Mário Carabajal/Tese Ms. Principais Causas: Fome no Mundo/UAA/Asunción18jan10 INTRODUÇÃO



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Transcrição:

1 INTRODUÇÃO O presente estudo debruça-se sobre a Fome no Mundo, com o propósito de canalização sistêmica das informações hoje dispersas entre os organismos internacionais, universidades e pesquisadores que dedicam-se a este tema. O alcance contemporâneo e global dos estudos sobre as principais causas da Fome no Mundo é viabilizado pelos documentos e relatórios dos organismos internacionais de congruência ao tema, como FAO/ONU, OMS, BIRD, UNICEF, UNESCO. Ainda possibilitado pelos pesquisadores doutrinadores que dedicam esforços elucidadores e equacionativos à problematização em foco. Em 2001, o universo de nossos estudos, segundo a FAO, em relatório oficial de 2005, apontava para 1,89 bilhões de pessoas vivendo com menos de 1 U$ por dia, assim distribuindo-se nas regiões mundiais: Região Milhões de Pessoas % África Subsaariana 313 28,74 América Latina e o Caribe 50 4,59 Ásia Oriental 271 24,88 Europa Oriental e Ásia Central 17 1,56 Oriente Médio e Norte da África 7 0,64 Sul da Ásia 431 39,57 A relevância do presente estudo em reunir-se as principais causas da Fome no Mundo Contemporâneo em um conjunto único acadêmico, encontra-se em contribuir para com os pesquisadores e organizações que debruçam-se sobre o mesmo tema, somando à construção de um corpo teórico de suporte à tomada de decisões minimizativas e mesmo erradicativas deste grave problema humano e social, cuja delimitação, ainda que comprovadamente existente no Mundo na Idade Moderna e mesmo em outros períodos históricos o limitamos globalmente ao marco de início da Idade Contemporânea, no ano de 1793, sinalizado pela Revolução Francesa, até os dias atuais, em 2010.

2 Inicialmente, avançamos oferecendo conceitos gerais elementares ao entendimento do todo a que nos propomos, como uma breve evolução do pensamento global sobre a fome no mundo, partindo para números da fome no mundo; causas prováveis; fome infantil e consequências da fome. Justifica-se o presente estudo por imposição da desumana realidade da fome mundial. Uma fome capaz de matar. Em 2008, o mundo contava com 430 milhões de pessoas sobrevivendo com fome extrema no Sul da Ásia. 313 milhões nas mesmas condições na África. O problema que envolve os objetivos da pesquisa remete entre 815 milhões e 1,1 bilhão de pessoas no mundo em 2008, as quais não conseguem comer diariamente, vivendo com menos de 1 U$ diário. Dessa população, morrem entre 24 e 25 mil pessoas diariamente. Aproximadas 750 mil mortes em um único mês, somando 9 milhões em um ano. Em termos comparativos, aproximados 3 milhões superiores a população do Paraguay em 2009. Para uma melhor visualização dessa desumana realidade, apenas neste período de 3 anos em que desenvolvemos este esforço de tese, em busca de colaborarmos à erradicação da fome no mundo, morreram em decorrência da fome, 27 milhões de seres humanos, ou seja: a soma aproximada das populações do Uruguay (6 milhões) e Paraguay (6 milhões), multiplicadas por dois. A priori, esta realidade não está presente em outras espécies animais. Não obtante a utilização de alimentos para a produção de combustíveis, também é uma realidade, desviando-se dos pratos vazios, seguindo para os tanques dos carros daqueles que não têm problema alimentar. Nesse contexto, emerge o problema: - quais são as principais causas da fome no mundo contemporâneo? Não obstante, tal problema, exige novas perguntas e incursões investigativas como: - não houve implementação dos acordos internacionais de combate a Fome? - quais as conseqüências correlacionais das causas da fome? - em que consistem as causas da fome no mundo contemporâneo?

3 - a destinação de grãos à produção de biocombustíveis na contextualização mundial econômica, responde pelo agravamento da Fome no Mundo? Duas hipóteses são apresentadas para a pegunta norteadora das incursões investigativas, encontrando-se as hipóteses das principais causas de origen da fome no mundo contemporâneo, centradas no paradigma clima e político, como expoentes das origens naturais e humanas, respectivamente. O que, por força dos estudos empreendidos, foram confirmadas. Isto, em observância à delimitação, Idade Contemporânea, iniciando em 1789 até os dias atuais em 2010, e objetivo proposto, de Identificação de tais causas de origem da fome, evidenciando-se como principais, desdobramentos do clima e política, sendo: guerras, castátrofes naturais, doenças, política e distribuição de renda, demografía, alimentação animal e produção de biocombustíveis a partir de cereais. As guerras, por desestruturarem os serviços básicos e organização interna dos países derrotados. Da mesma forma as catástrofes naturais também repercutem sobre o sistema organizacional dos países atingidos. As doenças fragilizam as populações, alijando-as do mercado de trabalho, restringindo a capacidade econômica familiar, repercutindo em fome aos membros. A distribuição de renda privilegia um número muito reduzido de cidadãos arrastando quase a totalidade dos demais integrantes da população a um mundo de miséria e fome. O crescimento demográfico é outro fator apontado por um grupo de pesquisadores como responsável pela fome no mundo. Não obstante, os animais, pela necessidade suas alimentações, também concorrem em alimentos com os seres humanos. As políticas de produção de combustíveis a partir de cereais, sob a máxima de substituição dos combustíveis fósseis, alegando-se o superaquecimento do planeta, também recebem consideráveis responsabilidades sobre a problematização da fome no mundo. Por fim, a política, em uma análise mais ampla, firma-se, entre as causas humanas apontadas, como a principal origem responsável pela deflagração e ou resolução das demais causas, levando à refutação de

