AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES CURRICULARES NA MODALIDADE SEMIPRESENCIAL DOS CURSOS RECONHECIDOS DA UNOCHAPECÓ



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES CURRICULARES NA MODALIDADE SEMIPRESENCIAL DOS CURSOS RECONHECIDOS DA UNOCHAPECÓ Marcela do Prado 1 Juliane Fernanda Kuhn 2 Resumo: O presente artigo aborda a avaliação dos componentes curriculares na modalidade semipresencial dos cursos reconhecidos da Unochapecó, realizada com 220 acadêmicos dos cursos de: Artes Visuais, Ciência da Computação, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Sistemas de Informação. A pesquisa foi realizada via Sistema Online com apoio da Divisão de Dados Estatísticos da Unochapecó, no período de 25 maio a 13 julho de 2011. Foram abordadas questões referentes ao uso do ambiente virtual de aprendizagem (AVA); aos conteúdos ministrados na parte não-presencial dos componentes curriculares; aos materiais didáticos; ao acompanhamento dos docentes; às atividades realizadas; e ao atendimento/suporte técnico recebido. Através da análise dos dados obtidos nas respostas e de alguns apontamentos dos acadêmicos na pesquisa, foram observados alguns quesitos fundamentais para o desenvolvimento da Educação a Distância (EaD), como: autonomia dos acadêmicos; redução dos semestres na conclusão do curso; material didático bem elaborado; e inserção de novas práticas pedagógicas e dos recursos tecnológicos, aprimorando as situações de aprendizagem e a formação de profissionais qualificados e com habilidade para o uso das tecnologias. Palavras-chave: Avaliação. Componentes curriculares semipresenciais. Educação a Distância. 1 Introdução A Educação a Distância (EaD) vem ganhando forças e tornando-se um recurso valioso no Brasil e no mundo, por suas características: flexibilização do local e tempo de estudo, autonomia do estudante e comunicação por tecnologias interativas, entre outros. Moore e Kearsley (2007, p. 2) definem Educação a Distância como: [...] o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais. A EaD não foi planejada para substituir a educação presencial, pois, cada modalidade apresenta características próprias e diferenciadas. Tanto a educação presencial quanto a educação a distância usam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. 1 Mestre em Informática, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, marcela@unochapeco.edu.br.

O avanço tecnológico possibilita que o processo de ensino-aprendizagem seja dinâmico, o que propicia novas dimensões para as noções de tempo e espaço. Uma das principais TICs utilizadas são os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Para Moran (2009, p. 286) [...] apesar do preconceito de muitos, é fundamental para modificar processos insuficientes e caros de ensinar para muitas pessoas ao longo da vida. O art. 80 da Lei de Diretrizes de Bases (LDB) possibilita o desenvolvimento de cursos a distância em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada (BRASIL, 2010), sendo que a EaD é regulamentada pelo Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro 2005. Com isso, várias instituições de ensino no Brasil estão ofertando componentes curriculares semipresenciais em cursos de graduação reconhecidos pelo MEC. O semipresencial é uma modalidade em que as aulas são divididas em momentos presenciais e não-presenciais, sendo que, nos momentos não-presenciais, a interação ocorre com o uso de tecnologias. Dessa forma, as instituições de ensino devem levar em conta a necessidade de uma infraestrutura pedagógica e tecnológica para que a prática seja realizada com qualidade. O principal fator que incentivou a inclusão do semipresencial na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) foi a alteração da hora/aula de 15 para 18h/a, considerando o aumento na carga horária total do curso, impossibilitando que o tempo de duração permaneça o mesmo, ou seja, os cursos podem levar um semestre a mais para serem finalizados. Dessa forma, para neste artigo será apresentada a avaliação dos componentes curriculares na modalidade semipresencial da Unochapecó. 2 Unochapecó A Unochapecó (Universidade Comunitária da Região de Chapecó) é credenciada pelo Parecer nº 347/2002/CEE/SC, Resolução nº158/2002/cee/sc e pelo Decreto Estadual nº 5.571 do Governo do Estado de Santa Catarina, publicado no Diário Oficial do Estado em 28/08/2002, é fundamentada em um projeto marcado 2 Especialista em Produção e Revisão de Textos, Universidade Comunitária da Região de Chapecó,

