APRENDA a INVESTIR na. BOLSA de VALORES. com ênfase em análise técnica



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Transcrição:

APRENDA a INVESTIR na BOLSA de VALORES com ênfase em análise técnica 1

IMPORTANTE Este material tem conteúdo meramente informativo e não se caracteriza uma oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer ativo ou instrumento financeiro. Todas as empresas e ativos utilizados e citados no material são absolutamente a título de exemplo didático, não representando, em momento algum, recomendação ou preferência do autor e/ou da corretora. Ações é um investimento de risco. Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. 2

XP EDUCAÇÃO Educação de novos investidores O estudo e a promoção do crescimento do mercado de capitais são os objetivos da XP Educação, que já formou mais de 37 mil alunos nos seus cursos de extensão em bolsa de valores e finanças pessoais. A filosofia de ensino da XP Educação combina o mais avançado conhecimento acadêmico disponível, a melhor didática e uma visão aplicada aos negócios. Os professores da XP Educação possuem sólida formação acadêmica, além de serem profissionais atuantes no mercado. Dessa forma, a vivência do dia-a-dia é levada para dentro da sala de aula. Em classe, os professores são incentivados a buscar o equilíbrio ideal entre teoria e prática, entre o aprimoramento da base conceitual do aluno e o fornecimento de ferramentas práticas que possam ser rapidamente implementadas no ambiente do mercado financeiro. Atualmente, a XP Educação está presente nas principais capitais e cidades brasileiras através de suas filiais. A empresa oferece diferentes programas, que englobam desde cursos básicos para iniciantes até estudos avançados para atender os investidores mais qualificados. Para maiores informações, acesse www.xpe.com.br.. Sílvio Paulo Hilgert Especialista em Mercado de Capitais, Administrador, Professor e Palestrante. - Formado em Administração pela UNOESC-Universidade do Oeste de Santa Catarina; Pós-Graduado em Desenvolvimento Gerencial pela UNOESC- Universidade do Oeste de Santa Catarina; Especialista em Mercado de Capitais formado pela UFRGS-Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Longa experiência no Mercado Financeiro e de Capitais, tendo atuado no Banco Bamerindus, HSBC, Sicredi e XP Investimentos Corretora; Atuação como Gerente Comercial, Supervisor de Equipes de Vendas de Produtos Financeiros e Aquisição de Clientes bem como Assessoria na Área de Investimentos; Vasta experiência profissional na Formação e Treinamento de Profissionais através de Cursos, Treinamentos e Palestras; Destacada atuação em cursos de Investimentos e Produtos Financeiros.bem como Técnicas de Vendas; Agente Autônomo de Investimentos certificado pela ANCOR e inscrito na CVM; Vivência e experiência profissional como Operador da Bolsa de Valores, tendo atuado na mesa de operações da XP Investimentos CCTVM; Sócio ativo e participante da APIMEC- SUL; Atualmente atua como Coordenador Acadêmico, Professor e Palestrante da XP Educação, com destaque para os cursos Aprenda a Investir na Bolsa de Valores e Análise Técnica de Ações. 3

