PODER JUDICIÁRIO SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DÉCIMA CÂMARA



Documentos relacionados
PODER JUDICIÁRIO SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DÉCIMA CÂMARA

PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO

SENTENÇA. Maxcasa Xii Empreendimentos Imobiliários Ltda

PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO

APELAÇÃO SEM REVISÃO Nº /2 Mogi das Cruzes Apelante: Maurício Guina Pires Apelado: Arnaldo Rufino Lopes Parte: Wagner Alves da Silva

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo. Apelação nº São Paulo - VOTO Nº 4/9. fls. 4

CFM ASSESSORIA E SERVIÇO DE COBRANÇA S/C LTDA. ingressou com AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL...

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

EMENTA CIVIL - DANOS MORAIS - NEGATIVA NA CONCESSÃO DE PASSE LIVRE EM VIAGEM INTERESTADUAL - TRANSPORTE IRREGULAR - INDENIZAÇÃO DEVIDA.

TERCEIRA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 74587/ CLASSE II COMARCA DE RONDONÓPOLIS

QUINTA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº Relator: DES. HENRIQUE CARLOS DE ANDRADE FIGUEIRA

Prova de Direito Civil Comentada Banca FUNDATEC

GOUVÊA FRANCO ADVOGADOS

TUTELAS PROVISÓRIAS: TUTELA DE URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N /GO (d) R E L A T Ó R I O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

RELATÓRIO DE AUDITORIA

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

PODER JUDICIÁRIO. Voto n Visto, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

Florianópolis, 29 de fevereiro de 2012.

ESTADO DO PIAUÍ PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE PAULISTANA

CONCLUSÃO. Em 10 de junho de 2015, submeto estes autos à conclusão do Dr. GUSTAVO DALL'OLIO, MM. Juiz de Direito. Eu, (Mariana Gatti Pontes), subscr.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM. Peça Treino 8

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 2.804, DE 2011

ILUSTRÍSSIMA SENHORA PREGOEIRA DO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLÓGICO CNPq

PODER JUDICIÁRIO SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DÉCIMA CÂMARA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL RELATOR: DES. MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES

Preparo comprovado às fls. 49/52.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Legislação e tributação comercial

RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: A TEORIA DA CULPA

DESPACHO DE JULGAMENTO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 34ª Câmara de Direito Privado

APELAÇÃO CÍVEL. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. BENEFICIÁRIO DO

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PAULO ALCIDES. São Paulo, 12 de julho de 2012.

Dispensado o relatório nos termos do art. 38 da Lei n /95.

Superior Tribunal de Justiça

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº , DA 3ª VARA CÍVEL DE PONTA GROSSA. Agravante : PÉRICLES DE HOLLEBEN MELLO

Estado de Mato Grosso Poder Judiciário Comarca de Primavera do Leste Vara Criminal

Superior Tribunal de Justiça

APTE: FLAVIO COELHO BARRETO (Autor) APTE: CONCESSIONÁRIA DA RODOVIA DOS LAGOS S.A. APDO: OS MESMOS

36) Levando-se em conta as regras da Lei 8.112/90, analise os itens abaixo, a respeito dos direitos e vantagens do servidor público federal:

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO B

EXMº SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DO 12º JUIZADO ESPECIAL CIVEL DO MEIER DA COMARCA DA CAPITAL.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVI EXAME DE ORDEM UNIFICADO

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

O terceiro no contrato de seguro de responsabilidade civil: a ação direta em face da seguradora *

Comentário às questões do concurso do TCE_RS/Oficial_de_Controle_Externo/CESPE/2013

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

LEI Nº DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Egrégio Supremo Tribunal Federal:

Ressarcimento de danos elétricos em equipamentos

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 1ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Superior Tribunal de Justiça

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Décima Sexta Câmara Cível

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno

DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL APROVADO QUE IMPLICA NOVAÇÃO DOS CRÉDITOS ANTERIORES AO PEDIDO

Divisão de Atos Internacionais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 9ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Classificação da pessoa jurídica quanto à estrutura interna:

Processo nº Ação de Indenização Autor: Émerson Gil Tremea e outros Réu : Educadora Itapoã Ltda

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TEMA: CONCURSO DE CRIMES

II - VOTO DO RELATOR. Não foram apresentadas emendas no prazo regimental. É o relatório. As proposições alteram dispositivos relacionados ao

/2013/ / (CNJ: )

Módulo 9 A Avaliação de Desempenho faz parte do subsistema de aplicação de recursos humanos.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL OAB XIII EXAME DE ORDEM C006 DIREITO TRIBUTÁRIO

Responsabilidade Civil

IV - APELACAO CIVEL

DECISÃO. Relatório. 2. A decisão impugnada tem o teor seguinte:

POR UNANIMIDADE 06 (seis) meses

IV - APELACAO CIVEL

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Impugnação: Impugnante: Metalgráfica São Miguel Ltda PTA/AI: 02.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ROBERTO REQUIÃO I RELATÓRIO

Superior Tribunal de Justiça

DIREITO PENAL. Exame de Ordem Prova Prático-Profissional 1 PEÇA PROFISSIONAL

Nº COMARCA DE SANTO ÂNGELO CENILDO FERREIRA MARTINS R E L ATÓRIO

Acórdão-SE1 AT DEC

Faço uma síntese da legislação previdenciária e das ações que dela decorreram. 1. A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

convicções religiosas...

