RECORRIDA QUARTA TURMA DA JUNTA DE REVISÃO FISCAL



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PUBLICAÇÃO DA DECISÃO DO ACÓRDÃO No D.O. 08 / 09 / 2015 Fls.: 08 SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL Rubrica: ID:42833175 Sessão de 05 de agosto de 2015 SEGUNDA CÂMARA RECURSO Nº - 46.875 ACÓRDÃO Nº 13.836 INSCRIÇÃO ESTADUAL Nº - 85.874.047 AUTO DE INFRAÇÃO Nº - 03.244657-7 RECORRENTE PEUGEOT-CITROEN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA RECORRIDA QUARTA TURMA DA JUNTA DE REVISÃO FISCAL RELATOR - CONSELHEIRO LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO Participaram do julgamento os Conselheiros: Luiz Carlos Sampaio Afonso, Gustavo Mendes Moura Pimentel, Graciliano José Abreu Dos Santos e Gustavo Kelly Alencar. NULIDADE - AUTO DE INFRAÇÃO O Auto de Infração encontra-se lavrado dentro dos limites da legislação, restando por tal fato inviável a nulidade do auto de infração. Ex vi art.221, do Decreto-Lei nº 05/75 e art. 74, do Decreto nº 2.473/79. PRELIMINAR REJEITADA ICMS RECOLHIMENTO A MENOR O imposto a recolher em cada período será calculado deduzindo-se do saldo devedor apurado da parcela de financiamento não repassada contratualmente. RECURSO PROCEDENTE EM PARTE RELATÓRIO Cuida-se de Recurso Voluntário, tirado contra decisão de 1º grau que julgou procedente o auto de infração lavrado contra Recorrente, informações prestadas em fls. 144/155, ora adotadas, reclamando irregularidade na escrita fiscal por imposto recolhido à menor, em razão da compensação além do crédito que lhe era devido pelo financiamento concedido à Produção pelo Governo do Estado do RJ, resultando incorretamente o montante do Imposto a Recolher sob as Operações Próprias da empresa. Acusa o relato fiscal, que foi concedido à Peugeot-Citroen do Brasil Automóveis Ltda, financiamento à sua

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 2/9 produção regulada sob a forma de Contrato de Financiamento, constando na Cláusula Terceira liberação de 75% (setenta e cinco por cento) do ICMS devido pela FINANCIADA como contribuinte ou substituto tributário. Alinhando em extensivo relato demais elementos para proceder ao lançamento. A peça exordial apresenta os dispositivos infringidos e penalidade incorrida. Hostilizando o auto de infração e a decisão a quo, a Recorrente interpõe peça recursal em fls. 173/192 repisando os mesmos argumentos ofertados em impugnação, ao qual sustenta: (i) preliminar de nulidade do auto de infração, ao entendimento de que a premissa fática adotada na autuação fiscal impossibilita de exercer ser direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, visto que a fundamentação do AI vergastado carece de fundamentação para o seu pleno entendimento; (ii) No mérito, sustenta a improcedência do lançamento alegando que a Cláusula Terceira do Contrato de Financiamento estabelece que as parcelas não repassadas pelo Estado, serão compensadas a 5,8% do valor do faturamento, sendo certo que este valor não poderá a ultrapassar a 75% do ICMS apurado nas operações próprias e de substituição tributária. A douta Representação da Fazenda prestigiando a decisão a quo, comparece em fls. 203/207 contrária aos argumentos da Recorrente, opinando pela rejeição da preliminar e no mérito pelo desprovimento do recurso voluntário do contribuinte. É o relatório. VOTO DO RELATOR A manifestação de inconformismo da autuada reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve ser conhecido por esta Câmara.

