ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL IMPLANTAÇÃO DE PROJETO DE CASA DE FARINHA COMO OPÇÃO DE RENDA PARA OS REASSENTADOS DO REASSENTAMENTO RURAL COLETIVO Abril de 2013 1
SUMÁRIO execução: INTRODUÇÃO 2 1 CARACTERIZAÇÃO E PARTICULARIDADES DO EMPREENDIMENTO 3 2 - A PROPOSTA DE UM NOVO NEGÓCIO: A IMPLANTAÇÃO DE UMA CASA DE FARINHA NA ÁREA DO REASSENTAMENTO COLETIVO 4 3 - ANÁLISE DO MERCADO E COMPETITIVIDADE 5 4 - MODELO EMPRESARIAL PARA A IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 8 5 - PROJETO TÉCNICO (INVESTIMENTO) 12 6 - ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA 15 7 - ASPECTOS OPERACIONAIS E DE GESTÃO 22 8 - ANÁLISE FINAL E CONCLUSÃO 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 2
INTRODUÇÃO Conforme será apresentado posteriormente, a região Norte apresenta uma participação de 63% no consumo brasileiro de farinha de mandioca. No entanto, sua participação na produção é de apenas 28%, significando que 35% da farinha consumida nesta região é oriunda de outras regiões. Esta é, portanto, uma boa oportunidade de mercado para ser explorada pelos reassentados. Já existe uma tradição na fabricação artesanal de farinha de mandioca, não devendo haver, portanto, a preocupação que existe quando se introduz algo novo no mercado. A agregação de valor permite que os reassentados possam utilizar apenas uma parcela do seu terreno para o plantio da mandioca, podendo o restante da área ser disponibilizada para a criação de gado ou mesmo para a implantação de Sistemas Agro Florestais (SAFs). 3
1 CARACTERIZAÇÃO E PARTICULARIDADES DO EMPREENDIMENTO Este empreendimento se caracteriza por oferecer a oportunidade de geração de renda e trabalho para os produtores rurais que foram remanejados de Mutum Paraná, de forma participativa, através da agregação de valor sobre a mandioca, transformando-a em um produto de alto consumo pela população de toda a região Norte do país, no caso, a farinha de mandioca. Detalhe da produção da farinha de mandioca (fonte: internet) 4
2 - A PROPOSTA DE UM NOVO NEGÓCIO: A IMPLANTAÇÃO DE UMA CASA DE FARINHA NA ÁREA DO REASSENTAMENTO COLETIVO A Proposta deste negócio é oferecer a oportunidade aos produtores do reassentamento rural coletivo da AHE de Jirau de agregar valor à produção de mandioca que está sendo implantada em suas propriedades. 2.1 - FATORES FAVORÁVEIS PARA A SUA IMPLANTAÇÃO Existência de matéria prima; Tradição no consumo do produto na região; Público alvo necessitando de alternativa de renda; Déficit no atendimento da demanda existente; Interesse e apoio por parte da empresa geradora de energia em incentivar projeto de geração de renda para a população remanejada. Casa de farinha recém construída. Fonte: internet 5
3 - ANÁLISE DO MERCADO E COMPETITIVIDADE 3.1 - MACROAMBIENTE DO EMPREENDIMENTO: AMEAÇAS E OPORTUNIDADES 3.1.1 Ameaças Dificuldades na gestão; Baixo nível de escolaridade; Falta de visão empreendedora; Falta da cultura do associativismo. 3.1.2 Oportunidades Possibilidade de disponibilização de recursos financeiros para a implantação do projeto; Disponibilidade de assistência técnica; Elevado nível de consumo por parte da população; Proximidade da sede do município de Porto Velho (428.527 habitantes, segundo (IBGE/2010); Facilidades de acesso ao local do projeto (margens da rodovia BR 364) 3.2 ANÁLISE DO MERCADO 3.2.1 - Definição do mercado-alvo Não há distinção quanto ao mercado, pois a farinha de mandioca é consumida por todas as classes e idades. 6
3.2.2 - O potencial de mercado Do total de mandioca produzida no Brasil, 20% são destinados às fecularias, e cerca de 80% à fabricação de farinha (ALMEIDA; SILVA, 2004). Participação das regiões fisiográficas na produção de mandioca no ano de 2007. Fonte: IBGE, 2008 Estimativa da participação das regiões no consumo total de farinha de mandioca para a alimentação humana. Fonte: IBGE, 2009 7
