A IMPORTÂNCIA DO SEGURO PARA A SOCIEDADE. *Especialista em Regulação e Supervisão de Seguros da Associação de Genebra



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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DO SEGURO PARA A SOCIEDADE por Kathrin Hoppe* *Especialista em Regulação e Supervisão de Seguros da Associação de Genebra Traduzido por CNseg O seguro é importante para a sociedade em vários aspectos, porém, a conscientização geral quanto às contribuições do seguro para a economia e a sociedade em termos gerais é baixa. Os formuladores de política e o público em geral somente começam a valorizar o seguro quando ocorre o sinistro e é possível contar com a indenização paga pelo seguro. As contribuições mais relevantes do seguro para a sociedade são compartilhamento de riscos, consórcio de riscos e capacidade de transferência de riscos, e as medidas de prevenção de sinistros, que são inerentes ao modelo de negócios do seguro e fundamentais para o bom funcionamento de uma economia, mas que permanecem praticamente invisíveis. Segurabilidade marca a fronteira entre o papel dos seguradores como um player do mercado e o papel do Estado-Nação na garantia do bem-estar social. Quando os riscos não são seguráveis o Estado tem que intervir, mas não precisa se preocupar com os riscos que são seguráveis e estão segurados. Dessa forma, o seguro trabalha de mãos dadas com o Estado em prevenção de sinistros e indenizações de sinistros. O único senão do seguro é que a "paz de espírito" que ele proporciona é uma realidade inconsciente, a qual não pode ser medida, diferente dos ativos sob gestão e da contribuição dos seguradores ao PIB. O artigo que se segue destaca algumas áreas do seguro que demonstram seu papel social na sociedade. Como o seguro ajuda consumidores, empresas e a sociedade em geral? Os seguradores seguram pessoas, assim como entidades comerciais. Pessoas físicas escolhem um produto de seguro a fim de evitar que enfrentem um ônus 1

financeiro quando ocorrerem os danos resultantes de um determinado evento (seguro não vida), ou quando desejam constituir uma reserva financeira para um determinado projeto e/ou tentam reduzir a mortalidade, a invalidez e os riscos de longevidade (seguro vida e previdência). A paz de espírito das pessoas O produto não vida mais comum é o seguro de Responsabilidade Civil de Terceiros Automóvel (MTPL na sigla em inglês). Se uma pessoa provocar um acidente, ele/ela é obrigada a pagar os danos causados ao terceiro não responsável. Dependendo das circunstâncias do acidente, a pessoa tem que pagar um valor alto (que abrange de contas hospitalares até perda de receita futura, além do dano material). Ao contratar o seguro MTPL, a pessoa garante que os danos do terceiro serão pagos, enquanto sua situação financeira não é severamente impactada. Quando uma pessoa contrata um seguro vida ou previdência ela poupa dinheiro regularmente, a fim de constituir um capital social para um determinado objetivo, por exemplo, uma reserva pecuniária para algum projeto/risco ou para aumentar os benefícios da previdência. De um modo geral, o seguro apoia a pessoa mantendo sua situação financeira estável. O seguro reduz o nível da poupança por precaução (individual) desnecessária e permite que o capital seja alocado a projetos que ofereçam maior retorno. Dessa forma, o seguro estimula investimento e consumo, reduzindo o montante de capital comprometido em áreas relativamente improdutivas. Se ao invés disso a mesma pessoa contrata um produto bancário tradicional, ela pode constituir uma reserva e sacar o dinheiro quando necessário, entretanto, não teria o mesmo acesso às possibilidades de investimento que os seguradores têm ao investir como um investidor global. De mais a mais, se o cliente optar por investir o dinheiro em um produto bancário tradicional, ele/ela poderia não ter constituído reserva suficiente para cobrir seus prejuízos depois de um evento segurado. Um motor econômico e uma rede de segurança para entidades comerciais Do mesmo modo como ocorre com pessoas, entidades comerciais podem estar expostas a reclamações de sinistro por danos depois de um determinado evento. Fabricantes, por exemplo, podem ser responsáveis por um produto com defeito que causou danos a uma pessoa. Considerando que os produtos são vendidos habitualmente em grandes quantidades, um fabricante pode, facilmente, receber reclamações de um número significativo de consumidores e, por conseguinte, ser obrigado a pagar grandes somas em indenizações. Se uma entidade comercial não pudesse transferir esse risco para um segurador por intermédio da contratação de seguro, a empresa precisaria reservar capital para fazer face aos sinistros de responsabilidade civil em potencial, resultantes de um produto com defeito. A empresa teria, portanto, menos capital disponível para investir em novas tecnologias e inovação de produto. De certa maneira, o seguro apoia o crescimento econômico, assumindo riscos com os quais, normalmente, a entidade comercial teria que arcar. 2