4 todas as demais, excetuando-se as originadas pelas variações climáticas e de naturezas catastróficas. As quais, frente a governos comprometidos, também são minimizadas e ou mesmo preventivamente evitadas. Exigindo-nos, por força de tais análises, um posicionamento validativo da hipótese de ser a fome no mundo contemporâneo fruto de causas humanas, tendo a política como principal responsável. O presente trabalho tem como objetivo geral Identificar as Principais Causas da Fome no Mundo Contemporâneo. Quanto aos objetivos específicos assim os determinamos: Estudar a evolução do pensamento de combate à Fome no Mundo Contemporâneo, relacionando as Principais Causas que a originam. Identificar as consequências correlacionais das principais causas da Fome no Mundo Contemporâneo. Incursionar sobre variáveis em conceitos e argumentações que fundamentam e sustentam as causas naturais e humanas da fome no mundo contemporâneo. Contextualizar no sistema econômico mundial os biocombustíveis e grãos enquanto causa humana geradora da fome no mundo. Quanto ao marco teórico é importante ressaltar que a fome no mundo é uma realidade que se mantém século após século sem progressos coletivos observáveis. No início dos estudos, em janeiro de 2008, os números da fome no mundo apontavam para 815 milhões. Em maio de 2009 este número encontrava-se em 923 milhões e, em setembro de 2009, três meses antes da defesa da presente tese, segundo a FAO, ultrapassa a 1 bilhão o número de famintos no mundo (www.fao.org/ 2009). No site www.fao.org/ da Food and Agriculture Organization [FAO] encontram-se informações quantitativas e qualitativas em forma de relatórios, com fácil acesso à pesquisa sobre a fome no mundo e suas principais causas. Na FAO também são encontrados os relatórios utilizados

5 como embasamento ao capítulo 1 da tese, onde é disponibilizada uma evolução histórica dos esforços organizacionais mundiais de combate à fome. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios [APTA] em 2008 publica material sobre o desperdício de alimentos. No site www.academialetrasbrasil.org.br, oficial da Academia de Letras do Brasil [ALB] (2009) são disponibilizados links que apontam para as causas da fome no mundo. Causas Naturais e Humanas ganham profundidade, sendo consideradas por esta organização como as duas principais divisões das causas da fome no mundo contemporâneo. O capítulo 2, sobre a desnutrição mundial ganha profundidade através do Fundo das Nações Unidas para a Criança/Brasil [UNICEF/Br, 2009]. No capítulo 3, onde incursões são destinadas ao aprofundamento sobre as variáveis da fome no mundo, são encontradas discussões entre teóricos e também organizações internacionais como a FAO (2005) tratando sobre a realidade das guerras, doenças e clima. Cretella Netto (2007) contribui com o exemplo da Coréia do Norte em relação as consequências dos bloqueios internacionais, Neste capítulo encontra-se fundamentações em Tejada (2001), BBC (2007), ALB (2009), Jornal Estado de São Paulo (2007), Seeran (2007), Unicef (2007), Josué de Castro (1946) contradiz Malthus, alegando ser a explosão demográfica efeito da fome, e não o contrário. O FMI (2007) trata sobre expectativas inflacionárias mundiais dos alimentos. Ainda, a Fundação Getúlio Vargas (2008) oferece dados sobre índice dos preços. Sobre os transgênicos Décio Gazzoni (2008) oferece visão apurada no assunto, apontando para a falta de evidências científicas à repercussões negativas dos mesmos na saúde humana. Também, neste capítulo, de Incursões sobre as Variáveis da Fome no Mundo, são encontradas discussões de Camargo (2003) e Leff (2001), bem como Gutiérrez & Prado (2000), ainda Avanzi (2004), Dias (1994), Tristão (2004), Loreiro (2004), Lima (2004), Barcena (1997), Burbules & Torres (2004), Andrade

6 (2009), como os teóricos eleitos à fundamentação às discussões sobre meioambiente, bioética, bioecologia, questões sócio ambiental e educação embiental, temas estes, essenciais à relação homem/meio, vida e produção de alimentos. No capítulo 4, onde os biocombustíveis e o frágil sistema mundial de necessidades e economias são abordados, os teóricos Mário Penz Júnior e Mário Gianfelici (2008) oferecem os embasamentos, conduzindo o trabalho aos primórdios da humanidade e suas formas alimentares, com passagem pela fixação do homem e mudanças alimentares. Sobre inovação energética, os biocombustíveis ganham atenção especial, pela polêmica de competirem com os alimentos, encontrando marco teórico em artigos publicados pela Organização dos Estados Americanos [OEA] (2007). O Programa Alimentar Mundial [PAM] (2008) é outra fonte primária de relevância quando o tema é segurança alimentar. O Banco Mundial, Bird (2008), através de seu presidente Zoellick, Robert, faz-se também relevante quando tratamos sobre crise alimentar. Em Chonchol, (1987 /1989) no livro O Desafio Alimentar, traduzido por Alcy Cheuiche (1989), analisa a Conferência alimentar mundial de Roma. Fritz Baade (1956) é outro pesquisador que marca em nossas buscas, através de seu livro Teoria mundial da alimentação, com incursões abrangentes sobre áreas agricultáveis, produção e expectativas alimentares para a humanidade, livro este, traduzido em Lisboa por José Ervedosa em 1963. Malassis (1993) traduzido por Rabaça em 1994 trata com profundidade sobre como alimentar os homens. Lebrel (1960) no livro O Drama do Século XX traduzido em 1962 por Santa Cruz e Souza faz-se também doutrinador da problematização em foco, onde encontram-se confrontações das complexidades alimentares. Nos pesquisadores Minayo e Dowbor (1985) no livro Raízes da Fome, falam com profundidade sobre a Subnutrição no terceiro mundo. Em Abramovay (1985) no livro O que é fome? Aprofundamos pesquisas sobre as populações biológicamente vulneráveis em consequência da fome.