INTRODUÇÃO Quando um brasileiro de classe média ouve falar em bolsa de valores, a primeira imagem que vem a sua mente é a de cassino ou de casa de apostas. A bolsa é vista por muita gente como ciranda financeira, um lugar onde os milionários arriscam seu dinheiro de modo destemido e apostam em empresas como se fossem cavalos. Também se imagina que investidores recebem dicas de ações sussurradas como as barbadas do turfe. O resultado disso costuma ser, segundo tal visão, uma espiral de perdas e ganhos. As perdas, em geral para o cidadão comum e os ganhos, para aqueles que manipulam as cotações graças ao acesso a informações privilegiadas. Essa imagem da bolsa portanto, nunca, em toda a história do Brasil, esteve tão distante da realidade. O espetacular boom do mercado de capitais no Brasil nos últimos anos está revolucionando a maneira de pensar, principalmente dos empresários brasileiros. Paira no ar a sensação de que negócios bem estruturados podem se viabilizar dentro de uma cadeia financeira inédita no país. Essa sensação liberta um espírito empreendedor e capitalista até há pouco tempo desconhecido para os brasileiros. Trata-se de um esboço de Brasil novo, mais estável, globalizado e competitivo. Faz parte de um modelo de nação mais livre e aberta, que oferece uma alternativa de desenvolvimento viável se apoiado por um estado eficiente e justo. As ações negociadas nas bolsas de valores nada mais são do que pequenos pedaços do capital de uma empresa. Quem compra ações na bolsa o faz com a expectativa de se tornar sócio da empresa e de obter um bom retorno, advindo da lucratividade e do crescimento da companhia. As empresas ao abrirem capital, buscam obter recursos para investir, seja contratando gente, seja em equipamento ou inteligência. Em vez de pedir dinheiro emprestado a bancos, mais empresas buscam captar dinheiro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoar seus produtos e serviços e assim, obter mais lucro. Esse lucro é devolvido ao investidor pelos dividendos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram mais valem mais. Até então, o mercado de capitais não exercia seu papel de intermediar a poupança e o investimento na economia. Com a estabilização, a privatização e a abertura da economia a partir de 1994, o Brasil começou a atrair somas vultuosas de investimento estrangeiro direto, ou seja, investimento em empresas tipicamente de propriedade ou controladas por empresas estrangeiras. Portanto, até 2005 pouco capital estrangeiro veio para investir em empresas brasileiras, ou seja, pouquíssimo dinheiro veio para a bolsa de valores. Ao longo do tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar para melhor. As leis das Sociedades Anônimas e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foram reformadas dando a CVM melhores condições de exercer seu papel de proteção aos acionistas minoritários; os investidores institucionais começaram a ter uma postura mais ativa na gestão das empresas, e a Bolsa de Valores de São Paulo criou o Novo Mercado, uma listagem especial que identifica as empresas que obedecem a critérios rigorosos de governança corporativa. Além disso, a 4

superação da crise de confiança de 2002, a retomada de um processo de alta nas principais bolsas de valores do mundo, especialmente as emergentes, assim como a queda nas taxas de juros doméstica, contribuíram para uma extraordinária decolagem da nossa bolsa. Foi como um passe de mágica: plantadas as sementes, assim que o tempo melhorou veio uma sensacional colheita. Os números falam por si: os lançamentos de ações na bolsa atingiram 14 bilhões de reais em 2005, 30 bilhões em 2006 e 70 bilhões em 2007! Esses números são expressivos e como proporção do PIB começam a ser relevantes. Desta forma, a revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da modernização de nosso mercado de capitais e está sendo provocada pela bolsa de valores. Não há crescimento econômico sem crescimento das empresas. Portanto, é a hora ideal para o cidadão comum abandonar as idéias gastas sobre a bolsa e tentar entender como ela funciona e favorece o crescimento da economia. Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas e instituições aplicarem suas poupanças. Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas bolsas de valores. E você, ao adquirir ações, passa a ser também sócio da empresa - um acionista. Com uma movimentação diária em média superior a R$ 4 bilhões, em 2007, e quase 500 empresas inscritas(listadas), a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) é o maior pólo do mercado de venda e compra de ações da América Latina. Fundada ainda no século 19, a Bovespa tem passado por inúmeras modificações ao longo dos anos e, por causa das instabilidades econômicas históricas mundiais e do Brasil, passou por várias oscilações. Esse vai-e-vem de capital especulativo, além de assustar o pequeno investidor, sempre mexeu com várias outras áreas da economia como, por exemplo, as taxas de câmbio. Nos últimos anos, no entanto, o pequeno investidor tem visto com bons olhos o mercado de ações. Isso fica claro com o aumento do número de pessoas físicas investindo na Bovespa. Em 2007, cerca de 20% dos negociadores tinham o perfil de pequeno investidor. É um avanço pois em 1989 esse investidor representava apenas 3% do total de negociadores. Além disso, muita gente tem investido indiretamente nas bolsas quando, por exemplo, coloca seu dinheiro em determinado fundo de investimento oferecido pelos bancos de varejo e corretoras ou contrata um plano de previdência privada. Todo investidor deve buscar a otimização de quatro aspectos básicos em um investimento: retorno, prazo, proteção e liquidez. Ao avaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre diretamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade. 5