Tecnologias inovadoras não poderiam ser comercializadas e novas empresas não poderiam correr riscos sem seguro comercial; companhias aéreas não poderiam colocar suas aeronaves para voar sem o suporte do seguro, seja em cativas como autosseguro, ou seguro comercial. Somente as empresas de grande porte podem praticar o autosseguro e sobreviver a grandes sinistros, como foi o caso da British Petroleum e o sinistro ocorrido com a plataforma Deepwater Horizon caso haja um intervalo de tempo entre os sinistros. As companhias de seguros também ajudam os bancos no gerenciamento de seus riscos. O seguro de crédito ao consumidor, por exemplo, é feito regularmente pelos consumidores ao obterem um crédito ao consumidor. Em caso de morte do consumidor ou quando por outras razões não seja possível pagar o empréstimo (por exemplo, em casos de desemprego ou invalidez), a companhia de seguros continua a pagar as prestações de acordo com o contrato de crédito ao consumidor. O risco do banco de o mutuário não pagar o empréstimo é, portanto, reduzido significativamente, e permite aos bancos investirem o capital do qual eles precisariam então dispor como uma precaução. Considerando que o seguro de crédito dá aos bancos mais garantia, ele facilita não apenas os créditos ao consumidor, mas também, as exportações de equipamentos e outros bens de investimento. Os prêmios de seguro pagos pelo segurado cobrem os custos operacionais da companhia de seguros e constituem as reservas financeiras para desembolsos futuros. Tendo em vista que alguns desembolsos não ocorrem em um futuro próximo (por exemplo, produtos vida de longo prazo e previdência), o capital obtido com prêmios de seguro pode ser reinvestido no mercado financeiro para gerar receita de investimento. Os seguradores são, portanto, importantes investidores nas economias nacional e mundial. Eles disponibilizam seu capital para empresas privadas (por exemplo, fabricantes, fornecedores de energia, indústria financeira), investindo em suas ações ou comprando seus títulos. Também ajudam os governos nacionais no financiamento, por exemplo, de infraestrutura, e em outros projetos em benefício da economia e da sociedade, em particular, investindo em títulos do governo. Além disso, o seguro funciona como um escudo na economia moderna. Permite filtrar surtos súbitos de necessidades financeiras associadas a uma catástrofe que atinja muitos segurados que, caso contrário, poderiam ser levados à falência. O seguro permite um planejamento futuro com mais segurança, evitando ou atenuando riscos específicos que são considerados como sendo uma ameaça para o processo comercial como um todo. 1 A possibilidade de transferir risco para o segurador proporciona às pessoas, assim como às entidades comerciais, uma rede de segurança, a qual lhes permite assumir riscos calculados em suas decisões empresariais (por exemplo, inovação de produto, novos investimentos) e decisões individuais (por exemplo, hipotecas de casas, uma segunda formação profissional, melhoria na sua qualidade de vida). E 1 Liedtke, P.M. (2007) What s Insurance to a Modern Economy?, The Geneva Papers on Risk and Insurance Issues and Practice, 32(2), 211-221. 3

