CONCURSO MELHORES PRÁTICAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS - INICIATIVA EXTRAJUDICIAL



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Transcrição:

CONCURSO MELHORES PRÁTICAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS INICIATIVA EXTRAJUDICIAL PROJETO INFÂNCIA E JUVENTUDE PROTEGIDAS Uma Abordagem em Rede Autores: Maria de Lurdes Rodrigues Santa Gema Celso Penna Fernandes Júnior Mábel Heloisa Fulgêncio Campos Piancastelli Comarca: Belo Horizonte Contatos: pjijcivel@mp.mg.gov.br (31) 3272.2906 (31) 3272.2930 Obs: O projeto possui CD com material. Solicita autorização para juntada.

1 REDE DE ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE DE BELO HORIZONTE Comunidade da Regional Leste Conselho Tutelar Leste Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais Polícia Civil Polícia Militar Promotoria de Justiça da Infância e Juventude Secretaria de Administração Regional Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social Secretaria Municipal de Educação Secretaria Municipal de Saúde Secretaria Municipal de Segurança Urbana BELO HORIZONTE 2009/2012

2 Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Belo Horizonte PROJETO INFÂNCIA E JUVENTUDE PROTEGIDAS UMA ABORDAGEM EM REDE Projeto piloto desenvolvido por toda a Rede de Proteção à criança e ao Adolescente de Belo Horizonte para ser implantado inicialmente nos Bairros Taquaril e Alto Vera Cruz, pertencentes à Regional Leste de Belo Horizonte e posteriormente em outras regionais. BELO HORIZONTE 2009/2012

3 EPÍGRAFE Uma estrutura em rede que é uma alternativa à estrutura piramidal corresponde também ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central, nem representante dos demais. Não há um chefe, o que há é uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo. Francisco Whitaker

4 RESUMO O presente trabalho é uma proposta de iniciativa do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, através do seu órgão de execução Promotoria de Justiça da Infância e Juventude Cível para atuação conjunta e articulada de diversos órgãos para a proteção de crianças e adolescentes em situação de risco que será implementado, em princípio, nos bairros Taquaril e Alto Vera Cruz pertencentes à região leste da Capital mineira e posteriormente nas demais regionais administrativas da PBH. Palavraschave: atuação conjunta; proteção; situação de risco; crianças e adolescentes.

5 LISTA DE SIGLAS CIA Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CT Conselho Tutelar DELCAD Delegacia Especializada de Localização de Crianças e Adolescentes DEOAD Delegacia Especializada de orientação ao Adolescente DEPCA Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente DOPCAD Divisão de Orientação e Proteção de Crianças e Adolescentes DEPIN Delegacia Especializada do Plantão Interinstitucional GEPAR Grupo Especializado EM Policiamento em Áreas de Risco MPE Ministério Público Estadual PBHPrefeitura Municipal de Belo Horizonte PJIJ Promotoria de Justiça da Infância e Juventude SARMU Secretaria de Administração Regional Municipal SEFAPP I Setor de Fiscalização e Acompanhamento das Políticas Públicas I SMAAS Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social SMED Secretaria Municipal de Educação

6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...07 1.1 Justificativa e objetivo...08 2. COMO TUDO COMEÇOU...11 3. A ELABORAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS DE INTERVENÇÃO...14 3.1. Informações para Leitura e Aplicação dos Fluxogramas...17 3.1.1. Do Fluxograma de Intervenção I...17 3.1.2. Dos Fluxogramas de Intervenção II e III...19 3.1.3. Dos Fluxogramas de Intervenção IV e V...20 3.1.4. Do Fluxograma de Intervenção VI...20 3.1.5. Do Fluxograma de Intervenção VII...20 3.1.6. Do Fluxograma de Intervenção VIII...21 3.1.7. Do Fluxograma de Intervenção IX...22 4. A CAPACITAÇÃO DA REDE...23 5. A MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE...25 6. AVALIAÇÃO...26 7. CULMINÂNCIA...27 8. SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS...28 9. ANEXO I...29 10. ANEXO II...41 11. ANEXO III...42 12.ANEXO IV...44 12. TELEFONES ÚTEIS...45