COMO FUNCIONA O MERCADO DE AÇÕES O que é uma ação Ações são títulos nominativos, negociáveis, que representam uma fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o investidor se torna sócio da empresa, ou seja, de um negócio. Passa a correr o risco dos lucros e prejuízos como qualquer empresário. AÇÃO Quem compra uma ação na Bolsa de Valores está levando uma pequena parte de uma empresa de terceiros e passa a ser chamado de acionista minoritário. Ser sócio de uma empresa listada na bolsa de valores traz algumas vantagens, por exemplo, enquanto a entrada ou saída na sociedade de uma empresa limitada ou de capital fechado requer um processo burocrático de alterações de contratos sociais, comprar ou vender uma ação de uma empresa listada em bolsa é um ato feito eletronicamente com poucos clicks. A liquidez do mercado acionário permite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para outro negócio mais atraente. A forma mais segura de conseguir bons retornos investindo em ações é comprar papéis de empresas bem geridas, que apresentem lucros sólidos e crescentes, e não ter pressa de vendê-las. O investidor deve buscar critérios de avaliação de empresas para analisar seus fundamentos e não se preocupar com as oscilações de curto prazo das cotações das suas ações (volatilidade). O risco no investimento em ações é justamente vender por preços injustos seus papéis num momento de volatilidade, o que é normal em um mercado que contém liquidez. No longo prazo, os bons fundamentos das empresas devem prevalecer e a valorização acontecerá. Uma empresa com histórico de crescimento contínuo terá sempre grande demanda por suas ações, fazendo com que elas sejam negociadas em grandes quantidades e a preços crescentes. Identificá-las é o desafio do investidor. 6

Tipos de Ações a) Ações Ordinárias (ON): É o tipo de ação que concede o direto de voto nas assembléias da companhia ao seu detentor. No entanto, na maioria das vezes eles não têm poder de veto. O direito de voto ganha relevância nos casos em que há divergências entre os acionistas controladores. Veja, por exemplo, o caso de uma empresa que tenha três sócios no controle e um deles discorda sobre determinado assunto na assembléia. Esse sócio pode, dependendo da circunstância, vir a ter direito de veto ao se juntar à outros minoritários detentores de ações ON. b) Ações Preferenciais (PN): As ações preferenciais nominativas, PN, são aquelas que menos protegem o acionista minoritário, porque não lhe dá o direito de votar em assembléia e ainda, em caso de venda da empresa, a lei não lhe garante o direito de participar do prêmio de controle. São ações típicas do mercado brasileiro. Não há ações com essas características em mercados mais desenvolvidos, como o americano, por exemplo. No Brasil, no entanto, são as ações PN as que geralmente têm maior liquidez, porque permitem a empresa emitir ações, sem precisar ter sócios com direito a voto, não correndo assim, risco de perder o controle da empresa. A nova Lei das Sociedades Anônimas limitou a emissão de ações PN. Atualmente, ao constituir uma nova empresa, para cada ação ON, a empresa pode emitir apenas uma ação PN. Antes essa relação era de duas ações PN para uma ação ON. As empresas que já existiam antes da entrada em vigor da nova lei podem continuar emitindo ações pela regra antiga. Os acionistas preferencialistas, como são chamados os detentores de ações PN, contudo, têm preferência no recebimento dos dividendos pagos pela empresa quando ela tem lucro. A legislação estabelece dividendo mínimo obrigatório para as ações PNs, e se a empresa não pagar dividendos por três anos consecutivos, as PNs adquirem direito a voto. Algumas empresas estão alterando seus estatutos com o objetivo de estender às ações PN o tag along que é o direito de participar do prêmio de controle pago ao acionista controlador da empresa quando da sua venda. No Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negociadas no Bovespa que se comprometem voluntariamente a adotar práticas de governança corporativa e são admitidas apenas empresas com ações ON. Códigos das ações Ações Ordinárias (ON): É representada pelo número 3 depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR3 Ações Preferenciais (PN): É representada pelo número 4 depois das quatro 7

letras do código do ativo. Exemplo PETR4 Ações diferenciadas por classe As companhias podem emitir diferentes classes de ações para os tipos ON e PN. As classes geralmente recebem classificação A, B, C, ou alguma outra letra. Cada classe corresponde a uma característica diferente, como, por exemplo, valores diferenciados de dividendos. As características de cada classe devem ser verificadas no estatuto da companhia. Preferenciais classe A: É representada pelo número 5 depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: USIM5 Preferenciais classe B: É representada pelo número 6 depois das quatro letras do código do ativo. Exemplo: ELET6 Obs.: As ações diferenciadas por classe podem ir até a letra Z. Exemplos de códigos de ações: Empresa Código Setor Natura ON NATU3 Cosméticos Petrobras PN PETR4 Petróleo Gerdau PN GGBR4 Siderúrgico Vale do Rio Doce PNA VALE5 Mineração Eletrobras PNB ELET6 Elétrico Perdigão ON PRGA3 Alimentos BrasilTelecom PN BRTO4 Telecomunicações Localiza ON RENT3 Aluguel Automóveis Cyrela ON CYRE3 Imobiliário Itauunibanco ITUB4 Financeiro Braskem PNA BRKM5 Petroquímico 8

