VII-002 - VIGIÁGUA: A VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO ESPÍRITO SANTO



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Transcrição:

VII-002 - VIGIÁGUA: A VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO ESPÍRITO SANTO Marluce Martins de Aguiar(1) Engenheira Civil e Sanitarista - UFES (1978), Pós-graduada em Engenharia de Saúde Pública - ENSP - RJ (1985), M. Sc. Em Ciência em Engenharia Ambiental UFES (1996), Engenheira Sanitarista da Secretaria de Estado da Saúde - ES. Sara Ramos da Silva Engenheira Civil e Sanitarista - UFES (1980), Pós graduada em Engenharia de Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ (1982), M. Sc. em Engenharia Ambiental UFES (1996), Professora dos Curso Técnico em Meio Ambiente e Tecnologia em Saneamento Ambiental/ CEFET-ES, Engenheira Sanitarista da Secretaria de Estado da Saúde SESA - ES. Endereço (1) : Rua Chafic Murad 556/502 Bento Ferreira Vitória - ES - CEP: 29.050-660 - Brasil Tel: (27) 3325-3262. e-mail: m_marluce@hotmail.com RESUMO O Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano - VIGIÁGUA tem como objetivo geral criar estratégia técnica e política para implementação das atividades de vigilância da qualidade da água para consumo humano, a partir da avaliação do potencial de risco representado pelos sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água e de implementando ações de melhoria das condições sanitárias da água, com vistas a evitar a disseminação de doenças de veiculação hídrica. No Estado do Espírito Santo, dos 78 municípios, 66 já têm técnicos capacitados para atuarem no Programa e um total de 128 técnicos capacitados. Até Abril de 2002, 43 municípios haviam implantado o Programa desenvolvendo ações de: cadastramento de Sistemas e de Soluções Alternativas de Abastecimento de Água; coleta de amostras de água para análise de coliformes, turbidez, cloro residual e Flúor; recebimento e avaliação dos dados referentes ao controle da qualidade da água, enviados mensalmente pelas Operadoras dos Sistemas de abastecimento de Água SAA s; distribuição de Hipoclorito de Sódio a 2,5% e orientações quanto ao tratamento domiciliar da água para populações não servidas com água tratada e ações de educação em saúde. Trata-se de uma importante ação de saúde tanto na prevenção e controle de doenças, quanto na definição de áreas de risco e no direcionamento de financiamento de ações de saneamento básico, proporcionando melhoria na qualidade de vida da população. PALAVRAS-CHAVE: vigilância da qualidade da água para consumo humano, sistema de abastecimento de água, soluções alternativas de abastecimento de água. INTRODUÇÃO Condições ambientais adversas, assim como a degradação do meio ambiente, tem contribuído para doenças e mortes prematuras de milhões de pessoas que são acometidas por enfermidades infecciosas e parasitárias, em conseqüência fundamentalmente da contaminação das águas (Heller,1997). Para os profissionais de saúde, o provimento de água em quantidade e qualidade, adequada é medida básica de promoção à saúde e prevenção de doenças. Desde 1854, quando John Snow descobriu a relação existente entre o consumo de água contaminada e a incidência de cólera em Londres, as ações relativas à manutenção da potabilidade da água passaram a ser eleitos como prioritários no âmbito da saúde ( FUNASA,CBVA, 2002). No Espírito Santo as gastroenterites ocupam o 4º lugar no quadro de morbidades (Informação em Saúde/SESA). Sendo esta uma doença de veiculação hídrica, este dado vem reforçar a necessidade da implantação do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano VIGIÁGUA, em todos os municípios, como ação essencial de saúde pública. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