7 Jornais como BBC de Londres; O Estado de São Paulo; O Globo, entre outros, também constituem-se em importantes fontes auxiliares enquanto marco teórico. O trabalho foi elaborado mediante ampla revisão bibliográfica, estudando-se as causas da fome no mundo contemporâneo, identificando-se àquelas de maior repercussão sobre os seres, retiradas de relatórios e documentos oficiais de organizações mundialmente reconhecidas e instituídas sob princípios formais internacionais. Também, àquelas apontadas por pesquisadores da área. Na parte que se refere ao Marco Metodológico é determinada a metodologia adotada no presente trabalho, com enfoque qualitativo e tipo de estudo descritivo, sob técnicas de análise de conteúdos. Naquela destinada aos Resultados damos enfoque aos dados e respectivas apresentações, com direcionamento de menção estratificada aos resultados de maior relevância. Na parte que trata das conclusões e recomendações, com base nas principais fundamentações, conceitos e argumentos dos autores e organizações que compõem este trabalho, aproveita-se à inferência das conclusões pessoais sobre o que foi estudado, reunindo-se, descritivamente, as principais causas naturais e humanas da fome no mundo contemporâneo. Irrefutavelmente o enfoque da presente tese é de grande relevância. Isto, por constituir-se na concentração dos elementos essenciais responsáveis pela existência, manutenção e avanço da fome no mundo. Logo, concentrados em um corpo de estudos, antes dispersos, mais fácilmente podem ser identificadas, ainda que por descrição, as principais causas da fome no mundo. De onde, melhor conhecendo-as, mais facilmente se tornará a criação de dispositivos à minimização de seu efeitos ou até suas totais neutralizações, em busca da erradicação da fome no mundo, proporcionando aos seres, com a evolução das pesquisas e sobretudo suas implementações, pleno acesso aos alimentos.

8 Finalmente, posicionamo-nos cientificamente, sob pressupostos de convergência lógica das tendências e lacunas observadas, descrevendo, identificativamente, como esforços contributivos, as variáveis de maior convergência teórica, apontadas pelas instituições e pesquisadores estudados, como principais responsáveis das causas e origens da fome no mundo contemporáneo. Assim, as principais causas da fome no mundo, sob as bases naturais e humanas, justificam nosso objetivo geral, de serem identificadas. Para este fim, utiliza-se como fonte primária, os dados constantes dos relatórios da (Food and Agriculture Organization [FAO] 1974 2008), onde se evidenciam informações à somarem ao projeto de tese na forma de hipóteses.

9 1. EVOLUÇÃO E COMBATE ÀS PRINCIPAIS CAUSAS DA FOME NO MUNDO Neste capítulo inicial nos propomos à uma Visão Geral, ainda que estratificada, sobre a Evolução do Pensamento Global de Combate a Fome no Mundo. Ainda, buscamos relacionar em identificação, as Principais Causas da Fome no Mundo Contemporâneo. 1.1. Conferência Mundial da Alimentação, Roma, 5 a 6 de novembro de 1974 Na Conferência Mundial da Alimentação, ocorrida em Roma, entre 5 e 16 de novembro de 1974, segundo a (Organização das Nações Unidas [ONU] 1974) os governos tomaram para si o problema da produção e do consumo alimentar global, e solenemente proclamaram "o direito inalienável de cada homem, mulher e criança viver livre da fome e desnutrição, atingindo o pleno desenvolvimento de suas capacidades físicas e mentais." 1.2. Conferência Internacional sobre Nutrição, Roma, 1 a 3 de dezembro 1992 Em Roma, entre 1 e 3 de dezembro de 1992, na sede do órgão da ONU responsável pela agricultura e alimentação (Food and Agriculture Organization [FAO] 1992) realizouse a Conferência Internacional sobre Nutrição. Seus patrocinadores foram a FAO e a Organização Mundial da Saúde - OMS. A conferência supra contou com a presença de delegações de 159 países, Comunidade Econômica Européia, 16 agências das Nações Unidas, 11 organizações intergovernamentais e 144 organizações não-governamentais. As conversações incidiram sobre as formas de combate à fome e à desnutrição. Aspectos gerais de caracterização da desnutrição e doenças decorrentes da fome foram levantados, delimitados e projetados em escalas mundiais. Também as mortes diárias e anuais ganharam destaque, apontando-se para o alarmante número médio de 25 mil mortes impostos pela fome todos os dias somados os índices do conjunto dos países que integram a Organização dos Estados Americanos.

10 1.3. Primeira Reunião de Cúpula das Américas 1.3.1. Entre 9 a 11 de dezembro de 1994, Miami, Flórida, EUA No sítio http://www.summit_americas.org/eng-2002/summit-process.htm, recuperado em 14 de março de 2009, encontramos um farto material sobre todas Reuniões de Cúpulas das Américas. A Primeira Cúpula das Américas teve lugar em Miami, de 9 a 11 de dezembro de 1994. A reunião produziu uma Declaração de Princípios e um Plano de Ação assinada por todos os 34 chefes de Estado e de Governo participantes. É importante observar haver sido esta, a primeira Cúpula em que todos os líderes foram democraticamente eleitos e também primeira Reunião de Cúpula onde foram incluídos o Canadá e os Estados insulares do Caribe. A Declaração de Princípios estabeleceu um pacto de desenvolvimento e prosperidade baseada na preservação e fortalecimento da comunidade democrática das Américas. O documento supra propôs a expansão da prosperidade através da integração econômica e livre comércio, objetivando erradicar a pobreza e a discriminação no hemisfério sul e garantir o desenvolvimento sustentável, protegendo simultaneamente o ambiente. O Plano de Ação de Miami continha as seguintes iniciativas, agrupadas em 22 os seguintes temas: Fortalecimento da Democracia; Direitos Humanos; Fortalecimento da Sociedade; Valores Culturais; Corrupção; Narcotráfico; Terrorismo; Confiança Mútua; Livre Comércio; Capital Markets; Infra-estrutura Hemisférica; Cooperação Energética; Telecomunicações; Ciência e Tecnologia; Turismo; Educação; Saúde; Mulher; Micro Empresas; Capacetes Brancos; Utilização Sustentável da Energia; Biodiversidade; Prevenção da Poluição e agendar a Reunião de Cúpula Mundial de 1995 sobre o Desenvolvimento Social.

