Escrever Bem: o caminho do sucesso



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Escrever Bem: o caminho do sucesso Priscila Fernanda Furlanetto Introdução Redigir com clareza é atualmente uma exigência das empresas em relação à escolha de sua equipe. Estamos em pleno processo de globalização, temos acesso à internet que é responsável por informações que chegam até nós em velocidade surpreendente. Deparamo-nos diariamente com uma pluralidade de situações e discursos vindos de todo o planeta, o que nos mostra claramente que saber trabalhar de forma positiva com as informações que recebemos, é agora, uma questão de sobrevivência. Para a maioria dos profissionais das áreas dos negócios, escrever é uma atividade complicada, requer habilidades que, muitas vezes, acredita-se não possuir. Desta forma, este artigo tem por objetivo quebrar o estigma de que pessoas não especializadas na área das Letras, não são capazes de redigir um bom texto. Por meio de dicas e técnicas simples, busca-se encorajar os homens de negócios a alçar posições de destaque por meio da arte da palavra. 1. Escrever Bem: Sim, você pode! Para escrever bem é necessário produzir estratégias comunicativas adequadas para cada circunstância que nos são colocadas. Sabemos que há vários elementos que podem ser usados na construção de um texto e estes, por sua vez, são responsáveis por provocar diferentes efeitos. A insegurança daquele que se encontra frente ao desafio de escrever é o mais comum dos problemas; muitas vezes, as pessoas acreditam não possuir estratégias textuais suficientes e, por isso, acabam paralisadas frente a essa tarefa. Antes de qualquer coisa, há a necessidade de entendermos o que, afinal é escrever bem? De acordo com Agostinho Dias Carneiro, em seu livro Redação em Construção, muitas pessoas acreditam em algumas ideias equivocadas relacionadas à boa escrita. Acredita-se, por exemplo, que escrever bem é redigir de forma gramaticalmente correta ou ainda, fazer uso da norma culta e elaborada. Sabemos que, em certas situações de comunicação, essa afirmativa é absolutamente verdadeira, mas, o que devemos mesmo levar em conta, mais do que a gramática da língua em si, é quem são os nossos interlocutores e qual a relação social entre eles. Baseando-se nessas informações, podemos criar estratégias textuais que nos auxiliem a atingir nossos objetivos de forma mais adequada e, esclarecemos então que escrever bem é escrever de forma adequada à situação em que o ato de comunicação vai se realizar, seguindo uma estratégia conveniente. (CARNEIRO; 21; 2004) 1

Escrever não passa de uma atividade simples e sem mistérios; porém, encontramos muitas outras dificuldades durante esse processo, pois ele depende não apenas da atitude do escritor, mas também do que ele tem a falar, ou seja, do seu conteúdo. E como podemos garantir conteúdo suficiente para escrever sobre um assunto específico? A resposta a esta pergunta é muito simples; por meio da leitura conseguimos ir mais longe. Não há como escrever sobre algo que não se conhece, mesmo que dominemos todas as técnicas de uma boa escrita, assim como o contrário também é verdadeiro; é impossível escrever bem apenas dominando um determinado conteúdo e não estando apto a utilizar-se de princípios básicos de redação. Deparamo-nos, então, mais uma vez, com o velho chavão: ler é importante para quem quer escrever bem, pois quando o fazemos, abrimos nossa mente para o mundo, nos aprofundamos em determinados assuntos, entramos em contato com ideias de outras pessoas e a consequência de tudo isso é que nos tornamos cidadãos críticos, capazes de opinar e dissertar sobre assuntos diversos. Além disso, quem lê, assimila, sem que perceba, a estrutura correta da língua, a acentuação das palavras, o uso correto da pontuação e ainda melhora muito a ortografia. Como você pode ver, a leitura resolve os nossos dois grandes problemas, o de conteúdo e o da utilização da linguagem. Mas, nem só de conteúdo e linguagem vive um texto. Para que esse atinja o seu objetivo pleno e chame atenção do receptor, devemos trabalhar alguns detalhes básicos de sua estrutura. Sempre que nos propomos a escrever algo, devemos, primeiramente, fazer com que o leitor se localize, situando-o. Para que isso aconteça, precisamos pontuar e deixar bem claro o assunto que será a pauta principal do texto e ainda os motivos de estarmos escrevendo sobre ele. Pense sempre que o primeiro parágrafo deve ser voltado a uma introdução e é por meio dele que o leitor decidirá se deverá ou não prosseguir com a leitura. Não é muito mais agradável quando nos deparamos com um texto esclarecedor que nos envolve e não temos que ficar adivinhando o que o escritor quis dizer? Dessa forma, coloque-se no lugar do receptor, leia e releia muitas vezes o que escreveu, peça para que outras pessoas leiam e verifique se o seu texto atingiu o objetivo. Caso a resposta seja negativa, não tenha dúvidas, você precisa reescrevê-lo. Devemos também nos preocupar com as questões de coerência e coesão, pilares imprescindíveis para a construção de um texto. Segundo Agostinho Dias Carneiro: Etimologicamente, texto e tecido estão relacionados e, de fato, há razão para isso: o tecido é fruto de uma junção de pequenos fios que se vão ligando até o limite de uma extensão determinada; o texto, por seu lado, também tem seus componentes ligados a fim de que formem um só corpo estrutural. Aos elementos que realizam essa ligação se atribui a função de coesão, e eles correspondem basicamente a marcas linguísticas da superfície do texto, de caráter sintático ou gramatical. (CARNEIRO, p. 37, 2001) Em outras palavras, podemos dizer que a coesão é o que nos auxilia no momento da escrita para que possamos ligar palavras e transformá-las em frases e, consequentemente, em parágrafos que, unidos, formam textos completos. Por meio dela, podemos retomar termos já citados no texto sem que precisemos repeti-los; isso se dá por meio da utilização de sinônimos, pronomes, preposições e conjunções. É importante pensarmos que em um texto bem escrito, o escritor é capaz de fazer uso dos elementos coesivos para unir ideias a respeito de um determinado assunto, 2

