ENSINANDO E APRENDENDO A PARTIR DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: um estudo no curso de administração da PUCPR campus Toledo Silvana Anita Walter Felippe Lauer Márcia Andréia Schneider Danusa Cunha Flores Maria José Carvalho de Souza Domingues
2 RESUMO: Os estudos de Howard Gardner ampliaram a concepção da inteligência, numa visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas da cognição. Como resultado desses estudos, tomou-se conhecimento de que o ser humano é dotado, segundo Gardner, de inteligências múltiplas que incluem as dimensões lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal. Partindo do estudo das inteligências múltiplas de Gardner, este artigo tem o objetivo de identificar as inteligências múltiplas dos professores e alunos do curso de administração da PUCPR campus Toledo, bem como propor estratégias de ensino que, por meio dessas inteligências, ampliem as possibilidades do aprendizado da administração. A pesquisa é caracterizada como descritiva do tipo levantamento e os dados foram analisados quantitativamente. Como principais conclusões, tem-se que o curso deve estimular o desenvolvimento da Inteligência lingüística e basear seus métodos principalmente na inteligência interpessoal. No decorrer do artigo, sugerem-se algumas atividades para trabalhar com as inteligências que se destacaram neste estudo. Palavras-chave: inteligências múltiplas; ensino e aprendizagem de administração; estratégias de ensino. ABSTRACT: Howard Gardner's studies enlarged the concept of intelligence in a pluralist vision of the mind, recognizing many different facets separate from the cognition. The result of those studies revealed that the human being is endowed, according to Gardner, of multiple intelligences that include the following dimensions: linguistics, logicalmathematics, space, musical, corporal-kinesthetic, naturalistic, intrapersonal and interpersonal. Starting of the multiple intelligences study of Gardner, this article has the objective of identifying the multiple intelligences of teachers and student s of administration course from PUCPR campus Toledo, as well as to propose teaching strategies that, through those intelligences, enlarge the possibilities of business learning. The research is characterized as descriptive type and the data were analyzed quantitatively. As main conclusions, it is possible to say that the program should stimulate the development of the Linguistic Intelligence and to base its methods mainly at the interpersonal intelligence. During the development of the article, some activities to work with the intelligences that stood out in this study are suggested. Key-words: multiple intelligences; administration teaching and learning; teaching strategies.
3 1 INTRODUÇÃO Numa visão tradicional, observa Gardner (1995), a inteligência é definida operacionalmente como a capacidade de responder a itens em testes de inteligência. A partir dos resultados de testes, a inferência de alguma capacidade subjacente é apoiada por técnicas estatísticas que comparam respostas de sujeitos em diversas idades. A aparente correlação desses resultados obtidos por meio de diferentes testes aplicados a sujeitos de variadas idades corrobora a noção de que a faculdade geral da inteligência, g, não muda muito com a idade ou com o treinamento ou experiência. Ela é um atributo ou faculdade inata do indivíduo. Em geral, inteligência é um termo livremente usado para descrever um indivíduo um indivíduo com seus estilos, preferências, aptidões, características, habilidades e competências. (Armstrong, 1994; Jones, 2002; Green; Hill; Friday e Friday, 2005). Segundo Gardner (1995), existe uma visão alternativa na concepção de inteligência, que não está baseada em quantificação de QI, mas em uma visão pluralista da mente que reconhece muitas facetas diferentes e separadas da cognição e que verifica que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. Gardner (1995) acredita que deve haver um afastamento total dos testes e das correlações entre os mesmos e que, ao invés disso, deve-se observar as fontes de informações mais naturalistas a respeito de como as pessoas, no mundo todo, desenvolvem capacidades importantes para seu modo de vida, ou seja, deve-se observar que uma inteligência implica a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criação de um produto cultural é crucial nessa função à medida que captura e transmite o conhecimento ou expressa as opiniões ou os sentimentos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam, indo desde teorias científicas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso. Para Gama (1998), Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal; Gardner propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, há a possibilidade de existirem formas independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente com uma relação direta. Oliver (1997) concorda com a teoria de Gardner quando o mesmo alterou a pergunta: Quanto uma pessoa é inteligente? para Como uma pessoa pode ser inteligente?. Oliver ainda afirma que uma pessoa tem um conjunto de inteligências ou habilidades em lugar de uma única inteligência. Gardner (1995) descreveu, em sua pesquisa, sete inteligências às quais, mais tarde, incluiu a inteligência naturalista por ele determinadas de Inteligências Múltiplas (IM): a inteligência lingüística, mais marcante nos poetas; a inteligência lógico-matemática, relacionada aos números e à lógica; a inteligência espacial, relacionada à capacidade de formar um modelo mental de um mundo espacial e de de orientar-se utilizando esse modelo; a inteligência musical, que tem como exemplo Mozart; a inteligência corporal-cinestésica, com a qual o indivíduo consegue resolver problemas e criar produtos utilizando-se de seu corpo ou de partes dele; a inteligência interpessoal, relacionada à capacidade de compreender
14 na elaboração de trabalhos e, principalmente, do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Conclui-se, portanto, que a prioridade é o desenvolvimento da inteligência lingüística para os alunos do quarto ano. Porém, devido ao curto período de tempo em que estarão vinculados à Universidade, este fator apresenta-se como limitante para tal, necessitando-se, portanto, reforçar o apoio metodológico no TCC e o estímulo para a elaboração de um artigo científico relativo ao TCC. Vale ressaltar, ainda, que todos os alunos de todas as quatro turmas apresentaram índices consideráveis em todas as inteligências, o que está de acordo com Gardner (1994) que afirma que todas as pessoas possuem as oito inteligências e que estas funcionam juntas e de maneira complexa. Após a análise dos dados, cabe perguntar: A homogeneidade apresentada nos alunos do primeiro ano em comparação ao alto desenvolvimento da inteligência lógico-matemática do quarto ano, foi resultante do processo de aprendizagem do curso, em virtude de um enfoque maior ao raciocínio lógico e aos números? A heterogeneidade das inteligências dos professores seria resultado de um afunilamento das características necessárias ao desempenho na profissão e ao domínio dos conteúdos do curso? Sugere-se, como pesquisa futura, a aplicação do IIM em turmas de calouros e, posteriormente, a reaplicação no último ano, nas mesmas turmas, para investigar a influência do curso escolhido pelos alunos no desenvolvimento de suas inteligências. Outra sugestão de pesquisa é a inclusão da inteligência pictórica citada por Antunes (2003). Para futuras pesquisas, ainda se sugere a comparação entre gêneros. Belenky, Clinchy, Goldberger e Tarule, (1986 apud PALLOFF, 2005. p. 52), observaram que o estudo dos estilos de aprendizagem sob as lentes do gênero, chegando à conclusão de que os homens e as mulheres tendem a abordar a aprendizagem e as situações de aprendizagem de forma diferente. Concluímos, ao final desta pesquisa, que a teoria de Howard Gardner sobre as Inteligências Múltiplas fornece subsídios ao professor para que cumpra com a sua responsabilidade de dar aos alunos todas as oportunidades de descobrir e de desenvolver as inteligências que possuem, sendo, portanto, um instrumento a ser usado para a melhoria da qualidade de ensino. 6 REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.. Multiple intelligences in the classroom, association for supervision and curriculum development. Virginia: Association for Supervision and Curriculum Development, 1994. GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
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