A hora e a vez das cidades médias



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081 i n f o r m a t i v o s i n a e n c o d e z e m b r o 2 0 1 2 a n o X X I desenvolvimento regional A hora e a vez das cidades médias Elas têm taxas de crescimento populacional acima da média brasileira e desafios de cidade grande nas áreas de habitação, saneamento, planejamento e mobilidade urbana. Pág. 4 Fer errovias Investimentos anunciados pelo governo federal prometem consolidar a retomada do setor ferroviário no Brasil. Pág. 10 Arquitetur quitetura O projeto do novo campus da UFPR, em Curitiba, e a proposta vencedora para o centro de exposição agropecuária de Planaltina (DF). Pág. 14 Consulte :: Informativo Sinaenco :: 1

editorial Sinaenco, 25 anos pensando o futuro do Brasil Ao completar, em 2013, 25 anos de atuação em defesa da qualidade do projeto e das demais atividades da arquitetura e da engenharia consultiva, o Sinaenco programou para este próximo ano uma série de atividades nas quais estarão presentes os grandes temas objeto das atividades centrais da entidade, desde a sua fundação, em 1988. Mas, mais do que relembrar a importância e a relevância das suas Os 25 anos do Sinaenco servirão para provocar reflexões nas autoridades e na sociedade sobre a necessidade de planejar para garantir o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras ações, algumas delas de grande repercussão pública, outras, menos reverberantes, mas de importância para as empresas associadas e filiadas, o Sindicato pretende utilizar essa data comemorativa para provocar reflexões nas autoridades e na sociedade sobre a necessidade de adoção de políticas de planejamento que possam garantir o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras e do país como um todo. Será lançado um livro comemorativo e teremos a realização de um ciclo de eventos nas 13 regionais do Sinaenco sobre o futuro das capitais brasileiras. Nesse sentido, reafirmamos a importância da participação de associados e filiados ao Sinaenco como parte integrante de um projeto para o setor e para o Brasil. Participe e contribua para aprimorar a qualidade de nossas reflexões, de olho nas próximas décadas. Coerente com esse temário que permeará nossas atividades no próximo ano, trazemos nesta edição uma série de reportagens específicas sobre o desenvolvimento nas cidades médias brasileiras. A importância desses municípios como polos regionais de desenvolvimento não deve passar despercebido: eles exibem, de acordo com as estatísticas do IBGE, os maiores índices de crescimento entre as cidades brasileiras. As cidades médias, de acordo com o instituto, elevaram em 2,5 pontos percentuais sua participação no PIB e responderam, em 2010, por 28,2% da economia do país, contra 41% do relativo às grandes cidades. Faltam, porém, políticas específicas federais e estaduais para esses protagonistas regionais da economia brasileira, de acordo com a diretoria do Ipea. Em outra seara, mostramos em reportagem especial sobre os transportes ferroviários que esse modal vive uma nova fase, após décadas de hibernação e até de retrocesso. Para isso contribuirá o Programa de Investimentos em Logística Rodovias e Ferrovias, com previsão de investir R$ 56 bilhões nos próximos cinco anos no setor; até 2038, a estimativa é de o governo e a iniciativa privada aplicarem R$ 38 bilhões no setor ferroviário. A importância de investimentos nos diversos projetos e obras do segmento ferroviário é destacada por todos os especialistas econômicos e setoriais a ferrovia oferece fretes mais baratos, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros, aqui e no exterior. Por isso, a previsão do Ministério dos Transportes de acrescer cerca de 7% ao total de ramais ferroviários existentes atualmente, elevando para 32% a participação do modal no transporte de cargas no país, é alvissareira. Nunca é demais ressaltar que, para atingir essa meta, é fundamental planejar, contratar no prazo adequado, pela melhor técnica e preço e com as condições necessárias os projetos exigidos ao desenvolvimento das obras. Parafraseando um ex-presidente da República, planejar e projetar bem é o que importa para o desenvolvimento sustentável do país. Boa leitura! João Alberto Viol, presidente Sinaenco: Diretoria Nacional: João Alberto Viol (Presidente), Antonio Moreira Salles Netto (VP de Gestão e Assuntos Institucionais), José Luiz Amarante (VP de Administração e Finanças), Lineu Rodrigues Alonso (VP de Ética e de Proteção à Consultoria), Orlando Botelho Filho (VP de Engenharia), Eduardo Sampaio Nardelli (VP de Arquitetura), Luiz Alberto Teixeira (VP de Ciência e Tecnologia), João Coelho da Costa (VP de Relações Trabalhistas e Assuntos Intersindicais), Antonio Othon Pires Rolim (Diretor Executivo). Consulte é uma publicação do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva. Rua Marquês de Itu, 70-3º. andar - CEP 01223-000 - São Paulo - SP - tel.: 11 3123-9200 - fax: 11 3120-3629 - site: www.sinaenco.com.br - e-mail: sinaenco@sinaenco.com.br. Editora Mandarim: Silvério Rocha MTb 15.836 (jornalista responsável), Marcos de Sousa, Graziela Silva, Rodrigo Prada, Regina Rocha, Felipe Castro, Diego Salgado e Vanderson Pimentel (reportagem e redação) - Projeto gráfico: Hiro Okita - Diagramação e arte: Juca Zaramello - Fotolitos, impressão e acabamento: Indusplan. Foto da capa: DBCostella / Wikimedia Commons - Tiragem desta edição: 14.750 exemplares. 2 :: :: Informativo Sinaenco :: :: Consulte

