Abertura Vítor Santos, Presidente do Conselho de Administração da ERSE. Gostaria de começar por dar as boas vindas e agradecer a presença de todos.

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Transcrição:

Conferência do Conselho de Reguladores do MIBEL Os Novos Desafios do MIBEL Abertura Vítor Santos, Presidente do Conselho de Administração da ERSE Senhor Secretário de Estado da Energia e da Inovação, Senhor Prof. Eduardo Marçal Grilo, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Gostaria de começar por dar as boas vindas e agradecer a presença de todos. Um agradecimento muito especial ao Senhor Secretário de Estado que nos distinguiu amavelmente com a sua presença. Estamos também muito gratos pelo apoio que nos foi concedido pela Fundação Calouste Gulbenkian e ficamos muito lisonjeados pela presença do Prof. Eduardo Marçal Grilo. Permitam-me que faça uma saudação muito especial aos oradores convidados. É muito gratificante e um grande privilégio podermos contar com a presença dos nossos oradores convidados que representam diferentes sensibilidades e têm, naturalmente, olhares distintos sobre o sector energético. Last but not least, uma saudação amiga e muitissimo especial para os meus Colegas Presidentes da CNE, CNMV e CMVM, Maria Teresa Costa Campi, Julio Segura e Carlos Tavares.

Por ocasião do Dia Mundial da Energia, e no momento em que estamos prestes a celebrar o 3º aniversário da criação do mercado ibérico diário de electricidade, o Conselho de Reguladores do MIBEL decidiu promover esta Conferência que reúne vários especialistas do sector energético a nível ibérico e onde se pretende cruzar as perspectivas dos reguladores, operadores, empresas e consumidores. Em análise estará também o MIBEL no contexto europeu, na perspectiva de perceber em que medida esta iniciativa dos dois países ibéricos tem vindo a contribuir para a construção do Mercado Interno de Energia da União Europeia. O contexto geral O MIBEL constitui um processo cujos primeiros passos foram dados em 1998, com a celebração de um Memorando entre os Governos de Portugal e de Espanha para cooperação em matéria de energia eléctrica. Em 2001, o percurso é reforçado pela celebração, em 14 de Novembro, de um Protocolo com o objectivo de aprofundar a cooperação visando a realização de um Mercado Ibérico da Electricidade, politicamente institucionalizado com a assinatura do Acordo de Santiago de Compostela a 1 de Outubro de 2004 e sucessivamente desenvolvido nos planos político e regulatório. No quadro da criação do Mercado Interno da Electricidade, a experiência do MIBEL é singular em termos de integração, apenas tendo paralelo no mercado escandinavo, com a NordPool. O desenvolvimento e aprofundamento do MIBEL constitui um processo gradual e continuado que integra, quer a visão política e regulatória, quer a visão dos vários interessados no sector eléctrico, em particular os consumidores e a indústria. A integração das várias visões e perspectivas é efectuada, quase sempre, através da utilização privilegiada de processos transparentes de consulta pública.

A integração do mercado eléctrico de Espanha e Portugal é benéfica para os consumidores de ambos os países, contribuindo nomeadamente para: Aumentar a segurança de fornecimento através da integração e coordenação de ambos os sistemas eléctrico e do reforço das interligações. Aumentar o nível de concorrência reflectindo a maior dimensão do mercado e o aumento do número de participantes. Simplificar e harmonizar o quadro regulatório de ambos os países. Incentivar a eficiência das actividades reguladas e liberalizadas, bem como a transparência do mercado. O processo de harmonização e construção do MIBEL tem sido desenvolvido de forma gradual e por mútuo acordo entre Espanha e Portugal, estando subjacente uma contribuição activa de ambos os países na construção do Mercado Interno de Energia (MIE). Deve ainda realçar-se que o MIBEL, como iniciativa dos países ibéricos, integra a perspectiva de harmonização dos diferentes mercados subjacente às iniciativas regionais europeias, em particular o desenvolvimento do mercado do sudoeste europeu que envolve a França e os dois países ibéricos. O que já foi concretizado Justifica-se fazer uma breve referência ao que já foi concretizado, destacando os seguintes aspectos: Reforço da interligação Portugal-Espanha que neste momento é da ordem de 1500 MW e que em 2014 está planeado ser de 3000 MW. Criação do Conselho de Reguladores do MIBEL. Criação do mercado a prazo do MIBEL - OMIP

