AVALIAÇÃO NA DISCIPLINA DE ARTE

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Transcrição:

AVALIAÇÃO NA DISCIPLINA DE ARTE Juliana Stedille 1 Richelly de Macedo Ramos 2 Edi Jussara Candido Lorensatti 3 Resumo Este artigo busca verificar quais os procedimentos adotados por professores da disciplina de arte para a avaliação de seus alunos. O estudo se concretiza por meio de pesquisa de campo e referenciais bibliográficos. A pesquisa de campo foi realizada através de entrevistas com docentes atuantes em sala de aula, formados e licenciados, o objetivo é analisar os critérios e instrumentos usados por esses professores e se esses são fundamentados por uma concepção metodológica recente. Dessa forma esse trabalho averigua a maneira dos docentes de avaliar seus alunos e como a disciplina de Arte é vista pelos docentes. Palavras Chave: Arte. Avaliação. Professores. Atividade. INTRODUÇÃO A avaliação tem um importante papel na educação, é a partir dela que o professor percebe se o aluno aprendeu e o que aprendeu, ela serve também como um julgamento do próprio trabalho do professor. Porém, notam-se discrepâncias nesse assunto na disciplina de arte, desconexões com outras disciplinas e mesmo com os objetivos da aprendizagem. Por esse motivo, trazemos referenciais em estudos em Arte em Geral e na arte-educação que guiaram a nossa busca sobre os métodos que se utiliza para avaliar. Nosso objetivo principal é identificar os procedimentos de avaliação na disciplina de arte nos anos finais do ensino fundamental, para compreender os critérios dessa avaliação. Utilizamos a metodologia do NEPSO, que se utiliza de pesquisa de opinião, e fomos a campo saber o que os professores de arte atuantes em Caxias do Sul e alunos de licenciatura em Artes Visuais da UCS, pensam sobre a avaliação e se eles se embasam em alguma metodologia para cumprir essa prática pedagógica. 1 Acadêmica do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade de Caxias do Sul 2 Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade de Caxias do Sul 3 Formadora no grupo Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião

A partir da revisão bibliográfica e de nossas experiências, surgiram algumas hipóteses, como a de que a disciplina é vista como uma atividade não tendo a necessidade de avaliar, ou a de que o professor não adota critérios nem segue uma metodologia em suas práticas. Através da análise de dados pudemos obter respostas para nossas dúvidas em relação à avaliação na disciplina de arte, assim retomamos nossa busca teórica para alinhavar com a prática de 15 professores formados e licenciados e discorrer sobre as distâncias da teoria e da prática na vivência desses professores. 1 Avaliação na disciplina de arte: alguns aspectos fundamentais Para Hernández (2000 FALTA A PÁGINA) a avaliação é... a realização de um conjunto de ações direcionadas ao recolhimento de uma série de dados sobre uma pessoa, fato, situação ou fenômeno, com o fim de emitir um juízo sobre a mesma (pag.148). Transpondo essa definição para a educação, o professor é o responsável por direcionar a avaliação a fim de dar valor ao que o aluno aprendeu ou como diagnóstico para planejar sua prática. Vemos hoje que o ensino da arte mudou, porém ainda ficaram alguns resquícios da pedagogia tecnicista, da arte vista como uma atividade curricular e não como uma área de conhecimento, por isso os alunos não são avaliados da mesma maneira que em outras disciplinas, muitas vezes só é bem avaliado aquele aluno com aptidão artística. Baseada nos estudos de Jhon Dewey (1949, 1980, 1998) Santos (2004) diz que [...] a experiência estética não se vive em vista de um final, mas que todas as fases do processo têm seu valor no resultado final. (2004, p. 985). Portanto, a avaliação deveria se dar pelo processo e não pelo trabalho final, ou pelo produto artístico produzido. E também não devemos partir do vazio, devemos ter critérios e fundamentarmos em alguma metodologia. Buscamos em estudos um melhor entendimento do por que o ensino da arte não ser levado á sério depois de tanto tempo sendo uma disciplina do currículo escolar. Assim verificamos com professores de Arte do ensino fundamental quais são seus

