A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA DE (RE)CONEXÃO DO SER HUMANO COM O AMBIENTE

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Transcrição:

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA DE (RE)CONEXÃO DO SER HUMANO COM O AMBIENTE Danielly de Sousa Bezerra 1 Cícero Otávio de Lima Paiva 2 RESUMO Desde o início da história da humanidade, o homem se relaciona com o meio em que vive, integrandoo, interferindo de forma ativa na natureza gerando impactos em grande parte negativos, ocasionando aquilo que se chama de crise ambiental. Nesse contexto a educação ambiental surge como um contraponto ao modo de produção capitalista em que se justificava a exploração da natureza em nome de um suposto desenvolvimento. Nesses termos esse artigo tem como objetivo analisar de que forma a educação ambiental propiciou uma (re)conexão do homem com o meio ambiente e analisar como as práticas educativas no que diz respeito a Educação Ambiental podem contribuir para a promoção da sustentabilidade. Trata-se de um estudo baseado eminentemente em pesquisas bibliográficas, sendo que para fundamentação das bases epistemológicas que abordam o tema fez-se uso das obras de Freire (1988), Leff (2009), e Morin (2003). Já os autores relacionados à educação ambiental fez-se uso principalmente daqueles voltados para a vertente crítica, como Loureiro (2003) e Guimarães (1995). Evidenciamos a necessidade de novas bases epistemológicas, que proporcione uma melhor compreensão sobre sustentabilidade nas práticas de uma efetiva Educação Ambiental Transformadora, de modo que os indivíduos se tornem críticos, reflexivos e transformadores. Assim, observamos que a educação ambiental tem uma significativa função de permitir a integração do homem com o ambiente, propiciando, através de conhecimentos, princípios e comportamentos, a inserção do ser humano como cidadão ativo no processo de transformação da problemática ambiental. Palavras-chave: Educação ambiental, Crise ambiental, (Re)conexão, Sustentabilidade. INTRODUÇÃO O homem sempre se relacionou com o meio ambiente. Porém no decorrer da história da humanidade esse relacionamento passou por transformações. Historicamente, tem-se o homem conectado com a natureza, em uma relação de respeito e reverência, mais tarde o homem aparece como um explorador da natureza em nome do desenvolvimento pregado pelo capitalismo. A relação deixou de ser harmônica e por consequência disso diversos problemas passaram a existir, o aquecimento global, a poluição dos rios e oceanos, o excesso de lixo 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ensino (PPGE) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). E-mail: danibiologia20@gmail.com 2 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ensino (PPGE) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). E-mail: cicero.otavio@hotmail.com

como consequência do consumismo exacerbado, desmatamento de florestas, exploração dos animais, são alguns exemplos desses problemas que surgiram. Após um longo período de debates, pesquisas e movimentos o homem passou a perceber que estava destruindo a si próprio, destruindo o meio ambiente, e foi necessário reaprender a se relacionar de forma harmônica com o planeta. Nesse contexto surge a Educação Ambiental, buscando enfrentar a crise que se iniciava, propondo mudanças de valores sentimentos e comportamentos, buscando o desenvolvimento do homem sem prejudicar a diversidade biológica, cultural, étnica e também sem causar prejuízos ao desenvolvimento econômico das nações. A escola surge como o lugar ideal para o desenvolvimento dessas mudanças propostas pela Educação Ambiental, [...] a escola e a educação escolar cumprem seu papel de propiciar condições para que os sujeitos escolares se apropriem de novos conhecimentos e, com isto, possam atuar criticamente na sociedade, transformando a realidade em que vivem (TORRES, FERRARI, MAESTRELLI, 2014, p. 72). As práticas educativas quando abordam temas em Educação Ambiental devem ser, portanto muito bem elaboradas, tendo em vista que a problemática ambiental é complexa e interdisciplinar em essência (LOUREIRO, 2003). Prova dessa complexidade é o fato que a sustentabilidade proposta atualmente envolve aspectos ambientais, econômicos e sociais, não se pode falar em proteção ambiental sem falar também na proteção dos seres que nele habitam, dentre eles o homem, bem como não é possível abordando esses dois aspectos se esquecer do desenvolvimento econômico sustentável que é possível fora da atual mentalidade capitalista que vive a maior parte do mundo. Embora sejam muitos os avanços obtidos, também é correto afirmar que ainda há muito o que fazer para consolidar um trabalho escolar de qualidade, destinado a promover a formação de alunos capazes de se perceberem como integrantes, dependentes e agentes transformadores do meio ambiente. Dessa forma esse artigo tem como objetivo analisar de que forma a educação ambiental propiciou uma (re)conexão do homem com o meio ambiente e analisar como as práticas educativas no que diz respeito a Educação Ambiental podem contribuir para a promoção da sustentabilidade.

