Resumo Aula-tema 06: Gestão Financeira A análise contábil e financeira é de extrema importância para a sobrevivência das micro e pequenas empresas, pois fornece informações importantes que possibilitam ao gestor direcionar suas ações em busca da otimização de seus resultados, constatando se o retorno do investimento realizado está de acordo com o esperado ao decidir-se pela abertura do próprio negócio. O cálculo do Retorno do Investimento, também conhecido como Retorno do Ativo Total (RAT), é um dado essencial ao gestor, pois mede a capacidade de remuneração dos investimentos feitos na empresa (Ferronato, 2011). Para calcular o RAT, utiliza-se a equação: RAT = (Lucro Final x 100) Ativo Total. Considerando um lucro final (lucro líquido do exercício) de R$ 4.500,00 e um Ativo total de R$151.500,00 (números do BP e DRE da aula-tema 05), temos o seguinte resultado: RAT = (4.500 x 100) 151.500 = 2,97%. Ou seja, a empresa obtém uma taxa de lucratividade de 2,97% sobre os investimentos realizados. Se compararmos com a taxa de retorno de uma poupança (por volta de 6% ao ano), que é um investimento de menor risco, diríamos que este investimento não é atrativo. O empreendedor deve estipular a taxa que considere ideal para cobrir não somente seu investimento financeiro, mas também o tempo e o trabalho dispensados, além do risco corrido. Outra forma de medir o Retorno do Investimento, porém utilizando como unidade de medida o tempo, é calcular o período do payback. O payback é o tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento. Por exemplo, se a empresa obteve um lucro líquido de $4.500,00 por mês ($54.000 por ano) e o investimento inicial injetado pelos sócios (Patrimônio Líquido) foi de $93.500,00 (números extraídos do BP e DRE da aula-tema 05), os sócios recuperarão o investimento em menos de dois anos. Esse resultado foi obtido através do seguinte cálculo: 93.500 54.000 = 1,73 anos. Sabe-se que o índice de liquidez corrente é bastante útil às análises financeiras, pois expressa a capacidade da empresa de liquidar suas dívidas de
curto prazo. Porém, um detalhamento maior das contas do ativo circulante pode revelar resultados mais precisos para o planejamento financeiro. Empresa A Caixa 100 Duplicatas a Pagar 500 Títulos Negociáveis 100 Títulos a Pagar 500 Duplicatas a Receber 1.000 Impostos a Pagar 4.000 Estoques 8.800 Ativo Circulante 10.000 Passivo Circulante 5.000 Empresa B Caixa 1.000 Duplicatas a Pagar 3.000 Títulos Negociáveis 1.000 Títulos a Pagar 1.500 Duplicatas a Receber 5.000 Impostos a Pagar 500 Estoques 3.000 Ativo Circulante 10.000 Passivo Circulante 5.000 Fonte: Ferronato, 2011. Tomando como base o BP apresentado acima para as duas empresas, A e B, podemos observar que ambas possuem a mesma liquidez corrente; contudo, em uma análise mais detalhada, observa-se que a empresa B tem liquidez maior que a empresa A, haja vista que seus ativos líquidos (aqueles que se transformam em dinheiro mais rapidamente) são maiores. A empresa A concentra a maior parte de seus ativos na conta estoques, e o capital estocado tem menor liquidez (FERRONATO, 2011). Com base nessas análises, fica evidente que é preciso uma apuração mais detalhada das contas do BP do que simplesmente o cálculo da liquidez corrente. É preciso também avaliar o giro e os prazos médios das contas do ativo circulante em busca de resultados mais esclarecedores sobre a situação financeira da empresa. Uma dessas análises se baseia no Giro e Prazo Médio de renovação de estoques, que tem por finalidade indicar quantas vezes o estoque foi renovado (convertido em vendas) em determinado período. Para essa análise, deve-se considerar as seguintes equações: Giro dos Estoques = Custo de Mercadoria Vendida Estoque Médio Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) = Dias do período Giro
Para calculá-los, consideramos as seguintes variáveis: Estoque inicial (01/01/2011) 10.000 Estoque Final (31/12/2011) 15.000 Compras no período 100.000 O primeiro passo é calcular o Custo de Mercadoria Vendida; para isso, utiliza-se a seguinte fórmula: CMV = Estoque inicial + Compras Estoque final = 10.000 + 100.000 15.000 = 95.000. O segundo passo é calcular o valor do Estoque Médio, dado pela seguinte fórmula: EM = (Estoque inicial + Estoque final) 2 = 10.000 + 15.000 2 = 12.500. Retornando à fórmula do Giro dos Estoques, temos o seguinte resultado: Giro dos Estoques = 95.000 12.500 = 7,6. Esse resultado indica que a empresa, no período de um ano (de 01/01/2011 a 31/12/2011), renovou seu estoque 7,6 vezes. Inserindo tais valores na equação do Prazo Médio de Renovação dos Estoques, apuramos o seguinte resultado: PMRE = Dias do período giro dos estoques = 360 dias (um ano) 7,6 = 47,37 dias. Analisando esse resultado, significa que a empresa tem um prazo médio de 47 dias para vender os itens de seu estoque, a partir da data de compra. A análise do Giro e Prazo Médio de renovação de estoques possibilita ao gestor uma melhor programação de suas vendas, de modo que o resultado obtido nas equações seja o melhor possível, pois quanto maior for o giro dos estoques no período, menor será o tempo em que o produto será vendido e mais rapidamente se transformará em dinheiro em caixa, aumentando a liquidez da empresa. Outra análise a ser feita para avaliar a situação do ativo circulante da empresa é o Giro e Prazo Médio de Recebimento das Vendas, que tem por finalidade medir o tempo de recebimento das vendas realizadas. Para esse cálculo utilizam-se as seguintes equações: Giro das Duplicatas a Receber = Vendas a prazo Saldo médio das duplicatas a receber Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) = Dias do período Giro das duplicatas a receber