entrevista Relações de trabalho para além da data-base Para a advogada trabalhista e ex-secretária de Relações de Trabalho do MTE, Zilmara Alencar, falta ao movimento sindical brasileiro cultura negocial. As entidades sindicais precisam avançar, diz, estabelecendo diálogo permanente para solucionar os conflitos diários entre patrões e empregados. Como podemos caracterizar as relações de trabalho no Brasil? Quais as principais tendências? As relações de trabalho no Brasil estão em processo de construção. O amadurecimento dessas relações é às vezes forçado, precoce. E por isso guarda algumas características que lhe são próprias. Como o país está em pleno crescimento, a tendência é não mais a defesa dos direitos, mas o avanço nos direitos. Tanto os sindicatos laborais, como patronais, vão cada vez mais perceber a necessidade de não só ficar na linha de defesa, mas partir para o ataque. Sejam os sindicatos patronais exigindo maior flexibilidade para desenvolver sua atividade econômica, sejam os trabalhadores assumindo o discurso: Eu não vou permitir, patrão, que você flexibilize este direito, porque eu estou querendo avançar em cima dele. A relação, então, vai se tornar mais difícil? Mais intensa. Até há pouco tempo, essa linha de defesa era coerente, porque tínhamos altos índices de desemprego e o trabalhador precisava defender o básico, como ter carteira assinada. Hoje, com carência de mão de obra, vamos para um patamar de discussões mais avançadas. Mas precisamos de mais amadurecimento dos sindicatos no que diz respeito à consciência negocial. Ainda estamos muito na política de qual a data-base daquele sindicato? Outubro. Então deixamos para negociar em outubro. E como se dá esse amadurecimento? Precisamos abandonar essa cultura de data-base, proveniente de períodos inflacionários. O amadurecimento do movimento sindical envolve a implantação de mesas permanentes de negociação. Por exemplo, surgiu um problema relacionado à vistoria de bolsas na saída da fábrica. Se há uma mesa de negociação marcada para aquele mês, é uma oportunidade para discutir os procedimentos, resolver o problema. E na medida em que as negociações patrão-empregado vão se consolidando, o Estado vai mais e mais retirando a mão dessas relações. Infelizmente, estamos passando por um processo de judicialização das relações de trabalho, que se traduz na substituição de quem vai resolver o problema. Os sindicatos devem encarar a responsabilidade e, entre eles, negociar e não jogar para um terceiro arbitrar. Isso acaba gerando um ativismo legislativo que traz impactos negativos para todos. E a formação de cooperativas de trabalho? É também uma tendência? Tenho que avaliar de acordo com que o Congresso faz. Se é aprovada, como foi recentemente, a lei 12.690/2012 falando sobre cooperativas, eu entendo que sim. Particularmente, acredito ser temerário quando a lei chega, mas as relações ainda não estão institucionalizadas. A 12.690 pode chegar a despertar o empreendedorismo e a solidariedade, mas temo por sua má aplicação. Como podemos caracterizar a atuação dos sindicatos, federações e outras entidades patronais? As entidades têm encontrado formas de trabalhar em conjunto por bandeiras universais? A organização sindical no Brasil se estruturou por área de atividade econômica, o que acabou criando resistência à coletivização. Temos hoje dez confederações patronais e 28 laborais. Para analisar as bandeiras universais na esfera patronal, precisamos olhar para a atuação das confederações. O Código Florestal é um tema que interessa a todos. Mas quando se fala no assunto imediatamente pensamos na CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Assim como na desoneração da folha de pagamentos: o que vem à cabeça é CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ou seja, não se vê com frequência o conjunto patronal atuando. A universalidade, se existe, é ainda limitada. Consulte :: :: Informativo Sinaenco :: :: 3

desenvolvimento regional A hora e a vez das cidades médias Elas têm taxas de crescimento populacional acima da média brasileira e desafios de cidade grande em áreas como habitação, saneamento, planejamento e mobilidade urbana. Se antigamente as pessoas migravam para as metrópoles em busca de empregos, hoje são as cidades médias no interior do país que exercem fascínio entre os brasileiros à procura de oportunidades de emprego e melhores condições de vida. As estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram bem a tendência: os municípios brasileiros que irão registrar maior crescimento entre 2000 e 2012 são aqueles com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. É o caso de cidades como Chapecó, no oeste de Santa Catarina, cuja população saltou de 146 mil em 2000 para 189 mil neste ano, segundo o instituto. Embalada pelo agronegócio, Rio Verde, em Goiás, também teve um boom demográfico: foi de 116 mil residentes em 2000 para os atuais 186 mil. Apesar de o movimento rumo ao interior ser positivo pelo impulso que dá ao desenvolvimento dessas regiões, o inchaço das cidades médias preocupa. A questão é que o rápido crescimento, geralmente não acompanhado por políticas de planejamento urbano de longo prazo, acaba resultando em problemas comuns às metrópoles de hoje em dia. São desafios ligados, em sua maioria, à desigualdade socioespacial, ao trânsito pesado e à falta de saneamento básico. O cenário levou à criação de um grupo de estudos voltado especificamente para o tema: a Rede de Pesquisadores das Cidades Médias (ReCiMe). Criada em 2007, a rede conta com mais de 40 pesquisadores em 14 universidades da rede pública brasileira dedicados à pesquisa das diferentes cidades médias espalhadas pelo país. Trata-se de um novo Brasil urbano que não é o dos espaços metropolitanos e que tem um conjunto de especificidades. Essas cidades se relacionam com outras maiores e menores de forma diferente. Por isso, merecem ser estudadas, explica a professora Maria Encarnação Beltrão Sposito, do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) campus de Presidente Prudente, e coordenadora da ReCiMe. A pesquisadora explica que uma cidade média brasileira, de acordo com as diretrizes da rede, não deve ser parte integrante de uma Região Metropolitana, ou mesmo de uma Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (Ride), como a região do entorno de Brasília ou da Grande Teresina, pois a dinâmica de A cidade de Chapecó (SC) ganhou mais de 40 mil habitantes em menos de u desenvolvimento é muito diferente nos dois casos. Estudamos aqueles municípios que desempenham papel de comando regional, que fazem intermediação com as pequenas cidades. Não é o caso de uma cidade da Região Metropolitana de São Paulo, como Cotia ou Mauá, explica Sposito. De acordo com esses critérios, o interior paulista é o que apresenta a maior e mais bem desenvolvida cadeia de cidades médias. É o que se pode observar no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM 2012), publicado em dezembro. Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o estudo revela que as dez cidades com melhor índice socioeconômico do país estão situadas no estado, das quais nove no interior a capital paulista é ape- 4 :: :: Informativo Sinaenco :: :: Consulte