métodos de avaliação para constatar se a avaliação tem um papel importante e se condizia com suas concepções metodológicas. Mas antes de tudo é necessário compreender alguns aspectos históricos da disciplina de arte no Brasil e que a disciplina de arte demorou a ser implantada definitivamente no currículo escolar, a que por consequência refletiu na forma de vêla nas escolas. 1.1 O ensino da arte hoje: reflexos de sua história A arte nada mais é que uma representação das culturas existentes no meio em que vivemos, sendo assim não existe uma única arte, como não existe uma única cultura. O que se percebe nas escolas é que a Arte vem se resumindo apenas no ensino de desenhos, formas e cores, deixando de lado toda uma história de obras, de datas e de momentos que marcaram o mundo de alguma maneira. Apenas no século XX é que a arte começa a ser vista com outros olhos e ganha novos enfoques, é incorporada às aulas de Arte a espontaneidade, a subjetividade e a individualidade. Porém isso não foi o suficiente para a comunidade terem um senso crítico a respeito da arte. Na década de 70 surgem os primeiros cursos superiores de ensino da arte graças ao Regime Militar, que com suas imposições apoiava todo tipo de arte direcionada ao patriotismo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação no 5.692/71 instituiu a Educação Artística como atividade educativa e a necessidade de criação de cursos de graduação para formação do professor polivalente, capaz de lecionar música, teatro, artes visuais, desenho, dança e desenho geométrico, tudo ao mesmo tempo, da primeira a oitava série e, em alguns casos, até o segundo grau. Porém, apesar dessa função, a Educação Artística, não poderia suprir as necessidades de liberdade e criatividade nesse contexto de Regime Militar. Conforme afirma os autores Silva e Araújo (2009), a disciplina na verdade não passou de mera atividade:...a Lei, ao designar os componentes do currículo, classificou-os em duas modalidades: (1) Disciplinas (áreas do conhecimento com objetivos, conteúdos, metodologias e processo de avaliação específica); (2) e atividades (desenvolvimento de práticas e procedimentos). (SILVA, ARAÚJO, 2009, p. 10)

Não cabia à Educação Artística ensinar a pensar arte, a disciplina não era compreendida como área de conhecimento não havendo objetivos de aprendizagem, nem conteúdo, nem metodologia, o que encontramos ainda hoje:...a concepção de ensino da arte como atividade cristalizou no ensino de arte diferentes práticas pedagógicas, que encontramos, ainda hoje, nas escolas brasileiras, tais, como: (1) cantar músicas da rotina escolar e/ou o canto pelo canto; (2) preparar apresentações artísticas e objetos para a comemoração de datas comemorativas; (3) fazer a decoração da escola para as festas cívicas e religiosas; entre outra... (SILVA, ARAÚJO, 2009, p. 10) Barbosa (1989) aponta que a avaliação em arte não era como nas outras disciplinas, a autora afirma que o sistema educacional não exigia notas, pois... arte- educação é concebida como uma atividade, mas não como uma disciplina de acordo com interpretações da lei educacional 5692. (BARBOSA, 1989, p.172). Segundo os autores citados entende-se que o ensino da arte visto somente como uma prática não se integrava com as outras áreas de conhecimento, portanto, não era dada à disciplina sua devida importância. Dessa forma a avaliação também não era necessária, pois a arte não cabia num processo de aprendizado. 1.2 Arte como conhecimento Silva e Araújo (2009) colocam que a concepção do ensino de arte como atividade custou a retirada da disciplina do currículo em 1980. Estudiosos que acreditavam que a arte poderia auxiliar no desenvolvimento do aluno lutaram para que fosse novamente implantada a disciplina, com sua devida importância:... a partir da ideia de que arte é um campo de conhecimento específico, com objetivos, conteúdos, métodos de ensino e processos de avaliação da aprendizagem próprios.... (p. 11) Os autores abordam que compreender a arte como (...) conhecimento, como uma construção social, histórica e cultural é trazer a arte para o domínio da cognição. (p.11). Sendo a arte essencial para o desenvolvimento humano é imprescindível que esteja onde a cognição também acontece, ou seja, por excelência, na escola. Conforme Silva e Araújo (2009) depois de muita luta de arte/educadores a disciplina de arte passou a fazer parte novamente do currículo escolar a partir de 1996 com a nova LDBEN, de n 9.394. Dessa vez... consagrou, oficialmente, a