METODOLOGIA Trata-se de um estudo eminentemente teórico e uma pesquisa de natureza bibliográfica, sendo esta desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2002, p. 44). Tomando por base principalmente as obras de Freire (1988), Leff (2009), e Morin (2003). Concomitante e essas premissas teóricas, trazemos autores da educação ambiental, especialmente em sua vertente crítico-transformadora como Loureiro (2003) e Guimarães (1995). Do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa é do tipo básica. Quanto aos seus objetivos, a pesquisa é exploratória. Quanto à forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. DESENVOLVIMENTO Nos dedicaremos neste trabalho a refletir acerca de diferentes perspectivas teóricas que abordam a educação ambiental e o processo de construção de uma consciência ambiental, em seguida, discutiremos o conhecimento como mecanismo de (re)conexão do homem com a natureza RESULTADOS E DISCUSSÃO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UMA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL A problemática da proteção ambiental tão discutida atualmente foi fruto de uma séries de pesquisas, debates, conferencias que juntos com ela deram origem aquilo que se conhece hoje por Educação Ambiental. A Conferência de Estocolmo realizada em 1972 foi um marco a nível internacional, no que diz respeito a necessidade de políticas ambientais, reconhecendo a Educação Ambiental como uma necessidade para a solução dos problemas ambientais. Nesse encontro também foram propostas orientações para a capacitação de professores e o desenvolvimento de novos métodos e recursos instrucionais para a implementação da Educação Ambiental nos diversos países.

A Educação Ambiental no Brasil tornou-se oficial por meio da Lei de nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) que previa educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente (Art 2º, X, PNMA). Um tempo após a criação da Política Nacional do Meio Ambiente e a promulgação da Constituição Cidadã de 1988 que pela primeira vez previu o meio ambiente como um direito fundamental de todos (da presente e das futuras gerações), surge a Política Nacional da Educação Ambiental instituída por meio da Lei de nº 9795, de 27 de abril de 1999. Que é definida no Art. 1 da referida lei como: Art. 1 o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2 o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Além disso, a presente lei retrata no seu art. 10, 1º, que a educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. Compreendendo-a assim como tema complexo e interdisciplinar. Em consonância com os citados dispositivos legais Marcatto (2002) aponta que a Educação Ambiental trata-se de um [...] processo de formação dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passem a ser agentes transformadores, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais. (MARCATTO, 2002 p.14) É importante observar que ao afirmar que a Educação Ambiental trata-se de um processo, pressupõe que a mesma esteja em um constante movimento de mudança, e de fato é o que ocorre a medida que novas informações e realidades surgem e necessitam serem abordadas e debatidas nas mais diversas entidades ligadas a políticas de educação que possibilitam a discussão e sobretudo uma ação por parte dos sujeitos. Nesse contexto percebe-se o quanto a escola é o local ideal para o debate da problemática ambiental, uma vez que ela constitui o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização, iniciado em casa, com seus familiares

