100% deles relataram participar sempre das aulas de Educação Física.

34 Gráfico 13: Resultado do nível de atividade física do total da amostra. Descrição dos percentuais de atividades físicas regulares ou prática de esporte fora da escola Fonte: dados da autora O gráfico 13, está relacionado á questão 5 do questionário de nível de atividade física, onde perguntava se os alunos praticavam atividade física fora do ambiente escolar. Os resultados apontam que 39,29% dizem participar sempre de outras atividades físicas, 60,71% dizem participar algumas vezes e que nenhum alunos participante da pesquisa admite nunca praticar outra atividade. Os resultados desse estudo divergem dos resultados encontrados por Skolaude et al. (2012), numa análise das práticas de atividade física e deslocamento para a escola: relações com a obesidade em escolares de Santa Cruz do Sul - RS, que obteve como resultados para o sexo masculino, apesar de não haver diferença significativa, é superior a porcentagem de escolares com excesso de peso/obesidade entre os não praticantes de atividade física, em comparação com os praticantes, e entre as meninas, também é superior a porcentagem de escolares com excesso de peso/obesidade entre os praticantes de atividade física.

35 Gráfico 14: Resultado do nível de atividade física do total da amostra. Descrição dos percentuais de período sem fazer atividade física Fonte: dados da autora O gráfico 14, descreve os resultados do item C da questão 5 do questionário do nível de atividade física, relacionado ao período no qual os alunos passam, por dia, assistindo televisão ou DVD, no computador ou vídeo game, e falando ao telefone. Os resultados mostram que apenas 28,57% admitem passar mais de 3 horas por dia fazendo uma das atividades citadas acima e que 71,43% dizem passar menos de 3 horas diárias fazendo alguma dessas atividades. Os resultados dessa pesquisa divergem se comparados com a de Xavier et al. (2009) onde determinaram os fatores associados à prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças onde naquele estudo os percentuais foram maiores dos encontrados nesse estudo, e as crianças assistia TV por até quatro horas.

36 CONCLUSÃO Através desta pesquisa pode-se perceber que a obesidade infantil é uma enfermidade com várias causas e consequências, e está fortemente relacionada com a obesidade na vida adulta, onde se agrava mais. Além de ser uma das patologias que mais tem apresentado aumento de prevalência. Pode-se concluir que existe uma elevada prevalência de sobrepeso e obesidade entre alunos de 8 á 10 anos, nas três instituições da rede de ensino estadual de Crissiumal - RS que estiveram envolvidas na amostra, sendo a maior prevalência de sobrepeso e obesidade nos alunos do sexo feminino. Foi possível perceber também, uma relação positiva entre estar fisicamente ativo e estar com o IMC considerado normal. Também percebeu-se que não estar fisicamente ativo, ou seja, passar mais tempo parado, com atividades com pouco movimento, tornando-se cada vez mais sedentário, aliado a constatação de que a maioria dos alunos envolvidos na amostra, consome, na escola, alimentos hipercalóricos, ou seja, alimentos com alto teor de gorduras podem estar influenciando significativamente no aumento do peso corporal dos mesmos. O estilo de vida fisicamente ativo, aliado a uma alimentação saudável, sem exageros, com frutas, legumes e verduras, deve ser incentivado desde os primeiros anos de vida, como medida de prevenção de doenças. A obesidade está inserida na sociedade, porém é necessário que se conscientize a população da importância de buscar soluções. O profissional de Educação Física não pode ver seus alunos estarem nessa situação de obesidade sem intervir para mudar esse quadro. É dentro da escola que se tem contato com a obesidade infantil, então é nela que se tem o compromisso de atuar no combate e na prevenção.