ma década. nas a 32ª no ranking nacional. O índice calcula o desenvolvimento socioeconômico dos municípios numa escala de 0 a 1, abrangendo três áreas (emprego e renda, educação e saúde), com base em estatísticas dos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Outro levantamento, do IBGE, do Censo 2010, demonstra a força econômica das cidades médias: elas elevaram em 2,5 pontos percentuais sua participação no PIB e agora respondem por 28,2% da economia do país, contra 41% do correspondente às grandes cidades. Para a coordenadora da ReCiMe, indicadores como estes provam que as cidades médias, de forma geral, estão desempenhando papéis regionais cada vez mais fundamentais. Há um aumento no papel das cidades médias, que estão ficando DBCOSTELLA / WIKIMEDIA COMMONS mais importantes. Porque anteriormente, no modelo de capitalismo fordista que a gente tinha, a tendência era a grande concentração de todos os papéis econômicos nas metrópoles. E hoje parte dessas atividades também está presente nas cidades médias. É resultado de uma descentralização, avalia Sposito. O papel de protagonistas no desenvolvimento regional recente não tem sido acompanhado de atenção específica por parte dos governos estaduais e federal, acredita o coordenador da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Miguel Matteo. Não vejo uma política estadual e nem federal voltada para as cidades médias. Simplesmente não existe. As prefeituras é que têm de correr atrás, buscar investimentos para a região, planejar, ter atitude proativa. E confiar em um prefeito que seja bom, que elabore planos diretores decentes. O problema, segundo o especialista do Ipea, é que sem planejamento adequado para essas cidades, daqui a 10, 20 anos, elas estarão enfrentado os mesmos problemas das grandes cidades brasileiras. E, então, elas já estarão entupidas. Algumas já estão, afirma. Até aqui, a única iniciativa por parte do governo federal foi o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Cidades Médias, em julho. Contemplando 75 municípios com população entre 250 mil e 700 mil em 18 estados brasileiros, o programa disponibiliza R$ 7 bilhões para o financiamento de obras de mobilidade urbana nestes municípios. Metade das cidades médias abarcadas pelo PAC estão nas zonas metropolitanas. Seja por vias próprias ou com auxílio de diferentes entes federativos, alguns municípios de médio porte estão buscando caminhos para driblar as dores do crescimento, embora a mobilização ainda seja tímida. Com informações do grupo ReCiMe, do Ipea, e a partir de dados do IBGE, o boletim Consulte conta, nas próximas páginas, algumas dessas iniciativas. Crescimento das cidades brasileiras, segundo o número de habitantes (2000-2012) Total acima de 1.000.000 de 500.001 a 1.000.000 de 200.001 até 500.000 de 100.001 até 200.000 de 50.001 a 100.000 de 20.001 a 50.000 de 10.001 a 20.000 até 10.000 0,000-0,677% Fonte: IBGE (Estimativa Populacional dos Municípios) 1,122% 1,648% 1,606% 2,081% 1,738% 0,689% 0,873% Taxas médias de crescimento anual (%) Consulte :: Informativo Sinaenco :: 5

desenvolvimento regional As desigualdades na habitação Existe um aparente paradoxo em muitas das cidades médias brasileiras quando o assunto é habitação. A economia melhorou, a população tem maior poder aquisitivo, mas a localização do espaço de vida piora para os mais pobres, e se torna mais elitizada para os que podem pagar, diagnostica a professora Maria Sposito. A pesquisadora cita a atuação de construtoras de moradias populares, como a mexicana Homex, no interior do país, e a implantação de programas como o Minha Casa Minha Vida, federal, e da CDHU do estado de São Paulo. Em alguns casos, as residências populares são instaladas em áreas distantes, fazendo com que a população mais pobre fique muito longe do centro, naquilo que ela classifica como segregação socioespacial. Além disso, os loteamentos exigem esforço extra do poder público, que precisa levar infraestrutura básica, serviços e equipamentos para essas áreas. Um dos instrumentos importan- Conjunto habitacional em Sorocaba recebeu famílias que viviam em áreas de risco. ZAQUEU PROENÇA / DIVULGAÇÃO PREFETURA DE SOROCABA tes para a condução de políticas na área são os chamados planos de habitação, determinados pelo Estatuto das Cidades, aprovado em 2001. Com cerca de 600 mil habitantes, Sorocaba, no interior paulista, é um dos municípios de médio porte que já têm este plano estruturado. Concluído em julho de 2011, o documento traz um diagnóstico da situação da cidade na área habitacional e estabelece as áreas prioritárias para ações e investimentos. Os dados do estudo apontam um déficit de cerca de 11 mil unidades habitacionais e a necessidade de regularização fundiária de 15 mil imóveis (sendo a maior parte, regularização jurídica). A conclusão do Plano de Habitação consolida ações que já vinham sendo desenvolvidas no município, parte delas em parceria com os governos estadual e federal. Entre os programas estruturados estão o Vítima Zero de Enchente, destinado a famílias residentes em áreas de risco, e o Cidade Legal, cujo objetivo é regularizar a situação de imóveis em 54 áreas especiais de interesse social. Segundo a Secretaria de Negócios Jurídicos de Sorocaba, já foram entregues 205 títulos de propriedade definitiva, 331 concessões especiais de moradia e 534 matrículas de imóveis por meio do Cidade Legal. Com relação à construção de unidades habitacionais, a prefeitura informa que, entre 2005 e 2012, foram construídas 3,2 mil moradias. Saneamento é desenvolvimento A falta de saneamento básico é um dos problemas mais corriqueiros decorrentes da explosão demográfica das cidades médias. Segundo a coordenadora da ReCiMe, Maria Encarnação Sposito, o desafio é ainda mais agudo em cidades do Norte e Nordeste, como Marabá (PA) e Mossoró (RN). Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, existem municípios que já apresentam índices muito favoráveis neste quesito. É o caso de Presidente Prudente, no oeste paulista. Hoje, a cidade de 210 mil habitantes (IBGE 2012) é totalmente atendida com água tratada, esgoto coletado e tratado, de acordo com informações da unidade regional da Sabesp na região do Baixo Paranapanema. No entanto, foi necessário um investimento maciço desde 1978, quando a concessionária assumiu os serviços do município. Naquela época, somente 79% dos cidadãos de Presidente Prudente tinham acesso à água tratada e apenas 55% do esgoto era coletado não havia sequer tratamento. Ao longo dos últimos 34 anos, foram investidos R$ 715 milhões nos sistemas de saneamento, o que rendeu resultados palpáveis, como 6 :: Informativo Sinaenco :: Consulte 6 :: Informativo Sinaenco :: Consulte

