Livro: Gestão do Conhecimento

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Transcrição:

Livro: Gestão do Conhecimento O grande desafio empresarial Autor: José Cláudio Cyrineu Terra Acadêmica: Camila Corrêa Ricardo

Pode-se dizer que a Gestão do Conhecimento, como hoje é entendida, foi uma decorrência de algumas mudanças significativas ocorridas na última década. A principal delas foi o surgimento da Internet e o conseqüente aumento espetacular na capacidade humana de se comunicar, publicar e acessar as informações e colaborar com pessoas em localidades muito distantes. Outra mudança ocorrida é a globalização, o aumento da velocidade de desenvolvimento de produtos, a explosão no volume de informações e o surgimento de modelos de negócio em rede.

Gestão do conhecimento exige um certo grau de sofisticação intelectual, empatia verdadeira para envolver os colaboradores e também capacidade de abstração para compreender bem a natureza do conhecimento que se quer gerir e quais ferramentas, métodos e processos são mais eficazes para estimular seu desenvolvimento, compartilhamento e proteção. O conhecimento em si não pode ser diretamente gerenciado. Para entender isto é importante lembrar que gerenciar conhecimento é bem diferente de gerenciar informações e dados. Conhecimento, de fato, só existe na cabeça das pessoas. Portanto, é algo invisível e um pouco abstrato para a maior parte das pessoas que aprenderam a gerenciar coisas.

Do ponto de vista da organização, o que importa são as manifestações do conhecimento de cada indivíduo que, com suas ações e decisões, agregam valor aos processos de que participa. A gestão do conhecimento se ocupa, portanto, dos processos gerenciais e infra-estrutura física e digital que facilitam, favorecem e estimulam os processos humanos de criação, compartilhamento e uso de conhecimentos individuais e coletivos. Entretanto, é notório o fato de as iniciativas com o rótulo gestão do conhecimento e que se basearam primordialmente na implantação de sistemas de informação, em sua grande maioria, terem produzido resultados muito limitados ou mesmo desastrosos.

Uma grande dificuldade é a necessidade de mostrar resultados em curto prazo e a chamada falta de participação das pessoas. Essa ansiedade é particularmente típica do Brasil que, por ser um país em desenvolvimento, investe muito pouco em conhecimento. Quem entra nesta história de gestão do conhecimento pensando que conhecimento se gera em projetos de cinco a seis meses comete um engano fatal. Já aqueles que se comprometem de maneira mais sustentada com o tema entendem como o recurso conhecimento gera valor e garante vantagens competitivas duradouras. Apenas conhecimento e ativos intangíveis podem vir a gerar retornos exponenciais. A gestão dos ativos intangíveis é também muitas vezes colocada no contexto amplo da gestão do conhecimento. Ativos intangíveis vistos de uma maneira ampla incluem: marcas, patentes, direitos autorais, as competências e habilidades dos colaboradores, redes de relacionamentos, cultura organizacional e capacidades inovadoras.

Se Conhecimento e Ativos Intangíveis são tão importantes por que tão poucas empresas tem processos sistemáticos e estratégicos para gerenciá-los? Por que a Gestão do Conhecimento ainda parece ser uma coisa nebulosa e pouco entendida nos escalões mais altos das empresas brasileiras? Temos algumas hipóteses para explicar o fato de pensar, e dividimos elas em dois grandes grupos: Grupo I: Dificuldades Inerentes da Gestão do Conhecimento GC envolve necessariamente transdisciplinaridade: é preciso pensar em estratégia, gente, cultura, processos e tecnologia ao mesmo tempo. É preciso capacidade de abstração para enxergar processos invisíveis de criação e uso de conhecimento, mas também praticidade para implementar processos visíveis e que se institucionalizem nas organizações. Seus processos manifestam-se em muitos níveis e áreas. Mais importante que a definição de responsáveis é o desenvolvimento de raciocínio de conhecimento. GC é algo estratégico, mas é realizada por meio de ações que se enraízam nos processos organizacionais e no modo de trabalhar das pessoas.

Grupo I: Dificuldades Inerentes da Gestão do Conhecimento Necessita de compartilhamento, mas não pode ser dependente apenas de atitudes altruístas. Assim como na história do ovo e da galinha, é difícil dizer como começar: as pessoas participam se a Gestão do Conhecimento lhes for benéfica, mas a Gestão do Conhecimento só lhes será benéfica se elas participarem de forma entusiástica e sistemática. Aprender a gerar novos conhecimentos úteis e estratégicos demanda tempo, mas as organizações demandam resultados no curto prazo. GC implica centrar processo de gestão na variável conhecimento. Exige um novo olhar, novos processos e ferramentas. GC pode levar a repensar modelos organizacionais e de negócios.

Grupo II: Dificuldades Específicas das Empresas Brasileiras As empresas brasileiras, em sua grande maioria, tradicionalmente não investem em P&D (típica atividade intensiva em conhecimento) e em atividades cujo retorno é incerto (mas, potencialmente, muito alto). Vários processos e iniciativas de GC se apóiam em tecnologias avançadas de informação que demandam usuários comuns mais familiarizados e confortáveis com aplicativos além do básico e no Brasil o nível de capacitação digital é menor do que em outros países avançados. Várias iniciativas de GC demandam disciplina para escrever, algo não natural para nossa cultura nacional e organizacional. Baixa compreensão geral do que gera valor na Era da Informação, do Conhecimento e dos Intangíveis. Apesar das hipóteses pouco otimistas citadas, vemos que pouco a pouco a GC começa a ganhar destaque, corpo e recursos (dinheiro e pessoas) nas empresas brasileiras.

Várias subsidiárias e filiais das empresas multinacionais que tem processos de GC estruturado estão adotando naturalmente processos, projetos e iniciativas nesta área. Gestão do conhecimento é, por outro lado, algo sem escopo bem definido. Dependendo da situação, pode envolver iniciativas de grau estratégico bastante distintas. Apesar dos destaques aos projetos e iniciativas, é importante destacar que GC em seu conceito mais sofisticado não se implanta, se pratica. Com isso queremos dizer que ter ou não um departamento de GC ou um projeto não é o que realmente define o posicionamento da empresa quanto a GC, mas sim as práticas que lá existem, a solidez e capilaridade da cultura cunhada em torno dessa nova forma de se entender a organização e o nível dos resultados alcançados.

Gestão do Conhecimento significa organizar as principais políticas, processos e ferramentais gerenciais e tecnológicos a luz de uma melhor compreensão dos processos de GERAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO, VALIDAÇÃO, DISSEMINAÇÃO, COMPARTILHAMENTO, PROTEÇÃO e USO dos conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para a empresa e benefícios para os colaboradores internos e externos.