blue chips ou de 1ª linha Ações diferenciadas por níveis São ações de grande liquidez e procura no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de empresas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente reputação, cujos preços elevados refletem estes predicados; de 2ª linha São ações um pouco menos líquidas, de empresas de boa qualidade, mas de maior risco relativamente às blue chips, em geral de grande e médio portes, tradicionais ou não. Seus preços são mais baixos e costumam ser mais sensíveis aos movimentos de mercado de baixa que aos de alta (isto é, sobem depois das blue chips e caem antes); de 3ª linha São ações com pequena liquidez, em geral de companhias de médio e pequeno portes porém não necessariamente de menor qualidade e maior risco relativamente às de 2ª linha - cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade. de privatização São ações de companhias colocadas no mercado através de leilões do Programa Nacional de Desestatização PND. Algumas das companhias em processo de privatização podem já ter suas ações negociadas em Bolsas de Valores, antes mesmo daquele ser completado, tendendo a incrementar sua liquidez após a conclusão do mesmo. Ofertas de Ações - Dois em 1 Mais simples e líquidas, as units conquistam as companhias que desembarcam no Nível 2 da Bovespa Por Luciana Del Caro Lachini * Matéria cedida pela Revista Capital Aberto, edição de novembro/2006. Informações sobre a publicação podem ser obtidas no site www.revistacapitalaberto.com.br. 13/11/2006 9

O aumento das exigências dos investidores com relação à governança corporativa e à liquidez das ações está solidificando uma tendência no mercado de capitais brasileiro: a existência de ações com os mesmos direitos e a mesma negociabilidade na bolsa. Devido às peculiaridades do nosso mercado, no entanto, isso não significa necessariamente que todas as empresas passarão a emitir apenas ações ordinárias. Mesmo as companhias que se listaram no Nível 2, por meio da oferta de papéis preferenciais, encontraram formas de concentrar a liquidez em apenas um tipo de ação e de estender o direito mais valorizado pelos investidores - o tag along de 100% - para todos os acionistas. A principal delas foi a emissão de units, que podem ser traduzidas como certificados de depósitos de ações ordinárias e preferenciais. As units estão se consagrando como instrumento preferido das companhias que lançam ações no Nível 2, e foram utilizadas em todas as ofertas públicas iniciais (IPOs) feitas em 2006 nesse nível de governança corporativa - Vivax, Equatorial Energia, Santos Brasil e Terna. Além dessas, também negociam units a ALL e o Unibanco, primeiros a adotar o certificado. Para compensar a não-listagem no Novo Mercado, as empresas costumam estender para as ações preferenciais (portanto, para todas as units) o tag along de 100%. No caso do Novo Mercado, só são admitidas ações ordinárias. Já no Nível 2, são permitidas as ações preferenciais, que devem ter tag along de 80%. As companhias que fazem IPOs nesse segmento, contudo, têm assegurado o tag along de 100% também para os preferencialistas. Mas, por que algumas empresas optam por listar duas espécies de ações no Nível 2, e criam um recibo para representá-las, se dão o tag along de 100% para os preferencialistas? Não seria mais simples partir para a listagem direta no Novo Mercado, já que o direito mais importante dado aos investidores é o mesmo? Vale lembrar que o direito a voto, concedido a todos os acionistas no Novo Mercado e forte candidato a responder esta pergunta, também é conferido aos preferencialistas do Nível 2 em matérias como incorporação, cisão ou fusão. De fato, a solução do Novo Mercado seria bem mais adequada. Mas as empresas que optaram pelo Nível 2 geralmente encontraram restrições legais ou regulatórias que impediam uma eventual tomada de controle acionário em bolsa de valores situação a que a companhia está sujeita quando tem o capital composto apenas por ordinárias e pulveriza suas ações. Desde que o mercado de capitais brasileiro iniciou o forte movimento de ofertas de ações, em 2004, até outubro de 2007, foram registrados 37 IPOs, sendo que apenas um deles o do UOL foi realizado no Nível 2 sem que houvesse um empecilho regulatório para a listagem no Novo Mercado. Todas as outras que optaram pelo Nível 2 encontraram restrições legais, pois operam com concessões de serviços públicos. Elas estavam impedidas de vender uma quantidade maior de ações ordinárias porque isso poderia diluir o controle, o 10