7 1 INTRODUÇÃO O projeto Infância e Juventude Protegidas Uma Abordagem em Rede é uma construção conjunta da rede proteção à criança e ao adolescente de Belo Horizonte, através de uma ação articulada iniciada pelo MPEPromotoria de Justiça da Infância e Juventude de Belo Horizonte, que conta com a colaboração de autoridades responsáveis de vários órgãos. Este projeto nasce da necessidade de se responder de forma articulada as situações de risco em relação às quais crianças e adolescentes são expostas freqüentemente, sejam elas: o abandono, a exploração sexual, o abuso e o tráfico de drogas, a exploração da mão de obra infantil, ou outra espécie de violação. As variações destas situações de risco demandam uma agilidade de resposta que não pode ser dada por um único órgão ou esfera de poder. Frente a esta situação, reúnemse as autoridades e se estabelece uma sintonia, que pretende uma experiência piloto de intervenção, que contemple, acima de tudo, enfatizar o aspecto da proteção às crianças e adolescentes. No desenrolar das discussões, cada participante se convence que a missão prioritária deste esforço é agir de seu lugar, com um olhar cada vez preventivo, no intuito de proteger estas crianças e adolescentes que incorporaram situações de risco ao sentido de sua existência. Sentido esse que se coloca a margem da cidadania e da garantia de direitos. O projeto que segue é de experimento de uma nova intenção que pretende fazer da infância e da adolescência em Belo Horizonte uma passagem menos arriscada.

8 1.1 Justificativa e Objetivo A partir da Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as crianças brasileiras, sem distinção de raça, classe social, ou credo passaram a ser sujeitos de direitos, considerados em sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e a quem se deve assegurar prioridade absoluta, no que tange aos aspectos de educação, saúde, assistência social, convívio familiar, entre outros. Contudo, a todo momento crianças e adolescentes são flagradas em situação de risco, em desacordo com o que é preconizado pelo ECA. Na subárea de responsabilidade territorial da 128ª Companhia Especial da Polícia Militar, mais precisamente nos aglomerados do Alto Vera Cruz e Taquaril, é comum, durante o patrulhamento rotineiro ou em atendimentos de ocorrências, os policiais se depararem com crianças e adolescentes em pontos onde são comercializadas drogas, conhecidos como boca de fumo, interagindo com indivíduos de conduta social altamente reprovável e prontuariados por tráfico de drogas e outros crimes. Essas crianças e adolescentes geralmente são seduzidos com a promessa de riqueza, status, melhor qualidade de vida e, a partir daí, são utilizados como instrumento para a consumação do delito de tráfico de drogas, que traz consigo uma série de outros delitos e faz com que esses jovens ingressem no caminho da criminalidade, quase que sem volta. Dados estatísticos fornecidos pela Polícia Militar comprovam a situação de risco em que está inserido o jovem que habita nos Bairros Taquaril e Alto Vera Cruz. No período de janeiro de 2008 a janeiro de 2009, foram registradas 143 ocorrências em que crianças e adolescentes estavam envolvidos com drogas, sendo 93 registros referentes ao tráfico de drogas e 50 registros referentes ao uso ou consumo de drogas. Além disso, foram registradas, no mesmo período, 17 ocorrências em que crianças e adolescentes foram flagrados portando arma(s) de fogo, sendo apreendidas um total de 23 armas, o que demonstra a participação efetiva dos jovens na criminalidade local. Outro problema que também é comum nos bairros Taquaril e Alto Vera Cruz é a prática do chamado surf rodoviário, ou de jovens que se dependuram nas traseiras dos