pela autonomia universitária e pela afirmação de uma concepção de universidade para além do respeito aos ordenamentos legais. Levando em consideração seu papel de disseminação do conhecimento, ressalta-se a sua preocupação com a extensão e desenvolvimento do conhecimento aliada às mudanças presentes no cotidiano, e, consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem, dessa forma, a Unochapecó busca a atualização constante no campo educacional, assim, não poderia desconsiderar a modalidade de Educação a Distância. As primeiras iniciativas nessa modalidade na Unochapecó iniciaram em 2002, quando a Universidade estava em processo de desmembramento da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), neste ano, é criado o Grupo de Estudos e Ação sobre Educação a Distância. O primeiro curso oferecido foi uma extensão em Avaliação da Aprendizagem Escolar, para duas turmas, no segundo semestre de 2001 e no primeiro semestre de 2002, contou com, aproximadamente, 500 cursistas inscritos, dos quais em torno de 450 concluíram com êxito suas atividades. Em 2004, a Unochapecó se organizou como instituição e foi criada a Comissão de Educação a Distância, que tinha o papel de fomentar as ações da EaD dentro da instituição e pleitear o credenciamento junto ao MEC. Os componentes curriculares com percentual semipresencial são instituídos em 2004, quando já havia sido criada a Coordenação de Educação a Distância da Unochapecó UnochapecóVirtual, os componentes, nesse momento, são oferecidos nos cursos de Licenciatura de Graduação Plena em Ciências Agrícolas e Geografia. De lá para cá, foram acrescidos os cursos de Artes Visuais, Filosofia, Física, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Ciência da Computação e Sistemas de Informação, em 2010, foram oferecidos 225 componentes curriculares na modalidade semipresencial e, no primeiro semestre de 2011, foram 96 componentes. Os componentes curriculares ofertados na modalidade semipresencial tem material didático, contemplando uma parte da ementa, elaborado pelo professor responsável, através de meios digitais, nos quais o acadêmico terá momentos de encontros de aprendizagem a distância e de presença virtual através do uso de AVA. juliane.k@unochapeco.edu.br.

Para proporcionar ao acadêmico a perspectiva da aula na EaD, nos encontros presencias virtuais ocorrerão leituras, chats, fóruns de discussão e resoluções das atividades, entre outros. Com a expansão da oferta desses componentes curriculares surgiram também os prós e contras da modalidade de EaD. Pensando nisso, para analisar criticamente a modalidade semipresencial e sua influência no processo de ensino-aprendizagem foi realizada a pesquisa aqui abordada. 3 Análise e Resultado dos Dados A pesquisa foi realizada via Sistema Online com apoio da Divisão de Dados Estatísticos da Unochapecó, no período de 25 maio a 13 julho de 2011. Participaram 220 acadêmicos matriculados em componentes curriculares (do total de 518 acadêmicos) dos cursos de Artes Visuais, Ciência da Computação, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Sistemas de Informação. As questões foram voltadas: ao acesso ao ambiente virtual de aprendizagem, ao uso do ambiente virtual de aprendizagem, à aprendizagem dos conteúdos ministrados na parte não-presencial, ao acompanhamento dos professores na parte da disciplina/componente curricular desenvolvida a distância, aos materiais didáticos (apostilas) disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem, às atividades/trabalhos solicitados na parte da disciplina/componente curricular desenvolvidos a distância, ao atendimento/suporte técnico que recebe na Coordenação de Educação a Distância UnochapecóVirtual. Além de uma questão dissertativa em que o acadêmico poderia opinar sobre a EaD e suas potencialidades, fragilidades. A primeira questão, voltada ao acesso ao ambiente virtual de aprendizagem, somou 63% dos acadêmicos plenamente satisfeitos e satisfeitos, e 16% minimamente insatisfeitos e insatisfeitos. A segunda questão referia-se ao uso do ambiente virtual de aprendizagem, a qual totalizou 51% dos acadêmicos plenamente satisfeitos e satisfeitos, e 27% minimamente insatisfeito e insatisfeito. Com isso, percebe-se que o AVA não é um empecilho para o desenvolvimento dos componentes curriculares com percentuais a distância, pois, mais da metade dos respondentes estão habituados

