A COMPETITIVIDADE NA DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR Doutoranda: Ilciane Maria Sganzerla Breitenbach- Universidade do Vale do Rio dos Sinos



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Transcrição:

A COMPETITIVIDADE NA DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR Doutoranda: Ilciane Maria Sganzerla Breitenbach- Universidade do Vale do Rio dos Sinos RESUMO O trabalho, com suas exigências e extensa carga horária, com constantes mudanças, com ambientes conflituosos em função das diferenças de personalidade nas relações interpessoais estão entre as condições atuais do exercício da carreira profissional, incluindo a atividade do professor e podem vir a comprometer a qualidade da interação e da convivência entre os mesmos. Em função deste conjunto de fatores, facilmente pode conduzir a uma vulnerabilidade maior, desencadeando relações com menos tolerância e muitas vezes, surgindo desse quadro, a competitividade por melhores resultados de trabalho, por reconhecimento dos alunos e da Instituição, gerando dessa forma uma individualidade, própria do momento que a sociedade está passando. Baseada no pensamento de Baumann e Sennet, este pôster apresenta um estudo em andamento que tem como objetivo analisar os discursos sobre competitividade entre docentes de ensino superior de uma Universidade e uma Faculdade particular, localizada na Serra Gaúcha. Competitividade compreendida como uma decorrência de conflitos percebidos ou sentidos entre docentes e que surge de forma clara ou mascarada. Esse objetivo pode auxiliar na investigação de quais são as verdades sobre competitividade estabelecida entre docentes de ensino superior, cujos efeitos se manifestam em seu desempenho profissional? Narrativas de oito docentes de ensino superior de uma Universidade e de uma Faculdade Particular da Serra Gaúcha, com faixa etária entre 30 e 60 anos, iniciantes e experientes na carreira docente serão estudados através de análise de conteúdo qualitativa. A expectativa são que os achados discutam aspectos negativos da competitividade transformados em sentimentos de revolta, agressividade, sobrecarga, ou seja, causando sofrimento psíquico e um comprometimento ao desenvolvimento da Instituição e até mesmo com repercussões ao aprendizado do aluno. Palavras-chave: competitividade, docência universitária, relações colaborativas INTRODUÇÃO Uma condição básica para que se possam cumprir as finalidades educacionais em uma Instituição é a necessidade de colaboração entre todos para a compatibilização das expectativas e desenvolvimento de uma forma geral. Ressalta-se ainda, que repercute para esse objetivo, a forma pelo qual os atores envolvidos na aprendizagem compartilham seus conhecimentos entre eles e seus discentes. A complexidade de ensinar resulta de vários fatores e aspectos. A literatura, nesse sentido, passa por vários caminhos. Um dos aspectos é a existência de públicos nas instituições de ensino cada vez mais heterogêneos que tem de passar necessariamente pela colaboração entre docentes para que compartilhem as mesmas dificuldades em ensinar, já que compõem o corpo docente de uma mesma equipe que trabalha com os mesmos alunos e partilham o mesmo contexto.

2 Embora o tema da competitividade pareça, em um primeiro momento, já estar bem compreendido e bastante investigado, a maioria dos artigos publicados nos últimos dez anos sobre essa temática na Educação, refere-se ao domínio de conhecimento do Esporte, ou mais especificamente na Educação Física, relacionado diretamente com a prática de esportes. No âmbito educacional, os estudos atuais tendem a retratar aspectos relacionados à importância das relações colaborativas que precisam haver na Instituição Educacional. Fica evidente, então, uma lacuna de conhecimentos quanto à competitividade na docência de ensino superior. Em termos teóricos, o tema desperta especial interesse nos dias de hoje, devido às modificações que ocorrem diariamente no mundo do trabalho e que de certa forma, podem gerar também a competitividade pelas demandas do mundo do trabalho e também no campo de atuação da docência. Além disso, os estudos procuram reforçar a importância de ambientes colaborativos e cooperativos nesta modalidade de trabalho. Sendo assim, começa-se a pensar de uma maneira mais geral e entender a temática pretendida, no caso, a competitividade como um fenômeno que ocorre nas organizações e instituições em geral. Na maioria dos casos, tem raízes na insegurança pessoal. Ainda, em certos casos, são desencadeadas por sentimentos incômodos, tais como: mal- estar com o sucesso do outro, inveja e assim propensão à competição (Bazi, 2004). Nesse sentido, à competitividade, ou postura de disputar, rivalizar, querer superar alguém, pode ter diversas motivações. Duas das mais comuns contemplam ganhar poder, prestígio, status ou visibilidade dentro de determinado grupo e também diminuir a insegurança pessoal através da sensação de ser superior ao outro. No entanto, no campo da Educação, a competitividade vem ganhando destaque por ser conhecida como uma área inversora existencial quando é referido esse tema (Valente, 2003). No âmbito educacional, os estudos atuais tendem a retratar aspectos relacionados à importância das relações colaborativas que precisa haver na Instituição Educacional. Entretanto, atualmente, é reconhecida a importância e uma tendência à competitividade, ocorrendo nas mais diversas e diferentes instituições de ensino e focada na relação entre os professores. Esta tendência faz com que o indivíduo tenda a ver os outros com mais potencialidades do que a si próprio, surgindo à preocupação constante de se comparar com este referencial externo e a conseqüente sensação de ameaça nas relações interpessoais. Tal ameaça nas relações pode ser entendida como medo de ver a