9 ônibus e caminhões, com ou sem bicicleta. Tais práticas, apesar de terem uma conotação menos violenta e serem mais aceitas e tratadas na sociedade como coisa de jovem, na verdade contribuem para criar um clima de desordem e insegurança na comunidade, além de colocar em risco os usuários da via e, principalmente os próprios adolescentes. Outras situações, como a de abuso sexual, também fazem parte do rol das violações de direitos a que estão submetidas as crianças e adolescentes residentes nos bairros Taquaril e Alto Vera Cruz. Entretanto, na maioria das vezes, essas situações não chegam sequer ao conhecimento das autoridades que deveriam ter ciência desses fatos, muito em função de que, em grande parte dos casos, os autores dos abusos sexuais são os próprios familiares. Como é sabido no meio policial, os adultos envolvidos em práticas criminosas utilizamse da mãodeobra de crianças e adolescentes para atuarem em atividades ilícitas, contando com a inimputabilidade destes. A cada dia tornase ainda mais frequente a atuação de crianças e adolescentes envolvidos em atividades de atos infracionais como tráfico de drogas, roubos, furtos, prática esta com incidência crescente entre crianças e adolescentes com menor idade. Uma atuação objetiva e qualificada e continuada da Polícia Militar e dos demais agentes que trabalham e lidam diretamente com esses jovens nas ruas, poderá evitar que crianças e adolescentes se arrisquem no mundo do crime. Para tanto, é necessário que providências sejam tomadas de maneira eficiente na primeira abordagem, quando esses jovens são flagrados em situações que os exponham a risco. Faltas como pegar traseira em coletivos ou atitudes como a permanência em bocas de fumo ficam, na maioria das vezes, sem nenhuma providência por parte da Polícia Militar, que é, geralmente, o primeiro órgão a deparar com tais situações. A principal justificativa dessa falta de atuação está na inexistência de uma conduta operacional padronizada e em harmonia com os demais órgãos integrantes do sistema, que acarreta na descontinuidade de qualquer tipo de ação. De maneira genérica, a Polícia atua quando o jovem efetivamente se envolve em atos infracionais e é flagrado no seu cometimento. Contudo, é muito mais viável e proveitoso para a sociedade que o problema seja atacado na sua nascente, ou seja, que

10 seja precocemente detectado e combatido, evitando, dessa forma, a inclusão do jovem no caminho da criminalidade. A apatia dos órgãos e pessoas competentes para orientar, proteger e garantir os direitos das crianças e adolescentes só faz com que os criminosos invistam cada vez mais seus esforços na tentativa de utilizar a mãodeobra infantojuvenil, em proveito das suas atividades delituosas, roubando completamente a infância dos jovens e privandolhes daquilo que foi definido e constituído universalmente como direitos fundamentais e inerentes a todas as crianças e adolescentes. E é este contexto de violações que justifica o presente projeto que surge a partir da união de esforços de diversos órgãos com a finalidade de garantir a proteção das crianças e adolescentes em situação de risco e/ou violação de direitos. A proposta será paulatinamente implementada nas regionais administrativas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

11 2 COMO TUDO COMEÇOU Em janeiro de 2009 a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude Cível de Belo Horizonte (a seguir PJIJ) realizou uma reunião com o Conselho Tutelar Leste e a Polícia Militar, especificamente o Grupo Especializado em Policiamento de Área de Risco da Regional Leste (doravante GEPAR) que tinham o objetivo de desenvolver um Projeto de proteção de crianças e adolescentes em situação de risco e de prevenção de atos infracionais na regional. O Conselho Tutelar e o GEPAR tinham por objetivo discutir mecanismos ou formas de atuação da Polícia Militar nos casos de crianças e adolescentes em Boca de Fumo e surfando em veículos. Os Promotores de Justiça, que já vinham discutindo interna corporis os registros dos casos de crianças e adolescentes vítimas que eram detectados nas ocorrências da PM encaminhadas à PJIJ no exercício da atividade do controle externo da atividade policial, discutiram com o Setor Técnico da Promotoria de Justiça e chegaram a conclusão de que o Projeto tinha que atender não somente às mencionadas situações de risco, mas, várias outras situações de violação de direitos das crianças e adolescentes. Diante da sugestão apresentada pelo Setor de Fiscalização e Acompanhamento das Políticas Públicas SEFAPP I, foi realizada uma reunião com o representante do GEPAR no sentido de ampliar as ações de intervenção do Projeto, ocasião em que foi indagado se a Polícia Militar teria efetivo suficiente para desenvolver o projeto. A proposta foi prontamente aceita pelo representante do GEPAR e a partir deste momento a PJIJ assumiu a responsabilidade de elaborar propostas de fluxogramas de intervenção em diversas situações de risco que crianças e adolescentes estão expostas e convidar toda a rede para discussão, aperfeiçoamento e aprovação dos fluxogramas. Em fevereiro de 2009, a PJIJ convidou vários órgãos públicos para discutirem a proposta do projeto piloto voltado para a proteção das crianças e adolescentes em situação de risco da Região Leste da Cidade. O projeto tem por fim a articulação de toda a rede de atendimento a crianças e adolescentes juntamente com a Polícia Militar para promover a proteção de crianças e adolescentes em situações de risco, tais como: trabalho infantil, trajetória de vida nas