Analisando os dois gráficos acima, pode-se observar que, embora a região Norte apresente uma participação de 63% no consumo brasileiro de farinha de mandioca sua participação na produção é de apenas 28%. Isto significa que 35% da farinha consumida na região Norte é oriunda de outras regiões, estando aí uma boa oportunidade de mercado 3.2.5 Perfil do consumidor A farinha de mandioca faz parte da mesa do consumidor de todas as classes da região Norte, não existindo, portanto um perfil de consumidor definido. Detalhe de casa de farinha típica da região Norte 8
4 - MODELO EMPRESARIAL PARA A IMPLANTAÇÃO DO PROJETO A fim de que se possa alcançar a viabilidade e o objetivo desejados, o modelo empresarial sugerido para este empreendimento deve passar, em alguma (s) etapa (s) do projeto, pelo associativismo. Apresentamos a seguir a representação gráfica de um possível modelo empresarial que poderia ser adotado pelo Reassentamento Rural Coletivo, levando em conta as diversas características existentes com relação a este público. Farinha de mandioca sendo produzida (fonte: internet) 9
4.1 FLUXOGRAMA REPRESENTATIVO DO MODELO DE PRODUÇÃO Produção da matéria prima (individual) Colheita e transporte (individual) Processamento Embalagem Estocagem (individual ou coletiva) Comercialização Entregas (individuais ou coletivas) 10
4.2 FLUXOGRAMA REPRESENTATIVO DAS ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO Recepção Descasque Lavagem Trituração Prensagem Esfarelamento Torração Resfriamento Peneiramento Estocagem Expedição Fonte: Produção de Farinha de Mandioca na Agricultura Familiar (João Sebastião de Paula Araujo e Clarindo Aldo Lopes) 11
4.3 PLANO DE MARKETING E COMERCIALIZAÇÃO Deverá ser criada uma boa logomarca e desenvolvida toda uma estratégia capaz de facilitar a comercialização dos produtos produzidos. A este respeito, A cooperativa à qual os reassentados estão atualmente em processo de filiação (COOPROJIRAU) deverá se tornar uma peça fundamental para que isto aconteça. Detalhe de farinha de mandioca sendo comercializada no varejo. Fonte: internet 12
5 - PROJETO TÉCNICO (INVESTIMENTO) 5.1 - LOCALIZAÇÃO E DIMENSIONAMENTO BÁSICO 5.1.1 Localização O projeto será localizado em local de fácil acesso, a poucos metros da BR 364, no distrito de Nova Mutum Paraná, no Município de Porto Velho Ro. 5.1.2 - Dimensionamento básico 5.1.2.2 - Nº de agricultores envolvidos O projeto foi dimensionado para atender a produção de 15 reassentados, cada um com 02 hectares de mandioca, mais 05 hectares de plantio coletivo. Caso haja a necessidade de ampliação, deverá ser colocado um novo forno e feita a ampliação do prédio. 5.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO A produção da farinha de mandioca deverá passar pelas fases de acordo com fluxograma apresentado anteriormente. 5.3 - DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS A agroindústria deverá ter como carro chefe a farinha de mandioca nos tipos e padrões requeridos pelo mercado. No entanto, foi projetada também a implantação de uma cozinha industrial, com o objetivo tanto de produzir alimentos capazes de atender as políticas públicas de aquisição de alimentos como de fornecer alimentos processados para o comércio regional. Lei 11.957 No mínimo 30% dos alimentos da merenda 13
escolar devem ser aquiridos da Agricultura Familiar execução: Alimentos processados à base de mandioca 5.4 - DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA UTILIZADA A tecnologia será buscada junto a outras indústrias semelhantes, e também junto a empresas e entidades como Universidades, EMBRAPA, EMATER e outras. 5.5 - MATÉRIAS PRIMAS E INSUMOS NECESSÁRIOS A matéria prima utilizada serão as raízes da mandioca, cultivadas pelos reassentados do reassentamento rural coletivo. 14
5.6 - PROTEÇÃO AMBIENTAL Como todo estabelecimento de manipulação de produtos que possam gerar resíduos, a indústria deverá obter licença dos órgãos ambientais para poder ser implantada, devendo a procura por tais órgãos ser o primeiro passo a ser dado, a fim de que os técnicos liberem a área destinada ao estabelecimento e forneçam os requisitos necessários para a obtenção das licenças. 5.7 - RECURSOS HUMANOS ENVOLVIDOS Na medida do possível, deverá ser aproveitada a mão de obra disponível existente no próprio reassentamento. 15
