Canal Energia - 15/04/2016 Distribuidoras: novo arranjo pós renovação?



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Transcrição:

Canal Energia - 15/04/2016 Distribuidoras: novo arranjo pós renovação? http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/reportagem_especial.asp?id=111404

As condições de renovação dos contratos de concessão das distribuidoras de energia elétrica abriram a possibilidade de consolidação do mercado de distribuição, a critério do acionista controlador, e já existe a sinalização de que grupos com pequenas distribuidoras, como a CPFL, poderão promover o agrupamento dessas empresas. Até onde as adequações poderão alterar a organização desse mercado nem mesmo especialistas se atrevem a prever. Um dos mais cautelosos é o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite. "Não é mandatório. A Aneel colocou como uma opção", afirma Leite. Ele lembra que a decisão é empresarial e passa por avaliações internas. "Se você for analisar, é basicamente os grupos Energisa e CPFL que teriam a possibilidade de fazer reagrupamento de concessões", aponta. A mesma opinião tem o diretor Tiago Correia, da Agência Nacional de Energia Elétrica. Ele explica que, no curto prazo, só é possível imaginar que empresas de um mesmo controlador possam passar por um processo de fusão, para lidar melhor com desafios como a redução de mercado, por exemplo. "Qualquer outro resultado de consolidação do mercado é para médio e longo prazos", acredita Correia. Empresas de um mesmo controlador podem passar por fusão Tiago Correia, da Aneel Em um intervalo um pouco mais longo de tempo, é possível, porém, imaginar que a retirada gradual dos subsídios tarifários concedidos a cooperativas de eletrificação e a pequenas distribuidoras com carga de até 500 GWh/ano possa afetar eventualmente algum desses prestadores do serviço de distribuição. A redução deve ocorrer na proporção de 25% ao ano pelo período de quatro anos e tem como objetivo retirar o efeito de distorção do mercado, explica o diretor. "A forma exatamente como isso vai ser feito ainda não foi determinada pela Aneel. Então, a gente deveria começar a fazer agora. Para as permissionárias já está acontecendo, e para as concessionárias pequenininhas vai acontecer a partir de um universo - mas ficou um hiato aí", avaliou Correia

Nelson Leite, da Abradee, é categórico ao afirmar que não acredita em concentração de mercado, porque as possibilidades de mudanças estão em áreas de concessão de distribuidoras de um mesmo grupo empresarial. "Não é possível você visualizar isso como uma tendência no mercado brasileiro no curto prazo. Teoricamente, a indústria de redes é mais eficiente quanto maior escala tiver. Isso é notório, e a própria ciência econômica mostra isso. Na prática, porém, você tem uma série de questões societárias. Por exemplo, não se tem informação do que vai acontecer com a Eletrobras", observa. Mudanças não trazem concentração de mercado Nelson Leite, da Abradee O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, concorda que a consolidação do mercado "deve estar no radar das empresas, porque elas estão espremidas, por ter que correr atrás de eficiência em um ambiente totalmente inóspito" como o setor elétrico. Sales afirma que passados meses desde que foram estabelecidas as condições para a renovação das concessões das distribuidoras, a impressão que fica é de certa insegurança em relação à capacidade das empresas de cumprirem com razoabilidade as metas econômico-financeiras e de qualidade estabelecidas nos contratos. Outro problema que agrava o ambiente de negócios das distribuidoras é a sobrecontratação de energia. "Esse problema é conjuntural, mas ele teve uma causa lá atrás que está se manifestando agora, e que afeta de maneira brutal em bilhões de reais o caixa das distribuidoras, fazendo com que elas fiquem com muito mais restrições em relação aos investimentos que precisam fazer para atender as metas". Relator do processo de renovação dos contratos de distribuição na Aneel, o diretor André Pepitone acredita que pequenas empresas vão ser preservadas nas mudanças do setor. "Aquele mesmo acionista que tem diversas pequenas distribuidoras, como é o caso da CPFL, há uma tendência de fato de criar uma concessão única. Ganha escala e a legislação permite esse movimento", diz Pepitone. Consolidação deve estar no radar das empresas Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil Ele pondera que ao regulamentar as condições de renovação das concessões, a Aneel proporcionou condições para que o mercado avançasse em busca da eficiência, com indicadores econômicos e técnicos muito claros e metas a serem alcançadas nos próximos cinco anos. Na mesma linha, Correia acredita que os desafios de pequenas empresas e de cooperativas de eletrificação que atuam como permissionárias não necessariamente levarão um rearranjo do segmento. A principal dificuldade relacionada com escala, destaca, é quando uma pequena empresa tem uma rede de energia muito esparsa, em uma área com baixa densidade em termos de números de consumidores. Nem todas as pequenas concessionárias se enquadram exatamente nesse perfil. Hoje é possível mesmo prestadores de serviço de menor porte obter alguns benefícios de escala, por meio do compartilhamento de software, de acordo cooperativo e de terceirização. Além do mais, no caso das cooperativas, há todo um histórico de atuação dessas entidades, que ocuparam originalmente espaços que não interessavam às empresas. Há um apego à prestação do serviço e, então, pode não haver necessariamente incorporação. Há um fator imprevisível no momento, que é a situação das distribuidoras Eletrobras. À exceção da Celg Distribuição, que será a primeira dessas distribuidoras a ser privatizada, nenhuma outra teve seu destino decidido. A forma como elas serão ofertadas ao mercado - individualmente, em bloco, com venda de controle etc - ainda não está definido. Falta assinar os contratos de concessão, o que deve acontecer este ano.

Condições para que o mercado avance com eficiência André Pepitone, da Aneel Correia, da Aneel, lembra que o problema da estatal é que ela foi criada como uma empresa de geração e transmissão, mas teve que assumir distribuidoras em piores condições econômicas, sem sinergia, e com grande dificuldade, inclusive do ponto de vista tecnológico, para garantir a expansão das redes. O que era uma situação provisória tem se arrastado ao longo do tempo, e talvez agora seja necessário capitalizar um pouco mais as empresas para a retomada dos investimentos. "A gente não sabe se o serviço é, de certa maneira, mal prestado por essas concessionárias porque elas já partiram desse momento histórico, ou porque a Eletrobras, como estava na posição transitória, de fato não vestiu a camisa da distribução", diz o diretor.