12 DE JUNHO, DIA DE COMBATE A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PIBID DE GEOGRAFIA Resumo O presente trabalho tem como objetivo relatar uma experiência desenvolvida no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) do curso de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo. As atividades foram realizadas em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio do Espírito Santo. Reconhecendo a importância de ser lembrado o dia 12 de Junho como sendo o dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil, foi proposto aos alunos do 1º ano e 3º ano do Ensino Médio a produção de um mapa temático e uma redação respectivamente. A prática se deu em três momentos no 1º ano. Na primeira aula, foi exposto aos alunos dados da situação atual do Brasil no que se refere à exploração do trabalho infantil e de esforços que vem sendo envidados para a diminuição desta terrível prática que viola o direito da infância. Na segunda aula, os alunos pesquisaram dados sobre o tema por cada região do Brasil, para produzirem um mapa temático. Na terceira aula, foi produzido por eles o mapa temático, onde foram colocados palitos com bandeiras em uma folha de isopor. Após a produção, os alunos expuseram o mapa no pátio da escola evidenciando assim a necessidade de se combater esta prática. O trabalho com o 3º ano se deu em dois momentos. A primeira aula foi expositiva, apresentando-os a situação do Brasil, em relação à exploração do trabalho infantil. Na segunda aula os alunos produziram uma redação com modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) com esta temática. A escolha deste método de avaliação se explica pela necessidade de um esforço conjunto de preparar estes alunos para este Exame. Vale ressaltar que esta prática foi desenvolvida em um projeto maior que envolvia as turmas do Ensino Médio Regular e Integrado de Meio Ambiente e Recursos Humanos. Palavras Chaves: PIBID, Geografia, Trabalho Infantil
2 Introdução Com a aproximação da Copa do Mundo em junho de 2014, nos preocupamos em trabalhar com os alunos do PIBID temas que fosse relacionado com o Brasil de uma forma que proporcionasse aos alunos uma visão crítica da situação atual do país. O dia 12 de junho sempre é lembrado pelos alunos devido à comemoração do Dia dos namorados. Na busca de uma atividade diferenciada, propomos trabalhar com estes alunos sobre a Exploração do trabalho Infantil, ressaltando que no dia 12 de junho é a data lembrada em vários países no combate a esta exploração. Assim, desenvolvemos atividades nas turmas do 1º ano e 3º ano do Ensino Médio, em uma escola da Rede pública do Estado do Espirito Santo, e trazemos esta experiência no presente trabalho, com o anseio de socializar e também instigar novas experiências com o tema e metodologias trabalhadas. Dos papéis a realidade O curso de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo faz parte do PIBID desde 2011, e neste ano de 2014 firmou parceria com outras escolas e novos supervisores, dentre eles a Prof. Ms. Ana Maria Leite de Barros, que é efetiva na Secretaria Estadual de Educação e está lotada na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Almirante Barroso. Durante as discussões e planejamento das aulas, buscamos trabalhar com os alunos conteúdos que despertassem o pensamento crítico frente à situação do estado do Espírito Santo e do Brasil. Neste sentido, planejamos uma série de atividades para trabalhar com os alunos durante o período da Copa do Mundo, onde abordamos o tema exploração do trabalho infantil. Demos início às atividades no dia 11 de junho, justamente um dia antes da abertura da copa do mundo e do tão comemorado e lembrado pela mídia dia dos namorados. Buscamos dados atualizados acerca da atual situação do Estado do Espírito Santo e do Brasil, no que concerne aos tratados sobre o combate a exploração do trabalho infantil. Mapa quantitativo da exploração do trabalho infantil por regiões Brasil O desenvolvimento das habilidades cartográficas e sociais dos alunos deve ser motivado pelo professor através de atividades dinâmicas e eficazes. Os elementos da cartografia estão presentes em nosso cotidiano, assim como os assuntos que envolvem a população, mas o professor deve saber como instigar a participação dos alunos no conteúdo a ser
