Mark Ford 11 Segredos para a Construção de Riqueza Capítulo VI
Capítulo Seis A mentira sobre investimentos que quase custou minha aposentadoria Aprenda com o meu erro e descubra o fator mais importante para se construir riqueza rapidamente Eu me considero um especialista em aposentadoria. Não porque tenha estudado o assunto, mas sim porque já me aposentei três vezes. Pois é, fracassei nas três. Mas aprendi com os erros. Hoje, gostaria de falar sobre o maior engano que os aposentados cometem. Trata-se de algo muito comum, ignorado pelos especialistas em aposentadoria. Jamais escutei qualquer um deles tocar no assunto. Também nunca li nada a respeito em livros sobre aposentadoria. O maior erro dos aposentados é desistir de sua renda ativa. Existem dois tipos de renda: ativa e passiva. A renda ativa é a que você tira do trabalho ou de um negócio próprio. A renda passiva se refere à que você recebe da Previdência Social ou de um fundo de pensão. Você pode aumentar sua renda ativa trabalhando mais. Mas a única maneira de aumentar a renda passiva é obtendo taxas maiores de retorno sobre o seu investimento (ROI ou RPL). ROI (Return On Investment) ou RPL (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) é uma medida de rentabilidade, que avalia o desempenho de uma empresa através da comparação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido. Quando você desiste da renda ativa, duas coisas acontecem: Primeiro, a conexão com a fonte de renda ativa é cortada. Não estou falando apenas sobre o negócio em si, mas também sobre as pessoas que você conhecia. São contatos valiosos de que você pode
precisar um dia. Mas, à medida que os meses passam, retomá-los vai ficando cada vez mais difícil. Em segundo lugar e talvez você não tenha considerado esse ponto, sua capacidade de tomar boas decisões de investimentos fica comprometida pela dependência da renda passiva. Explicarei isso melhor daqui a pouco. A ideia de aposentadoria é maravilhosa: você guarda parte de sua renda mensal, deixa que ela cresça num investimento com vantagens tributárias e acumula um cofre cheio de dinheiro. Então, 40 anos depois, usa esse cofre para financiar a tranquilidade dos 20 anos seguintes. Sem estresse, sem chefe, somente viajando, praticando exercícios, indo ao cinema e visitando filhos e netos. Sim, é uma ótima ideia, mas nada realista. Antes do século 20, era raro alguém se aposentar. A maioria trabalhava até não aguentar mais e depois passava a morar com os filhos. A única geração que experimentou o sonho de aposentadoria foi a dos meus pais homens e mulheres que entraram no mercado de trabalho e compraram a primeira moradia após a 2ª Guerra Mundial. Eles pegaram um ótimo momento, com os EUA entrando num período de 30 anos de crescimento da indústrias e do mercado imobiliário. Essa turma ganhou e guardou dinheiro, mas a maior parte da aposentadoria veio mesmo da venda de suas casas, compradas a $10.000 ou $15.000 nos anos 50 e vendidas por dez vezes mais na década de 80. Para as gerações posteriores, a promessa desse tipo de aposentadoria não passa de uma grande mentira. Considere o seguinte: para um casal curtir bem uma vida tranquila de aposentado, com independência financeira, terá de gastar em média (e dependendo de onde mora), cerca de R$240.000 por ano, ou seja, R$20.000 por mês já descontando os impostos.
Como fazer para produzir anualmente essa quantia já estando aposentado? Vejamos. Vamos assumir que você e sua esposa recebam cada um o valor teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), atualmente em R$ 4.149 mensais (o que se trata de uma suposição quase ilusória, já que dificilmente alguém recebe pelo teto). Por ano, dá R$49.908. Então deduzimos a parcela de R$7.236 e recolhemos 22,5% de IR (R$9.601), sobrando R$40.307 de renda líquida individual. No total, você e seu cônjuge já têm R$80.613 por ano. Faltam então R$159.387 para completar os R$240.000. Essa diferença deverá sair dos rendimentos das economias do casal. Considerando que sua carteira de investimentos renda 12,5% ao ano e que você pague 15% de IR sobre esse ganho, seu rendimento líquido de impostos será de 10,62%. Excluindo a inflação de 6%, teremos um ganho real de 4,62%. Quanto o casal precisa ter em investimentos para render 4,62% e prover R$159.387 por ano? A conta é simples, basta dividir os R$159.387 por 4,62%. Chega-se a uma quantia próxima a R$3,5 milhões. Isso porque estamos considerando as taxas de juros atuais, que são excessivamente altas. Futuramente, essas taxas tendem a ser bem menores, mesmo com inflação mais baixa. Se a taxa real de juros cair para 3% (líquida de impostos), a poupança deverá ser de R$5.312.900. Para 2% de juros reais, R$7.969.350. Para 1%, R$15.938.700. Se estiver disposto a correr mais riscos no mercado acionário para conseguir 15% líquidos de impostos e inflação, ainda assim precisará de pelo menos R$1 ou R$ 2 milhões.
