ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores COIMBRA SCHMIDT (Presidente), MAGALHÃES COELHO E EDUARDO GOUVÊA.



Documentos relacionados
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TABELAS EXPLICATIVAS DAS DIFERENTES NORMAS E POSSIBILIDADES DE APOSENTADORIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RPPS

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 24ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

BOLETIM DE SERVIÇO FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ DIRETORIA DE RECURSOS HUMANOS NORMA OPERACIONAL Nº 001-DIREH, DE 08 DE JUNHO DE 2005.

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

Regras de aposentadoria constantes da redação original da CF/88 foram alteradas pelas Emendas Constitucionais: - 20/98-41/03-47/05

RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL APELADO : GABRIEL KNIJNIK EMENTA ACÓRDÃO

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

PIRAPREV INSTITUTO DE PREVIDENCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE PIRACAIA

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador JOSÉ PIMENTEL I RELATÓRIO

SENTENÇA. Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Estado de São Paulo e outro

PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: FAZENDA NACIONAL APELADO: EDIFICIO BARCELONA

VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

APOSENTADORIA ESPECIAL (enquadramento tempo de serviço)

Contagem de tempo de serviço de aposentadoria especial de professor

REDENOMINA A CARREIRA GUARDA PENITENCIÁRIA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.

GUIA PARA O ODONTÓLOGO SERVIDOR PÚBLICO, APOSENTADORIA ESPECIAL.

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

RELATÓRIO. O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (Relator Convocado):

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho. PJe-APELREEX

Supremo Tribunal Federal

Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

RELATÓRIO. 4. É o que havia de relevante para relatar. VOTO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho APELAÇÃO

O Exmº. Sr. Desembargador Federal CESAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator):

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

PROCURADORIA A GERAL DO ESTA T DO DE SÃO PA P ULO

SENTENÇA. Acompanharam a inicial os documentos de fls. 11/24. Pela decisão de fls. 42 foi indeferida a tutela antecipada.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11/2004

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2 a REGIÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

VISTOS, relatados e discutidos os autos da Apelação Cível, acima descrita: RELATÓRIO

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

RELATÓRIO. 3. Sem contrarrazões. 4. É o relatório.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

MANUAL DE APOSENTADORIA DEFINIÇÕES / INFORMAÇÕES

Supremo Tribunal Federal

: MIN. ROBERTO BARROSO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER Nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº

Superior Tribunal de Justiça

Aposentadoria especial nos RPPS

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA - 2ª TURMA RELATÓRIO

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA. PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR N o 330, DE 2006

Foram apresentadas as contrarrazões pela UFCG agravada dentro do prazo legal. É o relatório.

PEC PARALELA. Sandra Cristina Filgueiras de Almeida Consultora Legislativa da Área XXI Previdência e Direito Previdenciário ESTUDO ESTUDO

Gestão de demandas repetitivas no Novo CPC Direito do consumidor. Alex Costa Pereira 10 de março de 2016

Superior Tribunal de Justiça

ATENÇÃO INATIVOS DA PMPR!!!

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Gabinete do Conselheiro Sidney Estanislau Beraldo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS RELATOR : CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR APELANTE :

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

RELATÓRIO. 3. Foram apresentadas as contrarrazões.

PONTO 1: Aposentadoria 1. APOSENTADORIA. Art. 201, 7º da CF (EC nº. 20). Condições:

MANDADO DE SEGURANÇA Nº /PR

SEGUNDA TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

APELADO: FAZENDA NACIONAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS

DIREITO CONSTITUCIONAL

Superior Tribunal de Justiça

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

(DECRETO-LEI N.º 157/2005, DE 20 DE SETEMBRO)

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N 4.330, DE 2004.

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MATO GROSSO COMARCA DA CAPITAL JUÍZO DA 2ª VARA ESPECIALIZADA DA FAZENDA PÚBLICA

CURSO DE FORMAÇÃO DE MOTOCICLISTA/2015

Vistos. Trata-se de ação ajuizada por JOSÉ DOS SANTOS, devidamente

CARTILHA SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

PARECER PN TC 18/2006 RELATÓRIO

Conselho da Justiça Federal

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº: MAURO PEREIRA MARTINS APELAÇÃO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 155, DE 2010

Agravo de Instrumento N C

<^22^ I llllll Hlll '''"IJ * PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Provimento do recurso. A C Ó R D Ã O

