Palavras-Chave: Educação Infantil. Portfólios Avaliativos. Teoria Histórico-Cultural.



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Transcrição:

IMPLANTAÇÃO DOS PORTFÓLIOS AVALIATIVOS NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL CAMPUS - UEL E HU Eixo 4: Práticas Pedagógicas, Culturas Infantis e Produção Cultural para crianças pequenas Cassiana Magalhães Raizer Dirce Aparecida Foletto de Moraes Resumo Este artigo refere-se a um projeto de extensão denominado: Implantação dos portfólios avaliativos nos Centros de Educação Infantil Campus e HU da Universidade Estadual de Londrina e vislumbra-se no aperfeiçoamento da prática pedagógica partindo de grupos de estudos e reflexão do trabalho realizado, em outras palavras, articulação entre teoria e prática. Participaram do estudo vinte e seis professores divididos em quatro grupos de trabalho. Além das leituras e reflexões, os professores foram acompanhados no dia-a-dia da escola especialmente na construção dos portfólios avaliativos. Os resultados evidenciaram que as concepções dos professores acerca da avaliação da aprendizagem foram gradativamente se ampliando e gerando um olhar mais atento, observador e permeado pela intencionalidade, fatores estes que conduziram a uma prática pedagógica voltada ao desenvolvimento máximo no qual os portfólios passaram de álbum decorativo das melhores tarefas a serem utilizados para documentar as aprendizagens vivenciadas e ainda, compartilhar com os outros as construções das crianças. Palavras-Chave: Educação Infantil. Portfólios Avaliativos. Teoria Histórico-Cultural. Introdução Sabemos que o papel da educação está diretamente relacionado ao processo de humanização, e que, portanto, a escola é o lugar da cultura elaborada, das ações intencionais e do planejamento pedagógico. Para Mello: [...] O processo de humanização se dá como processo de educação, seja aquele realizado assistematicamente em todas as modalidades da prática social dos homens, seja aquele processo sistematizado, necessariamente marcado pela intencionalidade através da apropriação do conhecimento sistematizado, não-cotidiano. Em outras palavras, entendemos a educação como acesso à possibilidade máxima de apropriação do gênero humano, do

máximo de humanidade desenvolvida social e historicamente [...] (MELLO, 2000, p.63). Desse modo, a escola possibilita o acesso ao conhecimento acumulado historicamente e contribui para o processo de humanização. Para tanto, o trabalho do professor tem função primordial na mediação dos conhecimentos. Para Vigotskii (2010, p.114) Um ensino orientado até uma etapa de desenvolvimento já realizado é ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento geral da criança, não é capaz de dirigir o processo de desenvolvimento, mas vai atrás dele. A teoria do âmbito de desenvolvimento potencial origina uma fórmula que contradiz exatamente a orientação tradicional: o único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento. Nesse sentido, estamos ancorando nosso olhar na Teoria Histórico-Cultural compreendendo que é a aprendizagem que move o desenvolvimento e não ao contrário como ressaltava a velha psicologia. Entendendo a necessidade de estudo e reflexão para o processo de apropriação da cultura, e neste caso, para a apropriação de uma ferramenta de avaliação - os portfólios avaliativos - foi que criamos o projeto de extensão denominado: Implantação dos Portfólios Avaliativos nos CEI s Campus e HU. O projeto protocolado na Proex - Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Londrina teve início em agosto de 2011 com o objetivo maior de: Implantar o portfólio como ferramenta de avaliação formativa nos CEI s Campus e HU, e com os objetivos específicos: ampliar o conhecimento de professores acerca da documentação pedagógica; acompanhar as possíveis transformações do trabalho docente e ainda, compreender a importância da intencionalidade das práticas na Educação Infantil. Este projeto tem como público alvo vinte e seis professoras responsáveis pelas turmas de Berçário ao EI 5 (crianças de zero a seis anos de idade) e ainda, coordenadoras dos Centros que acompanham diretamente o trabalho das professoras. Onde desenvolvemos o projeto... CEI do Campus foi inaugurado no dia 16 de junho de 1992 pelo Reitor em exercício João Carlos Thomson, e pela Vice-Reitora Luzia Yamashita Deliberador. A obra foi

