Difusão por Ressonância Magnética A difusão é definida basicamente como o movimento aleatório pelo qual as moléculas de um soluto migram em direção a um gradiente mais baixo de concentração da solução. Devido a alta concentração de água dentro dos tecidos biológicos a difusão-rm é uma técnica que tem sido utilizada para medir a difusão dos prótons de H+ presentes nas moléculas de água dos tecidos do corpo humano. O sinal adquirido para obtenção das imagens é predominantemente do espaço extracelular, porque a água tem maior liberdade de se difundir neste espaço do que nos espaços intracelulares. Por causa de uma complexa interação de fatores in vivo, o real coeficiente de difusão da água não pode ser medido diretamente. Assim, o coeficiente de difusão obtido na RM é chamado de coeficiente de difusão aparente (CDA), sendo calculado por meio de difusão-rm que é obtida em três planos ortogonais. Por isso, mudanças no CDA são inversamente proporcionais às mudanças na celularidade (quanto maior a celularidade menor o CDA). As lesões com níveis de CDA inferior a 1,0 x 10 ˉ ³ s/mm² favorecem malignidade e com níveis de CDA superiores a 2,0 x 10 ˉ ³ s/mm² favorece benignidade. A diminuição do CDA reflete a diminuição no movimento da água extracelular livre, seja pelo aumento do número ou tamanho das células, como pode ser visto com progressão do tumor. Em contraste, o aumento no CDA reflete um aumento da mobilidade da água, seja pela perda da integridade da membrana celular ou pelo aumento da proporção do total da água extra celular, ou pela diminuição do tamanho ou número de células, como visto na necrose e apoptose. As imagens de difusão-rm são adquiridas de maneira rápida e não exige a administração do meio de contraste exógeno. Passamos a mostrar alguns casos de nossa experiência, na aplicação prática da difusão-rm. Todos os casos aqui demonstrados são com confirmação histopatológica. Como o assunto é difusão, não entrei em maiores detalhes sobre as patologias aqui apresentadas, mantendo o foco sobre a difusão. 1º Caso: Paciente N.N.S, 49 anos, RM da pelve
O exame de RM com contraste mostrou volumosa formação expansiva do colo uterino, aspecto lobulado, com realce algo heterogêneo pelo meio de contraste. Evidenciado restrição à difusão pela formação expansiva (hiper-sinal na difusão e baixo sinal no mapa de CDA (0,6 x 10 ˉ ³ s/mm²). Resultado histopatológico: Carcinoma epidermóide moderadamente diferenciado. 2º Caso: Paciente J.B.P, 53 anos, RM da pelve
O exame mostrou volumosa massa pélvica comprimindo anteriormente a bexiga, contornos lobulados, realce algo heterogêneo pelo meio de contraste, com difusão restrita, baixo sinal no mapa de CDA (0,5 x 10 ˉ ³ s/mm²). Resultado histopatológico: adenocarcinoma moderadamente diferenciado. 3º Caso: Paciente A.P.S.E, 37 anos, RM Crânio
O exame mostrou formação expansiva fronto-parietal direita, periférica, com áreas de lesão sólida e outras císticas, com edema vasogênico peri-
lesional, com realce intenso pelo meio de contraste na parte sólida. A parte sólida da lesão mostrou restrição a difusão (medida do mapa de CDA 0,9 x 10 ˉ ³ s/mm²). O edema peri-lesional mostrou-se com hiper-sinal na difusão e no mapa de CDA confirmando edema vasogênico. Resultado histopatológico: meningioma de padrão microcístico, com áreas hipercelulares (meningioma atípico). 4º Caso: Paciente L.C.S, 36 anos, RM pélvica.
O exame mostrou formação expansiva do colo uterino, com restrição à difusão com medida do mapa de CDA (0,4 x 10 ˉ ³ s/mm²). Resultado histopatológico: carcinoma epidermóide moderadamente a pouco diferenciado, infiltrativo. Evidenciado também linfonodos aumentados na cavidade pélvica bilateralmente que a difusão mostrou restrição, mostrando tratar-se de processo metastático e não inflamatório. Ver imagens abaixo:
Medida do mapa de CDA em torno de 0,3 x 10 ˉ ³ s/mm².
5º Caso: Paciente M.S.S, 51 anos, RM Pescoço.
