Lição 06 HEMORRAGIAS E CHOQUE. 1. Enumerar 5 sinais ou sintomas indicativos de uma hemorragia;



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Transcrição:

Lição 06 HEMORRAGIAS E CHOQUE OBJETIVOS: Ao final desta lição os participantes serão capazes de: 1. Enumerar 5 sinais ou sintomas indicativos de uma hemorragia; 2. Citar e demonstrar 3 diferentes técnicas para controlar hemorragias externas; 3. Demonstrar passo a passo o tratamento merecido por um paciente de choque hemorrágico (hipovolêmico) e de choque anafilático. 45

PULSOS O pulso é mais facilmente palpável nos locais onde artérias calibrosas estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro. Os pulsos mais comumente usados são: carotídeo, braquial, radial, femural, dorsal do pé. SANGUE Composição do sangue: plasma, células vermelhas (hemácias), células brancas (leucócitos). Funções do sangue: Transporte de nutrientes, oxigênio, defesa do organismo e coagulação sanguinea. CONCEITO DE HEMORRAGIA Hemorragias ou sangramento significam a mesma coisa, ou seja, sangue que escapa de vasos sangüíneos. A hemorragia poderá ser interna ou externa. HEMORRAGIA INTERNA: Geralmente não é visível, porém e bastante grave, pois pode provocar choque e levar a vítima a morte. HEMORRAGIA EXTERNA: Geralmente visível, ocorre devido a ferimentos abertos. Pode ser dos tipos arterial, venosa ou capilar. TIPOS DE HEMORRAGIAS EXTERNAS (ocorrem devido a ferimentos abertos) Hemorragia arterial: Faz jorrar sangue pulsátil de coloração vermelho vivo. Hemorragia venosa: O sangue sai lento e contínuo na cor vermelho escuro. Hemorragia capilar: O sangue sai lentamente por vasos menores. A cor é menos viva que na hemorragia arterial. Hemorragia arterial Hemorragia venosa Hemorragia capilar 46

TÉCNICAS UTILIZADAS NO CONTROLE DAS HEMORRAGIAS 1. Compressão direta sobre o ferimento; 2. Elevação da extremidade; e 3. Compressão dos pontos arteriais. Obs. A imobilização, apesar de não ser considerada uma das técnicas padronizadas de controle de sangramento, pode ser utilizada para auxiliar no controle de hemorragias. IMPORTANTE: Segundo as mais recentes orientações internacionais, devemos ressaltar que o torniquete é uma técnica em abandono e as pessoas devem ser desencorajadas ao seu uso. Infelizmente, essa técnica ainda está muito firmemente arraigada a cultura brasileira. No entanto, tal utilização é tão excepcional e seus riscos tamanhos, que o ensino dessa manobra deve ser muito bem orientado. Um torniquete poderá causar dano nervoso ou vascular e poderá resultar na perda de um braço ou uma perna. No caso de acidentes mais graves, recomendamos o uso da técnica combinada dos processos anteriormente descritos. SINAIS E SINTOMAS DE HEMORRAGIAS: visualização do sangramento, agitação, palidez, sudorese intensa, pele fria, pulso acelerado (+ de 100bpm), sede e fraqueza. TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR: Alertar o SEM Abrir as VA e vigiar a respiração e a circulação Prevenir ou tratar o choque Afrouxar roupas apertadas Estar preparado para o vômito Não dar nada de comer ou beber Ministrar oxigênio suplementar Informar a suspeita da hemorragia. INTRODUÇÃO AO CHOQUE HIPOVOLÊMICO: A função do sistema circulatório é distribuir sangue com oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo. Quando isso, por qualquer motivo, deixa de acontecer e começa a faltar oxigênio nos tecidos corporais, ocorre o que denominamos estado de choque, ou seja, as células começam a entrar em sofrimento e, se esta condição não for revertida, as células acabam morrendo. CONCEITO DE PERFUSÃO: É a circulação de sangue dentro de um órgão. O fluxo constante de sangue pelos vasos capilares. 47

