Avaliação de uma fração proteica de 38 a 40 kda isolada de Acinetobacter baumannii como alvo para imunoterapia



Documentos relacionados
MICROBIOLOGIA CLÍNICA PERGUNTAS & RESPOSTAS

Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar Hospital Universitário Clementino Fraga Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro

Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde

Antibiograma em controlo de infecção e resistências antimicrobianas. Valquíria Alves 2015

A Microbiologia no controlo das IACS. Valquíria Alves Coimbra 2014

Procedimentos Técnicos. NOME FUNÇÃO ASSINATURA DATA Dr. Renato de Lacerda Barra Filho Dr. Ivo Fernandes. Gerente da Qualidade Biomédico

Prevenção e controlo de infeção e de resistências a antimicrobianos

Definição de Germicida

CÁLCULO DE INDICADORES DENSIDADE DE INCIDÊNCIA. Dra Rosana Rangel 2011

Parecer do Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde 11/07

SEMINÁRIO INFEÇÕES ASSOCIADAS AOS CUIDADOS DE SAÚDE. O papel do GCR - PPCIRA Articulação entre as várias Unidades de Saúde

Monitorização Epidemiológica numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais

SUSCEPTIBILIDADE DOS AGENTES DE INFECÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

Evolução de Resistências e Carta microbiológica 2018

MICROBIOTA ANFIBIÔNTICA

Doripenem, o novo agente na pneumonia nosocomial PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS BACILOS GRAM NEGATIVO MAIS PREVALENTES

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS EM GERMES MULTIRRESISTENTES

Infecções por Bacterias Multiresistentes a Antimicrobianos: Medidas de Controle

COMO TRATAR ESBL E Amp-C. Jamile Sardi Perozin

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

O papel do Laboratório de Microbiologia na Prevenção e Controlo das Infeções associadas aos Cuidados de Saúde

[RELATÓRIO REGIONAL DA NOTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS EPIDEMIOLOGICAMENTE SIGNIFICATIVOS]

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE INFECÇÃO POR ACINETOBACTER SPP EM AMOSTRAS DE HEMOCULTURAS DE UM LABORATÓRIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

10 ANOS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA INFEÇÃO NOSOCOMIAL DA CORRENTE SANGUÍNEA ADRIANA RIBEIRO LUIS MIRANDA MARTA SILVA

Antibióticos. O impacto causado pelo mau uso no desenvolvimento de resistência bacteriana. Caio Roberto Salvino

FONTES DE CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS. Profa. Msc Márcia Maria de Souza Americano

Biossegurança Resistência Bacteriana. Professor: Dr. Eduardo Arruda

O Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos Equipa do Programa:

SUPERBACTÉRIAS: UM PROBLEMA EMERGENTE

As opções para tratar Grampositivos:

Quando Suspender as Precauções?

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Goreth Barberino PhD, MsC em Ciências - FIOCRUZ - Bahia Consultora do Serviço de Microbiologia - HSR

FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS: n s u m o. A b a t e d o u r. n s u m i d. Alterações da Microbiota. Alteração da Qualidade Microbiológica

Quimioterápicos Arsenobenzóis Sulfas

PROGRAMA CEPAS CONTROLE CONTROLLAB. Controle Interno para Bacteriologia Mais sustentabilidade e qualidade aos processos microbiológicos

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Lista de trabalhos para a seção de temas livres do IV Workshop PPIPA com respectivo autor apresentador. COMUNICAÇÃO ORAL

Grandes Áreas de Ensino da Saúde Especialização Farmácia Hospitalar em Oncologia

Elevado custo financeiro: R$ 10 bilhões/ano Elevado custo humano: 45 mil óbitos/ano 12 milhões de internações hospitalares Dados aproximados,

AVALIAÇÃO TÉCNICA E FINANCEIRA ENTRE O CHROMAGAR E OS MEIOS USUAIS DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

Capacitação para a realização do teste rápido Alere para diagnóstico sorológico da leishmaniose visceral canina (LVC)

Importância da associação do ELISA IgM e Soroaglutinação Microscópica para diagnóstico e epidemiologia da leptospirose humana

Faculdades Icesp Promove de Brasília Brasília, abril de 2016.

Microbiologia Geral- Jean Berg Biotecnologia - UFERSA

INSTRUÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO PRÉ-PROJETO MESTRADO

06/10/2017. Microbiologia da água

Mais de antibióticos descritos Aproximadamente uso clínico Combinação de síntese microbiana e modificação química:

INFECÇÕES PRIMÁRIAS DA CORRENTE SANGUÍNEA CRITÉRIOS NACIONAIS. Dra Rosana Rangel SMSDC/RJ 2011

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Silvia Alice Ferreira Enfermeira - DVHOSP

Microbiologia ambiental 30/09/201 4

AULAS PRÁTICAS VIROLOGIA

ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA

PURELL ADVANCED Foam Antisséptico para Mãos

RELATÓRIO CUMULATIVO DA SUSCETIBILIDADE DOS AGENTES DE INFEÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

Aziplus UM NOVO CONCEITO EM ANTIBIOTICOTERAPIA. 1 única administração diária. 3 dias de tratamento. 10 dias de proteção antibiótica