O exame mostrou formação expansiva intramuscular da região posterior do pescoço, com hiper-sinal em T2 e realce leve e heterogêneo pelo meio de contraste. Não foi evidenciado restrição à difusão (medida do mapa de CDA (1,2 x 10 ˉ ³ s/mm²). Resultado histopatológico: Hemangioma cavernoso intra-muscular. 6º Caso: Paciente M.A.P, 55 anos, RM Abdomen
O exame mostrou linfonodomegalias retroperitoneais e esplenomegalia. Restrição à difusão. Medida do mapa CDA 0,4 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: Linfoma não Hodgkin 7º Caso: Paciente M.N, 65 anos, RM Abdomen
O exame da TC do Abdomen mostrou formação expansiva na topografia do ceco, evidenciada também na RM do Abdomen. Houve restrição à difusão. Medida do mapa de CDA 0,5 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: adenocarcinoma bem diferenciado do ceco. 8º Caso: Paciente I.A.P.O, 44 anos, RM Pelve.
O exame mostrou espessamento da parede do reto, com redução de sua luz e restrição à difusão. Medida do mapa de CDA 0,7 x 10 ˉ ³ s/mm².
Resultado histopatológico: adenocarcinoma bem diferenciado do reto. 9º Caso: Paciente S.S.O, 58 anos, RM Abdomen. O exame evidenciou formação expansiva no polo inferior do rim direito, de aspecto algo heterogêneo sem restrição à difusão. Medida do mapa de CDA 1,1 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: Oncocitoma. 10º Caso: Paciente J.M, 78 anos, RM Pelve.
O exame evidenciou formação expansiva do assoalho vesical com restrição à difusão. Medida do mapa de CDA 0,7 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: carcinoma urotelial papilífero e não papilífero. 11º Caso: Paciente A.B.V, 71 anos, RM Pelve.
O exame evidenciou formação expansiva no interior da bexiga, originando-se de seu assoalho à direita, com restrição à difusão. Medida do mapa de CDA 0,89 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: carcinoma urotelial papilífero. 12º Caso: Paciente J.C.R, 75 anos, RM Abdomen.
O exame evidenciou formação expansiva retroperitoneal volumosa, aspecto heterogêneo e lobulado. A difusão evidenciou restrição, com medida do CDA de 0,80 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: lipossarcoma moderadamente diferenciado. 13º Caso: Paciente M.C.P, 78 anos, RM Pelve.
O exame evidenciou formação tumoral uterina, que evidenciou restrição à difusão, CDA medindo 0,53 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: carcinoma pouco diferenciado. 14º Caso: Paciente E.C, 74 anos, RM Abdomen.
O exame evidenciou aumento da cabeça do pâncreas. A difusão não evidenciou restrição, com medida do mapa de CDA de 1,3 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: ausência de critérios histológicos de malignidade. 15º Caso: Paciente F.D.Z, 41 anos, RM Pelve.
O exame evidenciou formação expansiva retrouterina, contornos regulares, conteúdo adiposo e sólido de aspecto irregular. A difusão mostrou restrição, com mapa de CDA medindo 0,6 x 10 ˉ ³ s/mm². Obs: Houve restrição da formação de tecido mole no interior da formação expansiva. Resultado histopatológico: Teratoma maduro cístico do ovário. 16º Caso: Paciente E.A.G, 57 anos, RM Perna esquerda.
O exame evidenciou formação expansiva da medular óssea da diáfise femural, abaulando seus contornos e com realce pelo meio de contraste. Restrição à difusão, com mapa de CDA medindo 0,15 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: mieloma múltiplo. 17º Caso: Paciente J.P, 59 anos, RM Pelve.
O exame evidenciou linfonodomegalias na pelve e região inguinal esquerda, consideravelmente aumentados. A difusão evidenciou restrição com mapa de CDA medindo 0,45 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: Linfoma não Hodgkin 18º Caso: Paciente E.B.S, 48 anos, CT Pescoço com difusão na RM.
O exame mostrou formação expansiva à esquerda do pescoço devendo corresponder a linfonodomegalia. A difusão mostrou restrição, com mapa CDA medindo 0,58 x 10 ˉ ³ s/mm². Resultado histopatológico: carcinoma epidermóide do laringe bem diferenciado. OBS: Neste caso o foco foi a linfonodomegalia, mostrando restrição a difusão provavelmente devido a metástase do carcinoma epidermóide do laringe. À medida que outras patologias forem confirmadas pelo histopatológico, serão adicionadas neste trabalho. Germano de Almeida Fleming Autor deste trabalho