12 ruas, violência sexual, surf em veículos, prática de ato infracional, uso de drogas, dentre outras situações. A perspectiva é de que as ações policiais identificadas ou não como ato infracional fossem abordadas pela Polícia Militar e encaminhadas para acolhimento na rede de proteção social de Belo Horizonte com todas as garantias de proteção exigidas pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e Adolescente, ampliando o potencial protetivo das ocorrências, transformandoas em um elemento de maior eficiência para o alcance dessa proteção a partir de fluxogramas básicos reconhecidos por todos os agentes públicos envolvidos. A partir do primeiro convite feito à rede, várias reuniões foram realizadas com o objetivo de discutir os fluxogramas, tendo sido levantadas inúmeras situações com as quais os agentes de abordagem poderiam se deparar, ocasiões estas, em que vários fluxogramas tiveram que ser ainda mais detalhados. Após a realização de diversos encontros de discussões, no dia 23 de março, os fluxogramas foram aprovados pela rede de proteção à criança e ao adolescente de Belo Horizonte. Os fluxogramas elaborados reafirmam os fluxos internos de cada órgão ou instituição, uma vez que a proposta não inova no atendimento, na ação judicial ou policial, mas cria as condições para a efetiva articulação entre esses, aproveitando, inclusive, dos avanços em processo de implantação de projetos de reestruturação das estruturas e serviços públicos dos órgãos instituições que compõem a Rede de Proteção Social e de Garantia de Direito com atuação no Município. Vencida a primeira etapa, de elaboração e aprovação por consenso dos fluxogramas propostos pela Equipe Técnica da Promotoria, a rede concluiu que, previamente, ao início do projeto piloto na Leste, os agentes de segurança pública, integrantes das polícias Militar e Civil, Guarda Municipal, bem como, representantes dos demais órgãos da rede de proteção seriam capacitados nas ações de abordagem e proteção das crianças e adolescentes em situação de risco. A proposta do curso é de sensibilização de todo o grupo envolvido no projeto e sua qualificação para a abordagem e encaminhamentos das crianças e adolescentes em situação de risco, para assim, tornar a ocorrência ruim em uma ocorrência boa, na

13 medida em que o agente de abordagem terá conhecimento do melhor tratamento e encaminhamento a ser dado à população prioridade absoluta.

14 3 A ELABORAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS DE INTERVENÇÃO A PJIJ Cível assumiu a responsabilidade de criar propostas de fluxogramas que seriam submetidas à apreciação de toda a rede e estariam sujeitas a alterações propostas por todos os atores do sistema de garantias. A proposta inicial continha 12 fluxogramas de intervenção para as seguintes situações: crianças e adolescentes em Boca de Fumo, trabalho infantil família de Belo Horizonte, trabalho infantil família da região metropolitana, Adolescente apreendido em flagrante de ato infracional no horário de funcionamento do plantão interinstitucional ato grave, adolescente apreendido em flagrante de ato infracional no horário de funcionamento do plantão interinstitucional ato não grave, adolescente apreendido em flagrante de ato infracional fora do horário de funcionamento do plantão interinstitucional, adolescente pratica ato infracional sem flagrante, criança apreendida em prática de ato infracional, criança ou adolescente vítima de abuso ou exploração sexual, criança ou adolescente com trajetória de vida nas ruas, criança ou adolescente usuário de drogas e surf em veículos. Acompanhavam os fluxogramas o conceito de todas as violações tratadas nestes. Na primeira reunião ampliada realizada no dia 05 de março de 2009 foram criados dois subgrupos, quais sejam, o Subgrupo Atendimento e o Subgrupo Jurídico, com o intuito de facilitar os debates, enriquecer as discussões e promover o aperfeiçoamento dos fluxogramas de intervenção. No dia 10 de março foi realizada a primeira reunião do Subgrupo Atendimento. A Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social mobilizou setores internos e serviços não somente daquela pasta, mas também relacionados a outras secretarias como a Secretaria Municipal de Educação e a de Segurança Urbana. Todos os presentes haviam sido esclarecidos sobre os objetivos do Projeto Infância e Juventude Protegidas e da necessidade de contribuição de todos para a consecução de resultados positivos quando da implementação das ações. As discussões dos fluxogramas não foram encerradas na primeira reunião do subgrupo Atendimento. O referido subgrupo entendeu que antes de se discutir os fluxogramas em espécie era necessário se discutir, anteriormente, a metodologia de abordagem dos Policiais Militares e também estratégias para evitar a sobreposição de