iniciada na gestão do reitor Jorge Bounossar Filho para atender os filhos dos servidores da UEL. A instituição implantou, a partir de 2011, o portfólio em sua proposta pedagógica, por entender que é uma ferramenta rica e que auxilia no acompanhamento da aprendizagem da criança. Alguns dos anseios para o futuro referente ao CEI/Campus é que se perpetue a transmissão de saberes para a criança, visando sua plena formação educacional, cidadã e humana, como também a formação continuada de seus educadores, por isso buscam sempre aprimorar o fazer docente. As atividades do CEI/HU iniciaram-se no dia 26 de junho de 2001, atendendo aos filhos dos funcionários do Hospital Universitário. Este atende a comunidade há 11 anos. Sua proposta pedagógica está baseada na metodologia de projetos, como por exemplo, o projeto anual Sou Criança, Sou Cidadão", que trabalha a cidadania, o respeito, a solidariedade e as diferenças com as crianças, além, é claro, de ações contidas na proposta pedagógica que propiciam o desenvolvimento integral da criança. O projeto Sou Criança, Sou Cidadão" tem sido um acontecimento muito marcante anualmente no CEI HU, visto o sucesso de seus resultados para com a criança e a sua família. O trabalho social visa ir além dos muros da escola incentivando a criança e a sua família a ajudar ao próximo e ainda a aprender com esse ato solidário. A Universidade Estadual de Londrina declara em seu site que a trajetória dos CEIs do Campus e do HU tem sido marcada pelas histórias de vida dos educadores infantis, funcionários, pais e crianças que, a cada dia, deixam seus registros profissionais nos espaços internos e externos do CEI em prol de uma educação infantil de qualidade. Portfólios: Documentando o vivido Os portfólios são conhecidos em diferentes áreas por documentar uma trajetória do seu autor, compilar dados e registros. No campo educacional, além de armazenar informações, é também compreendido como ferramenta de avaliação, desde que, as anotações contidas no material apresentem o percurso do seu criador, ou seja, suas aprendizagens, dificuldades, intervenções do professor e ainda, possíveis avanços no seu processo.

Para Parente (2004, p.82), "[...] todas as decisões relativas aos conteúdos do portfólio devem ser tomadas tendo subjacente a ideia de que o portfólio tem de ser manuseado por todas as crianças, mesmo pelas mais novas". E acrescenta, "[...] as educadoras de infância têm um papel extremamente importante no processo de avaliação subjacente às escolhas das crianças. São elas que ouvem as razões das escolhas e que encorajam a criança a reflectir através das questões que colocam" (PARENTE, 2004, p.83). Nesse sentido, a composição do portfólio é uma tarefa conjunta entre educadores e crianças. As decisões são pensadas e refletidas em parceria. As escolhas são resultado dos trajetos, das ações que julgam importantes, das fotos que retratam momentos importantes, enfim, do processo vivido. Para documentar o vivido e as experiências das crianças na escola da infância, os professores devem, como afirma Malaguzzi (2002): [...] deixar para trás o modo isolado e reservado de trabalhar, o qual não deixa sinais. Em lugar disso, devem descobrir formas de se comunicar e documentar as experiências evolutivas das crianças na escola. Devem preparar um fluxo constante de informação de boa qualidade dirigida aos pais, mas apreciada por crianças e professores (apud GANDINI; GOLDHABER, 2002, p.153). Assim, a intencionalidade do trabalho está nas mãos do professor, mas as crianças precisam estar juntas na confecção dos materiais, na seleção daquilo que irá compor o portfólio, no modo de documentar. Aquilo que é realizado na escola é compartilhado com outras crianças, outros professores, pais e comunidade. [...] este é o poder da documentação, na qual crianças e adultos estabelecem uma parceria em um empreendimento intelectual e emocional, capaz de construir as nossas identidades como indivíduos e como comunidade que aprende e ama (GANDINI; GOLDHABER, 2002, p.169). A documentação fornece voz às crianças e aos professores no sentido de ampliar sua relação com os outros e, ainda, mostrar as suas produções. Quando tornamos visíveis suas aprendizagens possibilitamos a valorização do seu trabalho e a partilha com os outros. Além disso, documentar favorece recordar, olhar novamente para o processo e trilhar novos caminhos. Por exemplo, o professor, ao perceber na documentação que seus objetivos