11 1.4. Projeto do Milênio da Organização das Nações Unidas A meta de redução em 50% da Fome no Mundo até 2015 resultou de Reunião realizada em Copenhague, na Dinamarca, entre 6 a 12 de março de 1995. Nesta reunião, Jacque Diouf, então presidente da FAO, no discurso de abertura, apelou às Nações, objetivando sensibilizar o mundo a um distribuir mais humano dos recursos ao acesso linear aos meios de subsistência, trabalho, saúde e moradia, sobretudo aos alimentos. Estes últimos, como resultado final de democratização alimentar. Também em 1975, líderes mundiais se reuniram em torno da problematização fome, apontando metas, não de minimizá-la, mas de erradicá-la até 1995, ano alvo este, resultou no discurso infra. Pronunciamento do Presidente da FAO, Jacques Diouf (1995): Reunimo-nos aqui para assumir o compromisso, junto aos nossos governos e Nações, de promover o desenvolvimento social em todo o mundo para que todos os homens e mulheres, especialmente aquelas que vivem na pobreza, possam exercer seus direitos, utilizar os recursos e partilhar as responsabilidades que lhes permitam levar vidas satisfatórias e contribuir para o bem-estar das suas famílias, suas comunidades e da humanidade. Para promover e apoiar estes esforços devem ser prioridades da comunidade internacional, particularmente os seres que são afetados pela pobreza, desemprego e a marginalização social (FAO, 1995, online). 1.5. Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação Em Roma entre os dias 13 e 17 de novembro de 1996, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, conduziu a Reunião de Cúpula, em resposta à desnutrição generalizada.

12 Na pauta, apresentava-se também as preocupações com a capacidade da agricultura para satisfazer as futuras necessidades alimentares da Humanidade (FAO, 1996, online). No decurso de cinco dias as reuniões giraram em torno de altíssimos níveis de debates sobre preocupantes temas humanos, participando representantes de 185 países e a Comunidade Européia. Como resultados da Reunião de Cúpula, aprovaram-se a Declaração e o Plano de Ação sobre Segurança Alimentar Mundial, com o objetivo principal de reduzir a fome em 50% até o final de 2015. Além de determinar as medidas adequadas para alcançar a segurança alimentar universal. Fazendo desta reunião referência mundial em resposta à desumana situação de fome, de números elevadíssimos em muitos países, capaz de levar milhares de pessoas, não só à inaptidão de saúde e incapacidade ao trabalho, como à morte. Segundo a Academia de Letras do Brasil, ALB (2009), Este acontecimento histórico, realizado na sede da FAO em Roma, reuniu cerca de 10.000 participantes e proporcionou um fórum de debate sobre um dos assuntos mais importantes que irão se defrontar os líderes mundiais no novo milênio: a erradicação da fome (online) No site da ALB (www.academialetrasbrasil.org.br) são encontradas iinformações que tratam a respeito da adoção da Declaração de Roma sobre a Segurança Alimentar Mundial e Plano de Ação da Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação por 112 chefes de Estado e de Governo ou seus representantes, e por mais de 70 altos representantes de outros países, definindo-se, tal encontro, como uma reunião estratégica mundial, envolvendo, não apenas chefes de Estados como também contou ativamente com representantes de Organizações Intergovernamentais [OIG]; e Organizações Não- Governamentais - ONGs, tendo proporcionado um quadro para introduzir mudanças importantes nas políticas e programas necessários para disponibilizar comida para todos.

13 Programas estes que envolvem desde as mais elementares às mais complexas causas da fome, como doenças, guerras, conflitos civis, clima, trabalho, cuidados pré-natal e saneamento básico. 1.6. Seguimento da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres 1.6.1. Sessão Extraordinária das Nações Unidas - Mulheres do Ano 2000 Em 2000 deu-se seguimento sobre a plataforma de ação de Pequim/1995, ficando também conhecida como Pequim + 5. Ocorreu em Nova Yorque, entre 5 e 9 de junho de 2000. Ênfase especial foi dada à Igualdade entre Mulheres e Homens, Desenvolvimento e Paz para o Século XXI. Segundo o site www.parlamentoeuropeu.org (2009) em 15 de dezembro de 2000, na Quarta Cúpula e Quarta Conferência Mundial Sobre a Mulher, realizada em Nova Yorque, entre 5 e 9 de junho, a comunidade internacional reconheceu expressamente que a mulher e o homem viviam em diferentes e desiguais estados de miséria e empobreciam de maneiras diferentes, necessitando ser consideradas tais distinções à compreensão das causas da pobreza, ou mesmo para nortear ações pelos Estados à adoção de medidas para eliminação das condições diferenciadoras. Na ocasião foram detectados diversos fatores a serem combatidos em escala mundial. Fatores estes que continuam impedindo a emancipação econômica da mulher, propiciando a crescente feminização da pobreza, observada ainda em 2009. Os principais fatores apontados pelo sítio parlamentoeuropeu (2009) são: (...) a persistência da discriminação das mulheres no mercado de trabalho; a diferença de salários; desigualdade de acesso aos recursos produtivos e de capitais; desigualdade de acesso à educação e a formação; fatores sócio-

14 culturais que continuam a influenciar as relações entre gêneros perpetuando a discriminação contra as mulheres (online) Foi reconhecido que a igualdade entre homens e mulheres é essencial para o desenvolvimento social. Ainda, de serem muito lentos os progressos têm no tocante a incorporação de perspectivas de gênero em todas as políticas e programas que visem erradicar a pobreza, proporcionando às mulheres os meios necessários para melhorar sua situação. Apenas com finalidades de facilitação aos pesquisadores, dispomos dados as sucessivas conferências mundiais sobre a Mulher: a 1ª. ocorreu no México, em 1975. A 2ª. em Copenhague, Dinamarca, no ano de 1980. A 3ª. em Nairobe, Quênia, no ano de 1985. A 4ª. considerada a mais importante Conferência Mundial sobre a Mulher, teve como sede Pequim, China, ocorrendo em 1995. Duas outras sucessivas a Pequim, se fizeram em Nova Yorque: 4ª.1 Nova Yorque, de 5 a 9 de junho, conhecida como Pequim + 5 e, a 4ª.2, Nova Yorque, de 28 de fevereiro a 11 de março, conhecida como Pequim + 10. Maiores aprofundamentos e pesquisas podem se fazer através do sítio: http://www.europarl.europa.eu, consultado em 13 de março de 2009. 1.7. Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação de 1996 Segundo o Relatório da FAO (1996), representantes de 185 países e a Comunidade Européia, se comprometeram na luta para eliminar a fome no Mundo. Como um primeiro passo para o alcance desse objetivo, foi definida a meta de reduzir o número de pessoas famintas pela metade até 2015. 1.8. Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação de 2001 Ocorrendo em Roma, entre 10 e 13 de junho de 2001, esta segunda Reunião de Cúpula confirmou o compromisso de reduzir a fome no mundo à metade até 2015 e apelou para a formação de uma aliança internacional para acelerar os esforços para o alcance do