15 abordagens, considerando que o Município possui equipes de Abordagem de Rua que estão diariamente nas ruas da Capital identificando as crianças e adolescentes que se encontram nas ruas, seja em situação de trabalho irregular e desprotegido ou mesmo em situação de trajetória de vida nas ruas. Para dar continuidade às discussões iniciadas, o subgrupo Atendimento agendou nova reunião para o dia 18 de março. A primeira reunião do subgrupo Jurídico ocorreu no dia 12 de março ocasião em que seus membros concluíram a análise de 05 fluxogramas. A partir das discussões realizadas os integrantes do mencionado subgrupo decidiram unir em um único fluxograma os casos de crianças e adolescentes em Boca de Fumo e usuários de drogas por considerarem que as intervenções necessárias à proteção seriam semelhantes. Os debates ocorridos possibilitaram ao grupo pensar em mecanismos de aproximação da Polícia Militar e do Conselho Tutelar com o fim de agilizar as intervenções de proteção à criança e ao adolescente. A conclusão das discussões culminou na criação de um sistema de agendamento de comparecimento dos pais ao Conselho Tutelar, agenda esta compartilhada entre este órgão e a Polícia Militar. Dando continuidade aos trabalhos, o Subgrupo Jurídico concluiu ser desnecessário especificar nos fluxogramas os atos processuais de julgamento dos casos de adolescentes autores de ato infracional e que os fluxogramas deveriam ser alterados priorizando a proteção do adolescente e as orientações quanto ao melhor encaminhamento nos casos de flagrante e não flagrante. O Subgrupo Jurídico observou a necessidade de haver um acordo entre as Polícias Civil e Militar na avaliação do fluxograma do Surf em veículos, considerando que a conduta deveria ser analisada para verificar se seria caso de ato infracional. Na análise da situação da criança que pratica ato infracional outras questões demandaram análise pormenorizada: qual o melhor encaminhamento para a criança? Como viabilizar simultaneamente a proteção da criança e realizar os procedimentos necessários à investigação de possíveis adultos que estariam utilizando daquela para a prática de crimes?

16 Com o fim sanear os impasses e sistematizar o trabalho entre as Polícias Civil e Militar, foi deliberada a realização de nova reunião. O Subgrupo deliberou que deveriam ser convidados para a segunda reunião o Delegado Titular da DOPCAD e o Chefe do Departamento de Investigação Orientação e Proteção à Família. Na segunda reunião realizada no dia 17 de março o Subgrupo Jurídico discutiu o fenômeno do surf em veículos e concluiu que a referida conduta é análoga à descrita no artigo 262 do Código Penal. Por esta razão, as crianças em prática de "surf devem receber o mesmo encaminhamento da criança autora de ato infracional e o adolescente em prática de surf deverá receber o mesmo encaminhamento do adolescente autor de ato infracional. Os encaminhamentos a serem realizados em casos de crianças autoras de ato infracional foram pontos de pauta que demandaram discussão pormenorizada. As discussões desencadeadas tinham por fim sanar impasses surgidos a partir da identificação da situação, quais sejam: A criança deve ser levada à Delegacia para que se apure o possível envolvimento de adultos? Para onde encaminhar os objetos apreendidos com a criança? A conclusão sobre o melhor encaminhamento dos referidos casos e que foi transformada em fluxograma de intervenção parte do princípio que a primeira abordagem deverá ser protetiva, ou seja, a partir da identificação e abordagem do caso a Polícia Militar deverá se certificar se é caso de criança desaparecida, se reside em Belo Horizonte, localizar os responsáveis, além de outras providências especificadas no fluxograma específico priorizando a proteção da criança abordada. Contudo, todo o subgrupo entendeu a importância de se garantir no fluxograma ações que subsidiassem a investigação de pessoas que, em proveito próprio, utilizam a criança para praticarem atos ilegais. A identificação dessas pessoas e a atuação da Polícia nesse sentido coibiriam ou reduziriam consideravelmente o aliciamento de crianças por adultos para a prática de atos infracionais. Em virtude dessa premissa garantiuse no fluxograma VI que a Polícia Militar deverá lavrar o REDS e encaminhalo juntamente com os objetos apreendidos à DEOAD para apuração dos fatos. A DEOAD agendará horário para a oitiva da criança acompanhada de seus responsáveis, evitando, assim, que a criança permaneça longos períodos na Delegacia.

