PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA



Documentos relacionados
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

VOTO ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

PODER JUDICIÁRIO RS

VISTOS, relatados e discutidos os autos da Apelação Cível, acima descrita: RELATÓRIO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO MONOCRÁTICA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Dt PARAÍBA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

ACÓRDÃO. 42k +h. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

RELATÓRIO. 3. Sem contrarrazões. 4. É o relatório.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

t6-ta 0.1 ("NJ ntrrrt ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

RELATÓRIO VOTO. 4. É o que há de relevante para relatar.

DE EXCEÇÃO Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº: MAURO PEREIRA MARTINS APELAÇÃO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL APELADO : GABRIEL KNIJNIK EMENTA ACÓRDÃO

PROCESSO: RTOrd. Acórdão 6a Turma

ANTÔNIO JOSÉ PASCOAL ARAÚJO CÁSSIA MARIA BRASIL DE ARAÚJO

Provimento do recurso. A C Ó R D Ã O

SUMÁRIO CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS...

APELAÇÃO CÍVEL N.º , DE PONTA GROSSA 2.ª VARA CÍVEL

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 13ª Câmara Cível

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL RIO GRANDE ENERGIA S A A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIO GIACOIA.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

O Unibanco apresenta contrarrazões às fls. 111/114. O autor não apresentou contrarrazões. DESEMBARGADOR MARCOS ALAOR DINIZ GRANGEIA

Peça 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA... REGIÃO

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho. PJe-APELREEX

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos

Nº COMARCA DE CAPÃO DA CANOA MIGUEL JORDÃO MILANI A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONSELHO DA MAGISTRATURA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO Justiça do Trabalho TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO TRIBUNAL PLENO SESSÃO DE 02/12/2015 ITEM 42

Gestão de demandas repetitivas no Novo CPC Direito do consumidor. Alex Costa Pereira 10 de março de 2016

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS CANUTO (Relator Convocado):

VISTOS, relatados e discutidos os autos acima

Sumário. Prefácio, xv

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

OITAVA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL PROCESSO Nº APELANTE: UNIMED RIO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO RIO DE JANEIRO LTDA

Ação de Exigir Contas

Boa Vista, 10 de janeiro de 2015 ANO XVIII - EDIÇÃO 5429 Disponibilizado às 20:00 de 09/01/2015

Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

ktik." i' Nril,Tunm100 IIP I/ Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. Jorge Ribeiro Nábrega

Novély Vilanova da Silva Reis. Juiz Federal em Brasília.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

RELATÓRIO V O T O. Contrarrazões apresentadas. É o relatório.

RELATÓRIO. 3. Foram apresentadas as contrarrazões.

Agravo de Instrumento N C

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACORDÃO

A contestação na prova da 2ª fase da OAB (Direito do Trabalho)

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PERGUNTAS FREQUENTES CUSTAS JUDICIAIS

Superior Tribunal de Justiça

VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório.

AÇÃO CAUTELAR N º /7 São Paulo Requerente: Maurício Martins Cardoso Requerida: Ford Leasing S. A. Arrendamento Mercantil

MANDADO DE SEGURANÇA Nº /PR

PROCESSO: RO

A C Ó R D Ã O. Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete da Desembargadora Maria das Graças Morais Guedes

Apelação nº Apelante: ADRIANE DELGADO DA SILVA FIGUEIREDO Apelados: CLARO S/A Relator: JDS. LUIZ ROBERTO AYOUB

CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL V EXAME UNIFICADO PADRÃO DE RESPOSTA PROVA DO DIA 4/12/2011 DIREITO EMPRESARIAL

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIS CARLOS DE BARROS (Presidente sem voto), ÁLVARO TORRES JÚNIOR E CORREIA LIMA.

: Porto Seguro Companhia de Seguros. Advogado : Tânia Vainsencher e outros. Apelado : Ednaldo Adolfo de Sousa. Advogado : Cícero de Lima e Sousa.

JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de I. RELATÓRIO

Mestre Anderson Nogueira Oliveira Prática Jurídica I PETIÇÃO INICIAL

PROCESSO: ET. Acórdão 10a Turma

A Fazenda Nacional opôs embargos de declaração ante acórdão assim ementado (Identificador: ):

TRT-RO

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO...

Segue Acórdão do E. TRT da 4ª Região (RS), sobre a contratação de deficientes físicos.

RELATÓRIO. Oferecidas as contrarrazões, subiram os autos, os quais me vieram por distribuição.

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho APELAÇÃO

Acordão. Apelação Cível. Reparação por Danos Morais. Programa de Milhagem

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 039.2009.001574-2/001 ORIGEM : Vara Única da Comarca de Teixeira-PB. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento. ADVOGADO : Antônio Braz da Silva. APELADO : Amarildo Meira de Vasconcelos. ADVOGADO : Antônio Braz da Silva. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO. PEDIDO DE EXIBIÇÃO DO CONTRATO. OMISSÃO DO JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. CASSAÇÃO DA SENTENÇA. PROSSEGUIMENTO DO PROCESSO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. PROVIMENTO DO RECURSO. Sem a juntada da cópia do contrato não há como proceder a sua revisão. É possível o ingresso de ação de revisão de contrato bancário com pedido incidental de exibição de documento, caso em que o Juízo deve apreciar o requerimento em que se pede a intimação da instituição fmanceira para juntada do termo de ajuste contratual. VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação Cível n. 039.2009.001574-2/001, na Ação de Revisão de Contrato c/c Repetição de Indébito em que figuram como partes a Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento e Amarildo Meira de Vasconcelos. ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o voto do relator, conhecer o recurso, para anular a sentença a quo. VOTO Amarildo Meira Vasconcelos ingressou perante o Juízo da Comarca de Teixeira, com Ação de Revisão de Contrato c/c Repetição de Indébito, processo n 039.2009.001574-2, em face do Banco ABN AMRO Real SÃ., alegando que: (1) celebrou com o Réu Contrato de Financiamento, identificado sob n 20013622660, através do qual financiou, pelo prazo de 18 meses, com prestações no valor de R$ 1.085,98, um veículo da marca GM, modelo Corsa, Gasolina, ano/modelo 2003, cor cinza, placa MZJ 4259, CHASSI N 9BGSB19X04B121516; (2) as cláusulas referentes aos encargos financeiros possuem aspectos leoninos, uma vez que a taxa de juros ultrapassa 21% ao ano, quando a inflação não ultrapassa 5% ao ano; (3) o seu contrato possui cláusulas abusivas, que estipulam taxas de juros acima de 1% ao mês, permitem a cobrança de juros capitalizados mensais, cobram taxa efetiva anual ao invés de axa 1minal. e cumula a cobrança de comissão de permanência com juros moratórios e multa 1; (4) os juros praticados pelos bancos estão fora do princípio da razoabilida tonando