concepção de ensino de arte como conhecimento, ao explicitar que o ensino de arte escolar deverá promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (p. 13) Diante disso, pode-se dizer que as controvérsias existentes no ensino da arte são um reflexo de sua história, o que incute em uma disciplina de arte sem norte, pois se por um lado ela é reconhecida como área de conhecimento, por outro ainda é vista como desnecessária, existente somente para entretenimento ou atividade. 2 Prática Docente e avaliação A partir da nossa pesquisa com teóricos BIBLIOGRÁFICA pudemos perceber que o ensino da arte ainda está atrelado à práticas de expressão e ao preenchimento de carga horária escolar, pois PONTO. O processo de implantação e reconhecimento da disciplina de arte no currículo escolar deixou marcas ainda resistentes nas escolas:...quatro séculos do ensino de arte no Brasil foram baseados, exclusivamente, na concepção de arte como técnica. No entanto, essa concepção de ensino não ficou restrita apenas a esse período histórico, pois, ainda hoje encontramos nas práticas escolares essa concepção de ensino de arte, que vem se manifestando através do ensino do desenho, do ensino do desenho geométrico, do ensino dos elementos da linguagem visual, descontextualizada da obra de arte... (SILVA E ARAÚJO, pag. 5) Diante disso, optamos por buscar respostas sobre a disciplina de arte e a avaliação com professores recém-formados ou que ainda estão na universidade, já que esses estão familiarizados com a condição de um ensino de arte como conhecimento, com objetivos e metodologia, com a finalidade de entender quais são os critérios e métodos de avaliação de seus alunos. 2.1 Métodos de avaliação Como colocamos anteriormente, esse estudo tem como objetivo entender quais são os critérios que o professor de arte tem ao avaliar o aluno. Para isso foi necessário entender qual a concepção metodológica do professor, pois como já sabemos ela é a base para qualquer prática pedagógica e a avaliação nada mais é que olhar para o processo.

Ao serem questionados sobre qual seria a concepção metodológica que permeava as suas práticas pedagógicas os professores hesitaram um pouco. A maioria deles respondeu não se basear em nenhuma metodologia, outros disseram usar a internet para fundamentar suas aulas, enquanto que a proposta triangular de Ana Mae Barbosa¹, fundamentadora nos cursos de Licenciatura em Artes Visuais, aparece em terceiro lugar. Alguns professores, apesar de serem recentemente formados demonstraram pouco conhecimento sobre concepção metodológica. Apesar disso, todos os docentes concordam que a concepção metodológica está relacionada com a avaliação. Isso demonstra que o ensino da arte ainda não se solidificou completamente como área de conhecimento, e mesmo após quarenta anos da LDB ter colocado o ensino de arte como uma atividade:...a Lei, ao designar os componentes do currículo, classificou-os em duas modalidades: (1) Disciplinas (áreas do conhecimento com objetivos, conteúdos, metodologias e processo de avaliação específica); (2) e atividades (desenvolvimento de práticas e procedimentos). (SILVA, ARAÚJO, 2009, p. 10) Dessa forma, está explícito na pesquisa que nem sempre a disciplina de arte está na modalidade citada acima, ou melhor, hoje em dia ela está no currículo como disciplina, é reconhecida a sua importância por estudiosos, mas na prática das salas de aula fica claro que os professores ainda não tem uma avaliação específica com critérios definidos. Tudo isso são reflexos de uma disciplina ainda vista como indefinida, sem objetivos, metodologia e conteúdos. Para uma avaliação bem sucedida é necessário saber interpretar os resultados obtidos com os alunos, o que só acontece se a avaliação estiver alinhada com os objetivos que se quer alcançar e a transparência do professor em deixar os critérios claros aos alunos. 2.2 Critérios para avaliação em Arte

Conteúdos escolares também são os saberes universais que constituem o mundo da cultura, e, entre eles está a arte. A arte na escola tem por objetivo estudar as diferentes linguagens artísticas, levando em conta também determinados momentos históricos construídos pelo homem. Dessa forma, os critérios e instrumentos utilizados para avaliar o aprendizado devem estar ligados ao conteúdo estudado. Hernandéz destaca que se pode... distinguir três fases de processo de avaliação da aprendizagem dos alunos, com distintas funções e implicações e que essas fases já são bem conhecidas e divulgadas nas reformas educativas, porém não costumam ser levadas em conta na disciplina de arte, justamente por sua história como disciplina eletiva. As três fases consistem em avaliação inicial, que detecta os conhecimentos prévios dos alunos, a avaliação formativa, que tem como finalidade ajudar os alunos a progredirem e compreender qual a falta para que o aprendizado aconteça, e a avaliação somatória, que é todo o processo e reconhece se os alunos alcançaram os objetivos. Pode se perceber que a disciplina de arte não segue os mesmo preceitos que as outras disciplinas, não contempla as fases acima, foi perguntado aos professores quais eram os instrumentos e modalidades que eram utilizadas na avaliação, foi dado o exemplo de provas e trabalhos, mas a pergunta era aberta e foram coletados os seguintes dados, mostrados no gráfico abaixo: O quadro mostra uma associação entre as modalidades avaliativas, e os procedimentos, ou seja, ao mesmo tempo em que os professores citam provas e

