Narrativa reflexiva sobre planejamento de aulas Jefferson Ebersol da Silva 1 Contexto da narrativa O projeto PIBID, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica à Docência da FURG, foi desenvolvido a partir das estratégias vinculadas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI/FURG) 2006 2010. O objetivo do projeto é o de incentivar a carreira docente de modo a propiciar aos licenciandos da universidade uma imersão nas escolas da rede municipal e estadual de ensino, buscando um aperfeiçoamento para melhorar o ensino da educação básica. Desse modo, de 2006 até hoje, todos os cursos de licenciatura da FURG possuem seu subprojeto PIBID onde desenvolvem ações de integração entre o mundo acadêmico e a escola pública. Desde então, muitos acadêmicos já passaram por este projeto e tiveram a oportunidade de aprender um pouco mais sobre o status ser professor, além de outros aprendizados tais como: didática, práticas pedagógicas, ambiente escolar, novas visões sobre a educação e sobre a própria docência. Pretendo, nessa narrativa, contar um pouco dessa experiência e compartilhar o que aprendi e continuo a aprender. Aqui, abordarei essas questões no contexto do PIBID/Inglês da FURG e apresentarei o resultado das atividades propostas. 2 Atividades propostas As seguintes atividades foram desenvolvidas em uma escola municipal de Ensino Fundamental na cidade do Rio Grande/RS, em uma aula de Inglês como Língua Estrangeira (ILE), planejada no contexto do Subprojeto PIBID/Inglês e orientada pela Profª. Drª. Luciani Salcedo de Oliveira do Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Durante as reuniões semanais, fora proposta a leitura do livro Metodologia do Ensino do Inglês, da professora Rosely Perez Xavier, o qual foi o ponto de partida para desenvolvermos várias atividades para posterior trabalho em sala de aula. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 15
Primeiramente, começamos com a leitura e debate dos capítulos do livro, que contemplam questionamentos teórico-metodológicos do ensino de língua estrangeira, no caso língua inglesa, objetivando a formação político pedagógica para contextos de educação básica. De acordo com Xavier, a contribuição deste livro é complementar o seu conhecimento profissional docente com possibilidades teórico-metodológicas para o ensino de inglês, visando a informá-lo, orientá-lo e instigá-lo para suas tomadas de decisão no planejamento e nas ações de sala de aula. (XAVIER, 2012, p. 9) O livro, composto de nove capítulos, foi dividido e apresentado em grupos pelos bolsistas. Após esmiuçarmos e absorvermos o conteúdo, foi-nos proposto desenvolver atividades com base nas ideias relacionadas a partir das diferenças entre as abordagens estrutural e comunicativa e seus reflexos na prática pedagógica, para trabalhar em sala de aula na escola, de acordo com o conteúdo programático das aulas onde estávamos inseridos. Essas atividades, desenvolvidas para a disciplina de língua inglesa de terceiros a quintos anos do ensino fundamental, tinha por objetivo desenvolver métodos de ensino voltados para a prática comunicativa, abrindo o leque de alternativas além do livro didático. Xavier afirma que: A abordagem comunicativa parte do princípio de que a língua é um sistema organizado para a expressão de significados, para a comunicação entre os indivíduos. Diferente da abordagem estrutural, a abordagem comunicativa prevê um ensino voltado prioritariamente para o significado pragmático e social da linguagem. (XAVIER, 2012, p. 23). A primeira atividade proposta por mim, para as turmas do quarto ano que acompanhava, tratava de uma tirinha feita pelo quadrinista natural de Rio Grande, Lorde Lobo, em que mostrava a personagem Lipe escondida atrás da tirinha, instigando os alunos a responderem em inglês "o que Lipe estava fazendo?" (Figura1). A segunda atividade (figura 2), também baseada em algumas tirinhas do quadrinista, paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 16
