1 (OAB 2009-3 CESPE Q. 58) Considere que João e Marcos tenham deliberado pela constituição de sociedade limitada, com atuação no segmento de transporte de cargas e passageiros na América do Sul. Nessa situação, dada a atividade social eleita, a sociedade será obrigada a recolher a) imposto de importação no caso de transporte de passageiros iniciado em um país estrangeiro e encerrado no Brasil. b) ICMS no caso de transporte de passageiros realizado entre dois municípios que se situem em diferentes estados da Federação. c) IPI no caso de transporte de carga realizado estritamente nos limites territoriais de determinado município. d) ISSQN no caso de transporte de passageiros entre dois municípios de um mesmo estado da Federação. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva b. A Constituição Federal, precisamente no art. 155, inciso II, da Constituição Federal, apresenta como matéria tributável ou hipótese de incidência a ser eleita pelos Estados e DF quando da instituição do ICMS não apenas o fato circulação de mercadorias. Infere-se da leitura de referido dispositivo que se apresentam como autorizados constitucionalmente os fatos prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Na espécie, a assertiva b nos trás a incidência de ICMS sobre serviços de transporte intermunicipal, amoldando-se perfeitamente à orientação constitucional. (OAB 2009-3 CESPE Q. 59) Assinale a opção correta acerca do sistema tributário nacional. a) As contribuições de intervenção no domínio econômico incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros. b) Cabe à lei ordinária federal estabelecer disposições gerais sobre prescrição tributária. c) É lícita a instituição de taxa cuja base de cálculo tenha o valor de operação de crédito. d) Cabe aos municípios a instituição do IPVA. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva a. A previsão para que as contribuições de intervenção no domínio econômico (as chamadas CIDE s) possam incidir sobre importação de produtos estrangeiros encontra-se no art. 149, 2º, inciso II, da Constituição Federal. Creio que o examinador quis confundir o candidato com as disposições do inciso I do mesmo parágrafo que dispõem sobre a imunidade das receitas decorrentes de importação quanto às contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico. Quanto à alternativa b, tem-se que cabe à Lei Complementar dispor sobre prescrição e decadência, pois se tratam de normas gerais em direito tributário, conforme disposições do art. 146, inciso III, alínea b, da Constituição Federal.
2 Veja-se que na assertiva c o examinador não deixou de cobrar do candidato o conhecimento quanto à impossibilidade das taxas adotarem a mesma base de cálculo de impostos, conforme art. 145, 2º, da CF/88. Na espécie, a base de cálculo do IOF corresponde ao valor da operação de crédito. Já o IPVA, como se sabe, é de competência dos Estados e do DF (art. 155, III, da CF). (OAB 2009-3 CESPE Q. 60) Caso a União pretenda fazer investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, a) poderá ser instituído empréstimo compulsório, por meio de lei complementar federal, para ser cobrado no mesmo exercício em que seja publicada a lei que o institua. b) poderá ser instituído imposto extraordinário para vincular a sua arrecadação à despesa no referido investimento. c) poderá ser instituído empréstimo compulsório por meio de lei complementar, observado o princípio da anterioridade. d) não poderá ser instituído tributo, visto que se trata de despesa de investimento. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva c. Dentre os pouquíssimos detalhes do Empréstimo Compulsório, o examinador cobrou do candidato conhecimento sobre a sua disciplina no âmbito do princípio da não-supressa consubstanciado no princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte previsto no art. 150, III, alínea b, da Constituição Federal. Como exceções a este princípio, no que tange ao tributo em questão, têm-se apenas os empréstimos compulsórios que forem instituídos com fundamento em calamidade pública e guerra externa ou sua iminência, conforme 1º, da art. 150, da Constituição Federal, não abrangendo a hipótese de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional prevista no art. 148, II, da CF. (OAB 2009-3 CESPE Q. 61) A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública pode a) ser cobrada na fatura de consumo de energia elétrica. b) ser instituída pelos estados e pelo DF. c) ter alíquotas máximas e mínimas fixadas pelo Senado Federal. d) ser cobrada no mesmo exercício financeiro em que seja publicada a lei que a instituir. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva A. O parágrafo único do art. 149-A da CF faculta ao DF e aos MUNCÍPIOS a cobrança da contribuição de iluminação pública na fatura de consumo de energia elétrica. Veja-se que a competência foi conferida apenas ao DF e Municípios e que não há no texto constitucional, quanto a referido tributo, exceção ao princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte. (OAB 2009-3 CESPE Q. 62) Assinale a opção correta no que se refere à legalidade tributária.
