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Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 15ª Junta de Recursos Número do Processo: 44232.584980/2016-16 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SANTA CRUZ DO RIO PARDO Benefício: 42/167.262.107-8 Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: MARIA HELENA GOTARDI MACHADO Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de recurso ordinário interposto por MARIA HELENA GOTARDI MACHADO em face da decisão do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, que indeferiu seu pedido de Aposentadoria por Idade Rural, formulado em 10/07/2015 por falta de comprovação de atividade rural em número de meses idênticos à carência do benefício. A interessada instruiu o presente requerimento com os seguintes documentos, a saber (evento 01): - Certidão de casamento realizado em 1974, onde seu cônjuge, Sr. Aparecido João Machado se encontra qualificado como lavrador (p.07); - Declaração de exercício de atividade rural expedida pelo STR de Bernardino de Campos, informando o exercício de atividade rural como segurada especial nos períodos de 24/11/1974 a 30/12/1983, 01/01/1988 a 30/12/1990 e 01/01/2009 a 08/07/2015, junto ao imóvel rural denominado Sítio São Roque (p.09); - Certidões de nascimento dos filhos - 1975, 1977 e 1983 onde a interessada e seu cônjuge se encontram qualificados como lavradores (p.10, 12, 14); - Certidões de casamentos realizados em 1976 e 1982, onde seu cônjuge figura como testemunha e qualificado como lavrador (p.11, 13); - Matrícula nº. 24.248, referente ao imóvel rural denominado Sítio São Roque (3,9300 módulos fiscais) que inicialmente pertencia a seu sogro, Sr. Lázaro Machado, e posteriormente foi transferido ao seu cônjuge (fração ideal) decorrente de transmissão por herança (p.15-17); - CCIR 2006/2009 - Sítio São Roque (p.19); - Certidão do Posto Fiscal de Ourinhos SP, informando que possui inscrição como produtora rural referente a propriedade denominada Sítio São Roque desde 31/01/2009 (p.25); - ITR s 2012 e 2014 - Sítio São Roque, indicando que o seu cônjuge possui a propriedade de 5% do referido imóvel rural (p.27-35); - Notas fiscais de produtor rural em nome de seu cônjuge de 1988 a 1990, e de 2009 a 2015 (p.37-47). Observa-se que o cônjuge da interessada possui ativo o benefício de aposentadoria por idade NB 41.165.210.637-2, com ramo de atividade rural (evento 01, p.51). Realizada entrevista rural declarou a interessada que desde o casamento reside e trabalha no Sítio São Roque, afirmando que exerceu efetivamente a atividade rural nos períodos pleiteados (evento 01, p.55-56). O INSS digitalizou e anexou ao processo, cópia de entrevista rural realizada pela interessada em 2013 em requerimento de auxílio doença, onde noticiou a existência de outra propriedade rural denominada Sítio São José, porém, informando em tal oportunidade que somente exerceu atividade rural junto ao Sítio São Roque. Foi digitalizada também cópia da matrícula nº. 16.691 (2,16 módulos fiscais), de propriedade de seu genitor, Sr. Avelino Miguel Gotardi, onde consta averbação informando que o mesmo doou o referido imóvel para os seus filhos no ano 2000, porém reservando o usufruto vitalício da propriedade (evento 01, p.58-63). O INSS não homologou nenhum dos períodos pleiteados, sob a alegação de verificou divergências entre as alegações da interessada, inviabilizando seu enquadramento como segurada especial (evento 01, p.73).

Inconformada com a decisão denegatória recorre a esta Junta de Recursos através de seu procurador alegando em síntese que foi expressamente declarado pela interessada na entrevista realizada no requerimento do benefício de auxílio doença, que nunca trabalho junto ao Sítio São José de propriedade de seu genitor; a recorrente não possui o direito de uso, posse, e administração do referido imóvel, uma vez que o mesmo se contra gravado com cláusula de usufruto vitalício em favor de seu genitor; se necessário, solicita a realização de justificação administrativa; e pugna pela revisão da decisão (evento 01, p.84-85). A Agência da Previdência Social ofereceu contrarrazões (evento 04), consignando que: (...) Requerente possui propriedades rurais que ultrapassam quatro módulos fiscais, que não possui recolhimentos como contribuinte individual, não sendo possível o enquadramento como segurada especial, pois, mesmo sendo usufrutuária de umas das propriedades rurais, conforme o que trata o artigo 40 da I.N. 77/2015, detém a posse, o uso, a administração ou a percepção dos frutos, podendo usufruir diretamente ou por meio de contrato de arrendamento, comodato, parceria ou meação, sendo assim, não faz jus ao benefício de aposentadoria por idade rural. Quando do protocolo do recurso não anexou mais documentações das que já havia apresentado no protocolo do benefício, mantendo o indeferimento e encaminhou os autos para julgamento. É o relatório. Peço inclusão em pauta. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 05/05/2016 para sessão nº 0114/2016, de 17/05/2016. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INDEFERIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES PREVISTAS NOS ART. 9º, INC. VII, 18 INC.IV E 29, II DO REGULAMENTO DA PREVIDENCIA SOCIAL-RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048 DE 6 DE MAIO DE 1999. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO PROVIDO RECURSO CONHECIDO E PROVIDO Preliminarmente, o recurso interposto deve ser considerado tempestivo, nos termos do artigo 305, 1º do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto 3048/99. A requerente preencheu o requisito etário (55 anos) em 24/11/2009. Busca a requerente a concessão de aposentadoria por idade que, nos termos do art. 51 do Regulamento da Previdência Social - RPS aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/99, que é devida ao segurado especial de que trata o inc. VII do art. 9º do RPS com redação do Decreto n.º 6.722, de 2008, a saber: Art.9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: (..) VII - como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:. a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:. 1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro módulos fiscais; ou 2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. (grifo nosso) Nos termos do 5º, do art. 9º do RPS, entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes De acordo com o art. 182 do RPS, a carência das aposentadorias por idade para os segurados inscritos na previdência

rural ou urbana até 24 de julho de 1991 é definida por uma tabela que, no presente caso, exige o número de 168 meses de contribuições/ meses de atividade rural para efeito de carência no ano de 2009. Pretende a interessado o reconhecimento do exercício de atividade rural como segurado especial nos períodos de 24/11/1974 a 30/12/1983, 01/01/1988 a 30/12/1990 e 01/01/2009 a 08/07/2015, junto ao imóvel rural denominado Sítio São Roque. Nesse diapasão, o tempo de serviço rural deve ser demonstrado mediante a apresentação de início de prova material contemporânea ao período a ser comprovado, complementada por prova testemunhal idônea, não sendo esta admitida, em princípio, exclusivamente, a teor do art. 55, 3º, da Lei nº. 8.213/91, e Súmula 149 do STJ. Cabe salientar que embora o art. 106 da Lei de Benefícios relacione os documentos aptos a essa comprovação, tal rol não é exaustivo. O início de prova material não significa que o segurado deverá demonstrar mês a mês, ano a ano, por intermédio de documentos, o exercício de atividade na condição de rurícola, demonstrando, se isso ocorresse, a desnecessidade da prova testemunhal para comprovação do labor rural. Início de prova material indica começo, princípio de prova, elemento indicativo que permita o reconhecimento da situação jurídica questionada, desde que associada a outros dados probatórios. Nesse cenário, as provas materiais apresentadas em nome do cônjuge aproveitam-se a mulher, entendimento empossado segundo Enunciado nº. 22 do CRPS: Considera-se segurada especial a mulher que, além das tarefas domésticas, exerce atividades rurais com o grupo familiar respectivo, aproveitando-se-lhe as provas materiais apresentadas em nome de seu cônjuge ou companheiro, corroboradas por meio de pesquisa, entrevista ou Justificação Administrativa. A qualificação de um dos cônjuges com o lavrador se estende ao outro, a partir da celebração do matrimônio, consoante remansosa jurisprudência já consagrada pelos Tribunais. Na atividade desempenhada em regime de economia familiar, toda a documentação comprobatória, como talonários fiscais e títulos de propriedade, é expedida, em regra, em nome daquele que faz frente aos negócios do grupo familiar. Alega o INSS que a requerente possui propriedades rurais que ultrapassam quatro módulos fiscais. Para ser segurado especial na atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira o produtor rural, quer seja ele proprietário da terra, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro outorgado ou meeiro outorgado, comodatário ou arrendatário rurais precisa residir no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo ao imóvel rural que explora e explorar a atividade em área contínua ou não de até 4 (quatro) módulos fiscais, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que conte com auxílio eventual de terceiros, desde que a título de mútua colaboração. A modificação trazida pela Lei n. 11.718/2008 é extremamente importante, uma vez que a área rural onde o segurado exerce suas atividades não pode ser superior a 4 módulos fiscais. Se for maior, o enquadramento correto desse trabalhador rural será o de contribuinte individual, na forma disposta no art. 11, V, a, sendo necessário efetuar contribuições para comprovar a qualidade de segurado e fazer jus aos benefícios da Previdência Social. Entrementes, cabe salientar que esta limitação de área apenas de aplica para o tempo rurícola após 23/06/2008, data de vigência da Lei 11.718/2008, pois a lei nova material não poderá reger relações pretéritas em prejuízo do segurado, ante a inexistência de limites no regramento pretérito. Desta feita para os períodos anteriores a Lei 11.718/2008 (24/11/1974 a 30/12/1983, e 01/01/1988 a 30/12/1990), apresentou a recorrente prova da existência da propriedade; Certidão de casamento realizado em 1974, onde seu cônjuge se encontra qualificado como lavrador; Certidões de nascimento dos filhos em 1975, 1977 e 1983 onde a mesma e seu cônjuge se encontram qualificados como