GEOMETRIA DESCRITIVA... o que é e para que serve!



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GEOMETRIA DESCRITIVA... o que é e para que serve!

Desde sempre, o homem, na sua necessidade de comunicação, procurou encontrar um meio de representar as formas dos objectos que o rodeavam.

Assim, Gaspar Monge (1746-1818) quem, com a sua Geometrie Descriptive reuniu e sistematizou num processo coerente os meios que até ai eram usados de modo impreciso e variavel. Gaspard Monge (Beaune, 10 de maio de 1746 - Paris, 28 de julho de 1818) foi um matemático francês, criador da geometria.

Monge criou um método que permite representar, com precisão, os objectos que têm três dimensões (comprimento, largura e altura) numa superficie plana. Este processo baseia-se no conceito de projecção, que está na base de todos os actuais sistemas de representação rigorosa.

Projecção Se considerarmos um plano (a) no qual desejamos projectar uma dada figura [CDE] e um ponto que designaremos como origem [O]. Ao fazer passar linhas rectas por todos os pontos da figura considerada e pela origem, obtemos um feixe de rectas (projectantes) que intersectará o plano segundo uma outra figura [C1 D1 E1] que será a projecção da primeira sobre esse plano. Cada sistema de projecções refere-se sempre a uma determinada origem, e quando esta está situada a uma distância finita, diz-se que a projecção é cónica ou central (figura 1). O C D E D1 C1 E1 figura 1 a

Projecção Quando a origem se localiza a uma distância infinita, as projectantes resultam paralelas e a projecção é chamada por paralela ou cilíndrica (figura 2). D E C F G D1 E1 C1 G1 F1 a figura 2

Sistema Diédrico Neste método, consideram-se dois planos de projecção perpendiculares entre si, o plano frontal (ou vertical) e o plano horizontal, dividindo o espaço em quatro partes - os Diedros. A recta de intersecção destes dois planos chama-se eixo X. Cada figura do espaço fica definida pelas suas projecções ortogonais sobre cada um desses planos, uma vertical e outra horizontal. 2º Diedro 1º Diedro 3º Diedro X 4º Diedro

Planos Bissectores Como vimos antes, o plano frontal e o plano horizontal, ortogonais entre si, dividem o espaço em quatro Diedros. Estes por sua vez, são divididos em Octantes pelos respectivos planos bissectores. Na figura em baixo, está representado o plano bissector do 1º Diedro que bissecta, simultaneamente, o 3º Diedro - é o primeiro bissector ou o bissector dos diedros impares: o B 1/3. De notar que o B 1/3 contém o eixo X e divide cada um dos dois diedros em dois diedros geometricamente iguais. 2º D 1º D x 3º D 4º D

Planos Bissectores Na figura seguinte, temos o plano bissector do 2º Diedro - B 2/4. De notar que o B 2/4 contém também o eixo X e divide cada um dos dois diedros em dois diedros geometricamente iguais. 2º D 1º D x 3º D 4º D

Planos Bissectores Assim, os quatro planos (plano frontal, plano horizontal, B 1/3 e B 2/4 ) dividem o espaço em oito Octantes. 2º D 1º D 3º oct. 2º oct. 4º oct. 1º oct. 4º oct. 3º oct. 2º oct. 1º oct. 5º oct. X 8º oct. 5º oct. X 8º oct. 6º oct. 3º D 7º oct. 4º D 6º oct. 7º oct.

Sistema Diédrico Como em todos os sistemas de projecção pretende-se a representação das três dimensões num só plano (o do desenho), este problema é resolvido pelo rebatimento em torno do eixo X de um sobre o outro dos dois planos de projecção considerados. Deste modo o plano do desenho fica dividido horizontalmente pelo eixo X, representando-se para cima dele as projecções feitas sobre o Semiplano Frontal Superior - SPFS e sobre o semiplano horizontal posterior - SPHP e para baixo as projecões feitas sobre o Semiplano Frontal Inferior - SPFI e sobre o Semiplano Horizontal Anterior - SPHA. SPFS SPHA SPHP X SPFI