(PONTALTI, 2005). Ressalte-se que mesmo a escola tratando-se de um local especifico para abordagem da Educação Ambiental, essa abordagem não deve ficar restrita aos muros da escola e sala de aula, isso porque a Educação Ambiental baseia-se numa filosofia de trabalho participativo em que todos, família, escola e comunidade, devem estar envolvidos (GONÇALVES, 1990). A inclusão da Educação Ambiental no âmbito escolar pode ocorrer de diferentes formas. De acordo com Sato (2002, p. 25), pode-se incluí-la como Atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Porém, para que as práticas de Educação Ambiental se concretizem no âmbito da educação formal, a mesma deverá passar por um processo de planejamento que, de acordo com Guimarães (1995, p. 44), deve partir da realidade local, mas inserida na realidade global, demonstrando a necessidade de se perceber a especificidade de cada meio, assim como a vinculação entre as duas realidades. Nesse interim surge o viés da Educação Ambiental Transformadora que se contrapõe a abordagem conservadora, em que o processo educativo promove mudanças superficiais para garantir o status quo, a alteração de certas atitudes e comportamentos, sem que isso signifique incompatibilidade com o modelo de sociedade contemporânea em que vivemos (LOUREIRO, 2003, p. 38). Dessa forma a abordagem crítico-transformadora da Educação Ambiental é compreendida como uma filosofia da educação que busca reorientar as premissas do pensar e do agir humano, na perspectiva de transformação das situações concretas e limitantes de melhores condições de vida dos sujeitos o que implica mudança cultural e social (TORRES, FERRARI, MAESTRELLI, 2014, p. 14). Nessa perspectiva, a educação ambiental deve ser trabalhada em todas as disciplinas, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), propõe uma abordagem ambiental integrada, tanto entre as disciplinas como entre a sociedade e seus problemas específicos (BRASIL, 1998). A educação ambiental foi incorporada como um dos Temas Transversais nos PCNs visando um trabalho pedagógico que desenvolva além da aprendizagem de conceitos, pelos alunos, atitudes e posturas éticas em relação ao Meio Ambiente (SANTOS; COSTA, 2013, p. 3).

O estudo das práticas educativas nas escolas torna-se relevante por diversos motivos dentre os quais a problemática da mudança climática, está cada vez mais, pondo em destaque o tema do meio ambiente e desafios para a construção de uma educação ambiental (EA) consciente (DELIZOICOV, DELIZOICOV, 2014, p. 81). Além das mudanças climáticas outros problemas ambientais tem sido pauta de debates como a questão dos resíduos sólidos, a seca, dentre outros o que torna cada vez mais necessário descobrir como está sendo abordado esses temas nas escolas, verificando erros e acertos para assim serem tomadas as medidas adequadas. É fato que como consequência desses problemas muito se avançou no debate da problemática ambiental nas escolas nos últimos anos, porém ainda se faz necessário crescer na investigação do tema, na busca de ações que estão em sintonia com os princípios da Educação Ambiental principalmente quanto a sua vertente crítico-transformadora que forma sujeitos reflexivos e conscientes que conseguem alinhar a teoria com a prática em seu cotidiano (KONDER, 1992). A adoção de atividades ecologicamente corretas e o incentivo ao uso moderado dos recursos naturais são algumas das medidas básicas propostas pela educação ambiental. De acordo com Silva (2012), o meio ambiente não é destruído por falta de conhecimento é uma crise da própria civilização. Desse modo, é preciso que as pessoas tenham mais respeito pelos outros seres vivos presentes no planeta e adotem práticas que não coloquem em risco a vida dos mesmos, preservando o meio em que vivem. Dessa forma, a educação ambiental tem como propósito educar para a adoção e emprego de ações conscientes, favorecendo assim uma melhoria para a qualidade de vida das pessoas, com hábitos ecologicamente sustentáveis (PELICIONI, 1998). O CONHECIMENTO COMO MECANISMO DE (RE)CONEXÃO DO HOMEM COM A NATUREZA A educação tem como principal desafio o comprometimento de reerguer o planeta diante da crise planetária que estamos sofrendo e para construir esse mundo sustentável. Para Leff (2009, p. 24) a educação tem a tarefa de auxiliar nesse processo de reestruturação, educar para que os novos homens e mulheres do mundo sejam capazes de suportar a carga desta crise civilizatória e convertê-la no sentido de sua existência, para o reencantamento da vida e para a reconstrução do mundo.