transformando sua escrita em algo harmônico e, consequentemente, coerente. Ainda nos apoiando as definições de Agostinho Dias Carneiro, A coerência, como a coesão, é uma qualidade básica da textualidade, mas, enquanto a coesão se refere às ligações da superfície textual, sintáticas e pragmáticas, a coerência está relacionada à continuidade de sentidos no texto, realizada implicitamente por uma conexão cognitiva entre elementos do texto. A coerência é a base de sentido dos textos. (p. 38, 2001) Como vimos, a coerência está diretamente ligada ao sentido do texto e ela, por sua vez, depende de uma série de fatores, dentre eles, temos os que consideramos principais: O conhecimento linguístico que implica em saber o significado das palavras e conseguir encaixá-las corretamente em uma situação; O conhecimento de mundo que é todo o conhecimento que carregamos conosco e que adquirimos durante nossas vidas; O conhecimento partilhado que nada mais é do que o conhecimento mútuo, comum entre emissor e receptor; A intertextualidade que é o diálogo entre os textos que acontece por meio de citações, paráfrases e paródias e enriquecem nossa escrita, pois trazemos a nossa fala a contribuição de outros autores que acabam se incorporando a nossas ideias e, de certa forma, dá mais força as nossas palavras. É o que chamamos de Palimpsesto, um texto escrito em cima de outro. (CARNEIRO, p. 44, 2001). Vimos que ser coerente ao escrever não é uma tarefa muito simples, porém, se observarmos com atenção os tópicos já citados, podemos organizar melhor nossas ideias e estruturar nossos textos de forma mais consciente e, principalmente mais racional, pois, embora a escrita faça parte das ciências humanas, ela não deixa de ser sistemática e racional como a matemática no momento de sua estruturação. Aprenderemos, então, a estruturar nossos textos por meio da elaboração de um esquema antes de começarmos a escrever. Primeiramente, escolha o tema e anote suas ideias sobre ele. Em seguida, pense qual será o seu objetivo ao falar sobre esse tema e tenha em mente uma posição crítica estruturada sobre o assunto. Assim, estruture um esqueleto por meio de tópicos: Introdução: Situe o leitor. Desenvolvimento: Pense em quantos parágrafos precisará, de acordo com os tópicos que você desenvolverá. Cite-os aqui para ficar mais fácil e os intitule, pois assim, você não perderá o foco em relação ao assunto que falará em cada um deles. Não se esqueça de usar da coesão para ligar um parágrafo ao outro, pois, afinal, eles devem estar em harmonia. Conclusão: Retome tudo o que já foi dito de forma resumida e conclusa suas ideias. 2. A linguagem Empresarial: Você é aquilo que escreve A reflexão sobre a escrita empresarial é de extrema importância, principalmente quando pensamos na acirrada disputa que os trabalhadores travam cotidianamente para conquistar uma 3