Referenciais Um referencial é um conjunto de elementos que nos permite organizar uma determinada entidade (recta, plano, espaço, etc.) Referencial a 1 dimensão - um referencial a uma dimensão é constituido por uma recta, ou eixo ordenado, num referencia unidimensional, cada ponto terá, assim, uma única coordenada - a abcissa. A -> 4; B -> -2 B O A -4-3 -2-1 0 1 2 3 4 5 6 7 x

Referenciais Referencial a 2 dimensões Um referencial a duas dimensões (bidimensional) existe num plano - é constituido por dois eixos coordenados, que são duas rectas concorrentes na origem do referencial. Num referencial bidimensional, cada ponto tem duas coordenadas - a abcissa e a ordenada. A (5,2) y B (4, -3) C (-2, 0) A C O x B

Referenciais Referencial a 3 dimensões Um referencial tridimensional é constituido por três eixos coordenados, que são três rectas complanares duas a duas e concorrentes num único ponto, que é a origem do referencial. Num referencial tridimensional, cada ponto tem três coordenadas - a abcissa, a ordenada e a cota. Notem que a figura seguinte não tem três dimensões - a figura aolado é a representação bidimensional de um referencial a três dimensões! A (4; 2; 3) z A O y x

Referenciais Referencial a 3 dimensões Notem que, num referencial tridimensional, os três eixos definem três planos: o plano xoy, o plano xoz e o plano yoz. Assim, ao estudarmos as formas no espaço - Geometria no espaço - consideramos que o espaço (finito) se encontra organizado por um referencial a três dimensões. z O y x

Organização do Espaço Como vimos antes, um referencial no espaço (a três dimensões) é constituido por três planos ortogonais entre si - um plano frontal (ou vertical), um plano horizontal e um plano de perfil (que também é vertical). Os planos são infinitos, mas para que a sua representação fique legivel é necessário estabelecer limites. Planos do referencial: - plano horizontal ( lê-se Niu zero) ou plano Xoy; - plano frontal ( lê-se Fi zero) ou plano xoz; - plano de perfil ( lê-se Pi zero) ou plano yoz. z o y x

Coordenadas de um ponto As três coordenadas de um ponto em Geometria Descritiva são a abcissa, o afastamento e a cota. E são escritas sempre nesta ordem! Deste modo a expressão: P (x; y; z) indica-nos que o ponto P tem x de abcissa, y de afastamento e z de cota. z AFASTAMENTO P ABCISSA o y COTA x

Variação do sinal das coordenadas de um ponto Cota - um ponto com cota positiva situa-se acima do plano horizontal, pode situar-se no 1º Diedro, no 2º Diedro ou no SPFS (sentido positivo do eixo z); - um ponto com cota negativa situa-se abaixo do plano horizontal, pode situar-se no 3º Diedro, no 4º Diedro ou no SPFI (sentido negativo do eixo z); - um ponto com cota nula situa-se no plano horizontal (plano XY), a sua distância ao plano horizontal é zero e pode situar-se no SPHA, no SPHP ou no eixo X. z + + x o - - y

Variação do sinal das coordenadas de um ponto Afastamento - um ponto com afastamento positivo situa-se para a frente do plano frontal, pode situar-se no 1º Diedro, no 4º Diedro ou no SPHA (sentido positivo do eixo y); - um ponto com afastamento negativo situa-se atrás do plano frontal, pode situar-se no 2º Diedro, no 3º Diedro ou no SPHP (sentido negativo do eixo y); - um ponto com afastamento nulo situa-se no plano frontal (plano XZ), a sua distância ao plano frontal é zero e pode situar-se no SPFS, no SPFI ou no eixo X. - z + - x o y +

Variação do sinal das coordenadas de um ponto Abcissa - um ponto com abcissa positiva situa-se para a esquerda do plano de perfil (sentido positivo do eixo x); - um ponto com abcissa negativa situa-se para a direita do plano de perfil (sentido negativo do eixo x); - um ponto com abcissa nula situa-se no plano de perfil (plano YZ), a sua distância ao plano de perfil é zero. - z - + x + o y