3 a) O IPI deve ser instituído, obrigatoriamente, por lei complementar. b) O governador pode conceder, por meio de decreto, isenção válida de IPVA. c) É possível alterar, nos limites estabelecidos em lei, as alíquotas do IOF por decreto. d) É vedada a majoração de alíquotas de imposto de renda por medida provisória. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva c. Não se pode esquecer que a maioria dos tributos poderão instituídos por Lei Ordinário (ou medida provisória). Dentre eles, estão o IPVA, o IOF e IPI e o IR. Segundo as disposições do inciso VI do art. 97 do CTN as hipóteses de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário somente podem ser estabelecidas por meio de LEI. Como hipótese de exclusão do crédito tributário, temos as isenções, pelo que não se poderia conceder isenção válida de IPVA por meio de decreto. Já o IOF, este pode ter sua alíquota alterada por meio de ato normativo infralegal (decreto), conforme disposições do 1º, do art. 150, da Constituição Federal. (OAB 2009-3 CESPE Q. 63) Caso o proprietário de um automóvel licenciado em Brasília DF e de um apartamento no Rio de Janeiro RJ faleça em São Paulo SP e o respectivo inventário seja processado em Brasília, o imposto sobre transmissão causa mortis competirá ao a) estado de São Paulo, relativamente ao bem imóvel e ao automóvel. b) estado do Rio de Janeiro, relativamente ao bem imóvel. c) estado de São Paulo, relativamente ao automóvel. d) DF, relativamente ao bem imóvel. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva b. Para o deslinde da questão, o candidato precisava estar atento à disciplina do ITCM constante na Constituição Federal, precisamente no art. 155, 1º. Referido dispositivo reza que, relativamente aos bens imóveis, o ITCM compete ao Estado (ou ao DF) da situação do bem. Já relativamente aos bens móveis, compete ao Estado (ou ao DF) onde se processar o inventário ou arrolamento. Assim, compete ao estado do Rio de Janeiro o ITCM quanto ao bem imóvel e compete ao DF o ITCM quanto ao automóvel. (OAB 2009-3 CESPE Q. 64) No que se refere à prescrição e à decadência no direito tributário, assinale a opção correta. a) Para os tributos sujeitos a lançamento por declaração e de ofício, o direito da fazenda pública de constituir seu crédito tributário extingue-se em cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. b) A citação válida do devedor em ação de execução fiscal interrompe a decadência tributária.
4 c) A fazenda pública dispõe do prazo de cinco anos, contados do fato gerador, para cobrar crédito tributário. d) A prescrição nunca se interrompe, sendo computada continuamente, desde seu termo inicial. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva a. Não obstante o elevado grau de dificuldade desta questão, fico feliz pelo fato de saber que aos meus alunos fiz questão de ressaltar que as regras constantes do art. 173, I, (que estabelecem que o prazo decadencial de 5 anos para fazenda pública constituir o crédito tributário inicia-se a partir do primeiro dia do exercício seguinte) aplica-se apenas aos tributos sujeitos a lançamento de ofício e por declaração, não se aplicando aos tributos sujeitos a lançamento por homologação. Quanto a estes, o termo a quo corresponde à ocorrência do fato gerador, conforme disposições do 4º, do art. 150, também do CTN. Já o prazo prescricional para a fazenda cobrar o tributo começa a correr da constituição definitiva do crédito tributário, conforme art. 174, do CTN. (OAB 2009-3 CESPE Q. 65) Determinado contribuinte, notificado pelo fisco local a comprovar, por meio de documentos e notas fiscais relativos a um período, a regularidade fiscal das operações por ele praticadas, resolveu procurar o fisco, declarar que estava em débito e realizar o pagamento dos tributos objeto de fiscalização com juros de mora. Na situação hipotética apresentada, o referido contribuinte a) não faz jus ao benefício da espontaneidade, por isso poderá ser autuado e ter de pagar pelas penalidades cabíveis. b) não poderá ser autuado pelo fisco posteriormente, visto que já realizou o pagamento de tributos devidos e dos juros de mora. c) tem direito ao benefício da espontaneidade, portanto, não será responsabilizado pelas penalidades cabíveis. d) faz jus ao benefício da espontaneidade, mas poderá ser cobrado em relação ao descumprimento da legislação tributária. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva a. Aqui o examinador cobrou do candidato conhecimento sobre o instituto da denúncia espontânea que vem disciplinada no art. 138 do Código Tributário Nacional. Referido instituto tem o condão de afastar a aplicação de penalidades tributárias (exceto aquelas decorrentes do descumprimento de obrigações formais ou acessórias). Contudo, tem aplicação apenas quando o sujeito passivo proceder ao pagamento do tributo devido e dos juros de mora antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração, conforme reza o parágrafo único do art. 138.
