O uro e a Economia Portuguesa. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 1
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- Matilde Fidalgo Bennert
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1 O uro e a Economia Portuguesa UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 1
2 A partir de 1 de Janeiro de 2002 trezentos milhões de europeus passarão a utilizar novas moedas e notas nos seus pagamentos. Os preços dos vários bens e serviços passarão a ser expressos nessa nova unidade monetária. Os cheques, ordens de pagamento, extractos bancários, facturas, talões de caixa, etc, passarão a exprimir os valores na nova unidade monetária. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 2
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9 3 Questões 1. Porquê a adopção de uma moeda única na União Europeia? Quais as suas vantagens? 2. Que foi necessário fazer para que as economias pudessem adoptar a nova moeda? 3. Quais as implicações da sua adopção para a economia europeia e para as várias economias nacionais? UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 9
10 Breve história do uro 1968: criação de uma união aduaneira entre os Estados membros da Comunidade. A questão da estabilidade cambial começa a ser entendida como crucial para salvaguardar o nível de integração alcançado. Cimeira de Haia (Dez. 1969): Willy Brandt propõe a criação de uma UEM. Em 1970, é apresentado o chamado plano Werner : colapso do sistema de câmbios fixos de Bretton Woods. Na Europa é criada em 1972 a chamada serpente monetária tendo em vista assegurar a estabilidade cambial face ao dólar. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 10
11 Breve história do uro Conselho de Bruxelas de Dezembro de 1978: criação do SME (a partir de 13 de Março de 1979). Em meados da década de 80, o Acto Único Europeu define um novo desígnio para as Comunidades a criação de um Mercado Único Europeu através da eliminação de todas as barreiras não aduaneiras à livre circulação de pessoas, bens e capitais. Este Mercado Único foi estabelecido em A criação de uma União Monetária é o resultado lógico deste processo cumulativo de integração. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 11
12 Vantagens UE representa 6,5% da população mundial e 20% do seu PIB EUA representam 4,6% da população mundial e 21% do seu PIB Quer isto dizer que o PIB per capita nos EUA é cerca de 45% superior ao da UE. O crescimento médio anual nos EUA foi claramente superior ao da UE durante a década de 90 (aproximadamente 3% contra 2%, respectivamente). A criação líquida de emprego na União Europeia foi quase nula na última década ao passo que, nos EUA cresceu a uma média de 1,5% ao ano. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 12
13 Vantagens A criação do mercado único e a adopção de uma moeda única pretende responder a um duplo desafio: A necessidade de uma forte presença internacional da Europa a nível político, económico e financeiro; A necessidade de reagir a um registo crónico de baixo crescimento e desemprego crescente na Europa. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 13
14 Vantagens A moeda única ajuda a consolidar, fortalecer e aprofundar o Mercado Único. Eliminação do risco cambial e da redução dos custos de transacção. Criação de mercados monetários e financeiros integrados, permitindo um mais fácil acesso ao capital e a custo mais baixo. Aumento da transparência do mecanismo de preços. Estabilidade macroeconómica criando um ambiente mais favorável às decisões dos agentes económicos, em especial as decisões de investimento. A política monetária única do BCE e a disciplina orçamental são factores fundamentais desta estabilidade. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 14
15 O TRATADO DE MAASTRICHT E A UEM Fase I Iniciada em 1991 com a liberalização dos movimentos de capitais entre os estados membros e com o início da cooperação em matérias de política económica, fiscal e monetária. Fase II Iniciada em É caracterizada pelo início de funções do Instituto Monetário Europeu - IME, desenvolvendo trabalhos preparatórias à entrada em funções do Banco Central Europeu (BCE). Inicia-se nesta fase a monitorização das políticas fiscais e monetárias dos países participantes. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 15