que é vedado no caso das concessões. O ideal é que exista apenas uma espécie de ações em negociação, e que a oferta seja feita no Novo Mercado. Ele está mais forte do que nunca, diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. Hoje o Novo Mercado é hegemônico quando se trata de IPOs. E os investidores só costumam aceitar ofertas em outros segmentos se existir uma boa razão para isso, além, é claro, do tag along integral para os preferencialistas. Já a opção pelas units tem sido vista como algo natural para as empresas que listam seus papéis em outro segmento: É muito difícil ter duas classes de ações negociando com a mesma liquidez, diz Olympio. A tendência é simplificar a estrutura de capital e concentrar a liquidez em uma única classe. Na prática, não importa qual seja o instrumento utilizado. O importante é que os direitos consagrados sejam conferidos, diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS. Preferencial Turbinada - Os investidores têm aceito bem as units porque estão mais preocupados com o tag along do que com a obtenção de direitos políticos, afirma um profissional de um banco de investimentos. Para o executivo, se as ações preferenciais incluírem o tag along de 100%, os investidores estão dispostos a aceitá-las no lugar das ordinárias. Afinal, eles sabem que terão o direito de voto em situações relevantes para a companhia e, segundo o especialista, não têm tanto interesse assim em exercer direitos relacionados à administração da companhia, como a possibilidade de trocar o seu corpo diretivo. A Equatorial Energia (antiga Cemar), que realizou uma oferta de ações em abril deste ano, foi uma das companhias que encontraram restrições regulatórias para listar suas ações no Novo Mercado e acabaram concentrando a liquidez nas units. Como já tinha ações ordinárias e preferenciais, uma alternativa era fazer a troca e ficar apenas com as primeiras. Mas essa não foi a opção adotada devido à possibilidade de enfrentar problemas junto ao órgão regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O contrato de concessão estipula que as concessionárias devem ter um controlador definido, que detenha 50% das ações com direito a voto mais uma ação. A migração para ações ordinárias seria um processo demorado e complicado, mas consideramos que ir para o Novo Mercado é algo natural, diz Leonardo Duarte Dias, Diretor de Relações com Investidores da Equatorial Energia. A solução encontrada foi listar os papéis no Nível 2, com o tag along especial. O UOL, que listou ações no Nível 2 mesmo sem encontrar restrições na regulamentação do seu setor, também estendeu o tag along de 100% para as ações preferenciais. De acordo com o diretor de Relações com Investidores da companhia, Paulo Narcélio, para listar os seus papéis no Novo Mercado a empresa teria de mudar o acordo de acionistas com a Portugal Telecom, que faz parte do grupo de controle. Narcélio considera que os investidores 11

entenderam bem a operação, e que por isso não aplicaram um desconto sobre o preço das ações na época do IPO. No caso do UOL, a listagem de units não fazia sentido porque apenas as ações preferenciais são negociadas em bolsa. ONs e PNs? - A oferta de dois tipos de ações (ordinárias e preferenciais) permite que seja alocada maior quantidade de papéis ao mercado e, conseqüentemente, que sejam captados mais recursos sem acarretar a perda de controle. Ou seja, permite a chamada alavancagem de controle. Desde a reforma da Lei das S.As em 2001, as novas companhias abertas devem ter pelo menos 50% do capital composto por ações ordinárias. Neste formato, é possível obter o controle de uma empresa com 25% do seu capital total (metade dos 50% das ações ordinárias), ofertando ao mercado a totalidade de preferenciais e metade das ordinárias. Caso uma empresa emita somente ações ordinárias, seria preciso 50% (mais uma ação) para se ter o controle definido. Ou seja, caso o controlador queira se manter neste posto, ele tem menos espaço para captação se tiver o capital composto apenas por ordinárias. Por isso, diz-se que os papéis preferenciais alavancam o controle. A composição de cada unit depende da estrutura de capital da empresa. Nas companhias cujas ações preferenciais correspondem a 2/3 do total, as units geralmente são formadas por quatro preferenciais e uma ordinária. É esse o caso das units da ALL e da Santos Brasil. Naquelas cujo capital é composto por metade de ações preferenciais e metade de ordinárias, as units são compostas por uma ordinária e duas preferenciais. Nessa situação estão as units da Vivax, Equatorial Energia e Terna. O detentor da unit possui os mesmos direitos assegurados por lei às ações ordinárias e preferenciais comuns, ou seja, as primeiras têm direito a voto e as segundas fazem jus ao recebimento prioritário de dividendos. Tanto o direito de voto como o recebimento dos dividendos são proporcionais à participação de cada papel na unit. Governança Corporativa Pode ser definida como o esforço contínuo em alinhar os objetivos da administração das empresas aos interesses dos acionistas. Isso envolve as práticas e os relacionamentos entre os acionistas/cotistas, o conselho de administração, a diretoria, uma auditoria independente e até mesmo um conselho fiscal. Nível 1: As empresas do Nível 1 comprometem-se a manter em circulação ao menos 25% do capital total e, em caso de emissão de novas ações, 12