5 Assim, no caso hipotético acima o contribuinte não faz jus ao benefício da espontaneidade, podendo ser autuado e ter de pagar pelas penalidades cabíveis, pois havia sido notificado pelo fisco local. (OAB 2009-3 CESPE Q. 66) Com relação à aplicação retroativa de lei nova que diminua a penalidade por infrações à legislação tributária e os juros de mora em 2% do valor estabelecido na lei anterior, assinale a opção correta. a) A retroatividade de lei nova a fato pretérito somente ocorre quando a lei for expressamente interpretativa e incluir a aplicação de penalidade. b) Caso o ato não esteja definitivamente julgado, a lei nova retroagirá a fato pretérito para beneficiar o contribuinte infrator em relação à diminuição da penalidade, mas não em relação aos juros de mora. c) Caso o ato esteja definitivamente julgado, tanto a penalidade quanto os juros de mora serão aplicados nos valores previstos na nova lei, ou seja, a lei retroagirá para beneficiar o contribuinte. d) O Código Tributário Nacional veda a retroatividade de lei em todas as hipóteses. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva b. Vejo que o examinador não deixou de abordar, novamente, uma questão sobre o princípio da irretroatividade da legislação tributária (art. 105, do CTN c/c o art. 150, III, a da CF) e suas exceções (art. 106, I e II, do CTN). De acordo com o art. 105, do CTN, a legislação tributária aplica-se a fatos futuros ou pendentes (afirmação do princípio da irretroatividade constante do art. 150, III, alínea a, da CF). Contudo, o art. 106, incisos I e II, nos trás exceções a este princípio. Na espécie, interessa-nos apenas aquela exceção denominada retroatividade benigna, ou seja, aquela prevista no art. 106, II, no que tange a legislação tributária que estabeleça penalidades tributárias mais benéficas ao sujeito passivo que esteja questionando o ato punitivo administrativa ou judicialmente (ato não definitivamente julgado). Na espécie, a legislação reduziu não só a penalidade como também os juros de mora. Contudo, a retroatividade benigna alcança apenas as penalidades, pelo que torna a assertiva c a única correta dentre as demais. (OAB 2009-3 CESPE Q. 67) Assinale a opção correta no que se refere à exclusão de crédito tributário. a) A isenção concedida por prazo certo e em função de determinadas condições poderá ser revogada ou modificada por lei. b) A anistia não pode ser concedida em caráter geral. c) A lei tributária que concede isenção deve ser interpretada restritivamente. d) A anistia dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal. Marcou corretamente quem assinalou a assertiva c.
6 Sabe-se que as isenções e anistias são espécies de exclusão do crédito tributário, conforme art. 175, do CTN. Esta afasta o lançamento de crédito tributário decorrente de uma penalidade aplicada. Aquela impede o lançamento de crédito tributário decorrente de um tributo. O art. 178 reza que a revogação de isenções pode se materializar desde já, exceto se concedidas por prazo certo E em função de determinadas condições. Assim, as chamadas isenções onerosas (por prazo certo e sob condições) não podem ser revogadas a qualquer tempo. A anistia, segundo o art. 181, I, do CTN, pode ser concedida em caráter geral. Segundo o parágrafo único do art. 175, do CTN, a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído ou dela conseqüente. De outra parte, segundo o art. 111, inciso I e II, a legislação que concede isenções devem ser interpretadas restritivamente.