enriquecimento ilícito; (5) por se tratar de um contrato de adesão é pacífico na doutrina e jurisprudência que as cláusulas duvidosas devem ser interpretadas em favor dos aderentes; (6) a matéria é disciplinada pelo Código de Defesa do Consumidor; (7) a utilização da tabela prince é ilegal, pois incorpora juros capitalizados de forma composta; (8) em razão da cobrança em excesso dos juros é obrigatória a devolução do excesso via repetição do indébito. Pugnou pela procedência do pedido para que fosse anulada qualquer cláusula contratual que contivesse a previsão de juros acima de 12% ao ano, vedando a capitalização de juros e impondo referido percentual para os juros moratórios e remuneratórios, calculados na forma simples, conforme planilhas de cálculos que instrui a inicial, restituindo-se, em dobro, os valores abusivamente cobrados, e requereu a inversão do ônus da prova e a concessão de tutela antecipada para autorizar o depósito judicial das prestações segundo os valores indicados, manter a posse do bem, obstar o Réu de lançar seu nome em órgãos de restrição ao crédito, e a citação do Requerido para, no prazo de cinco dias, exibir em juízo o contrato objeto da ação. O Réu ofereceu Contestação, f. 37/65, arguindo, preliminarmente, a carência da ação, em razão da ausência de interesse processual, por perda do objeto, pois o contrato financiado e objeto da ação já foi devidamente quitado, não havendo mais o que se falar em revisão de cláusulas contratuais e, no mérito, alegou que (1) a Autora concordou com todos os termos e condições do contrato, e a posterior discussão de suas cláusulas em razão de suposta abusividade representaria uma afronta ao princípio da segurança jurídica e da pacta sunt servanda; (2) a Súmula Vinculante n. 07 pôs fim a discussão jurídica de que as taxas de juros bancários não podem ser superiores a 12% ao ano, e que o Art. 192, 3, da Constituição Federal foi revogado pela Emenda Constitucional n. 40/2003; (3) inexiste onerosidade excessiva; (4) a limitação de juros a 12% ao ano não é aplicável aos contratos bancários; (5) inexistiu capitalização mensal de juros, uma vez que a respectiva taxa de juros foi convencionada quando da finalização do contrato, sendo pré-fixada; (6) a comissão de permanência não consta no presente contrato; (7) que não há qualquer nulidade na cobrança da Tarifa de Abertura de Crédito - TAC e Tarifa de Emissão de Carnê TEC; (8) não tendo ocorrido a cobrança e nem tampouco o pagamento de valor indevido ou ilegal pela Demandante, descabe a repetição de indébito; (9) inexiste qualquer justificativa para a abstenção de lançamento do nome da autora nos cadastros de restrição de crédito. Requereu o acolhimento da preliminar suscitada com a consequente extinção do processo, e caso ultrapassada a preliminar, julgar improcedentes os pedidos. Sentenciando, f. 133/140, o Juízo rejeitou a preliminar de carência da ação e acolheu a arguição de mudança do polo passivo da Demanda para passar a figurar como Demandada a Aymoré, Crédito, Financiamento e Investimento S/A, pelo fato de que o Banco ABN AMRO REAL S/A foi sucedido pelo Banco Santander Brasil S/A., no mérito, julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a Ré a revisar e aplicar sobre o valor do financiamento, já quitado, a taxa anual de juros de 12%, e a restituir o valor pago a maior pelo Autor, extinguindo o processo com resolução do mérito, sob o fundamento de que as cláusulas contratuais relativas à cobrança de encargos e juros cumulativos superiores a 12% ao ano são abusivas, e o pagamento das custas processuais e honorários de sucumbência que fixou em R$ 1.000 0. A Aymoré, Crédito, Financiamento e Investimento S/A interpôs Apelação, l 141/160, arguindo, preliminarmente, (1) a impossibilidade jurídica do pedido pelo fato dqu toflas as prestações foram pré-fixadas, os encargos e juros contratuais observaram as regr kle nierado e

