PROGRAMAS DE JUVENTUDE NO MUNICÍPIO RIO DE JANEIRO BRENNER



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Transcrição:

PROGRAMAS DE JUVENTUDE NO MUNICÍPIO RIO DE JANEIRO BRENNER, Ana Karina - Universidade Federal Fluminense GT: Movimentos Sociais e Educação / n.03 Agência Financiadora: FAPERJ Este trabalho relata resultados parciais de pesquisa local que se insere em pesquisa nacional de investigação de políticas públicas municipais de juventude e de educação de jovens e adultos em nove regiões metropolitanas. No Rio de Janeiro, a pesquisa local coletou dados nos 20 municípios que compõem a Região Metropolitana. Os dados aqui apresentados referem-se às políticas de juventude do município do Rio de Janeiro. Os programas de juventude investigados foram selecionados seguindo critérios relacionados ao público-alvo da proposta no momento de concepção da mesma, ou seja, projetos que tenham sido planejados para atender especificamente à população jovem de 15 a 24 anos, ou ainda, que atendessem simultaneamente crianças, adolescentes (até 18 anos) e jovens ou jovens adultos (24 a 29 anos). Vários foram os projetos encontrados que haviam sido concebidos para um público mais amplo, mas, dos quais a juventude havia se apropriado, ou seja, tornaram-se o público predominante; tais projetos não foram considerados para esta pesquisa. Estes critérios foram estabelecidos para que fosse possível observar o grau de preocupação dos gestores municipais com a elaboração de políticas voltadas para a população jovem. No decorrer do processo de pesquisa foram encontrados 13 programas/projetos de juventude no município do Rio de Janeiro, destes 4 são desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, 4 na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, 2 na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 2 na Secretaria Municipal de Trabalho e Renda e 1 projeto desenvolvido pela Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química. Todos os projetos desenvolvem atividades de atenção direta a jovens (em alguns casos crianças e jovens e em outros apenas jovens), com exceção do projeto desenvolvido pela secretaria de prevenção à dependência química que se destina à formação de pessoas que trabalharão com jovens, portanto, tem foco indireto.

Os programas desenvolvidos pela secretaria de Esporte e Lazer são Viva Vôlei, Bolsa Esporte, Bola na Cesta e Germinal Mel. Os programas Viva Vôlei e Bola na Cesta destinam-se ao desenvolvimento de dois esportes específicos vôlei e basquete, respectivamente o Bolsa Esporte visa a distribuição de bolsas mensais no valor de R$80,00 a crianças e jovens que tenham habilidades esportivas comprovadas através de teste feito por professores em clubes e nas Vilas Olímpicas 1 do município os contemplados pela bolsa desenvolvem a(s) atividade(s) esportiva(s) em que apresentam maiores habilidades nos mesmos locais onde fizeram as avaliações; mesmo os que praticam mais de um esporte recebe apenas uma bolsa e o Germinal Mel desenvolve atividades esportivas diversas, à escolha de cada comunidade em que o projeto se desenvolve. Todos os quatro programas possuem equipes técnicas para desenvolverem e acompanharem as atividades, sendo que os projetos Viva Vôlei e Bola na Cesta têm equipes formadas essencialmente por professores de educação física e os outros dois programas têm equipes multidisciplinares responsáveis por sua implementação. Todos os programas têm orçamento próprio, constituído em grande parte por recursos municipais e, em menor escala, por recursos advindos de parcerias estabelecidas com ONGs. De maneira geral, os objetivos desses programas são ocupar o tempo ocioso de crianças e jovens, incluir jovens na escola regular (apesar de a matrícula em escola da rede pública ser um pré-requisito para a aprovação da participação no programa/projeto) e desenvolver o esporte de alto rendimento. Este último objetivo não está explícito nas propostas dos programas, entretanto, fica clara sua importância quando se observa a forma de avaliação dos participantes desses projetos se um jovem apresentar baixa freqüência ou rendimento é desligado do programa e as atividades desenvolvidas modalidades esportivas tradicionais como única alternativa. Percebe-se estreito relacionamento da secretaria de Esporte e Lazer com as federações esportivas, especialmente nos projetos Viva Vôlei e Bola na Cesta em que as federações de Vôlei e Basquete, respectivamente, contribuem com a capacitação do profissionais que desenvolvem o projeto, com espaço físico para sua realização e assessoria técnica. O projeto Germinal Mel estabelece parcerias com ONG e associações de moradores para a cessão de espaço físico para o desenvolvimento das atividades esportivas 1 Complexos esportivos municipais onde são desenvolvidas diversas modalidades esportivas tradicionais como vôlei, basquete, futebol, natação, handebol. As Vilas Olímpicas são destinadas à comunidade em geral e há professores de educação física que orientam as atividades.