usar mecanismos de oferta pública que favoreçam a pulverização do capital. As informações contábeis devem ser divulgadas trimestralmente, de forma consolidada, assim como eventuais acordos de acionistas. Há ainda a necessidade de adoção de um calendário de eventos corporativos. Nível 2: para ser classificada no Nível 2 da Bovespa, a empresa deve adotar todas as obrigações previstas no Nível 1, mais um conjunto ampliado de princípios de governança corporativa. É uma espécie de preparatório para o novo mercado. A empresa precisa estabelecer mandato de um ano para o conselho de administração, publicar o balanço segundo as regras do Generally Accepted Accounting Principles in the United States (USGaap) e facultar o direito de voto aos acionistas preferencialistas em questões como cisão, incorporação ou fusão, e também em contratos entre empresas do mesmo grupo. Atuar no Nível 2 implica ainda estender os mesmos direitos dos controladores aos minoritários ordinaristas (ou 70% desses direitos para os preferencialistas) em caso de troca de controle da empresa. As empresas que integram o Nível 2 devem assumir perante o mercado que, em caso de fechamento de capital, se comprometem a fazer oferta pública de compra de todas as ações em circulação pelo valor econômico. Novo Mercado: A Bovespa criou, em 2001, o Novo Mercado. Trata-se de um segmento de listagem, uma classificação composta por empresas que se comprometem, voluntariamente, a praticar uma boa governança corporativa e uma política de disclosure (transparência de informações estratégicas e financeiras), para além do que é exigido pela legislação. Com a novidade, a bolsa busca atrair investidores, exigindo que as companhias tratem os acionistas com mais respeito, resguardando seus direitos e oferecendo uma gama maior de informações, cuja divulgação não é obrigatória por lei. Para ingressar nesse ambiente diferenciado, as empresas precisam cumprir uma série de regras. A principal delas é a proibição de emissão de Ações Preferenciais (PN), ou seja, todo o capital deve ser dividido em Ações Ordinárias (ON), que dão direito a voto. Câmara de Arbitragem é um órgão instituído pela BOVESPA com o objetivo de solucionar conflitos e controvérsias relacionados ao Regulamento de Listagem. As empresas do Novo Mercado e aquelas designadas como Companhia Nível 2 deverão, obrigatoriamente, aderir à Câmara de Arbitragem. A governança corporativa teve de ser desenvolvida e moldada nos termos de uma empresa moderna, com participação de minoritários e funcionando de uma maneira muito transparente. Tudo isso levou a empresa a aumentar seu nível de agilidade, de eficiência, de modernidade e, sem dúvida, foi uma transformação muito benéfica à empresa. A CCR foi a primeira empresa a aderir ao Novo Mercado, exatamente pela percepção clara da importância do tratamento ao minoritário nessas novas perspectivas do mercado acionário brasileiro. EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR RODOVIAS 13

Abertura de Capital No cenário econômico atual, no qual predomina o uso intensivo de tecnologia, a grande competição entre as empresas e a globalização, as empresas não podem depender única e exclusivamente dos recursos próprios para financiar sua expansão. Nesse sentido, uma alternativa disponível para as empresas se capitalizarem é a abertura de capital. Mediante a subscrição de ações novas, as empresas se suprem de capital. Abrir capital significa tornar-se uma companhia de capital aberto, ou seja, estar autorizado pela CVM a realizar emissões públicas, como debêntures, ações e bônus de subscrição. A empresa em fase de crescimento necessita de recursos para financiar seus projetos de expansão. Mesmo que o retorno oferecido pelo projeto seja superior ao custo de um empréstimo, o risco do negócio recomenda que se faça um balanceamento entre recursos de terceiros e recursos próprios. Estes são obtidos pela emissão de novas ações que serão subscritas (compradas) pelos atuais ou por novos acionistas. Financiamento do crescimento Parceria no risco do negócio + Parceria no lucro do negócio Novos Sócios O processo de abertura de capital da empresa sempre é um processo trabalhoso, desafiante e muito estimulante, porque ele exige uma série de adaptações e mudanças a esse novo contexto de empresa de capital aberto. Para a empresa, houve a necessidade de mobilizar toda a sua estrutura no sentido de atender a essas necessidades do mercado. O mercado está muito sofisticado e tem uma capacidade muito grande de analisar as empresas e de escolher aquelas que realmente merecem o interesse dos investidores, e a empresa tem de corresponder a isso. Então, foi necessário criar modificações na estrutura da empresa, no sentido de corresponder mais às necessidades dos minoritários em termos de informações, de transparência, de controles, e isso foi uma coisa que teve de ser feita sistematicamente. Além disso, houve uma influência muito grande no sistema de governança da empresa. EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR 14