15 objetivo. Tal assertiva, segundo a FAO (2001) quando, por foi aprovado por unanimidade uma declaração em que pede à comunidade internacional para cumprir o compromisso assumido quando da primeira Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação, de reduzir o número de pessoas famintas para cerca de 400 milhões até 2015. A Reunião de Cúpula de Roma de 2001 foi marcada pela presença de delegações de 179 países e pela Comissão Européia - chefiado por 73 chefes de Estado, governo ou seus delegados. A Reunião de Cúpula foi convocada para que um grupo de trabalho intergovernamental elabore diretrizes voluntárias para fazer avançar a implementação do direito à alimentação. Reverter o declínio do orçamento geral dos países em desenvolvimento para a agricultura e o desenvolvimento rural, com a assistência prestada pelos países desenvolvidos, empréstimos de instituições financeiras internacionais e de contribuições voluntárias para o Fundo Fiduciário da FAO para a Segurança Alimentar e Segurança dos Alimentos (FAO, 2001). A Reunião de Cúpula de Roma de 2001 também proporcionou um fórum para os interessados na luta contra a fome, onde participaram os funcionários governamentais, comunidades de agricultores, silvicultores e pescadores, Organizações Não Governamentais [ONGs], a juventude e os grupos indígenas. Muitos atos simultâneos ofereceram oportunidades para que os delegados discutissem temas congruentes à fome, desde o papel da mulher rural na alimentação mundial, às atividades da FAO frente a situações de emergência alimentar. Ainda, foi realizado um encontro de parlamentares, um fórum do setor privado e outro fórum de ONGs e de organizações sociais, paralelamente ao evento oficial. A FAO apresentou durante a Reunião de Cúpula de Roma em 2001 os programas de combate à fome. Também, observou que o dinheiro economizado, reduzindo subsídios,

16 poderia pagar parte do programa, que conta com U$ 24 000 milhões de investimentos públicos adicionais nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estes fundos, segundo a FAO (2001) seriam utilizados para melhorias para as fazendas, por exemplo: irrigação, sementes melhoradas, conservação da base de recursos naturais para a produção de alimentos, elevação dos serviços de pesquisa e extensão, além de melhorar a infra-estrutura rural e oferecer um melhor acesso aos mercados, bem como dispor de maiores e especiais cuidados às pessoas com condições especiais de necessidade. Este fórum salientou a necessária participação do setor privado para eliminar a fome e sublinhou a importância do desenvolvimento das infra-estruturas e a ausência de conflitos e as lutas de poder. Relevância ao amadurecer das idéias mundiais e organização das estratégias de combate à fome. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal, 2004) a Reunião de Cúpula de Roma de 2001, objetivou discutir os progressos realizados para eliminar a fome no mundo, havendo sido concebida para acompanhar os progressos realizados desde a Reunião de Cúpula 1996, submetendo formas de acelerar o processo às considerações dos participantes. Segundo a Cepal (2004), o pronunciamento oficial de Jacques Diouf, Diretor Geral da FAO à Reunião de Cúpula de Roma 2001, objetivamente aponta para a necessidade de definições quanto ao incremento da decisão política e dos recursos financeiros para lutar contra a fome: O objetivo deste evento é inculcar novos poderes para os esforços globais para com as pessoas que passam fome. É necessário aumentar os recursos financeiros e políticos para lutar contra a fome. A comunidade internacional tem reiterado o seu compromisso com a erradicação da pobreza. A eliminação da fome é um primeiro passo crítico (online). Os dados de 2001 indicam que o número de pessoas com carências específicas alimentares, por consequência, subnutridas, vem declinando na média de seis milhões por

17 ano (FAO, 2001), bem inferior à taxa de 22 milhões de pessoas anualmente, necessária ao alcance da meta da Cúpula Mundial da Alimentação, a qual [meta] objetiva adentrar o ano em 2015 com a metade de pessoas com graves problemas alimentares quando do lançamento da proposta, reduzindo assim, de 800 para 400 milhões o número de pessoas que enquadram-se na condição penúrica de famintos. Caracterizando-se em um crime de proporções internacionais. Embora reconhecendo que alguns países e comunidades tenham conquistado significativos progressos contra a fome, a FAO (2001) destacou que muito ainda resta a ser feito, solicitando que os líderes mundiais definem os passos necessários em seus países para alcançarem o objetivo e sugiram formas de acelerar o processo, dividindo assim, com os Estados membros da ONU, a responsabilidade sobre os ODM. Na mesma reunião, a FAO demonstrou a necessidade de serem apresentadas e submetidas sugestões a serem discutidas e consideradas quanto as formas de serem aumentados os recursos para a agricultura e o desenvolvimento rural. 1.9. Conferência Alimentar Mundial de Roma de 1974 Não obstante, em 1974, 130 países fizeram-se representar na Conferência Alimentar Mundial de Roma. Na ocasião, solenemente assumiram compromissos em relação à Erradicação da fome no Mundo. A meta resultante da Conferência Mundial de Roma fora a erradicação mundial da fome e desnutrição em um período de dez anos. Solene e oficialmente o ano/meta era 1984. Contudo, depois de alguns progressos nos 6 anos imediatos ao compromisso, observou-se, isto sim, a partir de 1980, a elevação dos números de fome no mundo. Sobretudo pelo não cumprimento dos acordos e metas propostas em 1974 pelos governos dos 130 Estados participantes (Chonchol, 1987 /1989).