Nesse sentido a educação ambiental tem crescido nesse movimento interdisciplinar e de diálogo entre os saberes, assim, a educação ambiental crítica-transformadora tem sido a vertente que busca aproximar a teoria da prática e com isso encontrar estratégias, ações que provoquem uma mudança a forma de agir da sociedade, nas palavras de Loureiro (2003, p. 39): Há um outro eixo revolucionário e emancipatório que pode ser realmente chamado de Educação Transformadora, em que a dialética forma e conteúdo se realiza plenamente, de tal maneira que as alterações da atividade humana implicam em mudanças radicais1 individuais e coletivas, locais e globais, estruturais e conjunturais, econômicas e político-sociais, psicológicas e culturais; em que o sentido de revolucionar se concretiza como sendo a transformação integral do ser e das condições materiais e objetivas de existência. A vertente crítico-transformadora da educação ambiental dialoga em grande parte com o pensamento de Freire (1988, p. 67) posto que este explica que a educação libertadora [...] É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Tal preceito relaciona-se com o que Morin (2003) chama de uma reforma de pensamento. Diante disso, a educação ambiental transformadora para além das práticas educativas que buscam a sensibilização, busca uma transformação dos sujeitos submetidos a lógica mundial do capitalismo, transformação esta que ocorre inicialmente no contexto em que o educando está inserido. Nesse sentido, Guimarães (1995, p. 44) afirma que a educação ambiental deve partir da realidade local, mas inserida na realidade global, demonstrando a necessidade de se perceber a especificidade de cada meio, assim como a vinculação entre as duas realidades. Portanto, o conhecimento, através das práticas educativas relacionadas a educação ambiental, promove um movimento de transformação da mentalidade da sociedade moderna e consumista para uma sociedade mais conectada e menos indiferente com os problemas ambientais. CONSIDERAÇÕES FINAIS A relação homem-meio ambiente sempre existiu, o que mudou ao longo da história foi o modo como se dava essa relação, de um período conectado e uma relação quase com aspectos sacralizados, para um momento de exploração na qual a natureza é vista como uma inimiga do desenvolvimento do homem.

Percebemos a emergência de novas bases epistemológicas, que possibilite uma melhor compreensão sobre sustentabilidade nas práticas de uma efetiva Educação Ambiental Transformadora. O desenvolvimento sustentável é a única forma de garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as futuras gerações, e esse desenvolvimento passa pela dimensão social com a participação dos sujeitos, e a Educação Ambiental é uma forma de contribuir com essa participação. Nessa perspectiva, observamos que a educação ambiental tem uma significativa função de promover a integração do homem com o ambiente, proporcionando, através de conhecimentos, princípios e comportamentos, a inserção do ser humano como cidadão no processo de transformação, contribuindo para que se tenha uma sensibilização ambiental. REFERÊNCIAS BRASIL, Lei No 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 04 de Agosto de 2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 138p. DELIZOICOV, Demétrio, DELIZOICOV, Nadir Castilho. Educação Ambiental na escola. In: In LORUREIRO, Carlos Frederico B., TORRES, Juliana Resende (Orgs.) Educação Ambiental: dialogando com Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2014. p. 81-115. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.18ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1988. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GONÇALVES, Dalva. R. P. Educação Ambiental e o Ensino Básico. Anais do IV Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, Florianópolis, 1990, p. 125-146. GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. 6. ed. Campinas: Papirus, 1995. KONDER, L. O futuro da filosofia práxis. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1992. LEFF, Enrique. Complexidade, racionalidade ambiental e diálogo de saberes. Educação & Realidade, Porto Alegre, vol. 34, nº. 3, p. 17-24, set./dez. 2009. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Premissas teóricas para uma educação ambiental transformadora. Ambiente e Educação, Rio Grande, 8: p. 37-54, 2003.

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