Vantagens para a empresa na abertura de capital Ampliação da base de captação de recursos financeiros e de seu potencial de crescimento. Maior flexibilidade estratégica liquidez patrimonial. Imagem institucional maior exposição ao mercado. Reestruturação societária. Gestão profissional. Quais são as razões disso (abertura de capital)? Principalmente, no caso da Natura, é uma visão de futuro, de pensar em como perenizar a empresa. A gente tem um sonho, a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores e que tem uma função social que transcende os interesses dos seus fundadores. Ela passou a ser um instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa cultura, desses valores que a têm trazido desse fundo de quintal até o momento presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o desenvolvimento social e ambientalmente responsável. GUILHERME PEIRÃO LEAL, NATURA Desvantagens, apontadas pelos críticos na abertura de capital de uma empresa Divulgação de informações. Distribuição de dividendos a acionistas. Influência de novos acionistas em decisões estratégicas. Acréscimo nos custos administrativos, auditores, demonstrações financeiras, etc. Etapas da Abertura de Capital Análise preliminar sobre conveniência da abertura. Escolha de auditoria independente. Escolha de intermediário financeiro. Estudos técnicos para a definição de preço e volume da operação. Adaptação dos Estatutos e outros procedimentos legais. Contratos de coordenação e distribuição (Underwriting). Assembléia Geral Extraordinária deliberativa da operação e período de preferência. 15

Processo de obtenção de registros na CVM. Processo de registro da empresa em bolsa(s) de valores. Formação de pool de distribuição. Eu acho que é muito importante a definição dos objetivos. Ao analisar a abertura de capital, a empresa tem de avaliar exatamente quais são seus objetivos, porque isso exige uma mudança de comportamento que tem seus custos e seus benefícios. A abertura de capital não está vinculada ao fato de a empresa ser maior ou menor. Eu diria que é essencialmente um debate de aonde a empresa quer chegar, que tipo de empresa eu quero ter. JORGE GERDAU JOHANNPETER, GERDAU Ciclo virtuoso Só com as bolsas funcionando de forma plena, o capitalismo pode demonstrar sua força. Na bolsa, o dinheiro não tem partido político nem preferência ideológica. Ele só quer gerar mais dinheiro. Premia naturalmente as empresas mais bem administradas, mais lucrativas, que geram mais negócios e mais empregos. O mercado de ações é, por isso, a melhor ferramenta já inventada para promover a distribuição de riqueza, ele favorece tão-somente o mérito. 16

Initial Public Offering - IPO IPO é uma sigla de um termo do mercado acionário americano, Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. É o primeiro lançamento de ações de uma empresa ao público. O que avaliar em IPOs: 1 1. Identificar o setor da empresa e suas características: O que e para quem vende. Como se compõem seus custos. Pontos fortes e fracos. Riscos e perspectivas de consolidação (fusões e aquisições). 2. Conferir a proporção da oferta: Se oferta primária, os recursos vão para o caixa da empresa. Se secundária irão para os acionistas vendedores. Quanto maior a parte primária, mais fôlego de investimento terá a empresa. 3. Verificar em que nível de governança corporativa será listada a empresa: Quanto maior, melhor. Quem são os atuais sócios e administradores e qual o seu histórico de transparência e relacionamento com o mercado? 4. Comparar os múltiplos da empresa: Analise a evolução das receitas, custos, ativos e passivos. 5. Ver se é um setor estreante ou pouco representado na Bovespa. Ou, ao contrário, se há muitas empresas listadas do mesmo setor. Quanto mais, provavelmente menor será a demanda. Mercado Primário rio e Secundário Expansão Empresa quotas ações Recursos $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ 17 Dividendos $ $ $ $ $ $ $ $ Sócios Iniciais Novos Sócios