com sua utilização. As ressalvas feitas quanto ao AVA referem-se ao uso das senhas para acesso, como pode ser observado pelos depoimentos deixados ao final da pesquisa: A fragilidade é quanto às senhas, têm vezes em que a senha é recusada e você tem que fazer outra, o tempo para fazer as atividades é curto e, com esse problema, você acaba fazendo de qualquer jeito, [...] poderia melhorar a maneira de acesso ao ambiente, pois sempre preciso trocar a senha. A terceira questão, quanto à aprendizagem dos conteúdos ministrados na parte não-presencial do curso, trouxe 39% dos acadêmicos plenamente satisfeitos e satisfeitos, e 31% minimamente satisfeitos e insatisfeitos. Esses resultados denotam uma fragilidade nos conteúdos ministrados nos componentes com percentuais a distância, que ficam aquém das expectativas dos acadêmicos. Como pode ser visto no depoimento: Não atende à necessidade dos acadêmicos. Artigos em outras linguagens, artigos pobres, [...] muito sintéticos. Outra questão pertinente a esse aspecto é a questão cinco, que aborda os materiais didáticos disponibilizados no AVA, nesta, somam-se os percentuais de 45% plenamente satisfeitos e satisfeitos e 22% minimamente satisfeitos e insatisfeitos. Algumas observações foram feitas quanto aos materiais didáticos, como quanto à sua complexidade ou disparidade com os conteúdos trabalhados ao longo do componente curricular, como pode ser vislumbrado nos seguintes apontamentos: Alguns textos são muito complexos. Nestes textos não temos nenhum conhecimento e ficamos sem saber, pois não é explicado em sala. Ressalta-se, aqui, a importância do material didático no semipresencial e na EaD, já que é um elemento fundamental para o êxito das atividades, porque é o material didático que garante a transmissão do conhecimento de forma dialogada, necessária à EaD. Segundo Fernandez (apud LITTO; FORMIGA, 2009, p. 397), Concebido o material a tendência em sua elaboração é a de não oferecer dificuldades para o aluno, conduzindo-o pelo caminho correto, evitando que cometa erros, pois, nessa perspectiva, o erro é interpretado como um obstáculo à aprendizagem. Dessa forma, o material didático deve se fundamentar em alguns princípios básicos, os quais [...] referem-se de um lado ao material que deve ser auto-instrucional e, de outro lado, à concepção de um aluno que deve ser independente e automotivado. (PALANGE apud LITTO; FORMIGA, 2009, p. 380).

No entanto, nos apontamentos dos acadêmicos há, também, observações positivas quanto aos materiais: Uma das principais potencialidades desta modalidade são os textos, são muito bem elaborados e têm uma linguagem mais clara, nos proporcionando uma melhor interpretação. Assim, vê-se que o material didático deve: contemplar as informações indispensáveis para a realização dos exercícios e das avaliações, mas deve também contemplar informações que permitam o aprofundamento de alguns aspectos e mesmo algumas digressões em relação ao conteúdo [...].(PALANGE apud LITTO; FORMIGA, 2009, p. 382) A quarta questão aborda o acompanhamento dos professores na parte do componente curricular desenvolvida a distância. Nesta, o percentual de acadêmicos plenamente satisfeitos e satisfeitos chega a 46%, e de acadêmicos minimamente satisfeitos e insatisfeitos a 25%. Como pontos negativos apontados têm-se: modalidade não recebe acompanhamento dos professores, os professores não incentivam os alunos para fazer a EAD, [...] nenhum professor se dedica em auxiliar, a atividade é feita somente para cumprir as horas, Deve ser mais objetiva e com mais ênfase por parte dos professores, [...] não tem um suporte amplo, com melhores explicações, [...] os professores geralmente nem comentam as atividades e o material disponível e [...] muitas vezes professores ainda não sabem como postar notas, atividades. Com essas observações vislumbra-se a importância da orientação de aprendizagem (tutoria) que esta modalidade exige, sendo a tutoria, [...] uma ação orientadora global, chave para articular a instrução e o educativo. [...] que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os a obterem crescimento intelectual e autonomia, e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias de participação como aluno. (SOUZA; SPANHOL; LIMAS; CASSOL, [s.d.]). Assim, o docente deve se dedicar a um acompanhamento constante e ao longo de todo o cronograma do componente curricular semipresencial, não concentrando a atenção apenas na correção das atividades ao final da parte a distância. Dessa forma, ressalta-se o diálogo previsto na EaD como forma fundamental de manter a atenção do aluno para o desenvolvimento efetivo das atividades. A sexta questão refere-se às atividades/trabalhos solicitados na parte da disciplina/componente curricular desenvolvidos a distância. Nesta, somam-se os