lavradores; Certidões de casamentos realizados em 1976 e 1982, onde seu cônjuge figura como testemunha e qualificado como lavrador (p.11, 13); e Notas fiscais de produtor rural em nome de seu cônjuge de 1988 a 1990. Assim, ante as declarações coerentes prestadas na entrevista rural realizada, corroborando as provas materiais apresentadas, os períodos pleiteados de 24/11/1974 a 30/12/1983, e 01/01/1988 a 30/12/1990 devem ser homologados. Com relação ao período de 01/01/2009 a 08/07/2015, posterior a Lei 11.718/2008, verifica-se a existência de imóvel rural denominado Sítio São José que possui 2,16 módulos ficais, onde alega o INSS que somado ao Sítio São Roque 3,9300, ultrapassa os 4 módulos fiscais permitidos, impedindo seu enquadramento como segurada especial. Ocorre que o seu genitor quando realizou o ato de doação o fez que reserva de usufruto vitalício, de tal arte que, na qualidade de usufrutuário, o doador fica com o poder de usar e gozar da coisa, e com a exploração econômica, e não o donatário, sendo indevida a soma de propriedades realizada pelo INSS. Para melhor elucidar o tema trago a colação parte do Acórdão 2067/2015, proferido pela 1ª Composição Adjunta da 3ª Câmara de Julgamento, no julgamento do processo nº. 44232.145167/2014-54, que bem discorre sobre a matéria: O usufruto, segundo conceito da própria legislação, consiste no direito de usar uma coisa pertencente a outrem e de

perceber-lhe os frutos e utilidades que ela produz, sem alterar-lhe a substância. Nesta modalidade de doação, o filho, donatário, passa a ter apenas a nu propriedade do bem, porque os frutos que a mesma produzir não lhe pertencem, mas sim ao pai, doador, que reservou para si o usufruto vitalício. Ressalte-se que este tipo de doação pode ocorrer também em outras relações, não ficando adstrita ao relacionamento pais-filhos. Na qualidade de usufrutuário, o doador fica com o poder de usar e gozar da coisa, com a exploração econômica. Deste modo, poderá utilizar o bem, sem oposição do nu proprietário, como morada, fonte de renda, ou de outro modo que lhe seja mais conveniente. Destes conceitos, extrai-se que o usufruto reservado pelo doador possui uma finalidade econômica, capaz de assegurar-lhe a subsistência, com morada ou renda produzidos pelo bem doado. Quem dispõe sobre a finalidade econômica do imóvel é o doador, usufrutuário, enquanto estiver vivo, quando reservou para si o usufruto vitalício do bem doado. O usufruto pode recair sobre um ou mais bens, móveis ou imóveis. Porém, quando recair sobre bem imóvel, deverá ser necessariamente registrado na matrícula dele, para que tenha validade, e fique conhecido perante terceiros. Conforme regra legal, o usufruto se estende aos acessórios do bem e seus acrescidos. Isto implica dizer que, na hipótese de haver doação com reserva de usufruto de uma fazenda agrícola, o usufruto não diz respeito somente ao imóvel em si, mas também ao pomar frutífero que ali exista, criações etc. Somente não ocorre esta extensão se, quando da doação com reserva de usufruto, este último for expressamente limitado ao imóvel. Inclusive as crias dos animais doados pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar do usufruto (artigo 1397 do Código Civil). Apesar de possuir o direito de uso, posse e administração do imóvel doado, o usufrutuário não pode mudar a destinação econômica do mesmo, sem a autorização do nu proprietário. Por exemplo, não pode transformar uma fazenda agrícola em imóvel comercial urbano. O doadorusufrutuário deverá, apenas, pagar as despesas ordinárias de conservação do bem, a fim de mantê-lo no mesmo estado que o recebeu, além das prestações e tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída. Portanto, se o usufrutuário resolver alugar o imóvel doado, a fim de obter renda, poderá fazê-lo, do modo e pelo preço que bem entender. Todavia, a manutenção deste imóvel locado, bem como o pagamento de IPTU, taxas municipais, contas de água e luz, são encargos de sua inteira responsabilidade. Assim sendo, não se verificando a exploração de imóvel superior a 4 módulos fiscais, tendo apresentado a recorrente certidão do Posto Fiscal de Ourinhos SP, informando que possui inscrição como produtora rural referente a propriedade denominada Sítio São Roque desde 31/01/2009, bem como notas fiscais de produtor rural em nome de seu cônjuge de 2009 a 2015, o período de 01/09/2009 a 08/07/2015, também deve ser homologado. Portanto, temos que houve a comprovação, nos termos legais, de que o requerente exerceu atividade rural em regime de economia familiar em número de meses idêntico a carência exigida para o beneficio requerido, em respeito aos artigos 9º inc.vii, 18 inc.iv e 182 do RPS, fazendo jus à concessão do benefício. CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO ORDINÁRIO, para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JANETE LUZ LOPES Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). LAIS REGINA SANTOS DO CARMO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a).

SUELY APARECIDA ELOY Presidente Decisório Nº Acórdão: 2208 / 2016 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 15ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JANETE LUZ LOPES e LAIS REGINA SANTOS DO CARMO. Relator(a) SUELY APARECIDA ELOY Presidente