Análise da mortalidade infantil cadastradas no DATASUS nos últimos dez anos em Araxá



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Vera Lúcia Castro Jaguariúna, novembro 2005.

Transcrição:

1 Análise da mortalidade infantil cadastradas no DATASUS nos últimos dez anos em Araxá Analysis of infant mortality registered in DATASUS in the last ten years in Araxá Marina Stela Fernandes 1, Giulliano Gardenghi 2 1 Fisioterapeuta Graduada pelo Centro Universitário do Planalto de Araxá - UNIARAXÁ, Araxá/MG. Pós-graduanda em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal da UTI à Reabilitação Neurológica, pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada CEAFI/Pontifícia Universidade Católica de Goiás PUC, Goiânia/GO. 2 Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo/SP. Coordenador Científico no Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada CEAFI/Pontifícia Universidade Católica de Goiás PUC, Goiânia/GO. Endereço para correspondência: Marina Stela Fernandes Avenida Wilson Borges, 665, Santo Antônio Araxá-MG CEP: 38183-000 E-mail: marinastelafernandes@hotmail.com

2 Resumo Introdução: A mortalidade infantil é um indicador no desenvolvimento humano que apresenta os meios de condições e da qualidade de vida. São considerados óbitos infantis crianças que morreram antes de completar um ano de vida. Com as informações do DATASUS foi possível coletar dados de óbitos na cidade de Araxá - MG. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo analisar a mortalidade infantil no município de Araxá com base nos dados cadastrados no DATASUS nos últimos dez anos. Para a análise dos dados foi utilizado o banco de dados do DATASUS, via internet. Resultados e Conclusões: Os resultados encontrados pelo estudo apontam um acréscimo na mortalidade infantil durante os anos. Verificou aumento em óbitos neonatais e óbitos fetais. Comprovou-se também um decréscimo em óbitos pós-neonatais. As condições técnicas de assistência à saúde e as condições de vida social são fatores primordiais e foram necessários para apontar o resultado. Especificam-se mais avanços na tecnologia e melhorias nos centros de saúde para melhores resultados na mortalidade infantil nas cidades. Descritores: mortalidade infantil, mortalidade neonatal. Abstract Introduction: The infant mortality is a human development indicator that presents the means of condiction and quality of life. Using informations provided by DATASUS it was possible to collect data of deaths in Araxá, Minas Gerais, Brazil. Objective: This study aims to analyze the infant mortality in Araxá using database provided by DATASUS in last ten years. Results and Conclusion: The result of this study indicates an increase in infant mortality over the years. Can be observed that the number of neonatal deaths and stillbirths were increased and the number of post-neonatal deaths decreased. The technical conditions of health assistance and social life condition are important factors and were showed in the results. Are necessary more advances in technology and an improvement in health centers for better results in infant mortality. Keywords: infant mortality, neonatal mortality.

3 Introdução A necessidade de se ter um sistema de informações em saúde visa à melhoria na produtividade e qualidade dos processos de trabalhos em saúde, gestão e a viabilização do controle social, uma vez que a tecnologia avança sempre a cada dia. No Brasil, esse sucesso se dá no reconhecimento em coletar, organizar e distribuir as informações de saúde 1. Os sistemas de informação de abrangência nacional foram criados por diversos mecanismos nos últimos 29 anos, ora pelo Ministério da Saúde, ora pela Previdência. Dentre muitos sistemas cita-se o sistema de informações de mortalidade. Todos têm como objetivo acatar a necessidade dos órgãos centrais em adquirir dados para efeitos imediatos de gestão ou geração do conhecimento epidemiológico 1. O Departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações de saúde. Dados de morbidade, incapacidade, acessos a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e fatores ambientais passaram a serem métricas utilizadas na construção de indicadores de saúde, que se traduzem em informação relevante para a quantificação e a avaliação das informações em saúde 2. Em sistemas e aplicativos estão os métodos fundamentais de processamento de dados do DATASUS que qualifica o avanço na produção e utilização das informações 3. Foi gerado para a aquisição regular de dados sobre a mortalidade no país. Com isso foi possível à captação de dados sobre mortalidade 4. A mortalidade infantil é um dos indicadores básicos de desenvolvimento humano e revela muito sobre as condições de vida e a assistência à saúde de uma população 2. Reflete os níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconômico de uma determinada área, sendo considerado um dos mais importantes indicadores epidemiológicos utilizados 1 e também tem sido utilizada como um dos principais indicadores da qualidade de vida de uma população 4. Os óbitos infantis são crianças que morrem antes de completar um ano de vida. São classificados como óbitos neonatais precoces entre o dia do nascimento e o 6º dia de vida. Os óbitos neonatais tardios entre os dias 7 o e 27 e também os óbitos pós-neonatais entre o 28 o e os 364 dias de vida 5. A mortalidade infantil apresenta relações com uma série de fatores: condições ambientais (existência dos serviços de saúde e da acessibilidade da população a eles, abastecimento de água potável e saneamento básico adequado, poluição etc.); condições biológicas maternas e infantis (idade da mãe, paridade, intervalo entre os partos, prematuridade, baixo peso ao nascer, retardo no crescimento intrauterino etc.); e,

