REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE CABELEIREIRO ABRE PORTA PARA MAIS AUTONOMIA PROFISSIONAL Dia 18 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que reconhece o exercício das atividades de cabeleireiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador. A lei aprovada é luta dos salões e profissionais da área para reconhecimento da categoria há mais de 10 anos, através de vários projetos de lei. O projeto proposto pela Senadora Ana Amélia (PR-RS) previa em seu artigo segundo e terceiro a necessidade de ensino fundamental e habilitação técnica específica, além de anistiar das exigências acima os profissionais que já atuam no mercado com mais de um ano. No artigo quarto, o projeto de Lei determinava que os profissionais da área deveriam seguir as normas sanitárias de esterilização de equipamentos usados em seus clientes. Entretanto, a presidente Dilma Rousseff aprovou o reconhecimento da profissão e vetou os artigos dois e três do projeto de Lei que tratava do ensino fundamental e curso técnico com a seguinte justificativa: A Constituição, em seu art. 5 o, inciso XIII, assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer algum dano à sociedade. Na opinião do Diretor da Associação Brasileira dos Salões de Beleza, Sr. José Augusto Nascimento Santos, a Lei aprovada irá na prática dar mais tranqüilidade aos clientes e donos de salões
no quesito de esterilização de utensílios, já que os alicates e tesouras dos profissionais, que são equipamento de uso exclusivo de cada profissional, devem obrigatoriamente passar por processos de esterilização e serão fiscalizados por clientes e Donos de salões. Muitos profissionais e salões já faziam estes procedimentos de esterilização, inclusive com uso de autoclaves. Infelizmente, a preocupação com o quesito qualidade técnica e capacitação profissional foram deixadas de lado, uma vez que a Presidente vetou tal exigência. Acreditamos que o veto aos artigos dois e três poderá gerar insegurança para os clientes, pois não será exigido habilitação técnica nem ensino fundamental do profissional para realização de suas atividades. A relatora do projeto de reconhecimento da profissão de cabeleireiro, manicure e esteticista, Senadora Ana Amélia (PR- RS) lamentou a decisão. Na opinião dela, a exigência mínima do ensino fundamental e de curso de capacitação para os trabalhadores era uma forma de melhorar a formação dos profissionais e garantir a segurança dos clientes. Então esse tipo de formação escolar, é a mínima necessária, é ensino fundamental que estávamos prevendo no projeto, você vai limitar, deixando de ter a exigência de um diploma ou da conclusão do ensino fundamental que me parece contraditório com os objetivos do governo e de um país que tem que buscar na educação um caminho pro seu desenvolvimento comentou. Santos também entende que o uso de utensílios perfuro cortantes, assim como manuseio e aplicação de produtos químicos diversos no cabelo ou corpo por pessoas que se auto
intitulam Profissional de Beleza, muitas vezes sem a capacitação técnica mínima exigível é um grande erro e vai contra tudo o que o próprio governo diz que quer fazer, investir em educação e capacitação do seu povo. Santos alerta que há casos de erros na aplicação de produtos, uso de produtos proibidos como formol, produtos sem registro na Anvisa bem como imperícias nas realizações de serviços e procedimentos em todo o Brasil. Esses erros podem levar a prejuízos estéticos afetando a imagem e saúde do cliente. Iniciativas como a da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com a Universidade do Cabelo, de algumas faculdades de São Paulo, e também dos recém inaugurados Instituto Loreal Professionel de formação e capacitação profissional, podem ser consideradas como iniciativas frustrantes neste momento, visto que os artigos sobre obrigatoriedade de ensino, foram vetados. Entendemos assim, que apenas a minoria desses profissionais é que buscarão qualificação, já que não é obrigatória a formação e capacitação. A lei aprovada não trata claramente das questões da relação de trabalho em salões, entretanto dá mais autonomia e liberdade ao profissional de exercer suas atividades. O profissional da Beleza no Brasil, sempre foi considerado um parceiro ou locatário no desenvolvimento de suas atividades em um salão de beleza. Hoje, na grande maioria das cidades Brasileiras, o profissional de beleza desenvolve suas atividades com total autonomia e liberdade dentro ou fora de Salões.
Quando um profissional realiza serviços dentro de um salão de beleza, a divisão dos valores totais cobrados do cliente é composta com percentuais que variam entre 40% a 70 % do valor do serviço para o profissional e o restante desse percentual fica para as despesas e custos do salão. O valor do percentual do profissional irá variar conforme a cidade, localização do salão, qualidade, estrutura e custos do salão, além da habilidade do profissional. Normalmente estes profissionais possuem Empresas Individuais ou fazem parte do programa do Micro Empreendedor Individual - MEI (lei. LC 128/08). Os proprietários de salões nesta modalidade são considerados meros fornecedores de estrutura e logística para que os profissionais parceiros ou locatários realizem suas atividades aos clientes que procuram por eles ou pelo salão de beleza. Muitos salões, querendo padronizar seu atendimento e melhorar a qualificação dos profissionais, buscam registrá-los em carteira, como uma solução, mas não conseguem porque existe uma forte resistência dos profissionais. O ganho percentual com o registro em carteira geraria uma comissão entre 10 a 15 %. Essa comissão, comparada com a comissão do setor varejista (comércio) no Brasil, representa um percentual 4 vezes maior. Mesmo assim, o profissional normalmente não aceita trabalhar nestas condições de comissionamento e regime de registro em carteira. Isso ocorre porque no regime de trabalho como autônomo, além da liberdade de horário e facilidade que são facultadas ao autônomo, o valor de comissão é bem maior, já que o
profissional como empresa individual ou Mei os encargos são bem atrativos para ele. Recentemente, a maior rede de salão de beleza de São Paulo, ao tentar fazer o registro de seus profissionais, teve o abandono de 70 % de sua equipe em suas unidades, para trabalhar em outros salões continuando a exercer sua profissão, justamente como cabeleireiro autônomo novamente. Os profissionais que ficaram no salão, ingressaram com uma ação para tentar manter-se como autônomos a fim de continuar mantendo a liberdade na forma de trabalho, na forma de atender o cliente, no horário flexível de trabalho, na maior remuneração, sendo os encargos trabalhistas previdenciários e fiscais por conta do profissional.