Consideramos a seguinte situação de recebimentos para um período de seis meses: Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total Duplicatas a Receber 10.000 11.000 10.000 12.000 14.000 15.000 72.000 Vendas a prazo 12.000 12.000 14.000 15.000 16.000 18.000 87.000 Remetendo às equações, primeiramente calcula-se o Saldo Médio das Duplicatas a Receber = Somatória das duplicatas a receber período = 72.000 6 = 12.000. O Giro das Duplicatas a Receber é obtido pela equação: Giro = Vendas a prazo Saldo médio das vendas = 87.000 12.000 = 7,25 vezes. O Prazo Médio de Recebimento das Vendas é obtido por: PMRV = Dias do período Giro das duplicatas a receber = (30 x 6) 7,25 = 180 dias 7,25 = 24,83 dias. Segundo Ferronato (2011, p. 134), o ideal é que o prazo médio de recebimento seja o mais baixo possível, uma vez que duplicatas a receber antigas é um sinal de possível inadimplência. Outra análise financeira muito importante ao gestor é o Giro e Prazo Médio de Pagamento das Compras, cuja finalidade é medir o tempo de pagamento das compras feitas a prazo pela empresa. Para esse cálculo utilizam-se as seguintes equações: Giro das Contas a Pagar = Compras a prazo Saldo médio das contas a pagar Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC) = Dias do período Giro das contas a pagar meses: Consideramos a seguinte situação de pagamentos para um período de seis Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total Contas a pagar 8.000 6.000 9.000 6.000 8.000 5.000 42.000 Compras a prazo 10.000 12.000 14.000 12.000 15.000 18.000 81.000 Primeiramente calcula-se o Saldo Médio das Contas a Pagar = Somatória das contas a pagar período = 42.000 6 = 7.000. O Giro das Contas a Pagar é obtido por: Giro = Compras a prazo Saldo médio das contas a pagar = 81.000 7.000 = 11,57 vezes. O Prazo Médio de Pagamento das Compras é: PMPC = Dias
do período Giro das contas a pagar = (30 x 6) 11,57 = 180 dias 11,57 = 15,56 dias. Para os casos apresentados, percebe-se que a empresa tem um prazo de pagamentos de contas menor que o prazo de recebimento de duplicatas. Este é um cenário de risco à empresa, pois ela pode não conseguir saldar suas dívidas com fornecedores se não tiver um fundo de reservas para cobrir o período entre os pagamentos e os recebimentos. Essas reservas, também conhecidas como capital de giro são os recursos disponíveis à empresa para liquidar seus compromissos de curto prazo (FERRONATO, 2011). Em outras palavras, o capital de giro também pode ser entendido como a quantia destinada para cobrir as necessidades de caixa da empresa no dia a dia. Um bom planejamento financeiro requer bom senso do gestor na análise dos ativos circulantes da empresa. Conforme já visto, é importante garantir a liquidez da empresa para que ela consiga saldar suas dívidas e manter dinheiro em caixa para eventuais necessidades rotineiras e também para oportunidades que exigem pagamento imediato. Em face disso, é fundamental que o gestor busque a melhor estrutura de capitais para a empresa, mantendo o equilíbrio entre as contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido. Conceitos Fundamentais Capital de Giro - é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios girarem. Também pode ser compreendido pelo saldo do Ativo Circulante em relação ao Passivo Circulante (Capital de Giro = AC PC). Estrutura de Capital - é a forma como são financiados os ativos de uma empresa, considerando os capitais próprios e os capitais de terceiros de curto e longo prazo. Payback - É o prazo em que o investimento leva para retornar ao investidor, quando o lucro líquido acumulado se iguala ao valor do investimento inicial.
Referências BROM. Luiz Guilherme. Análise de Investimentos e Capital de Giro - Conceitos e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2007. FERRONATO, Airto João. Gestão Contábil-financeira de micro e pequenas empresas: sobrevivência e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011. LACERDA, Joabe Barbosa. A Contabilidade como Ferramenta Gerencial na Gestão Financeira das Micro, Pequenas e Médias Empresas: Necessidade e Aplicabilidade. Disponível em: <https://docs.google.com/open?id=0b1lfotr2uh- ERFVXdG9DbER5ZTQ>. Acesso: 14 set. 2012. OLIVO, Rodolfo Leandro de Faria. Análise de Investimentos. São Paulo: Alínea, 2008.