4 fundamentalmente, as relações sociais que organizam a vida concreta das pessoas (moradia, trabalho, renda, nível de informação, proteção social etc.) 6. Com o alto índice de óbitos infantis, principalmente nas cidades dos interiores, esses sistemas e aplicativos, tendo a função de disseminadores de informações, têm grande importância para a saúde evidenciando a necessidade de modificações nas determinadas regiões e planejamento para programas nos pequenos e grandes centros de saúde. Considerando os fatores anteriormente apresentados, o objetivo do presente estudo foi analisar a mortalidade infantil no município de Araxá, cadastradas no DATASUS nos últimos dez anos. Métodos Para quantificar o painel de monitoramento da mortalidade infantil e fetal foi utilizado o banco de dados do DATASUS produzido a partir das Informações de Saúde com o início do registro sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivência (Estatísticas Vitais Mortalidade e Nascidos Vivos). A esquerda da página principal do site do DATASUS encontram-se todas as informações necessárias do departamento. Entre elas, as informações de saúde com algumas divisões, seguindo para as estatísticas vitais. Foi selecionado o monitoramento de eventos prioritário de mortalidade (SVS/Dasis) com a opção painel de monitoramento da mortalidade infantil e fetal. Para apresentar os gráficos e quadros de número dos óbitos escolhem-se as opções desejadas nas subdivisões das colunas da configuração do painel. Na primeira coluna constam a abrangência, indicador, região, microrregião e ano; na segunda começa com categoria do indicador, unidade federativa, região de saúde e estatística; e na terceira coluna a subcategoria do indicador, mesorregião, município e grupo etário. Em categoria abrangência foi selecionado município, na categoria do indicador optouse por notificação de óbitos infantis e fetais, na subcategoria do indicador preferiu-se óbitos por todas as causas e no indicador foi escolhido todas as causas. Para região selecionou-se em Sudeste, na união federativa elegeu-se Minas Gerais e mesorregião escolheu-se Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. Já em microrregião, região da saúde e município foi selecionada Araxá e com período compreendido entre 2002 e 2011, sendo o ano de 2012 não empregado no estudo por indisponibilidade de dados. Em estatística continha apenas número de casos e no grupo etário foi selecionado as opções fetal, neonatal precoce, neonatal tardia e pós-neonatal.