No Projeto de Vigilância em Saúde VIGISUS, do Ministério da Saúde, as ações para a estruturação da Vigilância Ambiental estão definidas na área Programática II, onde é concebido o modelo de atuação. A água para consumo humano foi destacada como uma das sub áreas programáticas da Vigilância Ambiental. A partir da Portaria Nº 1399/99, do Ministério da Saúde, que regulamenta a área de Epidemiologia e Controle de Doenças e determina a necessidade de uma Programação Pactuada Integrada, são lançadas as bases para uma real estruturação da Vigilância Ambiental no País. No Capítulo I, Seção II, item XVII, relativo às competências do Estado, prevê dentre outras atribuições a coordenação das ações de vigilância ambiental de fatores de risco à saúde humana, incluindo o monitoramento da água de consumo humano. Aos municípios a referida Portaria atribui, no Capítulo I, Seção III, item VIII, a competência do monitoramento da qualidade da água de consumo humano, incluindo ações de coleta e provimento dos exames físico, químico e bacteriológico de amostras, em conformidade com a normatização federal. O marco legal da atuação do governo está previsto no Decreto Federal Nº 79.367, que concedeu ao Ministério da Saúde a competência para elaborar Normas e Padrão de Potabilidade de Água para Consumo Humano. A Portaria nº 1469, de 29 de dezembro de 2000 (republicada em 22/02/01) Capítulo II Art. 4º, item V, define a Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano como um conjunto de ações adotadas continuamente pela autoridade de saúde pública para verificar se a água consumida pela população atende à esta Norma e para avaliar os riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água representam para a saúde humana. O Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano - SISAGUA, constituise num importante instrumento para as ações de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, fornecendo informações sobre os SAA s e as Soluções Alternativas de Abastecimento de Água, indispensáveis para a definição de estratégias de ações preventivas e corretivas dos mesmos. Para a execução das medidas propostas prevê-se ações integradas com outros setores e instituições, tais como Secretaria de Estado para Assuntos de Meio ambiente, Comitês de Bacias Hidrográficas. OBJETIVO GERAL O VIGIAGUA, Programa de Vigilância da Qualidade da Água no Estado do Espírito Santo tem como objetivo geral criar estratégia técnica e política para implementação das atividades de vigilância da qualidade da água para consumo humano, a partir da avaliação do potencial de risco representado pelos sistemas, de abastecimento de água e pelas fontes alternativas, implementando ações de melhoria das condições sanitárias da água de consumo humano, com vistas a evitar a disseminação de doenças de veiculação hídrica. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Estabelecer a programação de ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, com base num sistema descentralizado a ser executado de forma hierarquizada, seguindo as orientações do Sistema Único de Saúde - Avaliar o potencial de risco que as condições sanitárias do sistema de abastecimento de água público ou privado e as soluções alternativas, oferecem à saúde da população através:. do cadastramento de todos os sistemas públicos ou privados e das soluções alternativas de abastecimento de água de todos os municípios do estado.. da identificação das condições sanitárias dos sistemas de abastecimento de água, público ou privado e das fontes alternativas, de todos os municípios do estado;. do conhecimento sistemático da qualidade da água consumida pela população, por meio da avaliação de suas características físico-químicas e bacteriológicas e do conhecimento do controle de qualidade realizado pelos responsáveis pelos Sistemas de Abastecimento de Água;. do conhecimento do controle de qualidade da água realizado pelos prestadores de serviço. do conhecimento do perfil epidemiológico da população no que se refere a doenças de veiculação hídrica, utilizando o Programa de Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas PMDDA, como um importante fonte de dados. - Encaminhar medidas corretivas nos sistemas de abastecimento de água, que se fizerem necessárias; - Promover ações de educação sanitária e ambiental; ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