3 autodepreciação reforçada pelo outro, através de rejeição afetiva ou de julgamento de incompetência (Vieira, 1996). Assim, a Instituição e seus envolvidos não conseguem acompanhar esse processo de mudanças que ocorrem a todo momento, incorporadas a uma visão natural e tranquilizadora, em decorrência de diferentes situações (sobrecarga de tarefas, evitação de criar conflitos, pressões, cobranças). Esta característica pode trazer repercussões tanto para a relação estabelecida com o aluno, como para a Instituição de Ensino como um todo. O estudo em andamento trata de alguns dos traços da realidade contemporânea e as formulações voltam-se à compreensão dessas mudanças que ainda se encontram em curso. Penso tornar-se importante e necessário investigar de maneira mais detalhada a maneira pela qual a competitividade vem se apresentando na educação, especialmente na de nível Superior, por tratar-se de um fenômeno que não é eventual ou circunstancial e que não se pode pretender uma interpretação geral de seus efeitos. Tendo-se em vista estas questões, a pesquisa objetiva desenvolver uma análise que permita compreender de maneira pormenorizada a competitividade entre professores docentes de ensino superior de uma Universidade e uma Faculdade Particular, localizada na Serra Gaúcha. Esse objetivo pode auxiliar na investigação de quais são as verdades sobre competitividade estabelecida entre docentes de ensino superior, cujos efeitos se manifestam em seu desempenho profissional? METODOLOGIA Participantes Docentes de uma Universidade Particular da Serra Gaúcha Docentes de uma Faculdade Particular da Serra Gaúcha Faixa Etária: 30 a 60 anos Diferentes Fases de Carreira: Iniciante ao Experiente Atuam nas duas instituições de Ensino O presente estudo será pautado na escuta de narrativas de professores e a partir daí a busca pela compreensão de como é construída e manifestada à competitividade no desempenho profissional. As entrevistas serão realizadas na própria instituição de ensino, pela própria pesquisadora.

4 A abordagem da pesquisa será qualitativa e a análise dos dados seguirá o caráter qualitativo das narrativas dos docentes de ensino superior. Assim, a pesquisa não comportará observações que validem ou refutem uma teoria, mas que permita descobrir pistas originais a respeito da competitividade na docência do ensino superior serão utilizados como instrumentos para a coleta de dados: 1-FICHA DE DADOS DEMOGRÁFICOS DOS PARTICIPANTES (para uma breve caracterização dos dados demográficos de cada docente, tais como idade, naturalidade, dados sobre a profissão, trajetória profissional, etc. ) 2- ENTREVISTAS COM DOCENTES (realizadas com docentes nas instituições de ensino superior, visando obter informações como percepções sobre a temática, eventuais repercussões no seu desempenho profissional) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES -Embora esta pesquisa esteja em andamento, às expectativas são que os achados discutam aspectos negativos da competitividade e que os mesmos se transformem em sentimentos de revolta, agressividade, sobrecarga, ou seja, causando sofrimento psíquico. -Além disso, uma falta de conscientização sobre esse processo de competitividade instalado nas instituições de ensino superior também pode ser elencado. -Ainda, a falta de aspectos colaborativos entre docentes decorrentes de uma deficitária visão e ausência de anseio em participação pelo crescimento da Instituição, tornam-se também perspectivas de achado nesse estudo. O mesmo possibilitará compreender a dinâmica destas relações, na perspectiva dos docentes. -Os dados encontrados poderão reforçar a necessidade de pesquisas para a compreensão dessa temática, como por exemplo, as repercussões da competitividade no aprendizado do aluno. Além disso, tais conhecimentos serão úteis para a implementação de programas de formação, capacitação de professores que atendam não apenas as demandas individuais, mas também as demandas institucionais.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN, Z. O mal- estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1998. BAUMAN, Z. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999. BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 BAZZI, M.(2004) Despojamento na superação da competitividade. Conscientiza, v. 8, n. 3, Julho/Setembro BAUMAN, Z. (2005) Identidade. Ed. Jorge Zahar, Rio de Janeiro SENNET, R.A corrosão do caráter: as conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 5º. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. VALENTE, I. (2003) Grupo: Laboratório Consciencial para o auto- enfrentamento: Journal of Conscientioly, v. 3, n.9, setembro, 2003 VIEIRA, W. (1996) Técnica de Avaliação de Consciência Integral, Instituto Internacional de Projeciologia, Rio de Janeiro, RJ