17 Os fluxogramas discutidos e aprovados no Subgrupo Jurídico foram apresentados ao Subgrupo Atendimento que concordou com as alterações e aprovou os procedimentos de intervenção. Em razão do avanço nas discussões os fluxogramas foram aprovados por unanimidade no dia 23 de março. 3.1 Informações para Leitura e Aplicação dos Fluxogramas Por se tratarem de fluxogramas que estruturam o trabalho articulado entre os vários órgãos que compõem o sistema de garantias dos direitos das crianças e adolescentes visando o encaminhamento para a proteção destes, algumas ações ou encaminhamentos se fizeram presentes na maioria dos fluxogramas, muito embora estes procedimentos de intervenção tenham sido criados para violações distintas. São procedimentos incluídos em grande parte dos fluxogramas de intervenção: Consulta à DELCAD para certificar se a criança/adolescente abordado encontrase desaparecido. Este procedimento foi adotado em todos os fluxogramas, considerandose que a confluência de informações contribui para a agilidade na localização da criança/adolescente desaparecido; Busca da localização dos responsáveis. Esta providência visa garantir a agilidade da aplicação das medidas protetivas. As especificidades dos fluxogramas aprovados serão abordadas em itens específicos. 3.1.1 Do Fluxograma de Intervenção I O presente fluxograma prevê encaminhamentos para a proteção de crianças e adolescentes encontrados em Boca de Fumo e usuários de drogas. O primeiro esclarecimento a se fazer para o entendimento do fluxograma é que, o público alvo deste não está em prática de ato infracional, ou seja, a sua conduta não é

18 análoga a crime ou contravenção penal. Caso a conduta da criança/adolescente configure ato infracional, os fluxogramas a serem seguidos são aqueles para crianças em prática de ato infracional ou adolescente em prática de ato infracional, conforme o caso. O fluxograma deste item trata de criança ou adolescente que se encontra em local que lhe oferece riscos e inadequado para seu desenvolvimento físico, e psíquico. A outra situação, trata de criança ou adolescente que se encontra em situação de uso de drogas e por esta razão necessita de intervenções que preservem a sua saúde e promovam sua qualidade de vida. Em razão desse entendimento, o fluxograma prevê encaminhamentos nos casos de crianças e adolescentes que, em virtude do uso da droga necessitam de cuidados médicos imediatos. Para estas situações, os casos deverão ser encaminhados para as Unidades de Pronto Atendimento UPA. De acordo com o Ministério da Saúde as Unidades de Pronto Atendimento UPA 24h são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares, onde em conjunto com estas compõem uma rede organizada de Atenção às Urgências (BRASIL, 2009). São as UPAs de Belo Horizonte: Barreiro Av. Aurélio Lopes, 20, Diamante, telefones 32775842 e 32775840 Oeste Av. Barão Homem de Melo, 1710, telefones 32777044 e 32776530 Nordeste Praça 13 de Maio, s/n.º, Silveira, telefones 32775634, 32775629 Norte Rua Oscar Lobo Pereira, 270, Primeiro de Maio, telefone 32777464 Pampulha Av. Santa Terezinha, 515, Santa Terezinha, telefones 32778441 e 32778447 UAPU Zona Leste, vinculada à FHEMIG, fica na Rua 28 de Setembro, 372, Esplanada Venda Nova Rua Padre Pedro Pinto, 322, Venda Nova, telefones 32775570, 3277543