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 3/9 No que concerne a preliminar de nulidade do auto de infração provocada pela Recorrente em muito se confundi com a matéria de fundo, na qual importa necessariamente na forma de apuração do crédito financiado, ou seja, se em razão de 5,8% do faturamento ou 75% do ICMS devido. A Recorrente considera que Autoridade lançadora não efetuou o confronto entre um e outro, entendendo condição de prejuízo a sua defesa. As alegações da recorrente no que se refere a nulidade do auto de infração não merece acolhimento. O ilícito fiscal de que é acusada encontra-se de modo a propiciar plena condição de exercer o contraditório e consequentemente o direito de defesa. O Auto de Infração encontra-se lavrado dentro dos limites da legislação (art.221, do Decreto-Lei nº 05/75 e art. 74, do Decreto nº 2.473/79), restando por tal fato inviável a preliminar arguida, pelo que fica aqui rejeitada No que concerne ao mérito cabe inicialmente assinalar que se trata interpretação da forma de recolhimento do imposto devido ao pactuado em Contrato de Financiamento (anexo fls. 12/25), tendo como partes o Estado do Rio de Janeiro e Peugeot- Citroën do Brasil Ltda. O financiamento firmado através do Processo E-11/30078/2001, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em 08/05/2001, tem por objeto a implantação de uma fábrica para produção de automóveis em território Fluminense pela Peugeot- Citroën, denominada em contrato como Financiada, comprometendo-se o Estado do Rio de Janeiro, denominado Financiador, apoiar financeiramente a produção da Financiada, concedendo uma linha de crédito correspondendo a 5,8% (cinco inteiro e oito décimo por cento) do valor do faturamento, limitando ao fixado no caput da Cláusula Segunda do contrato em referência. Para utilização da linha de crédito a Cláusula Terceira dispõe:

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 4/9 As deliberações do FINANCIAMENTO serão feitas em parcelas mensais e sucessivas, correspondente, cada uma, a 5,8% (cinco vírgula oito por cento) do VALOR DO FATURAMENTO realizado a cada mês, nos termos do CONVÊNIO FINANCEIRO, limitadas a 75% (setenta e cinco por cento) do ICMS devido pela FINANCIADA, como contribuinte ou substituto tributário, sobre as vendas no mês de referência. (grifos do texto) (...) Parágrafo Segundo A primeiro liberação dos recursos ocorrerá no dia 5 (cinco) ou no primeiro dia útil subsequente, do mês subsequente ao da primeira venda em conformidade com o disposto nos Parágrafos Primeiro e Segundo da Cláusula Segunda. As demais liberações ocorrerão a cada dia 5 (cinco) ou no primeiro dia útil subsequente. (grifei) Parágrafo Terceiro A liberação das parcelas do FINANCIAMENTO dar-se-á mediante crédito na conta-corrente nº 5.140-3, mantida pela FINANCIADA na Agência Lélio Gama do BANCO DO BRASIL S.A. Reza no instrumento contratual dispositivo para falta de cumprimento no repasse de verbas mensais devidas pelo Financiador, dispondo a Cláusula Décima- Quinta: Visando a assegurar e garantir o regular e tempestivo cumprimento do cronograma de desembolsos dos recursos do FUNDES ora assumido, o FINANCIADOR oferece à FINANCIADA, as seguintes garantias, até o limite do valor da parcela não repassada:

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 5/9 I) A compensação dos valores relativos às parcelas previstas na Cláusula Segunda deste CONTRATO DE FINANCIAMENTO, eventualmente não repassadas pelo FINANCIADOR, com débitos da FINANCIADA referentes ao pagamento dos empréstimos a que se referem as alíneas c e d do item 2.3 da Cláusula Segunda do CONVÊNIO FINANCEIRO, inclusive de forma recíproca, independentemente do contrato, na forma do Artigo 1009 e seguintes do Código Civil, compensação que será procedida pelo AGENTE FINANCEIRO. II) A compensação dos créditos líquidos e certos da FINANCIADA que sejam decorrentes das parcelas não repassadas pelo FINANCIADOR com valores relativos aos tributos estaduais devidos pela FINANCIADA como contribuinte ou substituto tributário, ao FINANCIADOR, como facultado pelo Artigo 170 do Código Tributário Nacional, compensação esta que se restringirá à parcela dos tributos estaduais que couber ao ESTADO e que se dará conforme o procedimento estabelecido na Lei nº 2.823/97 e nos termos da Lei nº 2.820/97, com redação introduzida pela Lei 2.871/97. Extraímos do CONTRATO DE FINANCIAMENTO, que o Estado do Rio de Janeiro no interesse de implantação de uma fabrica para produção de automóveis em seu Território, firmou compromisso de financiar parte do empreendimento, regrado nas seguintes condições: I- Depositar mensalmente em contacorrente da Recorrente no Banco do Brasil S/A, valor que corresponderia 5,8% (cinco inteiros e oito décimos por cento) sobre o