O problema é que muitos casais da minha idade tentam se aposentar com algo entre R$500.000 e R$750.000. Aí começa o problema. Para conseguir os R$159.387 com base em apenas R$750.000, é preciso um retorno real acima de 20%. Obter esses 20% de forma consistente ao longo de 20 anos pode até não ser impossível, mas é extremamente difícil e arriscado arriscado demais para o meu gosto. Lição #1 sobre Aposentadoria Aposentei-me pela primeira vez aos 39 anos. Meu patrimônio era de cerca de $10 milhões, metade em investimentos de alta liquidez, disponíveis a qualquer momento para retirada. Pensei que tivesse todo o dinheiro de que precisava. Mas percebi que o meu estilo de vida como aposentado era bem caro. Eu gostava de viajar em primeira classe, de me hospedar em hotel cinco estrelas e ter carros de luxo. Minha despesa anual girava em torno de $500.000. Para gerar esses $500.000 líquidos de impostos, eu precisava ganhar $900.000 de renda passiva, a partir dos juros dos $5 milhões. Isso representava um retorno de 18%, e eu conhecia o suficiente do mercado de ações para saber que se tratava de um retorno muito difícil. A solução seria cortar minhas despesas drasticamente, mas eu não queria fazer isso. Gostava do estilo de vida que tinha. Como havia me tornado um belo gastador, minha escolha foi voltar a trabalhar. Eu me coloquei novamente no mercado de trabalho e recebi algumas ofertas. Um mês depois, já estava trabalhando. Confesso que esperava ficar meio mal por retomar a labuta, mas me senti melhor assim que voltei a ganhar dinheiro. Como a Aposentadoria deve ser? O momento da aposentadoria não combina com preocupações financeiras. Se você se aposenta com pouco dinheiro, é exatamente esse tipo de preocupação que vai ter. Conseguir percentuais acima do mercado é um grande desafio sob qualquer circunstância.
Depender de altos retornos para pagar as contas pode ser algo muito estressante. Enquanto escrevo, há milhões de pessoas da minha idade largando o emprego e vendendo seu negócio. Elas estão lendo revistas sobre economia e mercado financeiro e esperam encontrar um sistema de seleção de ações que lhes dê os 20-40% de retorno de que precisam. Mas uma hora vão descobrir que um sistema assim não existe. Podem até alcançar bons resultados em alguns anos, mas em outros o retorno cairá para 10%, 5% ou até ficar negativo. Sem contar a possibilidade de um novo crash no mercado de ações. São em momentos assim que a situação fica ruim muito rápido. Não precisa ser desse jeito. Voltemos ao exemplo do casal com R$750.000 guardados cujo sonho de aposentadoria custa R$240.000 por ano. Supondo, como dito anteriormente, que eles recebem cerca de R$80.000 do INSS, eles precisam de mais R$160.000 por ano livre de impostos para complementar a renda passiva. Para conseguir R$160.000 de R$750.000, eles dependem de um retorno superior a 20% acima da inflação, assim pagarão as contas ao longo dos anos sem perder o poder de compra. Ter sucesso assim é bastante improvável, como falei. Mas, se eles conseguirem um emprego de meio período cada um que lhes dê um extra anual de R$100.000 em renda ativa (R$50.000 por ano cada um, o equivalente a R$4.167 por mês), precisarão de um retorno de 8% sobre suas economias, o que fica bem mais factível. Não estou dizendo com isso que você deve desistir da ideia de se aposentar. Estou dizendo que deve pensar sobre a aposentadoria de uma forma diferente. Trata-se de um período maravilhoso da vida em que você altera a relação entre trabalho e prazer. Em vez de gastar 80% dos seus dias trabalhando por dinheiro e 20% se divertindo, você passa a gastar 20% do tempo com trabalho e 80% com lazer. Nada mau, não é mesmo?
E, se você souber qual tipo de trabalho fazer, poderá na verdade se divertir trabalhando Pinte um novo quadro mental do que a aposentadoria pode ser: uma vida livre de preocupações financeiras com muitas viagens, diversão e lazer financiada em parte pela renda ativa gerada por algum trabalho que lhe é significativo. Há inúmeras maneiras de um aposentado conseguir renda ativa trabalhando meio período. Pode fazer consultoria, montar um negócio na web ou qualquer outra coisa útil. Quanto você precisa em renda ativa? É fácil descobrir. A) Determine quanto você quer gastar por ano durante a aposentadoria. B) Calcule quanto você terá de dinheiro guardado. C) Suponha que você não conseguirá mais do que 8% de rendimento sobre esse dinheiro. Subtraia C de A. Essa é a quantia que você precisa ganhar. A primeira vantagem de incluir a renda ativa em seu plano de aposentadoria é que você fica menos vulnerável, sendo capaz de gerar mais dinheiro em caso de necessidade. O outro benefício sobre o qual ninguém fala é que isso permitirá que você tome decisões de investimentos mais inteligentes e seguras. Este é um ponto importante. Quando você é escravo do ROI, sentese pressionado a investir correndo mais riscos. Alguns desses investimentos podem funcionar. Mas a maioria irá desapontá-lo. Alguns terrivelmente. Dá para conseguir 6% ou mesmo 8% de retorno acima da inflação com relativa facilidade e segurança. Mas tentar fazer o dobro ou o triplo disso é um risco que você não deseja correr. PS. O que achou da sugestão do Mark de continuar trabalhando parcialmente mesmo depois de aposentado? Escreva para renato.torelli@cartasdaiguatemi.com.br. No próximo capítulo, falaremos sobe como chegar ao número mágico : quanto você precisa de dinheiro para se aposentar de forma tranquila.