Supremo Tribunal Federal

Transcrição:

fls. 104 Registro: 2016.0000029982 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante LUIS HENRIQUE FERNANDES CASARINI, é apelado DELEGADO DE POLÍCIA DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO DA POLÍCIA CIVIL DE SP. ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores COIMBRA SCHMIDT (Presidente), MAGALHÃES COELHO E EDUARDO GOUVÊA. São Paulo, 1 de fevereiro de 2016 Coimbra Schmidt RELATOR Assinatura Eletrônica

fls. 105 Voto nº 30.988 Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 São Paulo Apelante: LUIS HENRIQUE FERNANDES CASARINI Apelados: DELEGADO DE POLÍCIA DIRETOR DO DAP MMª Juíza de Direito: Dra. Cynthia Thomé POLICIAL CIVIL. Mandado de Segurança preventivo. Delegado de Polícia. Pretensão ao reconhecimento do direito à aposentadoria especial com integralidade e paridade dos proventos. Admissibilidade. Norma recepcionada pelo ordenamento jurídico, como reiteradamente decidido pelo C. Supremo Tribunal Federal. Paridade e integralidade de vencimentos devidos aos servidores que ingressaram no serviço público antes da Emenda Constitucional nº 41/03. Sentença de extinção afastada. Recurso provido para concessão da segurança. Trata-se de mandado de segurança preventivo impetrado pelo Delegado de Polícia Luís Henrique Fernandes Casarini contra o Delegado Diretor do DAP, objetivando reconhecimento do direito à aposentadoria especial por ter preenchido os requisitos da Lei Complementar Federal nº 51/85, observadas as regras da paridade e integralidade de proventos. A sentença de f. 63/65, cujo relatório adoto, julgou o extinto o processo sem apreciação do mérito, reconhecida a falta de interesse de agir. Apela o impetrante postulando o Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 2

fls. 106 afastamento da extinção e concessão da ordem. do Estado (f. 88/96). Contrarrazões apresentadas pela Fazenda O Ministério Público declinou de oficiar no feito. É o relatório. 1. Dispenso oitiva da Procuradoria Geral de Justiça. Faço-o com espeque no ato nº 313, de 24 de junho de 2003 PGJ/CGMP DOE de 25 de junho de 2003. 2. O Juízo a quo entendeu que o impetrante é carecedor da ação por falta de interesse de agir, pois ainda não ingressou com pedido administrativo de aposentadoria, inexistindo recusa em reconhecer o direito ao benefício pretendido. Não haveria pretensão resistida e o Judiciário estaria praticando tarefa do Executivo ao verificar o preenchimento das condições legais, o que afronta o princípio da separação dos poderes. Todavia, dispõe o art. 1º da Lei nº 12.016/09: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 3

fls. 107 de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (g.m.). Como se vê das informações prestadas pelo impetrado, houve resistência ao pedido do impetrante (f. 53), o qual acenou com a inexistência do direito à integralidade e à paridade dos proventos exatamente o justo receio de sofrer violação a um direito no momento de pleitear a aposentadoria. Nesse sentido já decidiu o C. STJ: Se, nas suas informações, a autoridade impetrada contestou o mérito da impetração, caracterizada se acha a ameaça da prática do ato malsinado na referida ação 1. Presente, pois, o interesse de agir. 3. Consta dos autos que o autor foi nomeado para o cargo de Delegado de Polícia em 14.8.1989 e completará em breve as exigências para aposentadoria, com trinta anos de contribuição e vinte de atividade estritamente policial (f. 12), considerando o tempo anterior de contribuição junto à OAB e ao Ministério Público. Alega o impetrado que o art. 40, 4º da CR estabelece requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadoria especial, não mencionando critérios diferenciados para o 1 REsp nº 20.307, Min. Pádua Ribeiro, j.22.9.93 Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 4

fls. 108 cálculo dos proventos, não havendo direito à aposentadoria com integralidade e paridade (f. 91). Todavia, os argumentos são equivocados. O artigo 40, 4º, da Constituição Federal estabelece que é vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em lei complementar, os casos de servidores, que exerçam atividades de risco (inciso II) e cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (inciso III). Como se vê, é norma especial que prevalece sobre o critério de concessão aos demais servidores previsto no 3º do art. 40. Adquirindo o direito à aposentadoria na vigência da Lei Complementar Federal nº 144, de 15.5.2014, que alterou o art. 1º da L.C. 51/85, houve, de fato, a suspensão da eficácia da Lei Estadual nº 1062/08 (art. 24, XII, da CR). Mas, a referida lei foi editada para regulamentar a aposentadoria especial do servidor público policial, nos termos do 4º do art. 40 da CR, assim dispondo: Art. 2 o - O art. 1 o da Lei Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 5

fls. 109 Complementar n o 51, de 20 de dezembro de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação: público policial será aposentado: Art. 1 o O servidor I - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, qualquer que seja a natureza dos serviços prestados; II - voluntariamente, com proventos integrais, independentemente da idade: a) após 30 (trinta) anos de contribuição, desde que conte, pelo menos, 20 (vinte) anos de exercício em cargo de natureza estritamente policial, se homem; (...) (g. m.) De seu turno, a Lei Complementar nº 776/94 dispõe em seu artigo 2º que a atividade policial civil, pelas circunstâncias em que deve ser prestada, é considerada perigosa e insalubre. E a Lei Federal nº 10.887, de 18.6.2004, editada para disciplinar as disposições da Emenda Constitucional nº 41, regulamenta o cálculo dos proventos concedidos com base no 3º do art. 40 da CR, enquanto que a redação do 4º - que cuida da Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 6