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 6/9 FATURAMENTO de cada mês, limitado a 75% (setenta e cinco por cento) do ICMS devido pela Financiada, como contribuinte ou substituto tributário, sobre as vendas no mês de referência. II- No interesse de assegurar o cumprimento fiel da obrigação, o Financiador vinculou a hipótese de que não havendo o repasse, poderia a Financiada compensar os valores relativos aos tributos estaduais devidos. Nesse contexto, devemos verificar qual seria o valor devido pelo Financiador em cumprimento obrigação pactuado: Apuração Contratual julho/2008 agosto/2008 Dados Relativos a Receita Base de Cálculo - Financiamento Produção 179.411.670,56 154.990.844,34 Crédito Financeiro - 5,8% s/ B.C. 10.405.876,89 8.989.468,97 Dados Relativos ao ICMS devido Saldo Devedor ICMS Próprio 13.348.680,94 10.348.241,98 Saldo Devedor ICMS-ST 1.235.906,57 1.589.107,67 Total de ICMS Apurado 14.584.587,51 11.937.349,65 Redução ICMS -Limitado a 75% 10.938.440,63 8.953.012,24 *(Base de Cálculo e demais dados extraídos de fls. 9 e 10, peças juntada pelo fiscal autuante) Em análise aos comparativos e cálculos acima, considerando MENOR valor a ser liberado pelo Financiador a cada mês, podemos afirmar que

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 7/9 a quantia a ser depositado em favor da Financiada seria para o mês de julho/2008 de R$ 10.405.876,89 e para o mês de agosto/2008 de R$ 8.953.012,24. Diante da falta do repasse do financiamento, a Financiada utilizou os valores que lhe seriam devidos, compensados com os impostos dos respectivos meses, vejamos: Apuração ICMS Devido julho/2008 agosto/2008 Crédito (MENOR) 10.405.876,89 8.953.012,24 Total ICMS Apurado 14.584.587,51 11.937.349,65 ICMS a Recolher 4.178.710,62 2.984.337,41 ICMS Recolhido ICMS Próprio -(2.939.043,96) -(1.358.773,01) ICMS Recolhido ICMS-ST -(1.235.906,57) -(1.589.115,99) Outras Deduções Informadas RICMS nº 10 -(3.760,09) Total Imposto Recolhido -(4.178.710,62) -(2.947.889,00) ICMS recolhido a MAIOR/MENOR zero (-) 36.448,41 Sabemos que a lógica é o ponto de equilíbrio do direito, no caso em tela não se deve analisar só no prisma fiscal, mas precisamente pelo conteúdo financeiro e econômico. Nesse sentido podemos afirmar que se houvesse o depósito a cada mês, a Recorrente utilizaria o valor disponibilizado para quitação dos impostos, como não houve o repasse, o direito a compensação não poderia ser diferente daquele que deveria receber ou aquele a recolher. Não há empecilho em contrato e menção de que para compensar os tributos estaduais deveria se separar o ICMS próprio e o ICMS ST, até

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 8/9 porque esta regra (compensação) é EXCESSÃO, o NORMAL seria o depósito em conta corrente a ser feito pelo Banco do Brasil S/A referente recursos tidos do Fundo de Participação do Estado FPE e dos Royalties do Petróleo e do Gás Natural, conforme dispõe o parágrafo primeiro, da Cláusula Quarta do instrumento firmado. Contempla tal entendimento o que dispõe o artigo 3º da Lei nº 2.823/97, na redação dada pelo artigo 6º da Lei nº 3.347/99: Art. 3º Fica autorizada a compensação, em cada período de apuração, dos tributos estaduais devidos pelas empresas beneficiárias, com o exato montante dos créditos que lhe sejam devidos em razão das obrigações assumidas pelo Estado, para os efeitos da extinção de crédito tributário referido no art. 156, II, do Código Tributário Nacional CTN. Diz a Resolução SEFCON nº 3.563/2000: Art. 2º O imposto a recolher em cada período será calculado deduzindo-se do saldo devedor apurado (Débito menos Crédito) a parcela, correspondente ao financiamento, não liberada. Por tudo tela exposto, voto no sentido de DAR PRIVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para exigir o valor R$ 36.448,41(trinta e seis mil quatrocentos e quarenta e oito reais e quarenta e um centavos), referente diferença a menor recolhida no mês de agosto de 2008, em confronto com a parcela de financiamento não repassada contratualmente e os impostos devidos no mês. É como voto.

SEGUNDA CÂMARA Acórdão nº 13.836 - fls. 9/9 A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos em que é Recorrente a PEUGEOT-CITROEN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA e Recorrida a QUARTA TURMA DA JUNTA DE REVISÃO FISCAL. Acorda a SEGUNDA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, também por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Conselheiro Relator. SEGUNDA CÂMARA do do Estado do Rio de Janeiro, em 05 de agosto de 2015. LUIZ CARLOS SAMPAIO AFONSO RELATOR LMBC GUSTAVO KELLY ALENCAR PRESIDENTE