por último, porém, não menos importante, o seguro funciona como um importante empregador e educador, oferecendo empregos qualificados em uma série de profissões. Como os seguradores ajudam a enfrentar os atuais desafios da sociedade? Protegendo o futuro do envelhecimento das populações O percentual de pessoas com 65 anos ou mais nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - OCDE, em comparação ao de pessoas com idade entre 15 e 64 anos, terá dobrado entre 1980 e 2040, atingindo um pico de 37 por cento. 2 O papel desempenhado pelos seguradores de fundos de pensão está ganhando mais importância, sobretudo devido ao aumento das populações idosas que hoje vivem muito mais tempo nos países industrializados, em face de condições de vida melhores e tratamento médico melhor. Ao mesmo tempo apesar do fato de vários governos nacionais terem aumentado a idade para aposentadoria as possibilidades de aposentadoria mais cedo incentivam as pessoas a deixarem a vida ativa antes do limite legal de idade. Apenas nos EUA, e desde 2011 no Reino Unido, não há idade legal para aposentadoria, motivando empregadores e empregados a desenvolverem novas formas de emprego, como os "trabalhadores grisalhos". Como consequência, os períodos de aposentadoria têm se alongado de forma significativa e os aposentados, por conseguinte, necessitam de mais economias para sustentar seu padrão de vida. Enquanto a geração atual de aposentados ainda se beneficia dos fundos de seguridade social, os quais foram amplamente financiados quando as taxas de natalidade e de participação no mercado de trabalho eram mais altas, a geração mais jovem de hoje terá que contar, em grande parte, com os fundos privados e as economias pessoais. Os fundos de seguridade social que existem com base em contrato entre gerações têm obrigações de pagamento com um número crescente de aposentados e estima-se que haja redução nos benefícios para beneficiários futuros. Ademais, um número crescente de empregadores passa de planos de benefício definido para planos de contribuição definida, mudando o risco de longevidade relativo a seus empregados. Parte dessa geração de idosos viverá os últimos anos de vida com algum nível de dependência, necessitando fazer uso de cuidados de longa duração (LTC na sigla em inglês). LTC é um conjunto de serviços prestados diariamente, formalmente ou 2 Lafortune, G., Balestat, G. and the Disability Study Expert Group Members (2007) Trends in severe disability among elderly people: Assessing the evidence in 12 OECD countries and the future implications, OECD Health Working Papers 26, Paris. 4

informalmente, em casa ou em instituições, a pessoas que sofrem de uma perda de mobilidade e de autonomia no dia-a-dia de suas vidas. Embora a perda de autonomia possa ocorrer em qualquer idade, sua frequência aumenta na idade avançada. Diferente do que ocorre com as apólices padrão de seguro saúde que pagam originalmente o custo da assistência médica, as apólices de LTC são contratos de longo prazo, concebidos para ajudar as pessoas com dificuldades físicas e/ou cognitivas, que pagam pela assistência nas atividades do cotidiano 3 Nem todos os sistemas nacionais de seguridade social cobrem os custos médicos e de assistência, e caso os cubra, muitas vezes isso não é suficiente para cobrir os custos reais. Como consequência, as pessoas físicas têm que confiar em suas próprias economias ou nos benefícios sociais. Mais uma vez, em especial no caso da geração mais jovem, que tem uma expectativa de vida ainda maior do que a atual geração de idosos, o cuidar é essencial. O papel do seguro, portanto, vai muito além do seu papel de investidor financeiro e suporte ao crescimento econômico. Desde já, mas cada vez mais no futuro, a eficácia do acordo entre gerações terá que contar com o seguro como um dos provedores de "produtos de poupança", complementado por uma redução do risco de longevidade, para a época da aposentadoria. No momento, a penetração desses produtos no mercado ainda é baixa, de modo que o segurador não é somente o provedor, mas desempenha também um papel na criação de conscientização das soluções disponíveis. Catástrofes naturais e mudanças climáticas As catástrofes naturais vêm aumentando nos últimos anos, e o Hemisfério Sul está particularmente exposto devido às economias e infraestruturas frágeis. O motivo não é somente o aquecimento global e suas consequências. O motivo é também o aumento acentuado da concentração de pessoas e propriedades em áreas propensas a catástrofes naturais. As populações das regiões costeiras aumentam constantemente e as catástrofes naturais em países do terceiro mundo, muitas vezes, atingem as populações que vivem na pobreza. O microsseguro pode contribuir para o gerenciamento do risco de catástrofes nos países do terceiro mundo. Ele foi projetado para ser acessível pelos mais desfavorecidos e visa apoiar as famílias que se encontram na pobreza. Esses produtos são, com frequência, concebidos para enfrentar o risco específico de catástrofe natural em uma determinada área (por exemplo, planos de seguro indexados à seca em Malaui, seguro de graves secas na Etiópia, etc.). 4 3 Costa-Font, J. and Courbage, C. (2012) Financing Long-Term Care: New and Unresolved Questions, in Costa-Font, J. and Courbage, C. (eds) Financing Long-Term Care in Europe, Basingstoke: Palgrave Macmillan. 4 UNISDR (2011) Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction. Available at http://www.preventionweb.net/english/hyogo/gar/2011/en/home/index.html 5