5 Para análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva. Este estudo foi baseado em trabalhos escritos em português ou inglês, obtidos nas bases de dados Bireme e Scielo, utilizando por referência publicações realizadas entre 2000 a 2012. Palavras chave: mortalidade infantil e mortalidade neonatal. Em relação aos aspectos éticos, os referidos dados estão disponíveis em uma base de dados pública, justificando a desobrigação de submissão deste projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa, conforme a resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministro da Saúde. Nenhum pesquisador ou CEP foi identificado pessoalmente. Resultados A população estudada refere-se a 314 óbitos infantis, divididos em 126 óbitos fetais, 125 óbitos neonatais precoces, 23 óbitos neonatais tardios e 40 óbitos pós-neonatais, ocorridos entre 2002 e 2011. Na tabela 1, indica-se o resultado final de todos os anos, apresentados também em percentual. Constatam-se no site do DATASUS que os valores da mortalidade infantil estão relacionados com a somatória de óbitos neonatais precoces, óbitos neonatais tardios e óbitos pós-neonatais, visto que estão desmembrados na tabela. Campos 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fetal 12 7 9 10 11 13 13 15 22 14 % 30 22 41 32 44 42 39 43 69 42 Neonatal 22 15 6 14 8 7 14 17 7 15 precoce % 55 47 27 45 32 23 42 49 22 45 Neonatal 1 3 3 2 2 4 2 1 2 3 tardio % 3 9 14 6 8 13 6 3 6 9 Pósneonatal 5 7 4 5 4 7 4 2 1 1 % 13 22 18 16 16 23 12 6 3 3 Tabela 1: Resultado da mortalidade infantil segundo o painel de monitoramento da mortalidade infantil e fetal DATASUS 7. Destacam-se em vermelhos elevados números de óbitos infantis ano a ano, enfatizando as categorias óbito fetal e neonatal precoce. A tabela 01 mostra detalhadamente numeração e percentual de cada ano e suas respectivas categorias, apresentando um aumento na mortalidade infantil na cidade de Araxá.

6 Das quatro categorias, duas se destacaram nesse acréscimo, sendo a categoria de óbitos fetais e óbitos neonatais as que apresentaram elevados números na mortalidade infantil. De acordo com tais resultados, sugere-se a criação de uma UTI neonatal, na cidade de Araxá. Ano Total % 2002 40 12,74% 2003 32 10,19% 2004 22 7,01% 2005 31 9,87% 2006 25 7,96% 2007 31 9,87% 2008 33 10,51% 2009 35 11,15% 2010 32 10,19% 2011 33 10,51% Tabela 2: Percentual anual da mortalidade infantil. A tabela 02 analisa o percentual anual e a totalidade da mortalidade infantil desde 2002 até o ano de 2011. Pode-se perceber que o ano de 2002, apresenta um maior número de casos de óbitos infantis. Há também uma alternância dos dados na mortalidade para divisão apresentados no gráfico 01.

7 Gráfico 1: Mortalidade infantil no município de Araxá, 2002 a 2011. 25 20 15 10 5 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fetal Neonatal precoce Neonatal Tardio Pós-neonatal Pode-se observar no gráfico 01, que a mortalidade infantil no município de Araxá de 2002 a 2011 se comportou, na maioria das vezes, em um crescente de mortes. A categoria que houve menor aumento na taxa de mortalidade, comparando-se ano a ano, foi a de neonatais tardios. Discussão O crescimento da mortalidade infantil assemelha-se em todo o Brasil, com a predisposição da estabilidade ou aumento da mortalidade neonatal 8. Por outro lado, revelam também uma tendência positiva para a redução da mortalidade infantil. A redução reflete-se no óbito pós-neonatal 9. Os resultados obtidos neste trabalho demostram a relevância do aumento da mortalidade infantil, destacando-se os óbitos fetais e óbitos neonatais precoces. Juntos, equivalem a 80% do número de óbitos infantis durante os anos no município de Araxá - MG. Em 2011 no Estado de São Paulo, observou-se que 68,1% dos óbitos infantis foram nos primeiros 28 dias de vida e, destes praticamente 50% decorreram na primeira semana 10. O óbito neonatal está relacionado aos serviços de assistência obstétrica associada às condições técnicas de assistência ao pré-natal e ao parto 11. As causas de mortalidade especificamente no período neonatal precoce relacionam-se particularmente com a qualidade e circunstâncias de assistência à gestação. É fundamental