não foram atingidos, pode criar novas estratégias, novas propostas para o seu grupo de crianças, pois entende que [...] a documentação pedagógica é um processo cooperativo que ajuda os professores a escutar e observar as crianças com que trabalham, possibilitando, assim, a construção de experiências significativas com elas. A documentação, interpretada e reinterpretada junto com outros educadores e crianças, oferece a opção de esboçar roteiros de ação que não são construídos arbitrariamente, mas que respeitam e levam em consideração todas as pessoas envolvidas. O processo de documentar é capaz de ampliar a compreensão dos conceitos e das teorias sobre as crianças com a convicção de que, tanto para as crianças quanto os adultos, a documentação serve de apoio aos seus esforços para entender e para se fazer entender (GANDINI; GOLDHABER, 2002, p.50). Para documentar é preciso observar. Para observar é preciso propor intencionalmente uma ação. Em outras palavras, o professor que deseja documentar as aprendizagens das crianças, precisa criar necessidades nas crianças, criar condições de desenvolvimento, desse modo terá o que observar e consequentemente, o que registrar. Para tanto, como afirma Bissoli, o educador deve ser: [...] um profundo conhecedor da criança e de seu desenvolvimento. Apenas assim, tendo clareza a respeito do que significa educar e de qual o papel de sua atividade docente para a evolução psíquica da criança, estará envolvido em uma prática marcada pela consciência acerca dos objetivos pedagógicos e das formas de alcançá-los. (BISSOLI, 2005, p.134-135). Isso não é tão simples, é um grande desafio conhecer a criança, os objetivos pedagógicos e as atividades que melhor irão contribuir com o desenvolvimento da criança em determinado momento. Para tanto, faz-se necessário a apropriação da teoria que subsidie o trabalho do professor e, ainda, momentos de reflexão e trocas com seus pares. Pensando nessa necessidade foi que criamos dentro do projeto de extensão - grupos de estudos para os professores dos CEI S CAMPUS E HU, vislumbrando o aprimoramento da prática e fornecendo espaço e tempo para a reflexão conjunta. O projeto de extensão Inicialmente os professores participantes do projeto participaram de encontros e oficinas visando o aprimoramento da prática pedagógica. Os temas debatidos

foram especialmente criança, planejamento pedagógico, metodologia de projetos e avaliação da aprendizagem com a utilização dos portfólios avaliativos. Durante o primeiro ano de trabalho em 2011, além dos encontros de estudo foram realizadas visitas nas salas dos centros de educação infantil participantes, com intuito de acompanhar a construção dos portfólios. Muitas dúvidas foram evidenciadas e muitas dificuldades surgiram neste ano. Por isso, uma das ações delimitadas para o ano de 2012 foi a criação do grupo de estudos voltado para avaliação da aprendizagem. As professoras foram divididas em pequenos grupos e a cada semana estudam um texto voltado para a avaliação. O grupo vêm sendo conduzido por uma das professoras responsáveis pelo projeto e pequenos avanços já foram evidenciados. Dentre os avanços podemos citar o fato das professoras permitirem a construção do portfólio pelas crianças, especialmente na escolha das atividades e no modo de organização. O que parece simples, mas evidencia um novo olhar à criança, uma nova concepção - como aquela capaz. O foco do portfólio também desviou-se daquele preocupado com o enfeito e o fazer bonito, para aquele que acompanha as aprendizagens das crianças e evidencia seus avanços e suas vivências na escola da infância. Outro ganho significativo foi a crescente participação dos pais no processo, percebendo que suas contribuições são armazenadas nos portfólios, animam-se em participar. Por exemplo: enviando os materiais solicitados, participando das tarefas, comparecendo aos eventos realizados na escola. Considerações Como vemos, o processo de implantação dos portfólios nos Centros de Educação Infantil Campus UEL e HU está ainda em fase inicial. O projeto de extensão está em seu segundo ano dando passos lentos, porém seguros. Certos de que, ancorados no referencial teórico, com grupos de estudos semanais, reflexão constante da prática - faremos um trabalho de maior qualidade voltado para as máximas qualidades humanas. Entendemos que não é possível optar por uma ferramenta de avaliação como os portfólios, que necessitam de observação, reflexão e de um olhar atento as necessidades das crianças, sem que de fato, haja um desejo do grupo de professores em sua construção.

Evidenciamos ao longo desse tempo que os pais também valorizam de modo diferente a escola e participam de modo mais ativo do processo de aprendizagem das crianças. E, em uma das reuniões relataram o quanto ficou mais prazeroso e compreensível ver o que as crianças fazem na escola. Optar por esta ferramenta de avaliação significa um compromisso com a intencionalidade do trabalho pedagógico, com a variabilidade didática e com um processo educativo de qualidade. Referências: BISSOLI, Michelle de Freitas. Educação e Desenvolvimento da Personalidade da criança:contribuições da teoria histórico-cultural, 2005. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. GANDINI, Lella; Goldhaber, Jeanne. Duas reflexões sobre documentação pedagógica. In: GANDINI, Lella; EDWARDS, Carolyn. Bambini: a abordagem italiana à educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002. MELLO, Suely Amaral. Linguagem, consciência e alienação: o óbvio como obstáculo ao desenvolvimento da consciência crítica. Marília: Unesp -Publicações, 2000. PARENTE, Maria Cristina Cristo. A construção de práticas alternativas de avaliação na Pedagogia da Infância: sete jornadas de aprendizagem. Tese de Doutorado, Instituto de Estudos da Criança, Universidade do Minho, 2004. VIGOTSKII, L. S. Aprendizagem e Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar. In: VIGOTSKII, L.S; LURIA, A.R; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2010.