- Alimentar o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano SISÁGUA SUSTENTABILIDADE A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde, NOB-SUS, definiu novas modalidades de financiamento direto das ações de vigilância e de controle de doenças com recursos federais, além daquelas que indiretamente favorecem a execução dessas atividades. Entre outras sistemáticas, foram criados: - Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de Doenças - TFECD Portaria 1399/99 - Financiamento do BID oriundos do projeto VIGISUS MATERIAIS E MÉTODOS O Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano VIGIÁGUA, tem suas atividades estruturadas e desenvolvidas, tendo como base o sistema descentralizado a ser executado de forma hierarquizada, seguindo as orientações do SUS. Para a implantação da atividades do VIGIÁGUA foram realizadas as seguintes etapas: - Seleção de 24 municípios como áreas prioritárias para implantação do programa, obedecendo aos seguintes critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde: Municípios que apresentaram pelo menos um óbito por cólera, diarréia, gastroenterite de presumível origem infecciosa, febre tifóide e paratifóide ou outras doenças diarréicas e infecciosas intestinais, no ano de 1997 e municípios com mais de 100.000 habitantes; - Definição das ações a serem pactuadas: cadastramento de 100% dos sistemas de abastecimento de água e de soluções alternativas de abastecimento de água ( poços, fontes, caminhões pipa e outras ) até o final de 2001, coleta de amostras de água para análise de Coliformes fecais, Turbidez, Cloro residual e Flúor, de acordo com número de amostras estabelecidos em função da população conforme tabela1; - Realização de cinco Cursos de Capacitação em Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, totalizando 128 técnicos capacitados, contemplando 66 municípios e 04 Superintendências Regionais de Saúde; - Fornecimento de Comparadores Colorimétricos de Cloro a todos os municípios após a capacitação dos técnicos; - Realização de Curso de Capacitação no Sistema de Informação sobre a Qualidade da Água para Consumo Humano-SISAGUA para Técnicos do Nível Central, das Superintendências Regionais de Saúde e dos Municípios da Região da Grande Vitória, totalizando 19 técnicos capacitados; - Realização de Oficinas de trabalho com a participação de Técnicos das Secretarias Municipais de Saúde e das Operadoras de SAA s: Companhia Espiritossantense de Saneameno CESAN e Serviços Autônomos de Água e Esgoto - SAAE s, para apresentação do VIGIAGUA, conhecimento dos Técnicos de Referência das referidas Instiuições e estabelecimento de estratégias de atuação; - Realização de duas reuniões de avaliação de Programa, no ano de 2001, com a participação de técnicos dos Municípios e das Superintendências Regionais de Saúde - Análise de amostras de água, enviadas pelos municípios, no Laboratório Central da Secretaria de Estado da Saúde LACEN - Alimentação do SISAGUA com dados de cadastro de SAA s e de Soluções Alternativas, Controle de Qualidade da Água e de resultados das análises das amostras realizadas pelo LACEN; - Distribuição de hipoclorito de sódio a 2,5% à população não abastecida com água tratada, com orientações sobre uso. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Tabela 1: Número de amostras a serem coletadas e analisadas mensalmente de acordo com o número de habitantes População total do município Número de amostras a serem coletadas e analisadas (habitantes) mensalmente Sistema Coletivo Sistema Alternativo Até 20.000 02 02 20.000 a 100.000 10 10 100.000 a 400.000 15 15 400.000 a 2.000.000 25 25 2.000.000 a 10.000.000 80 80 FUNASA, 2000b. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS O Programa de Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano VIGIÁGUA, no Estado do Espírito Santo promoveu a capacitação de 128 técnicos, totalizando 66 municípios e 04 Regionais de Saúde e teve suas atividades implementadas em 43 dos 78 municípios, até abril de 2002 conforme demonstra a figura1. Foram cadastrados até abril de 2002, 62 Sistemas de Abastecimento de Água SAA s ( equivalente à 100% dos SAA S dos 43 municípios que implantaram o VIGIÁGUA), e 81 Soluções Alternativas ( poços rasos e fontes ). Foram analisadas 687 amostras de água no ano de 2001, sendo que 413 amostras ( 60,11% ) estavam fora dos padrões de potabilidade de acordo com a Portaria 1469/00. Até abril de 2002, 1404 amostras haviam sido analisadas sendo que 675 ( 48,08%) apresentaram resultados que não atendiam aos padrões de potabilidade, em relação ao parâmetro Coliformes totais e fecais, segundo a Portaria 1469/00. Estes