ANÁLISE DA IMUNOGENICIDADE E GRAU DE PROTEÇÃO DE UMA VACINA INATIVADA PARA FEBRE AMARELA EM MODELO MURINO. Renata Carvalho Pereira, Bio Manguinhos

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ. Boletim Informativo

Trabalhode Conclusão de Curso 1 GSI535. Prof. Dr. Rodrigo Sanches Miani FACOM/UFU

CONSENSO DE DIAGNÓSTICO MULTIRRESISTÊNCIA RECOMENDAÇÃO CONJUNTA DA AECIHERJ / SBPC. Marisa Santos Infectologista/Epidemiologista Presidente AECIHERJ

Microrganismos Gram-negativos Multirresistentes nos hospitais do RJ. β-lactamases emergentes em Gramnegativos

PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DA RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS

Antimicrobianos: Resistência Bacteriana. Prof. Marcio Dias

Grandes Áreas de Ensino da Saúde Especialização Patologia Clínica em Oncologia

Resistência Microbiana: o que há de novo? Jussara Kasuko Palmeiro Hospital de Clínicas Universidade Federal do Paraná

Sangue Professor: Fernando Stuchi

Importância, Prevenção, Critérios Diagnósticos e Notificação de IRAS Infecção Primária de Corrente Sangüínea

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO ENSAIOS BIOLÓGICOS. Teste de Esterilidade pelo método de filtração em membrana.

Utilizada para diagnóstico das infecções no trato urinário. As infecções podem ser causadas por higiene inadequada, retenção urinária, obstrução

Portugal Controlo da Infeção e Resistências aos Antimicrobianos em números 2013

Afinal, quem tem medo da KPC?

SUPERBACTÉRIAS. O problema mundial da resistência a antibióticos

RELATÓRIO CUMULATIVO DA SUSCETIBILIDADE DOS AGENTES DE INFEÇÃO URINÁRIA AOS ANTIMICROBIANOS

A Evolução do Controlo de Infecção em Portugal

Profa. Patricia Dalzoto Departamento Patologia Básica Universidade Federal do Paraná

ESTA PALESTRA NÃO PODERÁ SER REPRODUZIDA SEM A REFERÊNCIA DO AUTOR

PROPORÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES DE UM HOSPITAL PÚBLICO SUL-BRASILEIRO

Clonagem Molecular Patricia H. Stoco Edmundo C. Grisard

Relatório da VE-INCS PROGRAMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA INFEÇÕES NOSOCOMIAIS DA CORRENTE SANGUÍNEA RELATÓRIO DADOS DE 2013

LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA PREVENÇÃO CONTROLO. Infecções Associadas aos Cuidados de saúde. Graça Ribeiro 2013

BOLETIM TÉCNICO PURELL ADVANCED Gel Alcoólico Antisseptico para Mãos

Doença de base 2. CARACTERIZAÇÃO DAS LESÕES

A Norma DGS/INSA de vigilância epidemiológica de resistência antimicrobiana

I Data:28/11/06. III Tema: Meropenem. IV Especialidade: Medicina Interna - Infectologia

Caso 15: infecção por multir

TECNOLOGIA APLICADA AS ÁREAS DE APOIO HOSPITALAR

Área de Atividade/Produto Classe de Ensaio/Descrição do Ensaio Norma e/ou Procedimento

Balassiano IT; Vital-Brazil JM; Oliveira FS; Costa ADS; Hillen L; Oliveira FT; Andrade PGP; Pereira MM

Visita Religiosa com Segurança no Ambiente Hospitalar: Considerações e Orientações. Karina Laquini Lima Enfermeira SCIH / SCMCI

PERFIL DE SENSIBILIDADE APRESENTADO POR BACTÉRIAS ISOLADAS DE CULTURAS DE SECREÇÃO TRAQUEAL

MARINE C THIOPEPTIDE. Teste de Eficácia:

TOLERÂNCIA ZERO À NÃO HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS: TRABALHANDO COM MULTIPLICADORES. Vânia Montibeler Krause Coordenadora SCIH -HSC

RESISTÊNCIA nas BACTÉRIAS GRAM NEGATIVO M. HELENA RAMOS CHP

Questionário - Proficiência Clínica

BD BBL TM CHROMagar TM CPE

3/23/17. n_antibiotics_don_t_work_any_more?language=en

ESTUDO DA PREVALÊNCIA BACTERIANA E RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS ISOLADOS DE MATERIAIS BIOLÓGICOS EM HOSPITAL, NO MUNICÍPIO DE SANTOS SP BRASIL

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Manual do sistema SMARam. Módulo Reavaliação Financeira

Transcrição:

Avaliação de uma fração proteica de 38 a 40 kda isolada de Acinetobacter baumannii como alvo para imunoterapia Lucas Machado, Programa de Biofármacos, Bio manguinhos

Introdução Patógenos ESCAPE (ESKAPE) Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Clostridium difficile, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp., incluindo também Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae OLEKSIEWIKZ, NAGY e NAGY, 2012

Introdução Acinetobacter baumannii Cocobacilo Gram negativo Catalase positivo Aeróbio obrigatório Oxidase negativo (PEREZ et al. 1996)

Introdução Bacteremia Pneumonia Meningite Acinetobacter baumannii Imagem: MCConnell et al. 2011 Infecção urinária Infecção de ferimentos

Introdução Cepas resistentes Acinetobacter baumannii Imagem: MCConnell et al. 2011 Bombas de efluxo, β lactamases, carbapenemases.