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

AMVER Associação dos Municípios da Microrregião dos Campos das Vertentes

D E C I S Ã O. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 4ª CÂMARA CÍVEL Relator: Desembargador SIDNEY HARTUNG

PODER JUDICIÁRIO. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

IMPUGNAÇÃO Nº 2. Sr. Pregoeiro, o Edital em tela conforme previsto no item 1, subitem 1.1, tem como objeto o que abaixo segue, verbis:

ACÓRDÃO. Rio de Janeiro, 15 / 04 / Des. Cristina Tereza Gaulia. Relator

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E BAIXA DE SOCIEDADE

Transcrição:

APELAÇÃO COM REVISÃO N º 604.846-0/9 - SANTOS Apelante: Edmar Sérvulo Pereira Apelada : Terracom Engenharia Ltda. COMPETÊNCIA. CONTRATO DE TRABALHO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. O caso concreto trata de culpa contratual e não de acidente do trabalho, em que a responsabilidade civil seria extracontratual. A distinção é relevante porque à Justiça Comum Estadual compete julgar, por exclusão constitucional da esfera de competência da Justiça Federal, a ação de indenização pelo direito comum, em caso de acidente do trabalho. Compete à Justiça do Trabalho julgar ação de indenização onde o fato constitutivo descrito na inicial repouse em alegada culpa contratual. Recurso não conhecido. Remessa determinada. Visto. Voto n º 4.768 EDMAR SÉRVULO PEREIRA ingressou com Ação de Reparação Civil por Perdas e Danos contra TERRACOM ENGENHARIA LTDA. (na inicial consta TERRACOM TRANSPORTES TERRAPLANAGEM E COMÉRCIO LTDA.) qualificação e caracteres das partes nos autos, perseguindo a condenação por danos materiais e morais ocorridos no curso do contrato de trabalho havido entre as partes, que se prolongou com a Reclamação Trabalhista Proc. nº 1.063/93, perante a 3ª Junta de Conciliação e Julgamento de Cubatão entre 13/7/93 a 17/2/98. - 1 -

Formalizada a angularidade a Requerida fez encarte de contestação, que foi impugnada. Seguiu-se a entrega da prestação jurisdicional antecipada e, improcedente a pretensão, a condenação ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios de 15% sobre o valor da causa, pelo Autor, ficaram condicionadas às normas da Assistência Judiciária. EDMAR SÉRVULO PEREIRA interpôs recurso. Persegue a reforma da decisão enfatizando que "... A caracterização do ato ilícito da empregadora consiste na ação indevida de obrigação salarial, durante a vigência do contrato de trabalho e a sua extinção,..." (folha 232). TERRACOM ENGENHARIA LTDA. fez encarte de contra-razões defendendo o acerto da decisão, asseverando que "... A demora na via judiciária, não é causa atribuída as partes, se comprovado como está, que não houve má fé de nenhuma das partes no retardamento do processo..." (folha 241). É o relatório, mantido no mais o da r. sentença. Diz a inicial sobre o objetivo (da ação): "...Esta ação visa recuperar prejuízo sofrido pelo autor durante a vigência do contrato de trabalho entre este e a ré, e é formulada através do pedido de indenização por perdas e danos como conseqüência de atos ilícitos contratuais que, embora praticados aos olhos do autor com aparente concordância tácita, gerou grandes prejuízos..." (folha 3 grifou-se). Acrescenta que o contrato de trabalho iniciouse em 22.2.91 e encerrou-se em 22.12.92. Não tendo a Requerida reconhecido muitas verbas, ingressou com ação de reclamação trabalhista contra ela em 2.7.93, perante a 3ª Junta de Conciliação e Julgamento de Santos Proc. nº 1.063/93 (folha 16). O processo trabalhista teve curso por 4 anos e 8 meses em face da: - 2 -

"... quase perpétua resistência das rés em reconhecer ao autor as verbas que lhe eram devidas (...); as rés, usaram e abusaram do direito ao contraditório..." (folha 19). Julgada a ação "... mais uma vez, fugiu às obrigações contratuais, interpondo RECURSO ORDINÁRIO (...) as empresas procederam ao adimplemento das verbas devidas, fazendo-o tão somente em 19.12.97..." (folha 20). E, daí o fundamento da pretensão: "... AS Rés, EM ATITUDE COMPLETAMENTE REVESTIDA DE MÁ FÉ, CAUSARAM SÉRIOS PREJUÍZOS AO AUTOR, DEIXANDO DE LHE PAGAR VERBAS, QUE SABIAM: ERAM DEVIDAS, EFETUANDO O PAGAMENTO TÃO SOMENTE APÓS LONGO PROCESSO PROCRASTINA- TÓRIO..." (folha 20). O artigo 114 da Constituição Federal dispõe: Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. Essa definição constitucional de competência limita a matéria afeta à Justiça do Trabalho ao âmbito contratual. A infortunística não se insere no campo contratual porque compreende a parte da medicina e do direito em que se estuda a legislação que trata dos riscos comerciais e industriais, acidentais do trabalho e moléstias profissionais. Deriva de infortúnio, que quer dizer desventura, infelicidade, desgraça. Em termos relacionados ao acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, o verbete infortunística é adotado pela Medicina Legal, para indicar as normas e os princípios que regem o estudo dos riscos e amparam os segurados vítimas de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais ou do trabalho. - 3 -