DIVULKGAÇÃO SABESP Estação de tratamento em Presidente Prudente: muito próximo da universalização dos serviços. a queda no índice de mortalidade infantil, que passou de 43 por mil nascidos vivos em 1978 para nove em 2011, diz o superintendente da unidade regional da Sabesp sediada Critérios divergentes Se há uma coisa com a qual os especialistas e institutos concordam é que as cidades médias são muito diferentes entre si. Uma coisa é uma cidade média no sertão nordestino, outra coisa é uma cidade média em uma área de expansão agrícola moderna, como no Centro-Oeste. E outra coisa é uma cidade média no interior de São Paulo, onde a rede é muito grande e consolidada. Enfim, é interessante pesquisar as semelhanças e, principalmente, diferenças que existem entre elas, afirma a professora Maria Sposito. Em termos de classificação populacional, mais divergências. O critério do governo federal, quando do lançamento do PAC da ao governo do estado de São Paulo, trabalhou em conjunto com a administração municipal de Presidente Prudente. E se o Censo 2010 do IBGE mostrava que 1,2% das residências em Prudente ainda contavam com esgoto a céu aberto, os dados atuais da Sabesp mostram que o saneamento já foi universalizado na cidade, com 100% das residências com tratamento de esgoto e água tratada. No município, além da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Limoeiro, existem 42 estações elevatórias que garantem a transmissão de mais de 400 litros de esgoto por segundo até a estação principal. Já em relação à água tratada, Presidente Prudente conta com três fontes de captação: os rios do Peixe e Santa Anastácio e o balneário da Amizade, sendo o primeiro responsável por 70% do abastecimento da população. Segundo a Sabesp, são 60 milhões de litros de água passando diariamente pela Estação de Tratamento. Anualmente, a empresa ainda investe R$ 10 milhões para aprimorar o tratamento de esem Presidente Prudente, o engenheiro Antero Moreira França Jr. Segundo o superintendente, os bons índices só foram obtidos porque a Sabesp, concessionária liga- Mobilidade Cidades Médias, aponta que estas cidades de médio porte devem ser classificadas entre 250 mil e 700 mil, diferente do IBGE, que considera a faixa entre 200 mil e 600 mil habitantes. Para a ReCiMe, por outro lado, não se pode realizar este recorte populacional de forma tão precisa. O que nós consideramos como cidade média não é exatamente uma cidade com tamanho populacional médio, porque um município que tem 300 mil habitantes pode fazer parte de uma Região Metropolitana, e não são essas que nós estudamos, e sim as que têm papel de comando regional, explica Sposito. Consulte :: :: Informativo Sinaenco :: :: 7

desenvolvimento regional goto e abastecimento de água potável no município, com foco nos distritos. Uberlândia avança em mobilidade Com cerca de 600 mil habitantes, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é figurinha certa quando o assunto é mobilidade urbana. De todas as cidades que estudamos, Uberlândia é realmente a que melhor desenvolveu uma proposta de transporte, confirma a professora Maria Sposito, da ReCiMe. Tem terminais, modais de exclusividade, sinalização adequada, programa adequado para os portadores de deficiência. A cidade tem um sistema integrado de transportes desde 1997 e, a partir de 2006, passou a contar com um corredor estruturante de BRT (Bus Rapid Transit) na avenida João Naves de Ávila, inspirado nos corredores idealizados por Jaime Lerner em Curitiba. A linha de BRT, com aproximadamente 8 km, conecta a região central da cidade (Terminal Central) à zona sul (Terminal Santa Luzia). A implantação do modal, inclusive, universalizou o acesso ao transporte público na cidade. A partir desse corredor estruturante, pudemos avançar no aspecto da acessibilidade, com todas as estações de embarque e desembarque contempladas com elevadores, piso podotátil e uma série de recursos para beneficiar o usuário com deficiência, explica o titular da Superintendência da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Urbana, Edson Luiz Lucas de Queiroz. De acordo com Queiroz, a cidade tem 100% da frota acessível e há integração plena dos modais. O indivíduo consegue rodar a cidade toda e retornar para casa utilizando uma única passagem, explica. O custo da tarifa na cidade do Triângulo Mineiro é de R$ 2,60. A preocupação com mobilidade urbana e acessibilidade foi reconhecida em maio deste ano pela Organização das Nações Unidas (ONU), que, em conjunto com a cidade de Dubai, concedeu a Uberlândia o Prêmio Internacional de Dubai para Boas Práticas, vinculado ao Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat). O projeto de melhoria do sistema de transporte coletivo de Uberlândia é coordenado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a prefeitura local. O planejamento urbano de Sinop Sinop, em Mato Grosso, tem seu nome derivado de Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná, empresa que idealizou e implantou o projeto urbanístico da cidade, fundada em 1970. O traçado original previu a organização do município em áreas residenciais, comerciais e industriais, além da construção de largas ruas e avenidas adequadas ao movimento das 70 mil pessoas que, projetava-se, viveriam ali nas décadas seguintes. Por muitos anos, a extração da madeira embalou a economia, mas foi o plantio bem-sucedido de culturas como a soja, o milho e o algodão no Cerrado que impulsionou o desenvolvimento de Sinop. O sucesso no campo abriu caminho para outras atividades e, a partir dos anos 1990, a cidade foi se transformando em polo regional de serviços, principalmente nas áreas da educa- Acesso a financiamento esb DANIEL NUNES / DIVULGAÇÃO PREFEITURA DE URBERLÂNCIA Uberlândia, no Triângulo Mineiro, reestruturou o sistema de transporte público. O governo federal já recebeu 110 propostas de 71 municípios pleiteando recursos para o transporte urbano do PAC das Cidades Médias. Mais da metade, porém, não tem projeto básico e apenas oito apresentam projeto executivo pronto, o que deve atrasar ou mesmo inviabilizar algumas intervenções. As informações são da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SeMob), vinculada ao Ministério das Cidades. Pelos critérios do programa, as propostas devem ter, no mínimo, um estudo preliminar e funcionalidade 8 :: :: Informativo Sinaenco :: :: Consulte