6 - ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA 6.1 - ESPECIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ESPECIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DEPENDÊNCIAS M2. CUSTO/M2. R$ CUSTO TOTAL Construção de prédio da indústria 165 1.000,00 165.000,00 TOTAL 165 165.000,00 6.2 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 1 - RELAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS FARINHEIRA Descrição Quant. Valor unitário R$ Valor total R$ Lavador Descascador MP1200 (c/ motor) 1 11060,00 11060,00 Cevador MP 180 (c/ Motor) 1 6420,00 6420,00 Prensa mecânica MP 1000 (Não possui motor) 1 6580,00 6580,00 Esfarelador classificador MP 170 1 9900,00 9900,00 Forno rotativo MP 2000 1 16120,00 16120,00 Moinho Padronizador MP 300 1 6260,00 6260,00 Balança de plataforma até 300 kg 1 1900,00 1900,00 Balança digital até 5 kg 1 1000,00 1000,00 Ensacadora semi-automática 1 12000,00 12000,00 Total 1 71.240,00 2 - RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS COZINHA INDUSTRIAL Item Quant. Valor unitário R$ Valor total R$ Fogão industrial 6 bocas PROGAS 1 919,00 919,00 Freezer horizontal 410 litros GELOPAR 3 798,00 2394,00 Mesa inox 1,9 x 0,9 m Metalcubas 3 659,80 1979,40 Geladeira Eletrolux 2 1129,00 2258,00 Embaladeira a vácuo (mandioca congelada) (Valor aproximado) 1 4000,00 4000,00 Utensílios diversos (caixas, tábuas, facas, etc.) 1 2000,00 2000,00 Total 2 13.550,40 16
3 - RELAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LATICÍNIO Descrição Quant. Valor unitário R$ Valor total R$ Tanque de expansão capacidade 500 litros 1 11000,00 11000,00 Pasteurizador lento/maturador de iogurte/tanque de fabricação de queijo 1 10000,00 10000,00 Prensa, Fôrmas e outros utensílios 1 1000,00 1000,00 Total 3 22.000,00 Total de equipamentos previstos 106.790,40 Obs.: Alguns preços constantes neste estudo foram levantados em projetos anteriormente realizados, e requerem atualização. Recomendamos que, quando as cotações forem feitas, se leve também em consideração o fator qualidade dos equipamentos e não apenas o preço dos mesmos. 6.3 - INVESTIMENTOS FIXOS INVESTIMENTOS FIXOS DISCRIMINAÇÃO VALOR R$ Construções 165000,00 Máquinas e equipamentos 106790,40 Gastos com rotulagem 500,00 Gastos com abertura de empresa e outros 500,00 Veículo utilitário para entregas 30000,00 Instalações 5000,00 Total 307790,40 6.4 PREVISÃO MENSAL DE VENDAS PREVISÃO MENSAL DE VENDAS LINHA DE PREÇO UNITÁRIO QUANTIDADE RECEITA PRODUTOS UNIDADE R$ VENDIDA (*) TOTAL R$ Farinha de mandioca (*) Kg 2,50 11667 29.166,67 TOTAL 29.166,67 (*) Capacidade de produção (apenas 1 turno diário, de 8 horas): 600 kg de farinha/dia, ou 13.200 kg/mês (22 dias trabalhados em média). 17
6.5 ESTIMATIVA DE GASTOS COM INSUMOS ESTIMATIVA MENSAL DE GASTOS COM INSUMOS CUSTO TIPO DE PRODUTO UNIDADE UNITÁRIO R$ QUANT. CUSTO TOTAL R$ Mandioca in natura dos reassentados Kg 0,30 30000 9.000,00 Mandioca in natura da associação (05 ha) (*) Kg 0,30 5000 1.500,00 Embalagem primária Um 0,05 11667 583,33 Embalagem secundária Um 0,20 1167 233,33 Energia elétrica 500,00 1 500,00 Total 11.816,67 Obs 1 - Dentro da produtividade esperada (produtividade média de 12.000 kg/ha); a adesão de 15 reassentados com o plantio de 02 hectares cada e mais os 5 ha a serem plantados coletivamente, serão suficientes para atender o dimensionamento da agroindústria. (1.600 kg de mandioca in natura/dia, ou 35.200 kg/mês). Foi considerado apenas 01 turno de trabalho com 8 horas trabalhadas. 2 - Receita mensal por produtor com venda de insumo (mandioca in natura) (24.000 kg X R$ 0,30/kg / 12) = R$ 600,00 6.6 CUSTO DE COMERCIALIZAÇÃO CUSTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DISCRIMINAÇÃO % INCIDÊNCIA S/ VENDAS VALOR R$ 1 Impostos SIMPLES Nacional 7,34% 2140,83 Total de impostos 2.140,83 2 - Gastos com vendas 2.1 Taxas diversas (comercialização, administração) 3% 875,00 2.2 Fretes (entregas) (*) 0 1.770,00 Total de gastos com vendas 2.645,00 Total 4.785,83 (*) Foi considerada uma média de 300 km/entrega x 20 entregas/mês =6000 km/mês. Considerando-se um consumo médio de 10 km/litro, teremos 600 litros de combustível consumido/mês. Ao preço de R$ 2,95 /litro, tem-se um gasto mensal com combustível de R$ 1.770,00. 18