As catástrofes naturais resultam em danos cada vez mais significativos. Não apenas as propriedades privada e comercial sofrem danos, mas também a infraestrutura, como por exemplo, estradas, portos, sistemas de telecomunicações, marítimos e de água e águas residuais, e redes de energia elétrica. A infraestrutura danificada reflete imediatamente na economia. A cobertura de seguro permite a rápida reconstrução e o restabelecimento e, portanto, estabiliza a economia como um todo. Os processos comerciais interrompidos podem ser cobertos pelo seguro de continuidade de negócios, compensando a perda de receita que a empresa sofre após uma catástrofe, enquanto suas instalações estão sendo reconstruídas. Compreender a natureza e o impacto dos riscos climáticos com antecedência é extremamente eficaz para minimizar o impacto das catástrofes. Apesar de uma maior conscientização do governo, o mercado de seguros está trabalhando para melhorar a questão da prevenção de sinistro e desenvolver tecnologias em áreas aonde haja riscos de catástrofes naturais, inspirando-se em sua vasta experiência e conhecimento adquiridos ao longo das últimas décadas. Esse esforço abrange desde a elaboração de mapas de risco digitais, propriedades resilientes a risco, em apoio aos programas públicos de atenuação de risco. Alguns seguradores também oferecem aos seus clientes serviços específicos da engenharia de risco, os quais são relevantes para lidar com o desafio das mudanças climáticas, como por exemplo, avaliação e melhor consultoria do risco patrimonial, gestão da continuidade dos negócios, avaliação da interrupção dos negócios, avaliação dos riscos naturais e definição do perfil do risco completo. 5 Os seguradores que estão autorizados a adotar a precificação baseada no risco podem incentivar a adaptação que reduz, verdadeiramente, o risco. Quando os dados têm uma granularidade suficiente, muitas vezes é possível para os seguradores apontar as diferenças existentes entre os riscos. A presença de métodos de redução de risco (como por exemplo, edifícios devidamente adaptados) pode indicar baixa severidade do dano e, portanto, justificar uma redução no prêmio. Conclusões O presente artigo dá apenas uma noção da importância dos seguradores para a sociedade. Com a sociedade enfrentando enormes desafios, o papel dos seguradores torna-se cada vez mais importante. Estruturas familiares tradicionais principalmente em países desenvolvidos já não proporcionam mais uma rede de segurança social como antigamente. As próprias pessoas arcam quase integralmente com o ônus da perda. Embora o seguro não possa substituir as estruturas sociais, ele pode aliviar o ônus. Nos países do terceiro mundo, o seguro 5 Liedtke,P.M., Schanz, K.-U. and Stahel, W.M. (2009) Climate change as a major risk management challenge How to engage the global insurance industry, The Geneva Association s COP15 Background Paper. Available at http://www.genevaassociation.org/portals/0/cop15_background_paper.pdf. 6

pode ajudar a evitar que pessoas que vivem em condições difíceis passem por outros sofrimentos causados pelas catástrofes naturais. O seguro não pode e não deve assumir o papel do Estado de fazer frente aos desafios da sociedade, mas pode ajudar a encontrar soluções adequadas. É de extrema importância que os formuladores de política percebam o potencial papel que os seguradores têm e os leve em consideração ao proporem uma nova regulamentação para o seguro e ao tomarem medidas de adaptação pós-catástrofe. Esse artigo foi publicado pela Associação de Genebra (A Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros). Artigos, documentos e publicações recentes da Associação podem ser encontrados no seu website, em www.genevaassociation.org 7