ADEMIR JR./ DIVULGAÇÃO PREFEITURA DE SINOP ção e da saúde. O crescimento populacional mais intenso coincide com essa época. De 2000 a 2007, a população passou dos 70 mil previstos no planejamento original para mais de 100 mil habitantes. A expansão vertiginosa acendeu a luz amarela na administra- arra na falta de projetos comprovada. As propostas mais embasadas tecnicamente têm mais chances de conseguir os recursos. Um dos problemas apontados pela Secretaria é a falta de técnicos nas prefeituras especializados na elaboração de projetos de transporte público. Há mais de 20 mil empresas brasileiras de projetos e consultoria espalhadas pelo Brasil, parte significativa delas especializadas na elaboração de projetos de mobilidade urbana e que podem suprir essa deficiência das prefeituras, afirma Antônio Rolim, diretor-executivo do Sinaenco. A planejada Sinop (MT) busca agora orientar o rápido crescimento da cidade. ção da cidade, conta o arquiteto Renato Grotto, diretor-executivo do Núcleo de Projetos de Desenvolvimento Urbano de Sinop (Prodeurbs). Uma das primeiras medidas no sentido de orientar o crescimento foi a determinação, em 2001, de que novos loteamentos fossem implantados apenas com a devida infraestrutura. Em 2006, após longas discussões, foi aprovado o plano diretor do município, que estabelece regras de uso e ocupação do solo, critérios para formação de novos bairros, entre outras medidas destinadas a orientar o crescimento. Prevemos cinco zonas de expansão. Por enquanto, apenas a primeira está sendo implantada. Segundo Grotto, devem começar em 2013 as discussões em torno da revisão do plano diretor. Afinal, a projeção é de que a cidade continuará atraindo novos moradores, interessados em uma economia que apenas este ano ganhou mil novas empresas. No dado mais recente do IBGE (2012, estimativa populacional dos municípios), a população total de Sinop é de 118 mil habitantes. As avenidas largas projetadas há quase 40 anos ainda comportam o movimento. Mas se a frota de veículos continuar a crescer cerca de 10% ao ano, como vem ocorrendo desde 2008, será necessário pensar em soluções para evitar congestionamentos. Outro desafio é ampliar a cobertura da rede de saneamento, que é de 50% na chamada área urbana consolidada, correspondente à área planejada pela Sociedade Imobiliária. Sinop é uma cidade média interessante, que soube lidar com o desenvolvimento, soube controlar a explosão populacional, afirma o diretor do Ipea, Miguel Matteo. Em uma cidade média, investir em planejamento urbano é fundamental. Para não ver reproduzir nela todas as mazelas que afetaram os grandes municípios, como a pobreza, a violência, a carência de saúde e de educação e a falta de saneamento básico. O reconhecimento do papel estratégico do planejamento é uma das bandeiras defendidas pelo Sinaenco. A gestão competente sempre olha para o futuro, planeja antes, estuda as soluções e desenvolve cidades que oferecem condições urbanas e sociais dignas para os cidadãos que ali vivem. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 9

ferrovias De volta aos trilhos Investimentos anunciados pelo governo federal prometem consolidar a retomada do setor ferroviário no Brasil. Não é exagero afirmar que o Brasil vive uma nova fase no setor ferroviário. Os investimentos, anunciados pelo governo federal, em agosto deste ano, prometem consolidar a retomada da expansão das ferrovias brasileiras. Segundo o Programa de Investimentos em Logística Rodovias e Ferrovias, R$ 56 bilhões serão investidos nos próximos cinco anos no setor. Até 2038, serão mais R$ 35 bilhões. Nunca houve tantos investimentos como agora. O setor precisa aproveitar esse momento para desenvolver tecnologia nacional e consolidar as já existentes, acredita Fernando Marques de Almeida Nogueira, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em transporte ferroviário. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável por sete concessioná- rias do setor, está à frente das obras de adequação e retificação da malha. No total, os investimentos chegam a R$ 1,03 bilhão. Considerando-se as obras já contratadas e não iniciadas e obras a contratar com projetos concluídos ou em andamento, são mais R$ 2 bilhões. Não podemos pensar em readequação da malha como um projeto acabado, pois sempre surgirão novas necessidades, afirma o diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, Mario Dirani. A Valec Engenharia e Construções, estatal que desenvolve projetos ferroviários, é responsável pela construção da principal linha, a Norte-Sul, que terá 3.704 km e ligará seis estados (Goiás, Maranhão, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins). No trecho entre Açailândia (MA) e Palmas (TO) os trens já operam comercialmen- DIVULGAÇÃO / MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO te. Os outros 855 km, de Palmas até Anápolis (GO), devem ser concluídos até setembro de 2013. Já o trecho que vai de Ouro Verde (GO) a Estrela D Oeste (SP) tem 25% de conclusão e deve ser entregue em 2014. O investimento total será de R$ 11,16 bilhões. A construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) entre Figueirópolis (TO) e Ilhéus (BA), com uma extensão de 1.527 km, também é de responsabilidade da Valec. As obras custarão R$ 7,25 bilhões. Esses projetos que estão sob a responsabilidade da Valec não somam nem a metade do programa de expansão, afirma a empresa por meio da assessoria de imprensa. Segundo a estatal, apenas a construção da Transcontinental representará mais 4.640 km na malha ferroviária do país. A linha ligará o litoral do estado do Rio de Janeiro à divisa com o Peru, passando por Muriaé, Ipatinga e Paracatu (MG); Brasília (DF); Uruaçu (GO); Cocalinho, Ribeirão Cascalheira e chegando a Lucas do Rio Verde (MT). Pontos de parada O calcanhar de aquiles dessa nova expansão é a burocracia. Para Dirani, o problema não está nos estudos de viabilidade técnica e ambiental. Segundo ele, os termos de referência, hoje, estão mais bem-definidos e elaborados. O trâmite de obtenção da licença prévia do empreendimento para a elaboração do projeto executivo é o causador dos maiores entraves. Busca-se agora simplificar, com a contratação integrada da supervisão e da gestão ambiental, o que resultará em economia de tempo e recursos, afirma. 10:: :: Informativo Sinaenco :: :: Consulte