Entrada em funcionamento do mercado diário e intradiário ibérico e do mecanismo de market spliting na gestão conjunta de congestionamentos da interligação Portugal-Espanha. Gostaríamos de afirmar claramente o seguinte: fazemos um balanço positivo do desempenho do MIBEL! Um dos objectivos subjacentes à criação de mercados integrados é o estabelecimento de condições que viabilizem a convergência de preços no médio e longo prazo. O mercado diário do MIBEL iniciou a sua actividade em 1 de Julho de 2007 e teve uma evolução muito positiva que pode ser traduzida por dois indicadores quantitativos que reflectem bem o desempenho do MIBEL: O diferencial de preços entre Portugal e Espanha no mercado grossista assumiu um valor de cerca de 10 euros/mwh no 2º semestre de 2007 e 49 cêntimos no 2º semestre de 2009; Enquanto no 2º semestre de 2007 tínhamos mercados separados em mais de 80% das horas, no segundo semestre de 2009 tivemos mercados separados em menos de 20% das horas. Para além disso, parece-nos relevante referir mais dois aspectos que traduzem bem a evolução dinâmica do MIBEL: A institucionalização do MIBEL incentivou o aumento das transacções de energia eléctrica entre os dois países e criou um contexto propício à actuação ibérica dos principais grupos empresariais energéticos. A criação do mercado ibérico da electricidade possibilitou a aproximação progressiva das realidades de funcionamento dos mercados retalhistas de Espanha e Portugal e criou um contexto mais favorável ao desenvolvimento do processo de liberalização do sector eléctrico em ambos os países.

Alguns dos passos seguintes Apesar deste balanço positivo, devemos ter bem presente que o MIBEL é um processo vivo com desafios que se renovam. Nesse sentido, aproveito para fazer uma breve referência aos próximos passos a dar no âmbito do desenvolvimento do MIBEL: Visão Política convergente com os princípios subjacentes à criação do Mercado Interno de Energia e redução das assimetrias regulatórias de acordo com as directrizes estabelecidas no 3.º Pacote Legislativo Europeu sobre Energia. Parece-nos imprescindível a adopção de processos de consulta mútua em todas as situações que afectem o mercado ibérico de electricidade. O reforço das competências do Conselho de Reguladores do MIBEL parece-nos constituir uma mudança incontornável. Para além das competências para formular pareceres, o Conselho de Reguladores deverá passar a ser dotado de poderes de supervisão que lhe permitam regular operadores que têm um âmbito de actividades e estratégias empresariais ibéricas. A criação do Operador de Mercado Ibérico (OMI), a partir da integração dos dois pólos nacionais actualmente existentes, constitui um instrumento fundamental para a consolidação do MIBEL. O aprofundamento da boa relação de cooperação actualmente existente entre Operadores de Redes de Transporte e a concretização do programa de reforço das interligações Portugal-Espanha é essencial para a continuação do sucesso do MIBEL.

A implementação de um mecanismo harmonizado de gestão a prazo da capacidade na interligação Portugal-Espanha é um instrumento essencial ao funcionamento eficiente dos mercados grossista e retalhista. É necessário assegurar a coerência entre o desenvolvimento do MIBEL e as Iniciativas Regionais ERI, nomeadamente no chamado Mercado do Sudoeste que envolve Espanha, França e Portugal, potenciando as sinergias entre os dois processos. Gostaria de terminar esta minha intervenção, expressando os votos de que esta Conferência constitua um momento de reflexão profícuo que permita aprofundar, consolidar e tornar mais consistentes os resultados já alcançados no âmbito do MIBEL.