VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Agravo nº 0004290-68.2014.8.19.0000 Agravante: LSH BARRA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A Agravado: MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Relator: DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA Agravo de Instrumento. Processual Civil. Mandado de Segurança. Liminar. Indeferimento. Lei Municipal 5.230/2010. Benefícios fiscais relacionados à realização da Copa do Mundo de 2014 e dos jogos olímpicos e para olímpicos de 2016. Pedido de reconhecimento de isenção de ITBI para imóvel destinado à atividade hoteleira. A Impetrante, ora Agravante não demonstrou, em cognição sumária. a presença da verossimilhança de suas alegações, já que a aquisição do imóvel em questão não se consumou até a data limite prevista no art. 5º, da Lei 5.230/2010, de modo a conferir-lhe a isenção almejada. Incidência do verbete da Súmula nº 58, desta Corte. Negado seguimento ao recurso. DECISÃO MONOCRÁTICA Cuida-se de Agravo de Instrumento, no qual a Agravante veicula seu inconformismo com a decisão na qual foi indeferida a liminar pleiteada pela Agravada, em sede de Mandado de Segurança, no sentido de determinar à Autoridade Coatora o reconhecimento da isenção do ITBI relativamente à aquisição onerosa do imóvel Câmara Cível fls. 01
constituído pelo Lote 09 da Quadra 35 do PAL 5220, Barra da Tijuca, destinado à instalação de hotel, sob o fundamento de ausência dos pressupostos legais previstos no art. 7º, III, da Lei 12.016/09. Objetivando a reforma da decisão, sustentou o Agravante que possui o direito líquido e certo alegado no mandamus, na medida em que foram preenchidos os requisitos da Lei Municipal 5.230/2010 que instituiu incentivos e benefícios ficais relacionados à realização da Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014. Aduziu, ainda, que a decisão guerreada gera inquestionável dano de difícil e incerta reparação na medida em que sem o reconhecimento da isenção, a Agravante encontra-se impossibilitada de celebrar a escritura pública de compra e venda do imóvel e consumar o registro do título junto ao Cartório de Registro de Imóveis competente, acarretando ainda o risco do imóvel vir a ser onerado por eventuais credores da parte vendedora. Ressaltou também que o indeferimento da medida atrasa todo o planejamento de construção e instalação do empreendimento e compromete o funcionamento da unidade hoteleira para os fina propostos pela própria Lei 5.230/10 Por fim, pleiteou a reforma da decisão, para que seja concedida a medida liminar, para determinar à autoridade coatora o reconhecimento da isenção do ITBI relativamente à aquisição onerosa do imóvel antes descrito e destinado à instalação de hotel. No ofício de fls. 31/132, o juízo a quo informou a manutenção da decisão vergastada por seus próprios fundamentos. O Agravado ofertou as contrarrazões de fls. 23/29. É o rrel lattórri io.. Decido.. Conheço do recurso, ante a presença dos requisitos de admissibilidade. No mérito, não assiste razão à Agravante Com efeito, a Lei Municipal nº 5.230/2010, que institui incentivos e benefícios fiscais relacionados com a realização da Copa Câmara Cível fls. 02
do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, estando regulamentada pelo Decreto 33.763/2011, dispõe, dentre outras providências, que: Art. 1. O presente Capítulo trata de incentivos fiscais para a construção e o funcionamento de instalações destinadas aos seguintes estabelecimentos: I hotéis, pousadas, resorts e albergues; II hotéis-residência situados nas Áreas de Especial Interesse Urbanístico da Região do Porto e do Centro, criadas, respectivamente, pela Lei Complementar n 101, de 23 de novembro de 2009, e pela Lei n 2.236, de 14 de outubro de 1994. Art. 5 Ficam isentas do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles Relativos, Realizada Inter Vivos, por Ato Oneroso ITBI as operações de transmissão ocorridas por aquisição onerosa até 31 de dezembro de 2012, relativas a imóveis destinados a utilização pelos estabelecimentos de que tratam os incisos I e II do art. 1, desde que observadas as condições do art. 8.. Art. 8 Os benefícios de que tratam os arts. 2, 3 e 5 somente se aplicam se: I até 31 de dezembro de 2015, se houver obtido o habitese ou a aceitação das obras, conforme o caso; II a atividade hoteleira for iniciada no prazo de noventa dias após a obtenção do habite-se ou da aceitação das obras, conforme o caso, e, após esse início, for mantida durante um prazo mínimo de dois exercícios após o final dos Jogos Paraolímpicos de 2016. 1 O benefício será reconhecido sob condição de posterior comprovação das condições estabelecidas nos incisos I e II, nos prazos e na forma definidos em ato do Secretário Municipal de Fazenda. 2 Verificando-se o não atendimento às condições estabelecidas nos incisos I e II, o tributo referente a todo o período deverá ser recolhido com os devidos acréscimos legais. Art. 9 Para os efeitos da Lei n 5.230/2010, entende-se por reconversão a transformação ou recuperação de uso de Câmara Cível fls. 03
imóvel que resulte em estabelecimento com serviços de hospedagem previsto no inciso I ou II do art. 1. Na hipótese, o juízo de primeiro grau indeferiu a liminar requerida no mandado de segurança ajuizado pela Agravante, sob o argumento de que é incabível em sede de cognição sumária, nesta fase processual, sem manifestação do impetrado o deferimento de liminar reconhecendo o direito da Impetrante à isenção do ITBI relativo à aquisição onerosa do imóvel descrito na inicial para instalação de hotel. Do exame acurado dos autos, verifica-se que a Agravante não trouxe prova pré-constituída do direito que afirma possuir, já que a aquisição do imóvel não se consumou até a data limite prevista no art. 5º, da Lei 5.230/2010: Art. 5º Ficam isentas do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles Relativos, Realizada Inter Vivos, por Ato Oneroso ITBI as operações de transmissão ocorridas por aquisição onerosa até 31 de dezembro de 2012, relativas a imóveis destinados a utilização pelos estabelecimentos de que tratam os incisos do art. 2º desta Lei, observado o disposto no art. 7º desta Lei. Em razão de ter o Impetrante apresentado às autoridades fazendárias, compromisso de aquisição de imóvel em instrumento particular não registrado no RGI, onde constava que a transferência do bem estava prevista para após a quitação do preço em 21/04/2013, o requisito legal da aquisição até 31/12/12 não foi preenchido pelo ora Agravante, de modo a ser abrangido pela isenção legal. Câmara Cível fls. 04
Sendo assim, a decisão vergastada não carece de reparo, uma vez que sede de cognição sumária, o juízo de primeiro grau não concluiu, a partir da análise da prova produzida pela Agravante pela presença do fumus boni iuris. Portanto, revela-se apropriado aplicar ao caso vertente o verbete da Súmula nº 58, desta Corte que assim prescreve, in verbis: "Somente se reforma a decisão concessiva ou não de liminar, se teratológica, contrária à Lei ou à evidente prova dos autos." Do exposto, nego seguimento ao recurso, na forma do art. 557, caput, do CPC, para manter a decisão vergastada por seus próprios fundamentos. Rio de Janeiro, 03 de abril de 2014. DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA RELATOR Câmara Cível fls. 05