PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO



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Transcrição:

A C Ó R D Ã O 1ª Turma PENSÃO VITALÍCIA. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRABALHO NÃO CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. A ausência de nexo causal acarreta a improcedência do pedido. Recurso do reclamante a que se nega provimento. Visto, relatado e discutido o recurso ordinário em que são partes MOISES EUFLAZINO BELO, recorrente, e PADRE DA POSSE RESTAURANTE, recorrido. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante da respeitável sentença da MM. 1ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu, de lavra do eminente Juiz Moises Luis Gerstel, que julgou improcedente o pedido (fls. 195/196). Salienta o recorrente que a prova pericial não foi conclusiva; que deve ser produzida prova testemunhal para provar o nexo causal (fls. 200/203). Custas processuais dispensadas à fl. 196. Contrarrazões à fl. 208, sem preliminares. Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho por não se configurar hipótese de sua intervenção. É o relatório. admissibilidade. V O T O CONHECIMENTO Conheço do recurso, por preenchidos os pressupostos legais de 2039 1

REGISTRO NECESSÁRIO - HISTÓRICO PROCESSUAL A presente ação foi ajuizada perante a Justiça Estadual - 1ª Vara Cível de Nova Iguaçu -, que declinou a competência para a Justiça do Trabalho (fls. 57/59). Às fls. 91/92 foi proferida sentença pela 1ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu, que acolheu a prescrição. Todavia, esta Egrégia 1ª Turma, em acórdão relatado pelo eminente Desembargador José Nascimento Araújo Netto, afastou a prescrição pronunciada e determinou o retorno dos autos ao Juízo de origem para prosseguimento do feito, conforme acórdão de fls. 116/121. MÉRITO CERCEAMENTO DE DEFESA Salienta o recorrente que o indeferimento da prova testemunhal cerceia o direito do reclamante em produzir prova necessária para o deslinde da controvérsia; que o Julgador violou dispositivos expressos quanto à matéria; que é necessário o esgotamento de todos os meios de produção de provas para o regular deslinde do feito. Pretende que seja reconhecida a injustiça feita ao reclamante, devendo ser produzida prova testemunhal para comprovar o nexo de causalidade. Sem razão. Conforme registrado na ata de audiência de fl. 194, o Julgador de origem indeferiu a prova testemunhal, em face da conclusão da prova técnica, sob protestos do autor. Não se vislumbra cerceamento de defesa, quando já existiam elementos suficientes à formação do convencimento do Juízo sobre a matéria posta a exame (acidente de trabalho). Logo, incensurável a decisão de primeiro grau que indeferiu a oitiva das testemunhas do reclamante, já que a isto está autorizado pelos artigos 765 da CLT e 130 do CPC, "verbis": 2039 2

"Artigo 765 Os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas." "Artigo 130 Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias." Ora, o julgador de origem não reconheceu a existência de acidente de trabalho, com fundamento na prova pericial. Assim, verificando-se que existem elementos suficientes que permitem o julgamento da lide, não há que se falar em cerceamento de defesa. Rejeito. PROVA PERICIAL A r. sentença julgou improcedente o pedido sob o fundamento de que o laudo pericial concluiu que o afastamento do trabalho decorrente da doença mencionada nos exames e atestados não guarda correlação entre o fato de o demandante ter batido o joelho na porta do frigorífico da ré; que o fato de o demandante ter batido o joelho na porta do frigorífico da ré nenhum dano causou ao reclamante de modo a autorizar a condenação pleiteada. Aduz o recorrente que a prova pericial não respondeu ao questionamento se a doença acometida teve início antes do acidente de trabalho; que seria necessário o esgotamento de todos os meios de prova para o regular deslinde do feito, uma vez que a prova pericial não foi conclusiva; que o fato de o INSS não ter reconhecido o acidente de trabalho não impede o perito de reconhecêlo, uma vez que a lesão acometida pelo autor resultou da doença reconhecida pelo perito; que antes do acidente o autor não possuía qualquer dano em sua saúde; que 2039 3

deve ser produzida prova testemunhal para melhor apuração doa fatos; que o autor não pode comprovar o nexo causal entre o acidente e a doença ante o indeferimento da prova testemunhal. Sem razão. Quanto ao requerimento de produção de prova testemunhal, reporto-me aos fundamentos do tópicos anterior. Alegando que sofreu acidente de trabalho em 13.12.2000 - fratura do joelho esquerdo e desvio de coluna-, o autor postulou pensão vitalícia desde a data do acidente - parcelas vencidas e vincendas, 200 (duzentos) salários mínimos de dano estético em decorrência de sua aparência física, como também o aleijão que é portador e 200 (duzentos) salários mínimos de dano moral. 13.01.2003. O autor laborou para a reclamada no período de 21.08.2000 a Por certo que o CAT de fl. 32 não é documento hábil para provar o acidente sofrido. Embora a petição inicial tenha indicado que a empresa forneceu o CAT, a análise do documento não deixa dúvida de que o mesmo foi preenchido pelo autor. Vide descrição da situação geradora do acidente ou doença: Fui pegar carne dentro do frigorífico e quando peguei a caixa, escorreguei, e bati o joelho na porta do frigorífico. Ademais, o CAT não está assinado, nem datado, tampouco há o registro de recebimento do referido documento junto ao INSS. Portanto, não houve comunicado do alegado acidente de trabalho (CAT), em que pese a possibilidade de ser feito pelo próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu, ou qualquer autoridade pública, nos termos do 2º do artigo 22 Lei nº 8.213/91. Ainda que se considere verdadeira a alegação de que o trabalhador sofreu uma fratura do joelho esquerdo e desvio de coluna durante seu labor em 2039 4