6.7 RESUMO DOS CUSTOS VARIÁVEIS RESUMO DOS CUSTOS VARIÁVEIS DISCRIMINAÇÃO VALOR R$ Insumos 11.816,67 Custos de comercialização 4.785,83 Total 16.602,50 6.8 MÃO DE OBRA Atividade QUADRO DE MÃO DE OBRA Quantidade Quantidade Total de de horas/mês horas/dia (22 dias) Valor/hora (baseado em 50,00/dia) R$ Valor total R$ Processamento 4 8 704 6,25 4.400,00 Atendimento/entregas 1 8 176 6,25 1.100,00 Total 880 5.500,00 6.9 - MANUTENÇÃO, DEPRECIAÇÃO E SEGURO GASTOS COM MANUTENÇÃO, DEPRECIAÇÃO E SEGUROS Valor total (R$) Deprec. Manut. Seguros Valor Valor Valor (R$) Taxa (R$) Taxa (R$) Taxa Benfeitorias (*) 165.000,00 732,88 5,33 455,13 3,31 137,50 1,00 Máquinas/equipamentos (**) 71.240,00 395,38 6,66 277,24 4,67 59,37 1,00 Veículo (***) 30.000,00 200,00 8 250,00 10 125,00 5,00 Total/mes 1.328,26 982,37 321,87 2632,49 (*) Previsão de 15 anos de vida útil com residual de 20% (**) Previsão de 12 anos de vida útil com residual de 20% (***) Previsão de 10 anos de vida útil com residual de 20% 19
6.10 DESPESAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO DESPESAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO Descriminação Valor Contabilidade R$ 200,00 Telefone R$ 300,00 Outros R$ 50,00 Total previsto R$ 550,00 6.11 RESUMO DOS CUSTOS FIXOS RESUMO DOS CUSTOS FIXOS DISCRIMINAÇÃO VALOR R$ Gastos com pessoal da produção 5.500,00 Depreciação, manutenção e seguro 2.632,49 Despesas com administração geral 550,00 Total 8.682,49 6.12 DEMONSTRATIVO MENSAL DE RESULTADOS DEMONSTRATIVO MENSAL DE RESULTADOS DISCRIMINAÇÃO VALOR 1 Receita bruta de vendas R$ 29.166,67 2 Custos variáveis (2.1+2.2) R$ 16.602,50 2.1 Insumos R$ 11.816,67 2.2 Custos de comercialização R$ 4.785,83 3 Margem de contribuição (1-2) R$ 12.564,17 4- Custos fixos R$ 8.682,49 6 Lucro operacional(3-4) R$ 3.881,68 7 Provisão Imposto de renda R$ 116,45 8 Lucro líquido (6-7) R$ 3.765,23 8 Lucro líquido mensal por associado R$ 251,02 20
6.13 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS TABELA 38 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS INDICADORES ÍNDICE Margem de contribuição (vendas custos variáveis) R$ 12.087,50 Valor da margem de contribuição( M. Contribuição/vendas x 32% 100) Lucratividade 24% Ponto de equilíbrio (Custo fixo/% M. Contribuição x 100) R$ 23.124,07 Percentual do ponto de equilíbrio (P. de equilíbrio/vendas x 62% 100) Prazo de retorno do investimento (investimento/lucro líquido) 32,06 em meses Rentabilidade (L. Líquido / investimento x 100) 3% 21
7 - ASPECTOS OPERACIONAIS E DE GESTÃO 7.1 - GESTÃO EMPRESARIAL Um dos aspectos mais importantes para o sucesso de um empreendimento é a forma e capacidade de gestão envolvidos, devendo os dois fatores andar atrelados. Com relação ao modelo de gestão, mecanismos devem ser buscados para que haja a devida transparência e participação dos envolvidos. Neste sentido, deverá ser proposta a implantação de um sistema eficaz de organização, capaz de transmitir a confiança e a transparência necessárias para que todos os envolvidos acreditem no projeto e possam torná-lo próspero e bem sucedido. E com relação à capacidade de gestão, esta deverá ser trabalhada desde a fase inicial do projeto, devendo ser oferecidos aos participantes do mesmo as oportunidades se capacitarem e se prepararem para, com o tempo, poder gerir seu empreendimento sem a necessidade de intervenção de terceiros. 