DIVULGAÇÃO / MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO Em contrapartida, a Valec defende o processo. É normal e natural, sobretudo porque as empresas também têm de fazer a sua parte no que se refere à necessidade de preservar e melhorar as condições do meio ambiente. Ritmo acelerado O objetivo do governo é conceder à iniciativa privada mais 10 mil km de ferrovias federais. O montante diz respeito à malha já existente e aos novos projetos. A desestatização do setor teve o pontapé inicial em 1996, quando 12 concessões ferroviárias ocorreram no país. Com o novo cenário, o setor deu os primeiros sinais de recuperação. De 2006 a 2011, por exemplo, o investimento oriundo da iniciativa privada saltou de 1,79 bilhão para 4,93 bilhões. Em paralelo, a quantidade de carga transportada também cresceu: de 389 para 453 milhões de toneladas. O governo prevê um crescimento maior ainda nesse aspecto. A ideia é aumentar a participação das ferrovias na movimentação de cargas. Segundo o Plano Nacional de Logística e Infraestrutura, formulado pelos ministérios dos Transportes e Defesa, o setor teria um acréscimo de 7% no transporte de carga do país, atingindo 32%. Hoje, das 12 concessionárias, apenas duas realizam o transporte de passageiros, nos trechos Carajás (PA) - São Luís (MA) e Belo Horizonte (MG) - Vitória (ES). No sentido inverso ao observado no transporte de cargas, os números do transporte de pessoas caíram. Em 2005, 1,5 milhão de passageiros utilizaram a malha ferroviária brasileira. No ano passado, por sua vez, apenas 1,3 milhão utilizou o sistema. De acordo com Nogueira, o transporte ferroviário de passageiros limita-se quase totalmente ao trens metropolitanos. Para mudar essa concepção, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou que os 10 mil km de ferrovias que o governo pretende licitar estarão aptos para transportar passageiros. Antes, sobretudo, será preciso aumentar a velocidade dos trens para que o transporte de cargas conviva em harmonia com o transporte de passageiros. Nesse contexto, um projeto tido como prioritário pelo governo é o do trem de alta velocidade (TAV), entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas (SP). A expectativa inicial era lançar a licitação ainda em 2009. O processo, porém, não despertou interesse das empresas. O governo federal decidiu, então, dividir o processo em duas partes: uma para escolher os responsáveis pela fabricação dos trens e a operação do sistema e outra para a construção do projeto. O leilão, agora, está marcado para setembro de 2013. O custo do TAV aproximado é de R$ 33 bilhões. Os grandes projetos em curso Norte-Sul Extensão: 3.704 km (dos quais 720 km entre Açailândia (MA) e Palmas (TO) concluídos) Responsável: Valec Estados: Goiás, Maranhão, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Investimento: R$ 11,16 bilhões Conclusão: julho de 2014 (para as obras em andamento) Status: Obras em andamento entre Açailândia (MA) e Estrela D Oeste (SP), com 2.254 km. Trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), com 855 km, está na fase final, e entre Ouro Verde (GO) e Estrela D Oeste (SP) tem 25% de conclusão. Na fase de projeto: Estrela D Oeste (SP) a Porto Murtinho (MT), com 970 km, Açailândia (MA) e Barcarena (PA), com 480 km, e Panorama (SP) a Rio Grande (RS), com 1.620 km. Integração Oeste-Leste Extensão: 1.527 km Responsável: Valec Estados: Bahia e Tocantins, entre Figueirópolis (TO) e Ilhéus (BA). Investimento: R$ 7,25 bilhões Conclusão: agosto de 2015 Status: em andamento entre Barreiras e Ilhéus (BA), com 1.022 km. Em estudos: Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO) - com 505 km. Nova Transnordestina Extensão: 1.728 km, ligando Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Pecém (CE) e de Suape (PE). Responsável: Dnit (projeto executivo) Estados: Piauí, Ceará e Pernambuco Investimento: R$ 6,8 bilhões Conclusão: final de 2014 Status: Obras em andamento em 874 km da linha. Fontes: Dnit, Ministério dos Transportes. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 11