Portanto o Mercado Primário compreende o lançamento de novas ações no mercado, de origem da língua inglesa, o famoso IPO ou seja (Initial Public Offering). A abertura de capital de uma empresa se caracteriza pelo lançamento inicial de acões no mercado, uma vez que as ações já se encontram negociadas no mercado, chamamos este mercado de Mercado Secundário, que compreende mercados de balcão, organizados ou não, e bolsas de valores, cujo sua função básica e fornecer liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Operações como a colocação inicial, junto ao público, de grande lote de ações detido por um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exigindo registro na CVM, porém apesar da semelhança com o mercado primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não para a companhia), determinando, portanto, uma distribuição no Mercado Secundário. Podemos chamar estas operações de Block Trade. Captação de Recursos Financeiros para Investimento Possibilita crescimento via fusões e aquisições e reestruturação de Passivos. Nas empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito e do capital próprio. Imagem Institucional e profissional Com um custo de capital menor, o retorno de projetos que anteriormente poderiam não ser atrativo passa a superar o custo do financiamento, abrindo um leque muito maior de oportunidades de investimento. Dividendos Remuneração dos acionistas É a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela lei das sociedades anônimas (S.A.), deverá ser distribuído um dividendo de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinheiro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa: mensal, trimestral, semestral, anual, etc., desde que conste no estatuto da empresa o período determinado. A Assembléia Geral Ordinária (AGO) é quem determina a parcela a ser distribuída como dividendo, de acordo com os interesses da empresa, através da manifestação de seus acionistas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de ações emitidas pela empresa, de forma a garantir a proporcionalidade da distribuição. Algumas companhias têm lucros interessantes e/ou têm a política de distribuir mais do que o mínimo exigido, como forma de atrair investidores. Os analistas ficam de olho nisso, e podem montar carteiras de empresas que sejam boas pagadoras de dividendos. Esse é um dinheiro que vai para a conta do investidor. É escolha dele reaplicar os dividendos, comprando novas ações, ou sacar o dinheiro. Dependendo 18

da periodicidade com que a empresa deposite os dividendos. Desta forma, o investidor é remunerado pelo recebimento de dividendos e pela valorização da ação. Distribuição dos lucros Uma parte do lucro é incorporado ao patrimônio da empresa O restante é distribuído em forma de dividendos Lucro Lucro Lucro Empresa 2007 Juro sobre capital próprio Empresa 2008 Empresa 2009 Remuneração sobre o capital investido na empresa paga ao acionista, substituindo total ou parcialmente o dividendo. Para a empresa, muitas vezes o uso de JCP é vantajoso do ponto de vista fiscal. Desde sua criação, o pagamento de JCP permite que a empresa remunere seus acionistas até o valor da TJLP, com o valor sendo considerado como despesa financeira. Com isso, ele reduz o lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa. A grande vantagem é que a empresa pagaria impostos maiores sobre o lucro, na faixa de 25%, do que os acionistas, que pagam 15% sobre os JCP. Assim, ela pode oferecer JCP, que mesmo após o pagamento de IR, podem ser maiores do que seriam na forma de dividendos, em função da diferença nas alíquotas de tributação. Retorno Bradesco 04/06 à 10/07 Retorno = 29,21% Cálculo da rentabilidade retorno do investimento: [ ] Preço atual Dividendos + = da R$ ação 46,51 recebidos R$ 2,33 ( ) Preço inicial da R$ ação 37,8-1 x 100 19 de 04 de abril/06 à 10 de outubro/07

Eventos Sobre as Ações Desdobramento (split) Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade de ações em circulação, sem alterar o capital social da empresa, reduzindo o valor unitário para aumentar a liquidez da ação no mercado. Grupamento (inplit) É o processo inverso ao split. É a redução da quantidade de ações em circulação, sem alterar o capital social da empresa, elevando o valor unitário da ação. Bonificação Direitos dos Acionistas Distribuição gratuita, aos acionistas, de novas ações decorrentes de aumento de capital, por incorporação de reservas, lucros em suspenso ou reavaliação do ativo. É um direito que não prescreve. As bonificações serão sempre proporcionais às ações já possuídas. A bonificação aos acionistas, em raros casos, pode ser realizada também com o pagamento em dinheiro. Normalmente isto ocorre quando há distribuição de reservas até então não incorporadas ao capital. Não confundir com dividendo. Subscrição Representa um direito dado aos acionistas para que eles adquiram novas ações com preço e prazo pré-determinados. A subscrição pode surgir como um benefício aos acionistas caso o preço de subscrição seja inferior ao preço de mercado, de forma que está sendo dada uma espécie de "desconto" para os acionistas. A subscrição de novas ações será proporcional a quantidade de ações já possuídas da referida cia. 20