13.12.2000, conforme narrado na inicial, o autor permaneceu laborando normalmente e somente em 03.01.2001 procurou auxílio médico, ficando afastado por 15 dias (fl. 75). Ademais, prestou serviços para a reclamada por mais um ano após o alegado acidente, ou seja, até o término do contrato (13.01.2003). Portanto, não há que se falar em incapacidade laborativa, tampouco de indenização decorrente. Não fosse o bastante, o documento de fl. 55 indica que em 01.02.2001, o autor requereu junto ao INSS benefício previdenciário, indicando como motivo do afastamento doença e não acidente de trabalho. E o documento de fl. 77 - emitido pelo Órgão Previdenciário - indica que foi indeferido o auxílio-doença por motivo de conclusão médica contrária. Tendo interporto recurso, foi-lhe negado provimento em 26.12.2001 (fl. 75). Corroborando o entendimento adotado, os atestados de saúde ocupacional de fls. 45 e 75, datados respectivamente de 26.03.2002 e 14.01.2003, indicam que o autor se encontrava apto ao trabalho. Não restando demonstrado o nexo causal entre o alegado incidente ocorrido com o reclamante e suas atividades laborativas, totalmente desnecessária a produção de prova pericial para averiguar os danos sofridos. No entanto, foi produzida prova pericial, cuja conclusão não socorre o autor. Eis alguns trechos do laudo pericial (fls. 165/173): (...) Apresentou-se com marcha normal, adequadamente trajado, penteado, lúcido, cooperativo e orientado temporo-espacialmente, humor ansioso. (...) Tipo físico atlético (...) Informou ainda que até 1998 jogava futebol regularmente aos finais de semana, e que daí em diante não mais conseguiu jogar em razão das dores lombares (...) Em se tratando de pretenso acidente típico do trabalho, ocorrido durante o 2039 5

exercício profissional (...) não haveria que ser demonstrada (ou estabelecida qualquer discussão) a causalidade das lesões advindas, já que nestas situações acidentárias laborais (acidentes típicos) a relação de causalidade é sempre cristalina e obviamente POSITIVA, ou seja: as lesões são claramente decorrentes do referido acidente de trabalho. (...) A hérnia discal é uma desordem músculo esquelética frequente e representa processo que ocorre ruptura do anel friboso e consequente deslocamento da massa central do disco para os espaços invertebrais. (...) Vários fatores de risco têm sido apontados como desencadeadores desta desordem, desde os ambientes (carregar peso, dirigir fumar, etc) como, sobretudo e principalmente, os de ordem genética (mais significativos). Dor nas costas (lombalgia) é um sintoma bastante frequente porquanto referido, alguma vez na vida, por 80% da população; figurando em segundo lugar como motivo de visita a ambulatórios médicos. (...) As Ressonâncias Magnéticas de fls. 34 e 38 evidenciam patologia discal (L5-S1) degenerativa de colina lombar. (...) O exame médico pericial do RTE evidenciou ser o mesmo portador de redução de espaços invertebrais L5-S1 de caráter degenerativo e evolutivo, sem qualquer relação de causalidade com o pretenso acidente de trabalho ocorrido em 13/12/00, quando bateu o joelho esquerdo na porta do frigorífico. 2039 6

Em que pesem as alegações recursais o laudo pericial mostrou-se conclusivo quanto à ausência de nexo causal. Ressalto que desde 1998, o autor o autor vem sofrendo com as dores lombares, o que inclusive, o impossibilitou de jogar futebol. Ademais, o d. expert registrou que o autor possui tipo físico atlético, o que não condiz com o alegado aleijão descrito na inicial. Ora, o autor possui doença degenerativa, o que afasta a caracterização da doença do trabalho, consoante a alínea a do 1º do artigo 20 da Lei n 8.213/91. Nos termos do artigo 20 da Lei n 8.213/91: Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. 1º. Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; 2039 7

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Por tudo o que foi dito não há como acolher a alegação do autor de que sofreu fratura do joelho esquerdo e desvio de coluna e que seja portador de aleijão a ponto de afetar sua aparência física. Nego provimento. CONCLUSÃO Pelo exposto, conheço do recurso e nego-lhe provimento. A C O R D A M os Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e negarlhe provimento. Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2010. DESEMBARGADOR MARCOS PALACIO Relator msc/ver. 2039 8