resultados referem-se essencialmente a amostras de água coletadas em poços, o que comprova a alta vulnerabilidade dessas soluções de abastecimento de água. As medidas adotadas pelos municípios têm sido de orientações quanto à proteção dos poços e a distribuição do hipoclorito de sódio a 2,5%, com orientações de uso. Quanto ao controle de qualidade da água realizado pelas Operadoras dos Sistemas de Abastecimento de Água, somente 14 dos 43 municípios que implantaram o VIGIAGUA, vêm recebendo e avaliando mensalmente os resultados enviados pelas Operadoras. Esta deficiência já vem sendo trabalhada junto aos responsáveis pela operação dos Sistemas de Abastecimento de Água, para que seja atendida a Portaria 1469/00 que prevê no item IV, Art.9º, Seção IV, que ao(s) responsável(is) pela operação de Sistemas de Abastecimento de Água incumbe: encaminhar para fins de comprovação do atendimento a esta Norma, relatórios mensais com informações sobre o controle da qualidade da água, segundo modelo estabelecido pela referida autoridade. Sempre que constada alguma irregularidade nos resultados apresentados, os técnicos das secretarias municipais de saúde acionam os responsáveis técnicos pela operação dos SAA S, para adoção de medidas corretivas. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Figura 1 mapa dos municípios com o VIGIÁGUA implantado CONCLUSÕES A preocupação com a disponibilidade da água de consumo humano em quantidade e qualidade, deve estar sempre presente na definição das Políticas de Saúde. A Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano constitui-se num importante área de ação de saúde. O Projeto VIGISUS (1998), ao destacar a mesma como uma Sub-Área Programática da Vigilância Ambiental, com definição de aporte financeiro e estrutura institucional, contribuiu de forma essencial para preencher uma lacuna que há tempos esteve aberta à espera de definições e decisões para sua implementação. No Espírito Santo, com o processo de descentralização e integração das ações de saúde e com a estruturação do VIGIÁGUA, estamos dando um importante passo na melhoria da qualidade de vida da população. Os resultados que vêm sendo obtidos pelos municípios que implantaram o VIGIÁGUA demonstram a importância de se conhecer, avaliar e adotar medidas de educação em saúde, de orientação à população e exigir ações corretivas em Sistemas de Abastecimento de Água, sempre que necessário, para prevenir doenças de veiculação hídrica. O Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano deve integrar-se intra-setorialmente com o Programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas e inter-setoriamente, com as Secretarias de Meio Ambiente e com os Comitês de Bacias Hidrográficas e demais Órgãos que direta ou indiretamente se relacionem com a qualidade da água. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

É importante destacar que a busca da qualidade da água não pode ser exercida por poucos. É fundamental a participação integrada, a conscientização e o comprometimento de todos os agentes sociais envolvidos em seu processo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 1469 de 29 de dezembro de 2000. Estabelece os procedimentos e responsabilidade relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Republicada no D.º nº 1-E de 02 de janeiro de 2001, Seção 1, p.19 e no D. O. nº 7 E de 10 de janeiro de 2001, Seção 1, p.26. 2. BORJA, C. P. Sistema de informação de vigilância da qualidade da água de consumo humano SISÁGUA. Manual técnico fascículo 1. Ministério da Saúde/ FUNASA.Julho de 2001,. 3. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 1399 de 15 de janeiro de 1999. Regulamenta a NOB SUS 01/ 96 no que se refere às competências da União, estados, municípios e Distrito Federal, na área de epidemiologia e controle de doenças, define sistemática de financiamento e dá outras providências. 4. FUNASA (2002) Curso Básico de Vigilância Ambiental em Saúde CBVA. Módulo IV. 5. HELLER, H.(1997) Saneamento e Saúde, OPAS, Brasília DF. 6. PROJETO VIGISUS Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. 2ª edição revisada Brasília: Ministério da Saúde Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 1998. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6