3 transmitido, sobretudo quando buscamos a formação crítica destes alunos. Assim, buscamos a construção de um mapa, onde se é possível trabalhar diversos conteúdos como as regiões brasileiras e despertar o leitor sobre a situação do Brasil, frente à exploração do trabalho infantil. Pensamos nos temas em que cada grupo iria abordar dentro do tema central exploração do trabalho infantil. Foram elaborados planos de aula, para trabalhar com os alunos de forma que o trabalho não fosse bastante extenso, não ocupando muitas aulas do planejamento atual previsto pela escola. Iniciamos as atividades com uma aula expositiva, na qual foi apresentada aos alunos a importância de ser lembrado o dia 12 de Junho, quando é celebrado o dia contra a exploração do trabalho infantil. Nesta aula foram apresentados dados atuais do Brasil e do Espírito Santo, bem como imagens, reportagens e vídeos sobre a conscientização para a redução destes dados. Um desses vídeos se referia à conscientização da população, bem como a simulação e um breve estudo sobre as principais consequências deste tipo de trabalho, visto que o principal prejudicado com este sistema é o próprio país, pois com esse tipo de trabalho, o cidadão muitas vezes deixa de ir à escola, e ficará a mercê de fontes de rendas muito inferiores às demais, uma vez que esse terá pouca ou nenhuma escolaridade e, consequentemente, pouca ou nenhuma qualificação e, para ajudar na complementação da renda futuramente, seus filhos tenderão também a trabalhar ao invés de estudar, tornando assim este processo um ciclo vicioso de sujeição a trabalhos precários e mal remunerados. Após este momento, foi discutido com os alunos questões sobre os vídeos e a apresentação do tema; em seguida, a sala foi dividida em cinco grupos, sendo que cada grupo ficaria responsável para pesquisar sobre uma região brasileira. O trabalho foi divido de maneira em que cada grupo ficou responsável por uma região. Os alunos ficaram responsáveis por realizar pesquisas sobre os dados atuais da exploração do trabalho infantil, dados esses que deveriam compreender somente a região especificada de cada grupo. Após a pesquisa, os grupos deveriam identificar quais eram os tipos de explorações mais frequentes (carvoarias, agrícola, urbano, sexual, etc.). Após o levantamento dos dados, os alunos ficaram responsáveis pela confecção de um mapa numa folha de isopor do tamanho pré-estabelecido de sua região.
4 Para um destaque maior no mapa, os alunos fizeram bandeiras utilizando palitos de dente e papéis coloridos para fincar na folha de isopor. Cada bandeira representava 1.000 casos de exploração. Para a elaboração dos mapas, os materiais utilizados foram papel vegetal, isopor, tinta guaxe, pincel, lápis, borracha, caneta, régua, cola, tesoura e estilete. Com esses materiais os alunos começaram a contornar o mapa do Brasil, em seguida o mapa foi dividido por regiões (foi elaborado o mapa do Brasil para que não houvesse diferença de escala nos mapas regionais). Terminada essa primeira etapa de passar para o papel vegetal o mapa, começou-se a marcar na placa de isopor o mapa com as regiões já limitadas, após o desenho do mapa ser concluído no isopor, deu-se início ao corte do mesmo. Após a conclusão do corte, cada grupo, já com sua região pré-determinada por sorteio, ficou encarregado da escolha de cores, a pintura da região e a elaboração da legenda. Em seguida, para dar um pouco de firmeza ao isopor, ele foi colado em uma placa de celulose que também possuía os moldes da região. Em seguida, cada grupo explicou para os demais colegas da sala o tipo de trabalho que predominava em cada região. A partir dessa explicação, os alunos conseguiram entender que a quantidade populacional e as diferentes formas de exploração contribuíram para que a região Sudeste obtivesse a maior quantidade de bandeirolas. Os alunos ficaram surpresos durante as apresentações, pois muitos pensavam que as regiões Norte e Nordeste haveria mais casos, no entanto a região Sudeste teve mais destaque (Figura 1)
Figura 1 Mapa Final exposto no Corredor Principal da Escola 5