18 1.10. Extrato Histórico dos Objetivos do Milênio de 2000 Na Cúpula do Milênio em setembro de 2000, a maior reunião de líderes mundiais na história, segundo o Relatório da FAO (2000), foi adotada a Declaração do Milênio das Nações Unidas, comprometendo suas nações numa parceria global para reduzir a pobreza, melhorar a saúde e promover a paz, os direitos humanos, a igualdade de gênero e a sustentabilidade ambiental. Logo depois, segundo o Relatório da FAO (2002), os líderes mundiais encontraram-se novamente na Conferência Internacional de março de 2002 sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Monterrey, México, estabelecendo um marco de referência para balizar a parceria global de desenvolvimento, no qual os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento concordaram em adotar ações conjuntas para reduzir a pobreza. Mais tarde no mesmo ano, os Estados membros das Nações Unidas reuniram-se na Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, África do Sul, onde reafirmaram os Objetivos como as metas de desenvolvimento já aprazadas para o mundo. Mundo este, que mais uma vez, através dos ODM, ao menos em intenções e no papel, propunham a enfrentar a fome. 1.10.1. Posição em 2008, com Menos Dez anos para o Ano Meta de 2015 Segundo a FAO (2008) o mundo avançou muito na consecução dos Objetivos. Entre 1990 e 2002 a renda total média aumentou em aproximadamente 22 por cento. O número estimado de pessoas vivendo em extrema pobreza diminuiu em 130 milhões. A taxas de mortalidade de crianças menores de 5 anos caíram de 88 mortes por 1.000 nascidos vivos por ano para 70. A expectativa de vida subiu de 63 anos para quase 65 anos. Nove por cento de pessoas no mundo em desenvolvimento ganharam acesso à água. Quatorze por cento passaram a ter acesso a melhores serviços de saneamento.

19 Segundo a FAO (2008) a África Subsaariana é o epicentro da crise. Isto, pela constante insegurança alimentar, crescimento da extrema pobreza, mortalidade materna e de crianças menores de 5 anos extremamente elevada, além de um grande número de pessoas vivendo em assentamentos precários e um atraso generalizado na consecução da maioria dos ODM. Ainda, no mesmo Relatório, observa-se a Ásia como a região com progresso mais rápido, embora centenas de milhões de pessoas permaneçam na extrema pobreza e mesmo os países em crescimento rápido não consigam atingir alguns dos Objetivos não relacionados à renda. Outras regiões constam no Relatório como apresentando situações variadas, notadamente a América Latina, as economias de transição, o Oriente Médio e o Norte da África, freqüentemente com progresso lento ou nenhum progresso em alguns dos Objetivos e desigualdades persistentes que comprometem o progresso em outros. O progresso também tem sido limitado na Ásia Oriental, Sul da Ásia, Ásia Ocidental e Oceania, e a mortalidade continua muito elevada na África Subsaariana. 1.11. Números Sobre a Pobreza e a Fome no Mundo A seguir, identificamos números gerais do ano de 2006 que somam às causas da Fome no Mundo, segundo a equipe editorial do sítio webciencia (2008). Recuperado em 17 de fevereiro de 2009, de http://www.webciencia.com.br: O Mundo conta com 1 bilhão de analfabetos; 1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, destas, 630 milhões são extremamente pobres, cuja renda per capta anual é menor que 275 dólares, o que equivale a 0,75 dólares ao dia, ou 22,6 dólares ao mês;

20 Cerca de 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, ou aproximados 1/4 da humanidade; Aproximados 1 bilhão de pessoas passam fome. Uma para cada três crianças com menos de cinco anos no mundo encontram-se subnutridas, o que corresponde a 150 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade. Destas, 12,9 milhões de crianças morrem a cada ano antes de completar 5 anos de vida (online). Passemos ao estudo e conhecimento de mais números voltados à relação existente sobre população e extrema pobreza no mundo entre 1980 e 2009. O mundo contava em 1980 com uma população na ordem de 3,4 bilhões de pessoas (Chonchol, 1987 1989) chegando à ordem de milhões os que viviam sob o rótulo da má nutrição. As cifras da FAO citada por Chonchol (1980) mostram que haviam 450 milhões de pessoas no mundo com um consumo alimentício diário inferior às suas necessidades vitais. Estudos realizados pela International Food Policy Research Institute de Washington, também citada por Chochol (1980), estimou-se que os subalimentados permanentes em 1980 chegavam à 900 milhões entre homens, mulheres e crianças. Em 2008 segundo a FAO (2008) a População Mundial é 6,5 bilhões de pessoas, dentre as quais, 923 milhões vivem em estado de extrema pobreza. Segundo o World POPClock Projection (2009) o mundo em abril de 2008 contava com 6.661.799.168 de habitantes. Já o US Census Bureau (2008) órgão do governo dos EUA que faz a contagem populacional interna e estimativas sobre a população mundial, em maio de 2008, se chegaria a marca de 6.600.000.000 pessoas sobre o planeta. O Bird e FMI, afirmam, segundo a Agência Brasil (2009), entidade governamental brasileira, que em decorrência da crise mundial americana, 55 milhões de pessoas no mundo serão levadas à condição de extrema pobreza.

21 Assim, alcança-se uma visão inicial sobre a evolução do pensamento mundial de combate a fome. Suficiente e plausível ao convencimento e convicção, sob os dados apresentados, que existe a consciência por parte das autoridades internacionais sobre a grandiosidade da miséria mundial humana. Somado-se à consciência e buscas de pesquisadores como Chonchol (1985), à identificação e análise das principais causas da fome no mundo. Sobretudo em busca da multiplicação de seus conhecimentos e experiência, objetivando a evolução do pensamento e métodos em combate a esta miséria humana. 1.12. Identificação das Principais Causas da Fome no Mundo Sob o tema supra são reunidas informações sobre as Causas Naturais e Humanas da Fome no Mundo, fundamentando-se em instituições e autores que por suas trajetórias se fazem cientificamente confiáveis. Sobretudo são embasas em informações de fontes primárias, devido as comuns distorções observadas em fontes secundárias, seguindo as recomendações técnicas normatizadoras da Américan Psychological Association [APA] 2009) adaptadas e instituídas pela (Universidad Autónoma de Asunción [UAA] 2009). 1.13. Causas da Fome Encontramos unanimidade sobre as principais causas da fome na visão dos estudiosos pesquisados, dentre os quais, o alemão, natural de Neurippin, humanista, teólogo, médico e advogado Fritz Baade (1956/1963) em seu livro: Economia Mundial da Alimentação (1973), aponta também para os dois grandes grupos, naturais e humanas, como responsáveis pela fome no mundo. Ganhando, em Hudson (1989), subdivisões. 1.13.1. Causas Naturais São apontadas como as principais causas naturais, por Hudson (1989), o clima; secas; inundações; terremotos; pragas e, enfermidades de plantas.