19 3.1.2 Dos Fluxogramas de Intervenção II e III Os fluxogramas em comento apresentam os encaminhamentos para os casos de crianças/adolescentes em situação de trabalho infantil, sendo que o fluxograma II trata dos casos de Belo Horizonte e o fluxograma III esclarece os procedimentos para os casos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, interior do Estado ou mesmo de outras regiões do Brasil. Os referidos fluxogramas são bastante semelhantes ao fluxograma de intervenção dos casos de crianças e adolescentes em Boca de Fumo ou usuários de drogas. Apesar da semelhança, os presentes fluxogramas apresentam algumas inovações, pois, partiram do entendimento do fenômeno do trabalho infantil e do marco simbólico cultural na caracterização deste. A partir de informações preliminares o fluxograma foi construído prevendo as seguintes intervenções: Agilidade na identificação dos casos da Capital que não foram incluídos em Programa específico de combate à mencionada mazela social para futura inclusão; Identificação dos casos reincidentes para aplicação das medidas protetivas adequadas e específicas; Encaminhamento dos responsáveis que exploram o trabalho da criança e do adolescente à Delegacia para responsabilização criminal, considerando que a exploração do trabalho da criança e do adolescente configura crime. Vale ressaltar que as famílias de Belo Horizonte serão responsabilizadas em caso de reincidência.

20 3.1.3 Dos Fluxogramas de Intervenção IV e V Nestes fluxogramas estão previstos os encaminhamentos para os casos de adolescentes em prática de ato infracional, sendo que o fluxograma IV prevê os encaminhamentos em caso de flagrante e o fluxograma V os encaminhamentos para os casos sem flagrante. Os referidos fluxogramas não especificam os procedimentos internos dos órgãos responsáveis pela apuração e pelo julgamento dos casos, uma vez que a proposta é esclarecer os encaminhamentos necessários para a garantia da celeridade da aplicação das medidas protetivas e sócioeducativas pertinentes a cada caso. 3.1.4 Do Fluxograma de Intervenção VI Estão previstos neste fluxograma os encaminhamentos necessários à proteção da criança que praticou o ato infracional e também encaminhamentos necessários para apuração de supostos adultos que estariam utilizando a criança para a prática de atos ilegais. Para a garantia dos dois objetivos mencionados o fluxograma prevê: Busca da localização dos responsáveis pela criança seja ela de Belo Horizonte ou outro município para posterior aplicação de medidas protetivas; Especificação do local para onde devem ser encaminhados o REDS juntamente com os objetos apreendidos com a criança. 3.1.5 Do Fluxograma de Intervenção VII A leitura e aplicação deste fluxograma de intervenção pressupõem o conhecimento prévio de alguns conceitos. São eles:

21 Caso agudo São os casos em que a violência sexual ocorreu em menos de 72 horas, situação esta em que as intervenções de saúde para previnir gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e AIDS ainda são possíveis e devem ser realizadas com urgência; Caso crônico São os casos em que a violência sexual ocorreu após 72 horas, situação esta em que não é possível utilizar a profilaxia contra doenças e/ou gravidez indesejada; Hospitais de Referência São as portas de entrada para os casos de vítimas de violência sexual uma vez que têm equipes multidisciplinares que prestam atendimento médico, social e psicológico. São os Hospitais de Referência de Belo Horizonte: 1. Hospital e Pronto Socorro Odilon Behrens Rua Formiga, 50 São Cristóvão. Tel. 32776183/6175/6168; 2. Maternidade Odete Valadares Av. do Contorno, 9494 Prado. Tel. 33373130/2660/9583; 3. Hospital Júlia Kubtischeck Rua Dr. Cristiano Rezende, 2745 Milionários. Tel. 33222727/33814581; 4. Hospital das Clínicas Av. Professor Alfredo Balena, 110 Santa Efigênia. Tel. 32489300. 3.1.6 Do Fluxograma de Intervenção VIII Esta sistematização de procedimentos é específica para os casos de crianças e adolescentes em situação de trajetória de vidas nas ruas, seja ela, inicial ou consolidada. O fluxograma para estes casos prioriza o encaminhamento ao Conselho Tutelar uma vez que, apesar de que as crianças e adolescentes em sua maioria têm família, estão com seus laços fragilizados ou mesmo rompidos. Caberá ao Conselho Tutelar desenvolver um trabalho de acompanhamento desses casos com o foco na família de maneira que os vínculos possam ser restabelecidos a fim de que a proteção da criança/adolescente seja garantida.