7.2 - CONTROLES OPERACIONAIS E DE GESTÃO Deverão ser criados controles operacionais e de gestão (produção, financeiro e comercialização) eficazes, de forma que possibilitem, com clareza e simplicidade, a sua leitura e interpretação por parte dos associados envolvidos. 7.3 - TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO Estes deverão ser buscados junto a entidades que atuam no setor (SENAR, SEBRAE, EMATER, Universidades) 7.4 RECURSOS HUMANOS 7.4.1 - Recursos humanos da produção De preferência, que se busquem os recursos humanos junto ao público envolvido (beneficiários e seus familiares). No entanto, caso isto não seja possível, deve-se buscar funcionários junto à comunidade de Nova Mutum, lembrando sempre que o principal critério para contratação deverá ser a competência, aliada às demais características necessárias para que um empreendimento possa fazer frente ao mercado (honestidade, bons hábitos de higiene, assiduidade e outras). 22
7.4.2 - Recursos humanos da administração Por se tratar de um projeto coletivo, sua administração terá que ser feita com o máximo de transparência possível, devendo ser criados mecanismos de controles simples e fáceis de operar, mas capazes de fornecer aos associados uma leitura dos resultados da empresa em qualquer momento que forem solicitados. 23
8 - ANÁLISE FINAL E CONCLUSÃO Pelo seu aspecto coletivo, um projeto desta natureza pode ser analisado sob dois aspectos: 1º. Receita proveniente da produção de matéria prima: A receita média mensal proveniente da venda de mandioca in natura referente a dois hectares de área é de R$ 600,00 (12000 kg x 2 x R$ 0,30/kg /12). Desta forma, já existe um fator que poderá atrair os reassentados para este projeto, que é a garantia de uma receita proveniente da venda de matéria prima para a indústria. 2º. O lucro líquido da agroindústria: Trabalhando dentro da capacidade de produção apresentada anteriormente, o lucro mensal apresentado pela agroindústria é de R$ 3.765,23, o qual deverá ser rateado entre os associados (igualmente ou proporcionalmente à quantidade de matéria prima entregue, devendo esta discussão ser feita entre os associados antes da implantação da agroindústria). Apenas para efeito de cálculo, supondo-se que 15 reassentados irão participar do projeto, cada um com uma área de 02 hectares plantada. Rateando-se R$ 3.765,23 por 15, teremos a quantia de R$ 251,02 por mês para cada reassentado. Conclusão: Somando-se a quantia acima com os R$ 600,00 provenientes da receita da venda da mandioca in natura, teremos então uma receita mensal de R$ 851,02 por beneficiário. 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS Recursos destinados Embora os recursos oferecidos pela ESBR para implantação do projeto sejam limitados (em torno de R$ 206.000,00), que seria o valor projetado inicialmente para a implantação apenas da casa de farinha, optamos por colocar o valor total do projeto após a evolução do mesmo, o qual passou pela anexação de uma cozinha industrial objetivando a produção de alimentos processados, destinados ao abastecimento das políticas públicas de aquisição de alimentos (PNAE e PAA) e também ao comércio regional, e também a implantação de um pequeno laticínio. Esta opção foi feita diante das possibilidades existentes da associação dos reassentados receber equipamentos em regime de comodato. Caberá à associação, com o apoio da assistência técnica, buscar as fontes destes recursos e elaborar os projetos necessários para que isto possa acontecer. Valores do projeto A Construção civil - O valor da construção foi calculado com base nos valores do SINDUSCON RO, considerando-se o fato da não necessidade de um padrão elevado de construção e de que boa parte do prédio paredes serão revestidas com tela ao invés de alvenaria, proporcionando economia na construção. B Equipamentos Alguns valores de equipamentos (relativos ao leite) foram extraídos de projetos anteriores. Os outros equipamentos (processamento de farinha e cozinha industrial) poderão estar com seus valores defasados, necessitando de novas cotações. 25