CONCEITO DE CHOQUE: Podemos conceituar o choque como uma reação do organismo a uma condição onde o sistema circulatório não fornece circulação suficiente para cada parte vital do organismo. O choque é um quadro grave, que pode ocorrer de forma rápida ou desenvolver-se lentamente. O choque hipovolêmico caracteriza-se por uma reação do corpo em resposta ao colapso no sistema circulatório, o qual não consegue mais prover sangue de forma adequada para todos os órgãos vitais do corpo. CAUSAS DE CHOQUE: Quando o corpo de uma pessoa sofre uma ferimento (trauma) ou apresenta uma enfermidade, ele imediatamente reage, tentando corrigir os efeitos do dano. Se o problema é severo, uma das reações é o choque, portanto, o choque indica a existência de um problema no sistema circulatório, o qual geralmente está relacionado com uma das seguintes causas: falha no coração, perda de líquido e dilatação excessiva dos vasos. Obs. Quando uma pessoa está em choque, suas funções vitais diminuem e se as condições que causam o choque não forem interrompidas e revertidas imediatamente, logo ocorrerá a morte. Muita atenção, a identificação e o tratamento do choque não podem demorar! Em resumo, se existe um sangramento, o coração aumenta a freqüência dos batimentos cardíacos, tentando fazer o sangue circular por todas as áreas vitais do corpo. Com isso, aumenta também a hemorragia e mais sangue é perdido. A resposta imediata do corpo para este problema é tentar fazer circular mais sangue, aumentando ainda mais os batimentos cardíacos. Todo este processo se não tratado imediatamente vai agravando-se e gera uma diminuição da PA, posteriormente uma falha na circulação, falha no coração e, finalmente, uma parada cardíaca e a morte do paciente. TIPOS DE CHOQUE: O choque hipovolêmico pode ser classificado de várias formas porque existem mais de uma causa para ele. O socorrista não necessita conhecer todas essas formas de choque, no entanto, é fundamental que ele entenda de que forma os pacientes podem desenvolver o choque hipovolêmico. Uma vítima com choque hipovolêmico pode ter: Choque hemorrágico: Choque cardiogênico: Choque neurogênico: Choque anafilático: Choque metabólico: Choque psicogênico: Choque séptico: Choque respiratório: SINAIS E SINTOMAS DO CHOQUE: Respiração superficial e rápida; Pulso rápido e filiforme (fraco); Pele fria, pálida e úmida; Sede; Queda da pressão arterial (PAS menor que 90 mmhg). 48

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO: 1. Posicionar o paciente deitada (posição supina). 2. Elevar os MMII (caso haja fraturas, elevar o paciente após posicioná-lo sobre uma maca rígida). 3. Manter VA, respiração, circulação. 4. Controlar hemorragias externas. 5. Administrar oxigênio suplementar. 6. Imobilizar fraturas, se necessário. 7. Prevenir a perda de calor corporal. 8. Não dar nada de comer ou beber. 9. Monitorar e transportar para um hospital. CHOQUE ANAFILÁTICO: Definimos o choque anafilático como uma reação alérgica severa a medicamentos (principalmente a penicilina), picada de insetos, comidas e pós. Poderá ocorrer em segundos, logo após o contato com a substância a qual a vítima é alérgica. Este choque também é chamado de choque alérgico. CAUSAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO: Picada de insetos, alimentos e condimentos, substâncias inaladas, produtos químicos inalados ou em contato com a pele, medicamentos ingeridos ou injetados. SINAIS E SINTOMAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO: Prurido na pele; Sensação de queimação na pele; Edema generalizado; Dificuldade para respirar; Pulso fraco; Perda da consciência e morte. TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR: Na entrevista, perguntar se é alérgico a alguma substância e se teve contato com ela. No mais, tratar igualmente como os outros tipos de choque já vistos anteriormente. Neste caso, o paciente precisa receber urgentemente medicamentos para combater a reação alérgica, portanto não atrase o transporte! 49