22 1.13.2. Causas Humanas Segundo a ALB (2009), as Causas Humanas, responsáveis pela fome, são muitas, interagindo umas sobre as outras reciprocamente. Algumas têm imediata repercussão sobre as demais. Existindo assim, segundo a ALB, aquelas que exercem maior influência desencadeante quando deflagradas. Como exemplo, encontramos as Guerras e as Catástrofes Naturais. Estas, por sua vez, quando presentes, ganham rápido reforço das demais causas, multiplicando-se rapidamente a fome, pela incidência sob diversas frentes. Existe uma grande complexidade na relação entre as Causas da Fome. Por exemplo, segundo a ALB (2009), ao apontar-se a Causa Guerra, como uma, entre as principais causas humanas, haverá de ser admitido, concomitantemente, um motivo desencadeante, ou seja, uma nova causa que a originou, a qual, comumente encontrar-se-á fundamentada em interesses políticos, o que se apresenta como a causa da causa da causa. E ao aprofundar-se um pouco mais no tema, observar-se-á que esta causa, interesses políticos, conta suas bases, com circunstâncias de disputas econômicas e territoriais, o que mais uma vez redirecionará as pesquisas a um novo fator determinante, que também deverá ser considerado como causa. Contudo, neste momento, antes de um aprofundamento maior, aponte-se outras entre as principais causas humanas da fome no mundo, excetuando-se aquelas as já citadas: Recursos Naturais; Conflitos Civis; Acesso aos Recursos e Meios de Produção; Planificação Agrícola; Estruturas Fundiárias; Destruição de Colheitas; Bloqueios Econômicos; Endividamento dos Países mais Pobres; Cultura; Fome Crônica e Desnutrição; Pobreza; Fome Moderada; Políticas Agrárias; Demografia; Causas Naturais e Sociais; Petróleo; Biocombustíveis; Instabilidade Política; Planos Econômicos Falhos; Proliferação de Vírus; Doenças; Dependência Econômica; Cereais Destinados à Alimentação Animal; Desperdício de Alimentos (ALB, 2009).

23 Certamente não esgotam-se as principais causas da fome no mundo, bastando a proposição de avançar um pouco mais e novas causas se apresentam, como o fator idade avançada, em idosos, apresentado-se com significativos percentuais de manifestações da desnutrição. Isto ocorrendo, nesta causa em especial, mesmo diante a recursos financeiros fartos. Mas, isto sim, pela distância de familiares que se lhes preparem alimentos e ou mesmo que lhes sirva. Não obstante, que auxiliem o idoso a levar à boca os alimentos (Hudson, 1989). Avance-se ao estudo isolado das Causas da Fome no Mundo. Ainda que sempre presente se faça a possibilidade de ser constatado ao longo das pesquisas ora incursionadas, algumas para as quais aponta-se inicialmente dentre as principais causas naturais e ou humanas da fome, não venham a firmarem-se, exigindo sua refutação. 1.14. Estudos das Causas Humanas Sobre o tema Causas Humanas, são utilizadas publicações disponíveis no sítio (www.academialetrasbrasil.org.br), endereço este, oficial da Academia de Letras do Brasil (ALB, 2009), apontando para estas, sobretudo em sua variável política, perfazendo um elo entre variáveis interdependentes, iniciando pela improbidade administrativa que dá margem aos desvios de recursos e instabilidades econômicas. Diante aos desvios econômicos, propiciados pela má administração, havemos de observar, segundo o mesmo sítio e ano supra, da ALB, resultados repercutirem-se na falta de recursos a serem aplicados em programas de desenvolvimentos e também sociais, enfraquecendo-se os estímulos e incentivos à produção interna, fonte de divisas quando utilizados os excedentes ao comércio internacional. Desdobrando-se necessariamente, em maior empobrecimento das classes menos privilegiadas da população e falta de alimentos; rotulando-se o país como de alto risco aos investimentos dos mercados internacionais.

24 Na falta de investidores e capitais externos, são elevados os juros, objetivando desaquecer a economia, com consequente diminuição de acesso das populações aos alimentos e demais gêneros de consumo, o que refletirá na elevação dos índices da miséria e fome. Este tema, além da fonte supra citada, encontra sustentação e fundamentação em discussões na disciplina de Economia Internacional, ministrada pelo Prof. Dr. Fábiam Alejandro Monges Ojeda I Macedo (2008, julho) titular da cadeira no curso de Mestrado em Relações Internacionais da Universidad Autónoma de Asunción, Paraguay. Segundo a ALB (2008) como Causas da Fome, ainda sob o paradigma políticoadministrativo deficitário, onde são observadas a corrupção e improbidade política e administrativa, leva a um sucateamento dos serviços essenciais de educação, saúde e transportes; estagnação do desenvolvimento científico e tecnológico, com elevação do número de mortes por falta de acesso a alimentos e saúde, além da elevação dos sem teto pela falta de investidores no sistema imobiliário e consequente falta de linha popular de crédito à aquisição da casa própria. O enriquecimento de minorias políticas por crimes de corrupção, ainda segundo a ALB (2009) resulta na manipulação e manutenção do poder, reproduzindo-se pelas populações em corrupções em menores proporções. Porém, generalizadas, seguindo o exemplo dos governantes, registrando-se paralelamente a elevação de furtos e aumento da criminalidade por desrespeito em confrontação com a corrupção política. A elevação das necessidades estruturais policiais e a descredibilidade generalizada na justiça, são pontos também destacados pela ALB (2009). Sob as bases supra, firma-se e eleva-se a descredibilidade na justiça, por permitir ou dar margem a continuidade da corrupção pela falta de critérios seletivos ao acesso dos políticos corruptos ao poder. Como bem se pode observar, como exemplo, o Brasil, evidenciando-se a corrupção publicamente no Governo Collor de Mello, com redução no