trabalhos que são modalidades, eles citam também procedimentos que são o comportamento, a criatividade, e que na verdade devem servir como critérios para a avaliação das práticas avaliativas e não como modalidade. Também foi questionado quais eram os critérios utilizados pelo professor ao avaliar essas modalidades, entre os principais critérios apareceram: estética(23%), o entendimento da tarefa(23%), a participação (20%), o comportamento(23%), a participação oral(3%), a prática(3%), a frequência(3%), a organização(3%), e a aplicação de seus aprendizados (2 %). É interessante analisar que esses critérios estão ligados com a modalidade, e que alguns professores avaliam somente esses procedimentos e não o êxito da tarefa. Para a avaliação obter resultados na prática pedagógica e no aprendizado dos alunos é necessário ter critérios nas modalidades avaliativas, nas tarefas, não somente no comportamento do aluno. Além disso, como avaliar se o aluno aprendeu se a disciplina de arte está atrelada somente à tarefas e atividades e não em conhecimento? 2.3 Fracasso e reprovação A avaliação escolar, como já foi colocado, é uma forma de ver se o aluno aprendeu, além de ser uma maneira de promoção do aluno para outra série/ ANO, se o aluno é reprovado, pode-se dizer que o aprendizado não ocorreu da maneira esperada. Diante dessa ideia de fracasso, procuramos saber se os professores realmente acreditavam no fracasso na disciplina de Arte. As entrevistadas que acreditam colocam que a existência se dá pela falta de interesse tanto do aluno quanto do professor. As que não acreditam entendem que sempre haverá aprendizado pois todos são capazes de aprender. Sendo assim, foi perguntado às professoras se elas reprovavam seus alunos e quais os principais fatores que levavam à essa reprovação. Assim percebemos que a reprovação no ensino de arte ainda divide opiniões, os resultados foram que 55% das entrevistadas reprovam na disciplina, enquanto que 45% não reprovam. Entre os fatores citados para a reprovação encontram-se a não participação, a não entrega de trabalhos e a reprovação em outras disciplinas. Analisando essas condições percebe-se que o aluno é aprovado pelo simples fato de fazer o trabalho e é dessa forma que é avaliado, mesmo que os professores

falem que existem critérios para a avaliação, nota-se que avaliam somente a atividade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se dizer que a avaliação no ensino da arte, ou mesmo, a avaliação escolar deve ser levada a sério, pois faz parte do pacote de ensino/aprendizagem, sendo uma forma de julgamento de todo o processo de ensino e da relação professor/aluno. Diante dos resultados da pesquisa nota-se que algumas hipóteses foram verdadeiras e que apesar de esperarmos o contrário, muitos professores lidam com a disciplina de arte, como um momento de atividades. Isso se conclui no momento de avaliação, em que, ao invés do professor avaliar o trabalho ou prova de acordo com o que foi ensinado, ele avalia o comportamento, a participação, a entrega do trabalho. Além disso, a hipótese de que o professor não tem critérios definidos para avaliar é verdadeira, já que na pesquisa apareceram afirmações de que os alunos são avaliados muito pelo seu comportamento em sala de aula e pouco pelo seu rendimento escolar. Quando não estão claros os objetivos a serem alcançados, a simples entrega de trabalho é ápice da avaliação. Depois de tantos anos de batalha para um melhor ensino da arte esperávamos que a arte estivesse no mesmo patamar que as outras disciplinas. Percebe-se que os professores tem a compreensão de que o conhecimento em arte é importante e a avaliação deve ser repensada, no entanto as práticas nas salas de aula nos mostram que os professores continuam engessados e dependentes de outras disciplinas. É certo afirmar que essa pesquisa não para por aqui e que não responde todas as dúvidas, mas nos faz repensar no por que da teoria ser tão distante da prática e na dificuldade de vermos as mudanças acontecerem. Talvez esteja na hora de levarmos a sério a avaliação e nos avaliarmos com critérios os nossos objetivos.

REFERÊNCIAS BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação no Brasil: realidade hoje e expectativas futuras. In: Estudos Avançados. 1989 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n7/v3n7a10.pdf Acesso em: 10 abr. 2013. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2002b. ENTREVISTAS, roda-viva, FAPESP. São Paulo: 1998. Disponível em: http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/370/entrevistados/. Acesso em 08 abr. 2013 HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000. SANTOS, Suzana Maria Ortiz dos. Teorizações dos docentes sobre a avaliação em Artes Plásticas. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação. Rio Comprido: V. 12, N. 45, p. 981-994, Out./Dez., 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v12n45/v12n45a05.pdf Acesso em: 08 abr. 2013 SILVA, E. M. A. & ARAÚJO, C. M. de Tendências e concepções de ensino de arte na educação escolar brasileira: um estudo a partir da trajetória histórica e sócio-epistemológica da arte/educação. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/grupo_estudos/ge01-3073-- Int.pdf. Acesso em: 08 abr. 2013