fls. 110 aposentadoria especial - foi determinada pela Emenda 47/05 com efeito retroativo à vigência da Emenda 41. especial Ou seja: a aposentadoria do policial civil continua sendo disciplinada pela LC 51/85 e pela posterior LC 144/2014, expressa no sentido de que os proventos serão integrais. O direito à paridade não decorre de lei que disciplina cálculo de proventos, mas da Emenda Constitucional nº 47/05, cujo art. 2º que restabeleceu direito assegurado pelo constituinte originário. Câmara: No mesmo sentido já decidiu esta MANDADO DE SEGURANÇA. Investigador da Polícia Civil. Aposentadoria voluntária com vencimentos integrais. Possibilidade. Lei nº 51/85 recepcionada pela Constituição Federal, conforme entendimento firmado na ADIn 3.817/DF, cuja repercussão geral foi julgada pelo RE 567.110 - A regra do artigo 40, 4º, II, da Constituição Federal, alterada pela EC 47/05, concede aposentadoria especial àqueles servidores que exercerem atividades sob condições específicas, prejudiciais à saúde ou à integridade física. A Lei Complementar Estadual nº 1.062/08, por sua vez, dispõe que os policiais civis do Estado de São Paulo serão aposentados voluntariamente, desde que cumpridos certos requisitos temporais, a saber: a) 30 anos de contribuição, que, no caso devem ser somados ao tempo de contribuição para o INSS (art. 201, 9º, da CF); b) vinte anos de efetivo exercício em cargo de natureza estritamente policial. O impetrante cumpriu Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 7

fls. 111 todos os requisitos para aposentadoria voluntária. Recurso provido (AC nº 0043948-13.2012.8.26.0053, Relator Luiz Sérgio Fernandes de Souza, julgado em 16.09.2013, V.U.). Apelação Cível Mandado de Segurança - Policial civil Aposentadoria especial - Sentença que denegou a ordem na forma do art. 285-A do CPC Pleito que visa a reforma da sentença Regime previdenciário próprio Pretensão de conversão de tempo de serviço prestado em condições especiais (insalubre) para fins de averbação e consequente aposentadoria Repercussão geral que tratou da aposentadoria especial de policiais civis, nos termos da LC nº 51/85 Servidor que conta com mais de 30 anos de serviço, dentro dos quais 20 anos de efetiva atividade policial Ingresso na carreira policial antes da EC nº 41/2003 - Desnecessidade de observância do requisito idade Art. 3º da Lei Complementar nº 1.062/08 Sentença reformada Recurso parcialmente provido (AC nº 0016190-25.2013.8.26.0053, Relator Eduardo Gouvêa, j. em 04.011.2013, V.U.). Deveras, do cotejo do art. 40, 8, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional n 20/98, com os artigos 6 e 7, da Emenda n 41/2003, e ainda, com o art. 2 da Emenda n 47/2005, resulta indubitável que o patrimônio jurídico-funcional do autor, porquanto ingressa no serviço público até a data da publicação da EC 41/03, é alcançado pela regra da integralidade e paridade prevista nos citados dispositivos constitucionais. Em caso em tudo semelhante ao aqui tratado, sobre a questão, restou decidido que, em relação à paridade de Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 8

fls. 112 aposentados e pensionistas com os servidores em atividade, esta perdurou mesmo com a edição da Emenda Constitucional n 41/2003, aos que já haviam ingressado no serviço público até a data da sua publicação (art. 6º), ou já eram aposentados ou pensionistas (art. 7º), no sentido de que tais benefícios sejam revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens, posteriormente, concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. O autor ingressou na atividade policial em 1989, muito antes da vigência da Emenda Constitucional nº 41/2003, bem como da Emenda Constitucional nº 20/98, e, diante do cumprimento dos requisitos legais acima citados para a obtenção da aposentadoria especial, forçoso o reconhecimento do direito à paridade e à integralidade remuneratória dos seus proventos, nos termos do pedido inicial. 2 Conclui-se, portanto, que o impetrado confunde normas previdenciárias de transição, destinadas aos servidores que não se enquadram nos incisos do 4º do art. 40 da CR que, por isso, se sujeitam às regras ditadas pelo 3º do indigitado dispositivo. Como o autor não necessita cumprir regras de transição, conclui-se que faz jus à integralidade e à paridade, nos termos dos arts. 6º e 7º da EC 41, de 2003, reforçado pelo disposto na Lei Complementar Federal nº 144/2014. 2 Apelação nº 4000244-04.2013.8.26.0292, Des. Luís Geraldo Lanfredi, j. 15.7.14. Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 9

fls. 113 certo, a concessão da ordem é de rigor. Presente a ameaça ao direito líquido e Isto exposto, dou provimento ao recurso. Para efeito de exercício de recursos nobres, deixo expresso que o desate não ofende norma legal alguma, constitucional ou infraconstitucional. Consigno, ainda, que foram consideradas todas as normas destacadas pelos litigantes, mesmo que não citadas expressamente. Os recursos que deste se originarem estarão sujeitos a julgamento virtual, a não ser que se manifeste impugnação à forma, nos respectivos prazos de interposição. COIMBRA SCHMIDT Relator Apelação nº 1034414-23.2015.8.26.0053 10