mostrava vários de seus personagens fazendo atividades do dia a dia, o que fez com que os alunos se identificassem e escrevessem de acordo com a figura proposta. De acordo com o conteúdo que as turmas estavam trabalhando na época: Present Continuous. O Present Continuos (presente contínuo) deve ser usado para expressar uma situação que está em progresso, ou seja, uma ação que ainda está acontecendo. Com o uso deste tempo verbal, em conjunto com a abordagem comunicativa, os alunos começam a socializar mais eficazmente e que pratiquem mais eficientemente a língua alvo. Figura 1 Figura 2 paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 17
Ao chegar à aula, depois de feita a chamada oral, comecei a entregar as atividades impressas a cada um dos alunos. Pedi aos mesmos que observassem as tirinhas com atenção para uma posterior prática oral. Avisei a todos que poderiam esboçar, escrevendo o que eles achavam que as personagens estavam fazendo nas tirinhas; não se esquecendo do uso do presente contínuo, estudado nas aulas anteriores. Ambas as atividades foram bem proveitosas, ministradas em duas horas/aula, sem complicações e maiores dúvidas dos alunos. Foram proveitosas no sentido de que a interação proposta, com as atividades, não fez com que os alunos se sentissem acanhados e/ou assustados com o fato de se expressarem em língua inglesa. Alguns apresentaram dificuldades, tais como: estrutura frasal (sujeito + verbo e complemento), e propriamente em identificar o que as personagens estavam fazendo, por exemplo. Porém após uma breve explicação, tudo fluiu praticamente como o planejado previamente. Depois das atividades terem sido trabalhadas em sala de aula, apresentei aos meus colegas de projeto, durante uma das reuniões semanais, o feedback positivo obtido com as minhas atividades, explicando-os como foram desenvolvidas e como os alunos as receberam. O objetivo dessas atividades foi o de fomentar o uso da língua estrangeira em sala de aula como o elemento motivador, isto é, que o aluno utilizasse a língua-alvo como um instrumento de interação e aquisição de conhecimento. Segundo a metodologia proposta por Xavier, a abordagem comunicativa em sala de aula, funciona como um meio de socialização e comunicação de ideias, entre os alunos. Funciona como uma troca de informações e sentimentos entre os indivíduos. O uso dessa abordagem apenas faz sentido dentro de um contexto, já que a linguagem caracterizase como uma prática social. Essas atividades foram planejadas, sobretudo, pelo fato de acreditar que, através de exercícios como esses, o professor pode vir a oportunizar o aluno a desenvolver a competência comunicativa na língua estrangeira, usando as diferentes paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 18
habilidades linguísticas e, ao mesmo tempo, envolvendo-o ativamente no processo ensino-aprendizagem da Língua Inglesa. 3 Considerações finais Ao me questionar sobre o subprojeto PIBID/inglês FURG, até o momento, admito que obtive resultados positivos em relação ao exercício docente. O convívio com os professores e alunos das escolas nas quais atuamos como bolsistas tem nos ajudado a melhorar como futuros professores de inglês. Acho que é de grande relevância para todo aluno de Licenciatura participar do subprojeto independente de seu curso. Afirmo isso, por acreditar que o subprojeto PIBID é uma ferramenta que proporciona constante aprendizado para aqueles que pretendem se tornar professores. Levarei para toda a vida a bagagem que as atividades dentro do projeto nos proporcionam, por isso, é de grande valia o contato direto com o núcleo escolar. Ainda como bolsista, entendo que não é fácil ser professor. Não é do dia para noite que essa transformação acontece, é a cada dia, se esforçando e lutando por um melhor ensino em escolas públicas. Concluindo, acredito que o PIBID/Inglês abre as portas da escola pública para os acadêmicos do Curso de Letras Português/Inglês da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) com a finalidade de proporcionar aos licenciandos vivenciar na prática o ser docente. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 19
4 Referências XAVIER, R. P. Metodologia do Ensino de Inglês. 1. ed. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2011. v. 1. 186p. Lorde Lobo, Lipe. Disponível em <http://www.lordelobo.com.br/lipe/tirinhas/tirinhas.htm> Acesso em 10 de dezembro de 2014. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 20
Jefferson Ebersol da Silva 23 anos, natural de São José do Norte/RS, acadêmico do curso de Letras/Inglês pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 5 nº 2 2015 21