16 O TRATADO DE MAASTRICHT E A UEM Fase III Iniciada em As paridades cambiais entre os países participantes estão irrevogavelmente fixadas e a responsabilidade pela condução da política monetária está atribuída ao Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), o qual integra, para além dos bancos centrais dos países participantes, o BCE. O CONSELHO EUROPEU DE MADRID UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 16
17 O CONSELHO EUROPEU DE MADRID Fase A - Preparação da UEM INÍCIO de 1998 Decisão sobre a data de início da UEM e sobre os países participantes; Entrada em funções do SEBC e do BCE, sucedendo ao IME; Max. 1 ano Aprovação da legislação necessária para a passagem à moeda única; Início dos trabalhos de produção de notas e moedas de EURO; UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 17
18 O CONSELHO EUROPEU DE MADRID 01.JAN.99 Fase B - Início da UEM Fixação irrevogável vel dos rácios de conversão entre as diferentes moedas; Transferência de responsabilidade na condução da política monetária para o BCE; Max. 3 anos O SEBC colocará em funcionamento um sistema de compensação de grandes transacções - o TARGET; As novas emissões de dívida dos Estados participantes serão efectuadas em EUROs. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 18
19 O CONSELHO EUROPEU DE MADRID 01.JAN.02 Max. 1/2 ano Fase C - Conclusão do Processo. Introdução de notas e moedas de EURO em ; Conclusão das alterações decorrentes da introdução do EURO nas administrações públicas, empresas e outros organismos; Conclusão do processo de substituição de moeda nacional por EUROs. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 19
20 União Económica e Monetária Questões preliminares a resolver: Quais os países que integrarão inicialmente a UEM? Quais as taxas de câmbios irrevogáveis que serão acordadas entre os países? Quais as relações cambiais entre os países participantes e os que só mais tarde aderirem? Qual a estratégia de actuação e de que instrumentos disporá o BCE para a condução da política monetária? Quais os mecanismos a estabelecer para defesa da disciplina orçamental? Qual a calendarização definitiva do processo? UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 20
21 União Económica e Monetária Critérios de Convergência A inflação média anual de um estado membro não pode ser superior em mais de 1,5 p.p. à média dos três estados membros que apresentem uma menor taxa de inflação, no ano anterior à avaliação. Um estado membro para integrar a UEM deve ter participado no MTC do SME pelo menos nos 2 anos anteriores ao do início da UEM. A taxa de juro nominal de longo prazo não deve exceder a taxa de juro média verificada nos países que apresentam uma menor inflação na União em mais de 2 pontos percentuais no ano anterior à avaliação. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 21
22 União Económica e Monetária Critérios de Convergência O défice anual do Sector Público e Administrativo não deve exceder 3% do PIBpm, excepto se este rácio tiver evoluído substancialmente e sistematicamente no passado recente e se apresente próximo do valor de referência. Por último, o nível de dívida pública não pode ultrapassar 60% do PIBpm excepto se o rácio tiver vindo a diminuir e se encontrar próximo do valor de referência. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 22
23 Critérios de Convergência-Défice orçamental Alemanha Austria 1,0% -1,0% -2,0% -3,0% -4,0% - -6,0% 2,0% 1,0% -1,0% -2,0% -3,0% -4,0% - -6,0% Bélgica Es panha -2,0% -4,0% -6,0% -8,0% -1 2,0% -2,0% -4,0% -6,0% -8,0% Finlândia França 6,0% 1,0% 4,0% 2,0% -1,0% -2,0% -2,0% -3,0% -4,0% -6,0% -4,0% - UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 23
24 Critérios de Convergência-Défice orçamental Grécia Holanda ,0% -1,0% -2,0% -3,0% -4,0% - -6,0% Irlanda Itália 2,0% -2,0% -4,0% -6,0% -8,0% -1-12,0% -14,0% -2,0% -4,0% -6,0% -8,0% -1-12,0% -14,0% Luxemburgo Portugal 7,0% 6,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% -1,0% 4,0% 2,0% -2,0% -4,0% -6,0% -8,0% -1-12,0% UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 24
25 Critérios de Convergência-Dívida Pública Alemanha Austria , 0 % , 0 % Bélgica Es panha , 0 % Finlândia França , 0 % 10, 0 % UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 25
26 Critérios de Convergência-Dívida Pública Grécia Holanda , 0 % Irlanda Itália , 0 % , 0 % , 0 % Luxemburgo Portugal , 0 % 10, 0 % , 0 % UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 26