percentuais de 42% plenamente satisfeitos e satisfeitos e 27% minimamente satisfeitos e insatisfeitos. Os apontamentos estão voltados à falta de tempo para a realização das atividades, que são muitas para a carga horária, como pode ser visto: As questões poderiam ser mais diversificadas e reduzidas, mais de acordo com a carga horária, Algumas atividades precisam ser mais claras no ambiente virtual, [...] as horas colocadas no ambiente nunca são suficientes para realizar as atividades. Levando em consideração que a EaD prevê, além da leitura do material didático e a realização das atividades, que a turma estabeleça uma interação durante a parte não-presencial, é importante o docente fomentar um espaço de discussão e não somente resolução de atividades, o que tornaria esta parte mais atrativa e demandaria atenção do acadêmico, pois, foi lembrado a importância dessa modalidade, como apontado: Acho que é de importância sim, mas deveria ser desenvolvido de maneira diferente, de maneira a chamar atenção, de modo que os alunos se interessem pela atividade. A questão sete traz os resultados sobre o atendimento/suporte técnico da Coordenação de Educação a Distância UnochapecóVirtual, nesta, os percentuais são 55% plenamente satisfeitos e satisfeitos e 18% minimamente satisfeitos e insatisfeitos. Ressalta-se que não houve observações a respeito. Outras observações abordaram questões de modo geral, como tempo e desinteresse: é difícil conciliar trabalhos em sala, provas, trabalhos a distância e mais o trabalho de cada um. O tempo acaba sendo curto, dedicamos muito tempo para esses trabalhos que geralmente passam das horas estipuladas, as horas colocadas no ambiente nunca são suficientes para realizar as atividades, também temos muitos trabalhos juntamente com este, então este acaba sendo feito sem nenhum interesse, muitas vezes realizamos as atividades do Teleduc somente em função da nota e os trabalhos, na maioria das vezes, são realizados só pra cumprir o cronograma. Outros apontamentos mostram os pontos positivos dessa modalidade, como: Esta parte a distância é bom para economia e para concluirmos a graduação em um tempo menor, Influencia a atividade de pesquisa e reflexão, e interação com a tecnologia e Ir além do tradicional da sala de aula, somente aprimoramos conhecimento. Assim, denota-se que o docente deve assumir um novo desafio

perante a educação, já que os acadêmicos estão participando ativamente do processo de ensino-aprendizagem. A partir dessas observações, percebe-se que a EaD contribui para o processo de ensino-aprendizagem, na qual contribui para a formação de Profissionais-cidadãos, com autonomia intelectual, consciência ambiental, criativos, protagonistas, críticos, com atitude investigativa, capacidade para a resolução de problemas, sensibilidade social, clareza epistemológica, habilidade de renovação do conhecimento e de localização de informações, de expressão escrita e oral, de interação e relacionamento interpessoal, capacidade para trabalhar com os novos recursos de comunicação, com conhecimentos técnico-científicos e culturais, habilidade para o uso das novas tecnologias, para o trabalho coletivo e interdisciplinar e compromisso ético-político na defesa de direitos. (UNOCHAPECÓ, 2010, p. 26). Ao analisar o contexto no qual a educação se insere na atualidade, não é difícil inferir a necessidade de o docente substituir a questão O que eu quero ensinar? por O que meus alunos precisam aprender para se tornarem cidadãos em sociedade?. Desse modo, pode-se inferir que os componentes curriculares semipresenciais necessitam de um conjunto de fatores para a construção efetiva do conhecimento, nele se incluem o material didático, que prime pelo diálogo com o aluno; conteúdos que agreguem conhecimentos novos ao componente; acompanhamento constante do docente; atividades voltadas ao conteúdo e respeitando os prazos estipulados para a realização de cada componente; além do uso efetivo dos recursos tecnológicos disponíveis nos AVAs. 4 Conclusão Destaca-se que os componentes curriculares semipresenciais são orientados e regidos pelos processos presenciais e dele fazem parte. A educação a distância pode acrescentar, contribuir, inovar e coexistir com a educação presencial. Conforme visto nos dados da avaliação, são necessários alguns fatores para o desenvolvimento propício dessa modalidade. O uso do AVA, que é o espaço de interação entre a turma, deve ser efetivo, explorando as formas de contato e as possíveis discussões sobre os conteúdos abordados; já que, Na educação a distância, o professor assume o papel de formulador de problemas, provocador de situações, arquiteto de percursos,