o Apelado teve pleno conhecimento do conteúdo das cláusulas contratuais; (2) o indeferimento da inicial por inépcia, pelo fato de que a petição não esclarece com que parâmetros pretende que o Contrato seja revisado, tendo arguido, apenas, que possui cláusulas abusivas, não observando o Art. 295, I, Parágrafo Único, II, do CPC, uma vez que da narrativa dos fatos não decorre logicamente uma conclusão, inclusive pelo fato de não ter juntado cópia do contrato; (3) indeferimento da inicial por carência da ação, em razão da ausência de interesse processual, visto que o contrato já foi quitado. No mérito, alegou que (1) devem ser observados os princípios que regem os contratos, especificamente o pacta sunt servanda e a segurança jurídica: (2) não houve cobrança onerosa e que foram observadas as taxas de juros remuneratórios e moratórios; (3) não é cabível a limitação da taxa de juros remuneratório, visto que o Superior Tribunal de Justiça entende que os juros só podem ser limitados se houver discrepância entre a taxa de mercado e a taxa do contrato, não se aplicando como parâmetro a Lei de Usura; (4) não se pode vedar a capitalização no contrato em tela com fundamento na alegação de ausência de pactuação expressa, uma vez que o contrato discrimina expressamente a taxa mensal e anual de juros, e pela mera verificação destas resta consubstanciada a previsão da capitalização. Pugnou pelo provimento do Recurso para, reformar a sentença, para declarar válidas todas as cláusulas do contrato firmado, afastando a limitação do juros remuneratórios e, caso assim não entenda, pugnou pela redução dos honorários advocatícios fixados e pelo pronunciamento expresso dos dispositivos legais que arguiu. Nas Contrarrazões, f. 168/204, o Apelado alegou que (1) a cláusula contratual que, no contrato de adesão de mútuo, de qualquer espécie, fixar juros superiores a 1% ao mês é abusiva, pois fixa juros excessivos e significa excesso de onerosidade ao consumidor, com vantagem indevida ao fornecedor; (2) a capitalização de juros não foi pactuada, e que a Medida Provisória 2170/2001 apenas autoriza a capitalização em contratos cujo a duração seja inferior a um ano. Requereu o desprovimento do Recurso. A Procuradoria de Justiça emitiu parecer sem pronunciamento sobre o mérito da causa, entendendo não estão configuradas quaisquer das hipóteses previstas no Art. 82, do Código de Processo Civil. É O RELATÓRIO. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da Apelação. A matéria trazida no Recurso restringe-se à arguição de abusividade da cobrança de juros capitalizados. Não consta nos autos cópia do Contrato firmado entre as partes, o que revela uma impossibilidade de análise para afirmar se existe previsão contratual dos encar os alegados como abusivos. A ausência do Termo do Contrato acarreta a extinção do processo sem a reciaç'ào do mérito, porquanto é documento indispensável à revisão de ajuste contratual.

Ocorre que o Promovente requereu na Inicial a sua exibição em Juízo, mas a sentença foi omissa quanto a esse pedido, não podendo a ação ser arquivada porquanto a desídia não foi do Promovente. Nesse sentido: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - AUSÊNCIA DE DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOS] FURA DA AÇÃO - HIPÓTESE DE EXIBIÇÃO INCIDENTAL - POSSIBILIDADE - CASSAÇÃO DA SENTENÇA.- É possível o ingresso de ação de revisão de contrato bancário, com pedido incidental de exibição de documento, haja vista que se trata o contrato encetado pelas partes de documento comum, cuja exibição tem fundamento legal nos preceitos dos artigo 355 e seguintes do CPC. (AC 1.0672.09.377959-9/001, 17' CaCiv/TJMG, rel. Des. Luciano Pinto, p. 08/05/2009). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. AUSÊNCIA DO CONTRATO. DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA AÇÃO. SENTENÇA ANULADA DE OFICIO. Na ação em que se pretende a revisão de contrato bancário, com a decretação de nulidade de cláusulas, é evidente que o instrumento da pactuação é documento indispensável. Sem que o contrato seja juntado aos autos, não há como se analisar o pedido de revisão da avença. V. V. - Na ação revisional de contrato bancário, tratando-se de documento comum, é admissivel a formulação de pedido de exibição incidental do contrato. Inteligência do art. 355 e seguintes do CPC. - (TJMG. Décima Quarta Câmara Cível. Rel. Des. Estevão Lucchesi. Data do julgamento: 02/02/2012). Posto isso, conheço do Recurso para, de oficio, cassar a Sentença e determinar o prosseguimento do processo com a intimação do Promovida para exibição do Contrato, nos termos dos Arts. 355 a 359 do CPC. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, o Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, no dia 10 de julho de 2012, conforme certidão de julgamento, dele participando, além deste relator, a Dra. Maria das Graças de Morais Guedes. Presente à sessão, o Exmo. Sr. Dr. José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça. Gabinete no TJ João Pessoa, 12 e julho de 2012. es. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator

TRIBUNAL DE JUSTIÇi Diretoria JUdiCiaria Regittrado e