O artigo 109 da Constituição Federal excluiu da competência da Justiça Federal as ações de acidentes do trabalho, sem distinguir entre as que visam a prevenilos daquelas que têm o propósito de repará-los. À Justiça Comum Estadual, então, compete julgar ação de indenização pelo direito comum, em caso de acidente do trabalho, assegurada pela norma do artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal, independente da reparação obtida pelo seguro acidentário a cargo do INSS. Trata-se de obrigação atinente ao empregador quando incorrer em dolo ou culpa. A culpa comporta dois elementos: um, mais caracterizadamente objetivo, o dever violado; outro, de preferência subjetivo, a imputabilidade ao agente. É, em termos, a explicação dada por Savatier, que acrescenta: "A culpa ( faute ) é a inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar. Se efetivamente o conhecia e deliberadamente o violou, ocorre o delito civil ou, em matéria de contrato, o dolo contratual. Se a violação do dever, podendo ser conhecida e evitada, é involuntária, constitui a culpa simples, chamada, fora da matéria contratual, de quase-delito 1 ". Não há como negar que o Código Civil adotou o princípio da culpa como elemento genérico da responsabilidade, mas com concessões à responsabilidade objetiva. Distinguiu, também, entre responsabilidade contratual e extracontratual, regulando-as em seções diferentes do seu texto. "... Em nossa opinião ninguém tratou o assunto com mais felicidade que o erudito Juan José Amézaga. Sua exaustiva lição começa por lembrar que a responsabilidade fundada na culpa é princípio de um gênero: Só as espécies se classificam e se definem - e a definição se faz sempre assinalando o gênero próximo e as diferenças específicas. Como os mesmos objetivos podem ser classificados de muitas maneiras diferentes, conforme ensina Goblot em seu Traité de logique, e o valor da classificação está em função do uso que lhe é atribuído, são deixados de partes os elementos que não 1 - Savatier, Traité de la Responsabilité Civile, Tomo I, n. 4, pág. 5. - 4 -

interessam à finalidade colimada pelo classificador. Conseguintemente, junto à classificação das obrigações com base nas suas fontes, alinham-se as classificações que as consideram em seus efeitos ou as que têm em conta obrigações nascidas de violação de direitos. Lógica e cientificamente, pois, o ideal a conseguir é uma discriminação das obrigações em categorias sem deixar resíduos que interessem ao fim de cada classificação, mantendo entre as incorporadas a cada grupo as semelhanças especificadas. A coexistência de muitas classificações das obrigações não ofende a nenhum princípio lógico. Ora, o mesmo acontece à responsabilidade civil, tradicionalmente bipartida em responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual ou aquiliana, o que não exclui a responsabilidade fundada no risco nem o estabelecimento do princípio da causalidade em oposição ao de culpabilidade. Se, em matéria de classificação, o caráter essencial, como resulta claramente desse raciocínio, é o princípio de um gênero, e se a culpa é o caráter essencial da maioria dos casos de responsabilidade civil, aí se encontra o fundamento e o princípio de um gênero, a responsabilidade fundada na culpa, em que se percebem, nitidamente delineadas, por diferenças características essenciais, as duas espécies: responsabilidade fundada na culpa contratual e responsabilidade fundada na culpa extracontratual. Essas diferenças emanam da natureza do direito violado. Na primeira, é dentro do contrato cuja existência precisa ser demonstrada, que se deve buscar, encontrar e precisar o direito violado pelo devedor. Na culpa extracontratual, essa indagação se dirige ao direito positivo. A identidade genérica da culpa que se apresenta na raiz das duas responsabilidades é indiscutível. Isso, porém não exclui as diferenças específicas proporcionadas pela qualidade do direito violado. Culpa, em sentido amplo, existe em todo ato ilícito que lese o direito alheio, e a culpa se qualifica de contratual e extracontratual, conforme a fonte de que promane esse direito... 2 ". O caso concreto trata de culpa contratual e não de acidente do trabalho, em que a responsabilidade civil seria extracontratual. A competência para apreciação é da Justiça Especializada. Competência. Indenização. Responsabilidade civil. Questão relacionada ao vínculo empregatício. Justiça do 2 - AGUIAR DIAS, in Da Responsabilidade Civil - vol. I - pág. 127-10ª edição. - 5 -

Trabalho. Incompetente a Justiça Estadual para julgar pedido atrelado à culpa contratual do empregador 3. Em face ao exposto, não se conhece do recurso e determina-se a remessa dos autos para a Justiça do Trabalho. IRINEU PEDROTTI Relator 3-2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 584.497-10ª Câm. - Rel. Juiz NESTOR DUARTE - J. 8.11.00. - 6 -