mobilizador das inteligências múltiplas e coletivas na experiência do conhecimento (SILVA, 2003). Quanto aos conteúdos, o docente deve ter a preocupação de interligá-los com a parte presencial do componente curricular, mas, também, contemplar um conteúdo específico da ementa do componente, o que requer a realização de um planejamento de ensino. Isso garantirá uma organização didática que explicite as relações entre as ferramentas, as funcionalidades das tecnologias da informação e da comunicação e os objetivos pedagógicos que possibilitarão a construção de um todo sistêmico. Limitando o conteúdo a um item do componente, o material didático pode abarcar o formato dialogado necessário à EaD, além de trazer informações relevantes e pertinentes sobre o tema abordado. Esse é um item fundamental no desenvolvimento dos componentes curriculares semipresenciais, pois, o material será uma das formas primordiais de contato do acadêmico com o conteúdo. Carlini e Tarcia (2009, p. XX) destacam que os materiais didáticos assumem grande importância nos processos a distância por serem os agentes que impulsionam a aprendizagem dos alunos e seus processos cognitivos. Outro papel fundamental do docente nos componentes semipresenciais é o conhecimento para além da área específica relativa ao conteúdo tratado, o material didático precisa trazer claramente que o ambiente virtual estabelece um novo espaço de interação. Nesse espaço, as relações são bastante diversas de uma sala de aula presencial. Ao utilizar a Internet, o ideal é que o docente utilize uma linguagem que seja simples e clara, para minimizar os desencontros de compreensão. Contudo, a preocupação em utilizar uma linguagem clara não se restringe aos docentes; pelo contrário, deve ser uma preocupação também do aluno. Nesse sentido, as atividades também podem ser reduzidas, já que a participação no componente se dá, em grande parte, através da interação possibilitada pelo AVA. Com isso, a utilização de Fóruns de Discussão torna-se bastante proveitosa e com menos chance de cópias dos acadêmicos, como apontado na pesquisa: [...] deveriam ser questões mais pessoais, ou ter as pessoais mescladas com as que são exclusivamente sobre conteúdo, para que tenha menos cópias. O acompanhamento do docente é imprescindível para o desenvolvimento das atividades em EaD, pois, a distância física é amenizada pelo feedback através do AVA, utilizando a linguagem verbal escrita como uma estratégia para aproximação.

Nas situações presenciais é o retorno às questões do aluno é mais rápido, pois o docente tem uma resposta imediata do contexto da sala de aula. Considerando as especificidades dos processos mediados por tecnologias da informação e da comunicação, cabe ao docente realizar uma reflexão crítica do contexto no qual a ação educativa está inserida. Tal reflexão inclui o perfil e o papel do acadêmico no processo de aprendizagem e o perfil e o papel do docente nos processos de ensino. Conclui-se que os pontos frágeis em relação À modalidade semipresencial da Unochapecó são: a extensão das atividades em relação a carga horária destinada À parte não-presencial, o conteúdo de alguns materiais didáticos são descontextualizados e não trazem informações novas ao acadêmicos, o AVA não é explorado em todas as suas potencialidades e o acompanhamento (feedback) não é assíduo, ou seja, não se dá ao longo DO DESENVOLVIMENTO da parte não-presencial. Os pontos que fortalecem a modalidade semipresencial são: desenvolvimento da autonomia dos acadêmicos, que passam a ser sujeitos ativos no processo de ensino-aprendizagem; a redução dos semestres na conclusão do curso; quando o material didático está adequado para construção do conhecimento e desperta o interesse nos acadêmicos; e possibilita a inserção de novas práticas pedagógicas e dos recursos tecnológicos, visando aprimorar as situações de aprendizagem e a formação de profissionais qualificados e com habilidade para o uso das tecnologias. Referências BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 5. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf?sequence =1>. Acesso em: 27 jun. 2011. CARLINI, Alda Luiza; TARCIA, Rita Maria Lino. 20% a distância e agora?. São Pauo: Pearson, 2009. LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

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