27 Critérios de Convergência-Taxa de Inflação ALEMANHA AUSTRIA 6,0% 8,0% 4,0% 2,0% 6,0% 4,0% 2,0% BELGICA ESPANHA FINLANDIA FRANÇA UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 27
28 Critérios de Convergência-Taxa de Inflação GRÉCIA HOLANDA ,0% 1 6,0% 1 4,0% 2,0% IRLANDA ITALIA LUXEMBURGO PORTUGAL 12,0% 2 1 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 28
29 Critérios de Convergência-Taxa de Juro cp ALEMANHA AUSTRIA 1 1 8,0% 6,0% 1 4,0% 2,0% BELGICA ESPANHA FINLANDIA FRANÇA UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 29
30 Critérios de Convergência-Taxa de Juro cp GRÉCIA HOLANDA IRLANDA ITALIA PORTUGAL UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 30
31 Critérios de Convergência-Taxa de Juro lp ALEMANHA AUSTRIA 1 8,0% 1 8,0% 6,0% 6,0% 4,0% 4,0% 2,0% 2,0% BELGICA ESPANHA FINLANDIA FRANÇA UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 31
32 Critérios de Convergência-Taxa de Juro lp GRÉCIA HOLANDA IRLANDA ITALIA LUXEMBURGO PORTUGAL 1 3 8,0% 6,0% 2 4,0% 2,0% UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 32
33 União Económica e Monetária Desafios: Sustentabilidade das politicas macroeconómicas de estabilidade (Pacto de Estabilidade e Crescimento). Como combinar a política monetária única centralmente definida pelo BCE com as políticas económicas e orçamentais nacionais? Qual o policy-mix apropriado? (O problema da governação económica). Necessidade de coordenação das políticas económicas (Grandes Opções de Política Económica). Coordenação e harmonização fiscal. A necessidade de reformas estruturais (processo de Cardiff). Criação de um mercado de capitais líquido, profundo e eficiente. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 33
34 Portugal e a UEM Os benefícios a retirar da adopção da moeda única (âncora de estabilidade) compensam largamente os seus custos, a saber: A perda de independência na condução da política monetária; Perda do mecanismo cambial como meio de ajustamento a choques externos assimétricos. Portugal tem muito a ganhar a nível político, financeiro e económico com a sua participação na UEM: Participa no núcleo-duro dos países que determinarão o futuro da Europa no séc. XXI; A participação numa zona de estabilidade macroeconómica confere níveis acrescidos de credibilidade e reputação aos agentes nacionais permitindo-lhes o acesso aos mercados financeiros em condições mais vantajosas. A integração dos mercados monetários e financeiros permite que os indivíduos, as empresas e o Governo se financiem num mercado mais vasto e com custos mais baixos; UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 34
35 Portugal e a UEM Economicamente, a participação na UEM (mercado e moeda única) exporá a economia Portuguesa a um ambiente altamente competitivo. Espera-se que tal facto implique mais iniciativa e capacidade empresarial. A implementação de reformas estruturais são, para o efeito, indispensáveis não só para que o ajustamento a esse novo ambiente seja mais rápido e menos oneroso, mas também para se poder tirar pleno partido da oportunidade conferida. Reformas no mercado de trabalho (formação e flexibilização: melhoria da empregabilidade), nos mercados de bens e serviços (privatização, desregulação, abertura à concorrência, etc), na Administração Pública, na saúde e segurança social, na justiça, etc não só melhorarão a afectação dos recursos, o seu nível de emprego e a competitividade da economia, mas também contribuirão para a sustentabilidade das finanças públicas. UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 35
36 A adesão à Zona Euro, a adopção da Moeda Única, não é um fim em si mesmo. É um meio para proporcionar à economia Portuguesa condições que lhe permitirão um crescimento mais forte e melhoria dos padrões de vida. Por isso acredito que o esforço de convergência efectuado e as políticas prosseguidas nesse sentido valeram a pena. Baixa inflação, taxas de câmbio estáveis (inexistentes entre países da UEM), finanças públicas sãs e baixas taxas de juro são condições de solidez macroeconómica fundamentais. A sustentabilidade destas condições requer reformas estruturais que reforçarão a capacidade da economia para crescer, criar empregos e reagir a choques externos sem necessidade de recurso a políticas monetárias ou cambiais independentes. (Dezembro de 1997) UP - Faculdade de Direito F. Teixeira dos Santos 29-Mai-01 36
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