Sinaenco Brasil 25 anos pensando o futuro O Sinaenco comemora, em 2013, 25 anos de fundação. Para marcar a data, diversas ações estão sendo planejadas, entre elas a publicação de livro comemorativo e a realização de ciclo de eventos nas Integração nacional 13 regionais sobre o futuro das capitais brasileiras. Mais que celebrar, a proposta é provocar reflexões nas autoridades e na sociedade sobre a necessidade da adoção de políticas de planejamento, que possam garantir o desenvolvimento sustentável das cidades do país. A marca dos 25 anos já está definida. O selo ao lado, criado pelo designer Juca Zaramello, foi escolhido pelos associados, por meio de enquete no site do Sinaenco. As atividades que serão desenvolvidas ao longo do próximo ano serão identificadas por esta marca. Fique ligado. Participe! Copa das Confeder sedes para conclui O Sinaenco e o Portal 2014 realizaram, entre agosto e novembro, o último ciclo de seminários do Road Show 2013 é Amanhã. Nesta fase, os eventos aportaram nas cidades do Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte e Brasília, que vão receber a Copa das Confederações no próximo ano. Os desafios das sedes para viabilizar no prazo os projetos das arenas e os empreendimentos de infraestrutura pautaram as discussões. A seguir, um resumo dos seminários em cada cidade. Rio de Janeiro - Além das obras no estádio do Maracanã, no aeroporto do Galeão e de mobilidade urbana, as palestras técnicas focaram os No dia 19 de outubro, os funcionários das regionais do Sinaenco participaram do primeiro Encontro para Treinamento e Capacitação, promovido na sede nacional do Sindicato, em São Paulo. O programa da reunião ofereceu à equipe informações sobre procedimentos da área de cadastro e contribuições, operações dos setores administrativo e financeiro, e funcionamento da área de arquivo e documentação. Aspectos jurídicos relacionados à atuação do Sindicato e questões sobre comunicação da entidade com a sociedade também foram abordados. O objetivo do encontro, que deve se tornar uma ação permanente, é gerar integração entre os funcionários e capacitá-los para atuar regionalmente, mas tendo sempre como norte os objetivos e procedimentos gerais do Sinaenco. Relatório aponta problemas na infraestrutura de João Pessoa No dia 29 de novembro, o Sinaenco/PB apresentou o relatório do PPV (Prazo de Validade Vencido), que aponta problemas em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas da cidade de João Pessoa decorrentes da falta de manutenção. O trabalho, que integra a Campanha Nacional pela Manutenção do Ambiente Construído do Sinaenco, foi a primeira ação pública da regional, criada no ano passado. Essas obras são feitas para durar anos e anos, mas, para isso, precisam ser submetidas periodica- 12 :: Informativo Sinaenco :: Consulte

ações: o desafio das r as obras a tempo projetos dos Jogos Olímpicos, que a cidade abrigará em 2016. O evento foi prestigiado por autoridades como Ícaro Moreno Junior, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Pinto da Silva, secretário municipal de Obras, Pedro Augusto Guimarães, secretário municipal de Turismo. Apesar dos problemas e incertezas, a quantidade de projetos e obras em execução no Rio de Janeiro, dão a confiança de que o legado será muito bom para a população, disse o presidente do Sinaenco/RJ, Marcio Amorim. Fortaleza - Os debates no evento realizado na capital cearense se concentraram nas obras de mobilidade urbana, com ênfase nas dificuldades em projetos como o VLT Parangaba- Mucuripe e nas linhas de BRT. Temos um grande desafio a vencer localmente que é a questão das obras de mobilidade urbana. Devido ao pouco tempo para a Copa das Confederações, precisamos ter cuidado com os prazos, lembrou o presidente da regional, Arthur Oliveira. Belo Horizonte - O seminário abordou o modelo adotado pela cidade para ter obras de estádio e de mobilidade urbana entre as mais avançadas entre as 12 sedes da Copa. De acordo com o presidente do Sinaenco/MG, Maurício de Lana, no caso dos BRTS, tem sido possível a Belo Horizonte atender os prazos da Fifa, porque as obras foram iniciadas antes da confirmação da capital mineira como sede do megaevento. Brasília - Um dos temas em destaque foi a possibilidade de o Estádio Nacional Mané Garrincha conquistar o selo Leed Platinum, o que garantiria à arena o título de estádio mais sustentável do mundo. Outros assuntos em debate foram o plano de mobilidade urbana de Brasília, cujo principal projeto, o VLT, teve a data de conclusão adiada para 2014, e a obras de modernização do Aeroporto Juscelino Kubitschek. mente a manutenções. Custa menos fazer a manutenção do que reconstruir o empreendimento todo, depois, disse o presidente do Sinaenco/PB, George Cunha, durante a coletiva de imprensa, que reuniu os principais veículos da Paraíba. O relatório será agora entregue aos responsáveis pelas obras nas esferas estadual e municipal. Além de George Cunha, participaram da apresentação do estudo o conselheiro do Sinaenco e coordenador da Campanha pela Manutenção do Ambiente Construído da entidade, Gilberto Giuzo, e o vice-presidente da regional PB, José Francisco Novais Nóbrega. Garantia de verbas para manutenção O Sinaenco/DF faz parte do Fórum Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (FDES), que reúne entidades profissionais, empresariais e sociais para elaboração de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da nação. A última reunião do ano, promovida em 3 de dezembro, no Clube de Engenharia de Brasília, teve a participação dos deputados Izalci Lucas (PR-DF) e Luiz Pitiman (PMDB-DF). O presidente da regional, Sergio Castejon, aproveitou a ocasião para pleitear a criação de projeto de lei com foco na destinação de verbas para a manutenção de construções públicas. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 13