Introdução Isolados resistentes ao imipenem Secreções respiratórias (57%) Ferimentos (19%) Sangue (4%) Urina (3%) LEE et al. 2003 Bile (3%)

Introdução Resistência aos carbapenens >50% 35 50% 25 35% 15 25% 10 15% 0 10% Adaptado de PEREZ et al. 2007 0 Dados indisponíveis

Introdução Seria a imunoterapia passiva uma alternativa interessante?

Introdução Seria a imunoterapia passiva uma alternativa interessante? Anticorpos monoclonais

Introdução Haveria um alvo interessante em Acinetobacter baumannii para o desenvolvimento de uma imunoterapia passiva?

Introdução Haveria um alvo interessante em Acinetobacter baumannii para o desenvolvimento de uma imunoterapia passiva? Estudo de prédesenvolvimento

Justificativa BONIN, 2011

Justificativa MCCONNELL et al., 2011

Objetivos Objetivos Gerais Obter uma fração proteica de A. baumannii para realizar imunizações em modelo murino, avaliar o título de anticorpos obtidos a partir da resposta imune e o potencial desses anticorpos em neutralizar o crescimento bacteriano. Objetivos Específicos Realizar a extração da fração protéica (38 40 kda) Imunizar camundongos para avaliação da resposta imune Avaliar os títulos de anticorpos por imunoensaio enzimático (ELISA) Realizar ensaio de neutralização in vitro. Otimizar o modelo murino de infecção.

Materiais e métodos Extração Acinetobacter baumannii ATCC 19606 Caldo de Luria Bertani (LB) com Ampicilina 37 C 120 rpm, 16 18h Centrifugação 4000rpm 4 C pellets

Materiais e métodos Extração Pellet SDS PAGE Recorte da banda de 38 40kDa Eletroeluição Quantificação

Materiais e métodos Imunização BALB/C Imunizados 25µg da fração extraída + Hidróxido de Alumínio Controle Hidróxido de alumínio + PBS Volume final de 100µL Via intramuscular

Materiais e métodos Imunização Imunização dos animais priming (n=4) Booster Obtenção do soro imune Dia 1 Dia 2 Dia 13 Dia 14 Dia 24 Obtenção do soro préimune Obtenção do soro imune

Materiais e métodos ELISA Soros obtidos Avaliação dos Soro: 1:1600 títulos de IgG Soro: 1:200 Placa sensibilizada com a fração protéica Placa sensibilizada com A. baumannii

Materiais e métodos Neutralização Soros hiperimunes e soros controle (450μL) Banho maria 56 C por 30 minutos Agitação Inóculo bacteriano (aproximadamente 1x10 5 UFC) Quantificação em placas de LB+ampicilina, após 1, 2 e 3 horas Nome palestrante, Instituição

Materiais e métodos Modelo Murino Cultura do isolado clínico 944F de A. baumannii em LB+Ampicilina 120rpm, 37 C, por 16 18h. Quantificação em placas Centrifugação e lavagem em PBS estéril Estocagem das doses a 70 C

Materiais e métodos Modelo Murino Cargas crescentes de A. baumannii + Mucina (DL/DL 50) Balb/C Grupos de C57BL/6

Resultados Extração 1 2 3 Raia 1: PadrãodepesomolecularBenchMarkProtein Ladder (10747 012). ~40 kda Raia 2: Pellet de A. baumannii. Raia 3: Banda recortada, após a eletroeluição.

Resultados ELISA *p<0,05 vs. Controle. **p<0,01 vs. Controle. Teste t de Student não pareado.

Resultados ELISA * * *p<0,05 vs. Controle, Teste t de Student não pareado.

Resultados Neutralização Tempo Redução 1 hora 71,5% 2 horas 77% 3 horas 24,5%

Resultados Modelo Murino C57BL/6 Experimentos preliminares indicam que as doses a partir de 5x10 4 UFC com o uso da mucina são letais.

Resultados Discussão Foi possível demonstrar que os anticorpos gerados contra as proteínas contidas na fração proteica também reconhecem a superfície bacteriana Foi observado que os anticorpos gerados possuem capacidade de neutralizar o crescimento bacteriano É necessária a realização de experimentos com a utilização de doses abaixo de 5x10 4 UFC em C57BL/6 para buscar definir a DL e a DL50 Estão sendo realizados em paralelo, estudos para a produção da proteína de interesse em plataforma recombinante

Obrigado!