e culturais propostas (a estrutura dos espaços cedidos determina as possibilidades de atividades a serem desenvolvidas). O programa Bolsa Esporte não estabelece parcerias diretas para sua realização, pois seu objetivo específico é distribuir bolsas para jovens com potencial de atletas, entretanto, há contatos com as Vilas Olímpicas municipais e com clubes particulares para receber as avaliações dos bolsistas. Os programas Casas de Capacitação, Agente Jovem, Jovens Ensinando Jovens e Meu Primeiro Emprego são desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, tendo a parceria da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda como parceira na implementação dos três últimos programas. De maneira geral os projetos desenvolvidos por esta secretaria visam à capacitação de jovens para inserção no mercado de trabalho ou para a continuidade da escolarização; ocupar o tempo ocioso de jovens; e combater situações de vulnerabilidade e risco social. O público alvo destes programas tem recorte etário bastante definido para a juventude, os usuários têm entre 14 e 24 anos de idade. Percebe-se que os programas que prevêem atividades de capacitação para inserção no mercado de trabalho desenvolvem atividades de trabalho manual, com pouca demanda de utilização de novas tecnologias ou, quando voltadas para o uso da informática, por exemplo, o uso é instrumental e não de desenvolvimento criativo das possibilidades oferecidas por esta tecnologia. Os cursos oferecidos nas Casas de Capacitação, por exemplo, são de manicure, cabeleireira, corte e costura. A maior parte dos recursos orçamentários dos programas é proveniente do município. Em alguns casos há composição com recursos federais, como no caso do Agente Jovem, ou com disponibilização de espaço físico e assessoria técnica de ONG, como é o caso do programa Meu Primeiro Emprego que estabelece parceria com a ONG Viva Rio. A Secretaria Municipal de Trabalho e Renda desenvolve os projetos Rio On-line e Oficina Itinerante. Na verdade os dois projetos são idênticos, entretanto, o primeiro era desenvolvido em parceria com uma ONG com a qual expirou o contrato de parceria em meados de 2003 e não foi possível renovar o contrato (não foi informado o motivo da não renovação) e nova proposta foi feita para que uma nova parceria pudesse ser firmada com outra ONG. Nota-se que a proposta extinta contava com equipe técnica de psicólogos e tecnólogos em informática para desenvolver a proposta; na reformulação para execução de