25 Governo Fernando Henrique Cardoso, voltando a acentuar-se no governo Lula da Silva, a partir dos anos 2002 (ALB, 2009). No mesmo sítio, referindo-se a má política administrativa, sob o contexto maior de Causas Humanas, encontra-se também a administração dos Recursos Naturais. 1.14.1 Recursos Naturais Quando da ineficácia na utilização dos recursos naturais ou por suas más administrações e ou mesmo por interesses econômicos em suas explorações, resultam também em fome, o que soma às causas de sua origem (Velázquez, 2007). 1.14.2 Guerras As guerras, como causas que somam a disseminação da Fome, são motivadas por ambições territoriais, domínios econômicos, submissão de sistemas, distúrbios mentais de líderes, ideologias, entre outras razões, que somados seus resultados determinam desorganizações dos sistemas produtivos, de comércio e distribuição dos alimentos, além do sucateamento dos meios de produção. Daí, a elevação do número de necessitados, tanto por mutilações, incapacitando-os ao trabalho, como pela geração de órfãos e ou mesmo por distúrbios e neuroses provenientes de conflitos existenciais, decorrentes dos horrores da guerra. A dita simples coleta de lixo, em sua ausência, soma-se decisivamente à desordem e proliferação de doenças, superlotando e incapacitando os sistemas de saúde (Hudson, 1989). 1.14.3. Conflitos Civis Os conflitos civis são motivados por desorganização interna dos países, ainda, por governos autoritários e corruptos, sistemas e regimes conflitantes com os interesses populares, ideais de independência por grupos insatisfeitos com os respectivos governos, divergências religiosas, interesses sobre terras e demarcações autoritárias sem a observância de fatores

26 históricos relacionados à posse, direito de propriedade e utilização produtiva das terras, resultando em mortes e elevação do número de necessitados (Robles Tejada, 2000). 1.14.4. Acesso aos Recursos e Meios de Produção Sejam trabalhadores rurais, sem-terras ou mesmo populações, diante a falta de acesso aos recursos e meios de produção, são colocados em condições de precariedade subsistencial, somando-se como causas da fome. 1.14.5. Planificação Agrícola Na falta ou se deficiente a planificação agrícola, são observados resultados em mais fome e distanciamentos sociais. Segundo a ALB (2009), não se encontra, a priori, nos sistemas de buscas, quaisquer referências a planificações de Municípios, Estados ou Nações, no tocante a distribuição geográfica de produção de alimentos por região de seu natural desenvolvimento agrícola, excetuando-se as hortaliças, por exigirem sempre cuidados especiais. Mas, isto sim, cereais, tubérculos e frutas. Se no Norte do Brasil, Roraima, são encontradas pupunha, jaca, maracujá, caju, buriti, carambola, jambo, açaí, manga, pinha, goiaba, acerola, taperebá, limão, cacau, graviola, mamão, mandioca, arroz, banana, coco, abacaxi, desenvolvendo-se naturalmente, sem auxílio de agrotóxicos e fertilizantes, enquanto no sul, em regiões específicas, encontra-se naturalmente a laranja, bergamota, butiá, banana, uva, ameixa, pêssego, goiaba, araçá, amora, pêra, maçã, pitanga, abacate, jabuticaba, mandioca, limão, marmelo, mamão, melão, morango, pinha, romã, batata doce, pinhão, amendoim, entre outras frutas que facilmente se desenvolvem em determinadas regiões, podendo ser encontradas no sítio: (www.colegiosaofrancisco.com.br) premissa esta capaz de nos proporcionar uma visão de mundo, onde em suas regiões, plantas e sementes adaptem-se naturalmente, com super produções de alimentos. Da mesma forma em cada

27 Estado. Uma divisão por região agrícola de potencial de produção, com posteriores trocas e exportações das colheitas que excedam às necessidades internas, significa planejamento, isto sim, produção alimentar. 1.14.6. Estruturas Fundiárias A má distribuição de áreas produtivas e a concentração por poucos, aproximados 10% apenas das populações mundiais, sobre os bens de produção, são também fatores determinantes à motivação de mais fome e desequilíbrios sociais (Chonchol, 1985). 1.14.7 Destruição de Colheitas Observância especial deve-se à destruição de colheitas, como causa consciente de geração de fome em detrimento a manutenção de economias, com fim na manipulação dos preços e lucros pessoais. Práticas estas observáveis por grandes empresários agrícolas, comumente orientados por políticas oficiais de governo (Chonchol, 1985). 1.14.8. Bloqueios Econômicos Os bloqueios e sansões econômicas, comuns aos cidadãos por imposições dos governos como forma coercitiva de capitação de impostos e ou por empresas à garantia manutenção dos volumes financeiros acumulados, e ou mesmo àqueles praticados pelos países contra os Estados e estes contra os municípios e não obstante todos estes contra os trabalhadores, para exigir-lhes responsabilidades, somam-se todos as causas da fome. Sobretudo quando impostos por sistemas internacionais como medidas de retaliação política a uma Nação. Os resultados se refletem como diminuição da alimentação das populações trabalhadoras, sem no entanto atingir a mesa dos governantes, seus familiares e grupos próximos.

28 1.14.9. Endividamento dos Países mais Pobres Não apenas os países, mas também os cidadãos, empresas, indústrias, municípios e Estados, haverão de pagar juros e dividendos aos donos do capital, restringindo o alcance de suas ações, a quantidade e a qualidade dos alimentos que consome. Aos países endividados, restará o pagamento de dívidas em detrimento à produção (ALB, 2009). 1.14.10 Cultura Culturalmente, segundo a ALB (2009), como causas da fome, observa-se a influência de hábitos errôneos alimentares, muitos impostos pela mídia a serviço e interesse de multinacionais, capazes de manipular a vontade humana por força de rótulos e mesmo formação de hábitos de seus interesses. Uma das formas como isto ocorre, se faz a partir da doação de alimentos por um determinado período, para posteriormente usufruir a preferência forjada pela dependência, com imposição de preços, tanto pela venda dos produtos alimentares, quanto pela transferência de tecnologias e meios de produção. 1.15. Análise da Fome Sob Aspectos de Geração Humana Segundo o sítio da ALB (2009), não é incomum atribuir-se ao crescimento populacional a responsabilidade pela existência da fome, Malthus assim o fez. Da mesma forma, às adversidades do clima e do solo. Apesar da responsabilidade que pesa sobre todos os seres no tocante a fome no mundo, e a assertiva da significativa influência destas variáveis sobre a questão da fome, apresentam-se de forma a reduzir o problema, acomodando em parte as populações, para que não pensem. Assim, não exercem pressão sobre os governos, permitindo-lhes o exercício do poder sem um comprometimento maior. Dessa forma, são ofuscadas ou ocultas outras variáveis, com não menos complexidades de contundentes efeitos de manutenção e elevação da fome no mundo (Hudson, 1989).