8 associar os serviços de atenção básica e assistência ao parto, com ações dirigidas ao desenvolvimento e fortalecimento dos serviços de saúde materno-infantil 12. Os óbitos fetais e neonatais tem importância em direcionar esforços para a melhoria quanti-qualitativa da assistência pré-natal, visando à redução da mortalidade infantil e contribuindo para os fatores de desenvolvimento humano. Entretanto, um sistema de saúde mais acessível e efetivo também contribuirá para a redução das atuais taxas da mortalidade. O levantamento dos dados de mortalidade infantil, especialmente pós-neonatal, permite que se garantam, no futuro, melhores condições de vida e medidas preventivas dos setores de saúde 6,13,14. A baixa efetividade dos serviços de assistência à saúde infantil descreve um dos componentes da mortalidade pós-neonatal 11. Existem outros componentes como a distribuição desigual de renda, o acesso diferenciado aos recursos da saúde, ao saneamento básico e à educação nas baixas camadas sociais 15. Os óbitos pós-neonatais indicam o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental. A possibilidade de acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil são elementos decisivos nesta mortalidade 16. Outro estudo identificou que os fatores de riscos associados à mortalidade infantil prosseguem com um maior decréscimo na taxa pós-neonatal (13%) do que na taxa neonatal (6%) 17. Quanto ao óbito pós-neonatal, este se relaciona com a exposição ao meio ambiente e às condições de vida da população. O declínio nas taxas desse tipo de óbito associa-se com a ampliação da rede de saneamento básico, a programas acessíveis de grande cobertura populacional, através das campanhas de imunização e também dos serviços de assistência à saúde. Na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, deduziu-se que para a redução da mortalidade infantil, é necessário um grande investimento para auxiliar na prevenção de óbito neonatal 5. Com os avanços na assistência a saúde, podem-se apresentar recursos e proposta de intervenções para prevenir a mortalidade infantil. Com isso considera-se que o componente pós-natal é o responsável pela maior parcela da redução dos óbitos infantis nas últimas décadas e o componente neonatal simboliza uma grande parte da taxa de mortalidade infantil 18. Conclusão Nota-se que de acordo com os dados apresentados neste estudo, evidências apontam para um crescimento na mortalidade infantil desde 2002 a 2011, na cidade de Araxá - MG. Verificou-se também um aumento em óbitos neonatais e fetais, percebendo-se, porém, um decréscimo com prelação aos óbitos pós-neonatais. Para analisar a evolução da mortalidade

9 infantil, as condições técnicas de assistência à saúde e as condições de vida social são fatores primordiais e necessários como resultado. A cidade de Araxá carece de saúde e necessita de maiores esforços para beneficiar a relação de saúde na cidade e região. Primeiramente, espera-se melhorar a política de saúde da cidade, através da assistência a saúde da mulher e materno-infantil. Também se faz necessário a implantação de avanços na tecnologia e melhorias nos centros de saúde para melhores resultados na mortalidade infantil. Destaca-se a necessidade da criação de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal na cidade de Araxá. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde do SUS. Politicas. [acesso em 01 set 2012]. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=05. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde do SUS. Informações de Saúde. [acesso em 04 set 2012]. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=02. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde do SUS. Sistemas e Aplicativos. [acesso em 06 set 2012]. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=04. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde do SUS. Eventos Vitais SIM. [acesso em 10 set 2012]. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=040701. 5. Silva VLS, Santos IS, Medronha NS, Matijasevich A. Mortalidade infantil na cidade de Pelotas, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no período 2005-2008: uso da investigação de óbitos na análise das causas evitáveis. Epidemiol. Serv. Saúde [periódico na Internet]. 2012 Jun [acesso 6 jan 2013];21(2). Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1679-49742012000200009&lng=pt&nrm=iso. 6. Duarte CMR. Reflexos das políticas de saúde sobre as tendências da mortalidade infantil no Brasil: revisão da literatura sobre a última década. Cad. Saúde Pública [periódicos na Internet]. 2007 Jul [acesso em 20 dez 2013];23(7). Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-311x2007000700002&lng=en&nrm=iso. 7. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Saúde do SUS. Monitoramentos de eventos prioritários de mortalidade (SVS/Dasis): painel de monitoramento da mortalidade infantil e fetal. [acesso em 07 ago 2012]. Disponível em: http://svs.aids.gov.br/dashboard/mortalidade/infantil.show.mtw. 8. Ribeiro VS, Silva AAM. Tendências da mortalidade neonatal em São Luís, Maranhão, Brasil, de 1979 a 1996. Cad. Saúde Pública [periódicos na Internet]. 2000 Jun

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