novo convênio, o projeto deixa de ter uma equipe e passa a contar apenas com um coordenador formado em informática. O coordenador dos dois programas é o mesmo e é o único dos gestores de programas da prefeitura para jovens que tem menos de 3 anos de experiência na área de juventude. Ambas propostas tiveram orçamento destinado ao desenvolvimento de suas atividades. O objetivo dos projetos é gerar trabalho e renda para jovens, alunos da rede pública municipal, que estejam cursando a 8ª série do ensino fundamental, a partir de 15 anos de idade, além de jovens portadores de deficiências físicas ou mentais. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente desenvolve o Projeto Pleitear e, em conjunto com a Fundação Parques e Jardins, o projeto multi setorial Maré-Horto Escola Maré. Ambos projetos têm como objetivo formar jovens para o cultivo de plantas ornamentais ou de hortas, para consumo próprio ou para inserção no mercado de trabalho. Chama atenção nos dois projetos a formação profissional de suas coordenadoras: uma é psicóloga e outra é professora de português e literatura. Não foi possível obter informações sobre os recursos orçamentários dos projetos, entretanto, sabe-se que o Projeto Pleitear é desenvolvido exclusivamente com recursos municipais e o projeto multi setorial Maré-Horto escola Maré tem recursos do BNDES, além de recursos municipais para seu desenvolvimento. O programa Saúde total entra na moda no Rio de Janeiro é desenvolvido pela Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química e tem como objetivo desenvolver políticas de prevenção ao uso de drogas, diminuir o uso entre os dependentes e diminuir a violência. Não há informações sobre os recursos destinados a esta ação. Este projeto é o único entre os treze projetos analisados que não tem foco direto no jovem e sim nos educadores/técnicos que trabalham com jovens. Este projeto foi inserido no banco de dados da pesquisa, pois, ainda que não tenha foco direto na juventude tem preocupação original com este público. Os educadores/técnicos ao final do curso de capacitação realizado elaboram projeto de prevenção ao uso de drogas que deverá ser desenvolvido em alguma escola ou comunidade. Chama atenção a variabilidade da duração das capacitações: os cursos podem durar de apenas um dia a vários encontros semanais, mantendo-se os mesmos objetivos independente da duração. Os instrumentos de coleta de dados constituíram-se de roteiros de entrevistas semi-

dirigidas com questões fechadas e algumas questões abertas a respeito das concepções dos gestores sobre juventude. O conjunto das respostas revelou uma percepção de transitoriedade e de esvaziamento de sentidos desta fase. Os jovens transitam entre a infância significativa em termos de desenvolvimento físico e emocional e a vida adulta significativa em termos de conquista da maturidade e de responsabilidade. Ao caracterizar a juventude como apenas trânsito entre um momento significativo da vida e outro ela se esvazia de sentidos e de possibilidades formativas e experienciais; se o jovem está se preparando para ser adulto o momento presente deixa de ter sentido, seu sentido só se concretizará quando ele atingir a idade adulta. Esta concepção impede o desenvolvimento de programas/projetos que permitam ao jovem vivenciar esta fase específica da vida como algo repleto de sentidos e significativo para sua formação como sujeito social. A pesquisa nacional está buscando perceber como são concebidas e implementadas as políticas públicas de juventude na instância municipal. Para tal, fundamenta-se na idéia de que políticas públicas estão associadas a um conjunto de ações articuladas que têm recursos para sua execução (sejam eles próprios ou conveniados) que tenham capacidade de causar impactos em uma determinada realidade social e, ainda, que envolvam uma dimensão temporal, de duração (SPÓSITO e CARRANO, 2003). Baseados nisso, podemos dizer que no município do Rio de Janeiro não há políticas de juventude, mas, tão somente programas e projetos desenvolvidos de forma isolada. Alguns projetos não têm dotação orçamentária para sua execução e, quando há recursos, a maioria dos gestores não sabe informar o montante de recursos autorizados e dos efetivamente realizados. Também não se percebe a articulação das ações entre as diversas secretarias, nem mesmo entre a mesma secretaria. Como exemplo podemos citar os programas da secretaria de meio ambiente que têm propostas bastante parecidas, com objetivos semelhantes, mas, equipes técnicas distintas que não relatam qualquer tipo de interação entre as propostas. Isso faz com que os recursos sejam pulverizados entre as distintas ações e a capacidade de produção de impactos sobre as comunidades atendidas seja reduzida. Bibliografia SPÓSITO, Marilia Pontes & CARRANO, Paulo Cesar Rodrigues. Juventude e Políticas públicas no Brasil. In: Revista Brasileira de Educação. São Paulo: Autores

Associados, nº 24, 2003.