6 Apresentação do Mapa Se estudo, escrevo! Atividade do 3 Ano Com o trabalho no 3 ano, pensamos numa atividade que pudesse dialogar com a situação escolar dos estudantes e, para evitar que os mesmo produzissem algo que iria demandar muito tempo para a realização, propomos a realização de redação com o tema trabalhado em sala. Esta redação foi elaborada no modelo do Enem e teve como objetivo preparar os alunos também para a realização deste exame. A atividade nesta turma ocorreu em duas aulas, sendo que na primeira foi uma aula expositiva sobre o tema, com apresentação de dados atuais e comparativos com dados passados, vídeos, imagens e reportagens que tratassem o tema. Nesta aula, foi observado o interesse dos alunos na discussão, sendo que muitos relataram que já presenciaram situações de exploração do trabalho infantil. Muitos alunos participam de programas de aprendizagem que dialogam com a Lei Nº 10.097/2000, ampliada pelo Decreto Federal nº 5.598/2005 onde determina que todas as empresas de médio e grande porte contratem um número de aprendizes equivalente a um mínimo de 5% e um máximo de 15% do seu quadro de funcionários cujas funções demandem formação profissional. No segundo momento, os alunos desenvolveram a redação sobre o tema. A redação foi realizada aproximando-se com o estilo que é feita a redação do ENEM (Exame
7 Nacional do Ensino Médio). Os alunos tiveram tempo para a realização da prova, só puderam utilizar caneta azul ou preta e tiveram um rigoroso acompanhamento durante a aplicação. Segue abaixo a proposta de redação elaborada e aplicada: Desde a década de 1990, o país obteve expressiva redução dos índices de trabalho infantil, avançou em legislação e políticas públicas e conseguiu uma forte mobilização da sociedade civil e de representantes do poder público contra a entrada precoce de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. Em 1992, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia no Brasil 8,4 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (19,6% do total) em atividades remuneradas. Em 2011, 3,6 milhões de meninos e meninas na mesma faixa etária estavam em situação de trabalho (8,6% do total), de acordo com a PNAD. Por mais que a queda tenha sido significativa e sustentável, o Brasil ainda apresenta índices inaceitáveis e está longe de erradicar o trabalho infantil num curto espaço de tempo. Um fator preocupante é que, de 2005 em diante, houve uma desaceleração no ritmo da diminuição do número de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. De acordo com o Censo de 2010, 3,4 milhões de crianças e adolescentes de 10 a 17 anos estavam trabalhando. De 2000 a 2010, a redução foi de 13,4%, mas a ocorrência do problema chegou a aumentar 1,5% entre crianças de 10 a 13 anos, justamente na faixa etária mais vulnerável dessa população, para a qual todo tipo de trabalho é proibido. Se o país mantiver essa tendência, não conseguirá cumprir as metas
8 assumidas frente à comunidade internacional. O Brasil se comprometeu a eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016 e a erradicar a totalidade até 2020. Analisando o gráfico e o texto, discorra sobre a exploração do trabalho infantil e o que pode ser realizado para erradicar esse índice. Para não concluir Toda atividade requer após sua aplicação, uma reflexão sobre esta. Nisso, discutimos em nossos encontros se os objetivos foram alcançados com nosso projeto, tanto na turma do 1 ano quanto na turma do 3 ano. Dentre as avaliações feitas consideramos positivo o projeto, pois podemos observar resultados significativos, sobretudo nas ações dos alunos e, também, na escrita das redações, posicionamentos firmes e contundentes de quem realmente entendeu o objetivo da atividade. Dentre essas conversas, nos veio o desejo de socializar a atividade desenvolvida, assim com o presente trabalho esperamos que outras iniciativas sejam elaboradas no sentido de contribuir para a educação de nossos educandos e educandas voltados para um posicionamento crítico com os enfrentamentos sociais do nosso país. Referências Bibliográficas EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO. <http://enem.inep.gov.br/> LEI No 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. < http://www.planalto.gov.br/> Acesso em Junho de 2013. PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS IBGE. < http://www.ibge.gov.br>