2º CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SAÚDE: UM PROJETO POSSÍVEL A atenção básica e a assistência à população carcerária. Um relato de experiência Maria do Carmo Silva Fochi Agnês Raquel Camisão Silva Maria Helena Baena de Moraes Lopes UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS BELO HORIZONTE 2013
A ATENÇÃO BÁSICA E A ASSISTÊNCIA À POPULAÇÃO CARCERÁRIA. UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. RESUMO A organização dos serviços de saúde em atenção básica, tem se tornado um desafio diário, decorrente da constante escassez de recursos, confrontando com demandas cada vez mais crescentes. A cada vez mais, precisamos desenvolver a criatividade e mecanismos nem sempre eficazes na avaliação de risco e priorização do cuidado. Sabemos, contudo, que fragilizamos cada vez mais a assistência, nos tornando profissionais da demanda aguda, sem condições de trabalharmos a prevenção e educação em saúde. Neste serviço, compartilhamos nossos recursos com um presídio feminino, que abriga em torno de 1200 mulheres, incluindo gestantes. Palavras-chave: atenção básica, gravidez, prisões. A PRIMARY CARE AND ASSISTANCE THE PRISION POPULATION. AN EXPERIENCE REPORT. ABSTRACT The organization of health services in primary care, has become a daily challenge, due to the constant lack of resources, confronting ever-increasing demands. Increasingly, we need to develop creativity and not always effective mechanisms for risk assessment and prioritization of care. We know however that weaken increasingly assistance in making professionals acute demand, unable to work prevention and health education. In this service,
we share our resources with a female prison, which houses about 1,200 women, including pregnant women. Keywords: primary care, pregnancy, prisons. INTRODUÇÃO A saúde vem inscrita no artigo 6º da Constituição Brasileira de 1988 como sendo um direito social que, nos termos do art. 196 da mesma Constituição, é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas econômicas e sociais ¹. A atenção a esse direito se faz por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada que se constitui num sistema único, organizado com descentralização e direção única em cada esfera de governo, atendimento integral com prioridade para as ações preventivas e participação da comunidade (art. 198, CF 1988). A Atenção Básica se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, regulamentada com o Plano Nacional da Atenção Básica PNAB².. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social, devendo resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. Fortalecida, se constitui como porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo assim de grande importância para a saúde pública brasileira. A população carcerária se insere como SUS dependente, e tem garantido o cuidado pelo Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário³, através da Portaria Interministerial de nº1777 de 09/09/2003, em uma parceria do Ministério da Saúde com o Ministério da Justiça 4. A doença crônica tem aumentado significativamente na população em geral, acometida também de outros agravos.a população carcerária é de alta vulnerabilidade, devido às condições
desfavoráveis em que vivem. A mulher aprisionada, aumenta a exposição a doenças físicas e mentais e quando grávida pode estar sujeita a falta de assistência adequada. JUSTIFICATIVA Este relato surge do convívio com a população adscrita à unidade, que inclui as presidiárias da penitenciária local, e a necessidade de intervir, atendendo as necessidades de usuários SUS dependentes. OBJETIVOS Relatar a experiência da gestão local, em um serviço de atenção básica, que para além de sua clientela adscrita, enfrenta o desafio de contribuir com a assistência à mulheres em situação de prisão, da penitenciária feminina do município. MÉTODO tratou-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, em um centro de saúde, no interior do estado de São Paulo, nos últimos 03 anos. A gestão junto à equipe local sistematizou o atendimento, através da inclusão de vagas nas agendas dos profissionais, assim como a extensão de algumas atividades na penitenciária, prioritariamente na assistência pré-natal. O acompanhamento busca atender integralmente às usuárias, oferecendo todos os serviços disponíveis, incluindo os recursos da atenção secundária, através de encaminhamentos. RESULTADOS Existem altas taxas de comorbidade entre as presidiárias assistidas na unidade, não está posto se a condição de aprisionamento desencadeia ou intensifica essas doenças na grávida, mas está clara a necessidade de assistência integral à esta população. Por tratar-se de uma população com necessidades específicas, constantemente precisamos reorganizar o processo de trabalho local, a fim de atendê-las. DISCUSSÃO É fundamental que gestores em todos os níveis se proponham a construir alternativas e ampliação de recursos, a fim de reduzir barreiras ao tratamento, para que o cuidado à saúde deixe de disputar espaços e seja priorizada, de modo que seja possível o acesso a todas as populações, pela atenção básica. Prover o acesso ao serviço de saúde, no entanto, significa cumprir parcialmente com a nossa responsabilidade, tendo em vista os limites impostos, seja pela escassez de recursos, ou pelo modo em que ocorre a identificação dos aspectos de vulnerabilidade, segundo o olhar dos profissionais de
saúde que assistem a população, não atendendo, necessariamente, às demandas percebidas pelo usuário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1-BRASIL. Constituição Federal. Brasília, 1988. 2- Brasil. Portal da Atenção Básica.Acesso em 16/06/2013. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/conheca_dab.php 3-BRASIL. Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. Ministério da Saúde. 2 ed. Brasília, 2010. 4-BRASIL. Ministério da Justiça.Acesso em 16/06/2013. Disponível em: http://www.carceraria.org.br/fotos/fotos/admin/mulher%20presa/cartilha-mulherpresa.pdf