projetos brasileiros Campus Cabr bral, al, em Curitiba DIVULGAÇÃO Projeto: Arthur de Mattos Casas, Raphael Azevedo França, Pedro Ribeiro, Joana Garcia de Oliveira, Gabriel de Andrade Ranieri, Roberto Cabariti Filho, Maria de Magalhães Ferreira Alves, Marcela Allegrini Muniz e Giulia Koeler (Studio Arthur Casas) Em meio ao arvoredo, distingue-se o volume sólido, com reentrâncias em amarelo, da sede do novo campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O projeto venceu concurso público da instituição. Implantado no limite da UFPR com o bairro residencial, o monolito aparece discretamente inserido na paisagem, como um pano de fundo a permitir uma leitura clara do edifício histórico ao lado. No programa estabelecido, a opção foi por um volume condensado, que abrigasse grande número de espaços comuns. Em corte, observamse percursos arquitetônicos conectando a parte edificada aos parques públicos. Também há pátios e reentrâncias que conferem leveza e dinamismo ao desenho. Em todos os espaços, a luz e a ventilação natural são abundantes. Cada andar tem identidade própria. Como um todo, o campus foi concebido como parte integrante da transformação positiva da cidade. Centro de Exposição Agropecuária de Planaltina (Ceap), no DF DIVULGAÇÃO Projeto: Andres Gobba, Luciano Andrades, Mauricio Lopes, Matias Carballal, Rochelle Castro e Silvio Machado (Studio Paralelo e MAAM) Premiado em concurso público do IAB-DF, o projeto do parque de exposições Ceap, na cidade de Planaltina, comporta espaços de recreação e lazer, esporte, educação e cultura, além de edifício para atividades administrativas. Para acessar o edifício, os visitantes devem passar pela praça do Átrio. Nos níveis superiores, fica o Centro de Atendimento ao Turista. O estacionamento será abrigado em um bosque, com pavimentos permeáveis e o plantio de árvores para o sombreamento das vagas. Ao lado do edifício, foi previsto um espaço de passeio com conexão para a avenida Independência. Há também uma reserva ecológica e um Parque Agreste, com pequenas trilhas e mirantes. Reivindicação antiga dos empreendedores locais, o projeto busca o desenvolvimento urbano integrado, com incremento do turismo e a valorização do patrimônio natural. 14 :: Informativo Sinaenco :: Consulte

Capela de Todos os Santos, em Martinho Campos, MG Projeto: Gustavo Penna, Laura Penna, Norberto Bambozzi, Alice Flores, Alyne Ferreira, Catarina Hermanny, Natália Ponciano, Priscila Dias de Araújo, Vivian Hunnicutt (GPA&A) Plena de simbologia, esta capela da Fazenda Gurita, na pequena Martinho Campos (MG), celebra o silêncio e a natureza ou, o céu e a terra sintetizados no desenho em forma de cruz. O simbolismo do projeto de 2010, assinado pelo arquiteto mineiro, impregna também o espelho d água exterior, cuja linha tem seu curso continuado no interior da capela, transformando-se numa faixa de madeira. Pelas duas margens do rio se chega à terceira o religare; o símbolo/síntese, a cruz, destaca o memorial. Os materiais são simples e estão visíveis: concreto, pedra, madeira e vidro. Outros detalhes: iluminação natural lateral e zenital; ventilação natural através da esquadria zenital, revestimento interno acústico de madeira. A implantação aproveita o perfil do terreno, e deu-se ao cuidado de preservar as árvores existentes. LEONARDO FINOTTI / DIVULGAÇÃO Parque da Lagoa, em Carapicuíba, SP Projeto: Maria Cecília Barbieri Gorski, Michel Todel Gorski (Barbieri+Gorski Arquitetos) e Patrícia Akinaga Uma antiga alça de meandros do rio Tietê deu origem à Lagoa de Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo. A lagoa na verdade surgiu depois, na década de DIVULGAÇÃO 1970, quando o rio já estava retificado e a área, por anos utilizada para extração de areia, deixara no local uma cava que se transformou em lagoa. Em 2001, quando o projeto de parque assinado pelo escritório Barbieri+Gorski teve início, havia ali um grande lixão. Finalmente neste ano, a área de lazer de 164 mil m 2 foi concluída pelo governo do estado. A coordenação do projeto foi do Daee, SP UGP Tietê e Maubertec Engenharia e Projetos. Todo o parque, fora a lagoa e um espelho d`água, fica sobre aterro gerado pela lama (bota-fora) das obras de rebaixamento da calha do Tietê e a terra das obras da linha 4 do metrô, ali depositada. O projeto é uma compensação pela deposição das cerca de 200 toneladas desse material. O parque está absolutamente vinculado ao Tietê. Seus elementos, da sinalização gráfica aos nomes dos espaços (Praça da Proa, Circuito do Tietê, Circuito de Pneus), remetem à história do importante curso d`água. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 15

obras exemplares FOTOS: DIVULGAÇÃO A maloca de Darcy Ribeiro Criador da Universidade de Brasília (UnB), o antropólogo Darcy Ribeiro sonhava em ter a sede de sua fundação no campus da universidade. Em 1995, depois de fugir do hospital onde se tratava do câncer, pediu ao arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) o projeto de uma biblioteca capaz de receber seus livros, mobiliário particular e objetos de arte indígena. Ainda antes de morrer (em 1997), Ribeiro conheceu o projeto por meio de uma conferência eletrônica e declarou que gostaria que o lugar fosse um espaço para o exercício da afetividade. Externamente, os dois elegantes pavilhões assemelham-se a uma maloca indígena construída com materiais tecnológicos: aço, alumínio, concreto pré-fabricado e plástico. O edifício circular de 32 m de diâmetro, com pé-direito duplo, conta com jardim central. No piso superior, a laje de concreto armado apoia-se em 32 vigas radiais e pilaretes, ambos metálicos. Um anel interno distribui a carga para oito pilares metálicos tubulares. A cobertura, de telhas metálicas e chapas de policarbonato, é apoiada sobre também 32 vigas radiais. No fechamento, brises formados por folhas de aço pintadas na cor amarela propiciam a iluminação natural e conforto térmico. O conjunto é circulado por um lago ornamental, cuja água é utilizada para a refrigeração interna, por meio de nebulizadores. Uma ponte coberta permite o acesso sobre o espelho de água. Ficha técnica Arquitetura: João Filgueiras Lima (autor); Vicente Muñoz Dias e Anamaria Binaz (desenvolvimento) Construção: Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat Gerenciamento: Adriana Rabello Filgueiras Lima 16 :: Informativo Sinaenco :: Consulte