SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 572.499-9 SANTA CATARINA RELATORA: RECORRENTE (S): RECORRIDO (A/S): INTERESSADO (A/S): MIN. CÁRMEN LÚCIA MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL UNIÃO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO RODRIGO CARLOS CORREA E OUTRO(A/S) JOÃO CARLOS CASTILLO E OUTRO(A/S) Decisões do STF EMENTA CONSTITUCIONAL. ARTIGO 142, 3, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: LEI SOBRE INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS. ARTIGO 9 DA LEI N. 11.279/2006. LIMITE DE IDADE: FIXAÇÃO EM EDITAL. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Reconhecida a repercussão sobre o tema relativo à constitucionalidade do art. 9º da Lei n. 11.279/2006, que atribui ao edital de concurso público para ingresso nas forças armadas a fixação das condições de escolaridade, preparo técnico e profissional, sexo, limites de idade, idoneidade, saúde, higidez física e aptidão psicológica, à luz do disposto no art. 142, 3º, inciso X, da Constituição da República. Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada, vencido o Ministro Gilmar Mendes. Não se manifestou o Ministro Cezar Peluso. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 233
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 572.499-9 SANTA CATARINA MANIFESTAÇÃO CONSTITUCIONAL. ARTIGO 142, 3, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: LEI SOBRE INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS. ART. 9 DA LEI N. 11.279/2006. LIMITE DE IDADE: FIXAÇÃO EM EDITAL. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora): 1. Recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região proferido nos termos que seguem: ADMINISTRATIVO. MILITAR. INSCRIÇÃO NO CONCURSO DE ADMISSÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS FUZILEIROS NAVAIS. LIMITE DE IDADE. Impetrantes que não satisfazem aos limites de idade estabelecidos pelo Edital de Convocação para o concurso de Admissão à Turma I/2007 do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais. Aplicação do art. 142, 3º, inc. X, da CR/88, e da Lei 11.279/06, que dispõe sobre o ensino na Marinha. 2. Há relevância jurídica no tema e este não está restrito aos interesses subjetivos da causa. O art. 142, 3º, inc. X, da Constituição da República dispõe que a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. No entanto, o art. 9º da Lei n. 11.279/2006 dispõe que a matrícula nos cursos que permitem o ingresso na Marinha dependerá de aprovação prévia em concurso público, cujo edital estabelecerá as condições de escolaridade, preparo técnico e profissional, sexo, limites de idade, idoneidade, saúde, higidez física e aptidão psicológica requeridas pelas exigências profissionais de atividade e carreira a que se destinam. A questão, no caso concreto, está em saber se poderia o legislador delegar o cuidado da 234
matéria para o edital do concurso, cujo feitor passaria a ter a responsabilidade para fixar os limites de idade para ingresso na Marinha. É que a Constituição determinou necessária lei como instrumento mediante o qual se pudesse fixar esta limitação. Entretanto, o tema não se restringe ao caso concreto e se traduz numa questão jurídica de grande alcance, qual seja, saber se pode o legislador delegar para outro instrumento normativo disciplina normativa que a Constituição reserva materialmente à lei formal. 3. Pelo exposto, manifesto-me pela existência de repercussão geral do tema constitucional suscitado no recurso extraordinário. Decisões do STF Brasília, 26 de setembro de 2008. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 235
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 572.499-9 SANTA CATARINA RELATORA: RECORRENTE (S): RECORRIDO (A/S): INTERESSADO (A/S): Min. CÁRMEN LÚCIA MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL UNIÃO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO RODRIGO CARLOS CORREA E OUTRO(A/S) JOÃO CARLOS CASTILLO E OUTRO(A/S) PRONUNCIAMENTO RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONCURSO LIMITE DE IDADE REGÊNCIA LEI VERSUS EDITAL DELEGAÇÃO REPERCUSSÃO GERAL. 1. A Assessoria assim retratou as balizas deste extraordinário: Eis a síntese do que discutido no Recurso Extraordinário n. 572.499-9/SC, da relatoria da Ministra Cármen Lúcia, inserido no sistema da repercussão geral em 26.9.2008. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região proveu parcialmente pedido formulado em apelação, assentando a constitucionalidade de requisito mínimo de idade estabelecido em edital para concorrer a cursos quer permitem o ingresso na Marinha. Eis a síntese do acórdão: ADMINISTRATIVO. MILITAR. INSCRIÇÃO NO CONCURSO DE ADMISSÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS FUZILEIROS NAVAIS. LIMITE DE IDADE. Impetrantes que não satisfazem aos limites de idade estabelecidos no Edital de Convocação para o Concurso de Admissão à Turma I/2007 do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais. Aplicação do art. 142, 3º, inc. X, da CR/88, e da Lei n. 11.279/06, que dispõe sobre o ensino na Marinha. 236 No extraordinário interposto com alegada base na alínea a do permissivo constitucional, o Ministério Público Federal articula com a transgressão do inciso X do 3º do artigo 142 da Lei Fundamental. Assevera ter a Carta Magna atribuído à lei a fixação de limites de idade para o
ingresso nas Forças Armadas, sendo inconstitucional a norma legal que permite a delimitação pelo edital do concurso. Aduz existir, na espécie, verdadeira reserva legal em sentido formal. Sob o ângulo da repercussão geral, argumenta a relevância da questão constitucional debatida do ponto de vista jurídico. Afirma não poder o Legislativo abdicar de competência própria, delegando ao Executivo a função de legislador. Abaixo, a manifestação da ministra Cármen Lúcia, relatora, que se pronunciou pela existência de repercussão geral: MANIFESTAÇÃO Decisões do STF EMENTA: CONSTITUCIONAL. ARTIGO 142, 3º, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: LEI SOBRE INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS. ARTIGO 9º DA LEI N. 11.279/2006. LIMITE DE IDADE: FIXAÇÃO EM EDITAL. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. A SENHORA MINISTRA CARMEN LÚCIA (Relatora) 1. Recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região proferido nos termos que seguem: ADMINISTRATIVO. MILITAR. INSCRIÇÃO NO CONCURSO DE ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS FUZILEIROS NAVAIS. LIMITE DE IDADE. Impetrantes que não satisfazem aos limites de idade estabelecidos pelo Edital de Convocação para o concurso de Admissão à Turma I/2007 do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais. Aplicação do art. 142, 3º, inc. X, da CR/88, e da Lei 11.279/06, que dispõe sobre o ensino na Marinha. 2. Há relevância jurídica no tema e este não está restrito aos interesses subjetivos da causa. O art. 142, 3º, inc. X da Constituição da República dispõe que a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. No entanto, o art. 9º da Lei n. 11.279/2006 dispõe que a matrícula nos cursos que permitem o ingresso na Marinha dependerá de aprovação prévia em concurso público, cujo edital estabelecerá as condições de escolaridade, preparo técnico e profissional, sexo, limites de idade, idoneidade, saúde, higidez física e aptidão psicológica requeridas pelas exigências profissionais de atividade e carreira a que se destinam. 237
A questão, no caso concreto, está em saber se poderia o legislador delegar o cuidado da matéria para o edital do concurso, cujo feitor passaria a ter a responsabilidade para fixar os limites de idade para ingresso na Marinha. É que a Constituição determinou necessária lei como instrumento mediante o qual se pudesse fixar esta limitação. Entretanto, o tema não se restringe ao caso concreto e se traduz numa questão jurídica de grande alcance, qual seja, saber se pode o legislador delegar para outro instrumento normativo disciplina normativa que a Constituição reserva materialmente à lei formal. 3. Pelo exposto, manifesto-me pela existência de repercussão geral do tema constitucional suscitado no recurso extraordinário. Brasília, 26 de setembro de 2008. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 2. Reitero o que venho consignando sobre a importância do instituto da repercussão geral, devendose resistir à tentação, no exame, de formar juízo sobre a procedência ou improcedência do que revelado nas razões do extraordinário. Cumpre encará-lo com largueza. O instrumental viabiliza a adoção do entendimento pelo Colegiado Maior, com o exercício, na plenitude, do direito de defesa. Em princípio, é possível vislumbrar-se grande número de processos, mas, uma vez apreciada a questão, a eficácia vinculante do pronunciamento propicia a racionalização do trabalho judiciário. No caso, a toda evidência, trata-se de tema a ser elucidado pelo Supremo considerados quer o instrumental próprio para a regência da matéria, quer o alcance desta à luz da Constituição, quer a delegação verificada. 3. Tal como fez a relatora, admito a repercussão geral. 4. À Assessoria, para acompanhar, no sistema, o incidente. 5. Publiquem. Brasília, 2 de outubro de 2008. Ministro MARCO AURÉLIO 238