vaga no mercado de trabalho. Hoje, exige-se um profissional de competências e habilidades múltiplas e que seja apto a enfrentar o novo e o inusitado dentro de uma empresa. Segundo uma notícia do dia 16 de Abril de 2013, do Jornal Gazeta do Povo, o Pós-doutor em Linguística Aplicada e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto considera gravíssimo o exercício de qualquer profissão sem o conhecimento da língua portuguesa e, na mesma notícia, vimos ainda que uma pesquisa feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios mostrou que erros de português é o principal motivo de reprovação em processos seletivos de estágio. No estudo, que avaliou 7.219 alunos de níveis superior e médio, 28,8% perderam oportunidades por esse motivo. Dessa forma, saber redigir um bom texto e dominar a língua portuguesa é, certamente, essencial para transitar pelo mundo do trabalho com sucesso e, assim, fazer a diferença como profissional. Percebemos que ter domínio da língua portuguesa no mundo empresarial é ser capaz de organizar e transmitir informações por meio da oralidade e, principalmente, por meio de bons textos para a produção de documentos, para a defesa de projetos, explanação de ideias, entre outros. Um texto escrito com erros ortográficos e frases desconexas prejudica a comunicação dentro da empresa, arranha a imagem do profissional, colocando assim, sua competência em questão, além de prejudicá-lo também em suas relações interpessoais nos negócios. É imprescindível que no momento da escrita, tenhamos a linguagem como algo social e, como tal, segundo as ideias de Bakhtin, produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados. Assim, a palavra varia de acordo com o receptor, pois pode se tratar de uma pessoa do mesmo grupo social ou não, de uma pessoa superior ou inferior em relação à hierarquia profissional e ainda uma pessoa próxima ou totalmente desconhecida. Faz-se necessário então, observarmos nosso público alvo, nossos objetivos com a escrita e, principalmente, buscarmos cuidadosamente um vocabulário que se encaixe as nossas necessidades específicas. A atenção que devemos dedicar a um texto empresarial é a mesma que dedicamos a qualquer outro tipo de texto, dessa forma, precisamos encontrar por meio da linguagem, uma forma de atrair nosso leitor para transmitir a mensagem desejada de forma positiva, pois, por meio de nosso texto representamos a empresa em que trabalhamos. Além disso, devemos ter em mente que um texto voltado à empresa, segundo João Bosco Medeiros em seu livro Redação Empresarial, deve apresentar correção, originalidade e precisão, como explica a seguir: Correção: é a obediência à gramática. Ninguém pode escrever sem o mínimo de cuidado gramatical, sem se preocupar com a estrutura da frase (sujeito, predicado, complemento e sua distribuição dentro da frase). Originalidade: Revela o estilo do autor, sua maneira peculiar de dizer e exprimir ideias. Ser original é ser sincero, objetivo, manifestar o que pensa, fugir aos clichês. Precisão: é o resultado da escolha da palavra certa para a ideia que se quer exprimir. A impropriedade dos termos torna a linguagem ambígua e obscura. Vocábulo preciso facilita a recepção da mensagem, garantindo sua eficácia. (p. 39, 1993) Notamos que João Medeiros nos mostra o caminho mais seguro da escrita empresarial que é escrever com base na norma padrão da língua portuguesa, ter um estilo próprio e ser o mais preciso possível para que não haja ambiguidade e múltiplas interpretações da informação em pauta. 4

Ainda retomando João Medeiros, existem mais três pontos importantes relacionados a esse tipo de escrita que vão ao encontro das três aqui já mencionadas como a clareza, coerência e objetividade. Por clareza entendemos a expressão exata do pensamento, assim, para um autor ser claro, precisa apresentar coerência e evidência a ponto de ser impossível a incompreensão do texto escrito por ele. Em relação à coerência, embora já tenhamos falado bastante sobre ela, entendemos que um texto é coerente quando é harmônico e é escrito em linguagem lógica. Finalmente, a objetividade é a qualidade da linguagem direta, sem rodeios. É aquele texto que apresenta o assunto usando substantivos, que não se desculpa com argumentações falsas, não é meloso e nem artificial. Seguindo as dicas aqui expostas podemos nos sobressair perante outros profissionais que não apresentem a mesma dedicação em relação à língua portuguesa. Falar bem e saber redigir com autonomia são qualidades raras atualmente; desta forma, cabe a nós estarmos à frente para que possamos atingir novos desafios e mostrarmos quem somos dentro de uma empresa. Conclusão A intenção deste artigo foi auxiliar o profissional dos negócios na solução de problemas relacionados à escrita de forma prática e clara. Propusemos aqui, alguns macetes e alternativas capazes de tornar o texto comercial mais eficaz, garantindo a efetividade da comunicação. Tratamos também da importância da escrita para a ascensão profissional e concluímos que escrever bem é, sem dúvida alguma, garantia de sucesso. Mais do que o domínio da língua portuguesa, a boa escrita indica outros aspectos também muito valorizados em um profissional como a alta capacidade cognitiva, o raciocínio bem estruturado, bom nível cultural, zelo e atenção a detalhes. Esperamos que este artigo tenha motivado os leitores a embrenhar-se nas atividades voltadas à escrita com prazer e, principalmente, segurança. Afinal, não basta ser bom, é preciso visar a excelência e a escrita, é a ferramenta que nos auxilia a atingir objetivos considerados impossíveis por muitos. Assim, para o profissional que domina essa arte, o céu é o limite. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. Editora Hucitec. Rússia, 1929. CARNEIRO, A. D. Redação em Construção. Escritura do Texto. Editora Moderna. São Paulo, 2001. DEGRAF. W. S. Como Se Não Houvesse o Amanhã. In: <http://www.santacruz.br/v4/download/ contabilidade-em-pauta/como-se-nao-houvesse-amanha.pdf> Acesso em: 10 jan. 2013. GENETTE, G. Discurso da narrativa. VEGA. Colecção: VEGA UNIVERSIDADE. Lisboa, 1995. A JANELA ECONÔMICA é um espaço de divulgação das idéias e produção científica dos professores, alunos e ex-alunos do Curso de Economia das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba. - Cada artigo é de responsabilidade dos autores e as ideias nele inseridas, não necessariamente, refletem o pensamento do curso. - O objetivo deste espaço é mostrar a importância da formação do economista na sociedade. 5