Kleber Souza Bastos EngMEX A busca pelo aumento de produtividade e pela melhoria continua de qualidade levou ao largo uso de ferramentas de apoio. Com isso surgiram inúmeras ferramentas para aplicações variadas que atendem a processos isolados sem integração. A necessidade de integrar essas ferramentas tem sido um grande desafio e seu avanço foi retardado por questões como a inexistência de um ambiente padrão de desenvolvimento e a falta de padronização de interface gráfica. Apresentaremos um ambiente de integração para o NavisWoks utilizando as ferramentas Autodesk como AutoCAD Plant 3D, Inventor, Revit Structure, Revit Architecture, Revit MEP e Civil 3D. Mostrando os itens relevantes para cada disciplina envolvida no projeto tanto no seu ambiente de modelagem 3D quanto no ambiente de integração em NavisWorks. Uma solução para quem trabalha com engenharia multidisciplinar e tem dificuldades com trabalho integrado. Objetivo de aprendizado Ao final desta palestra você terá condições de: Identificar os itens relevantes para cada disciplina em um ambiente integrado Autodesk, visando maior produtividade nos projetos. Identificar a importância da ferramenta de integração NavisWorks em um ambiente de projetos multidisciplinar. Identificar a importância do mapeamento dos processos internos da empresa projetista adequando os softwares de modelagem e de gerenciamento de projeto. Sobre o Palestrante Cursando os cursos de Licenciatura em Física (9 Período) e Engenharia Mecânica (6 Período) na PUC MG. Atualmente atuando como Consultor em implantação de ferramentas 3D. Experiência em projetos das áreas: Mineração, Óleo e gás, Siderurgia, Metalurgia, Infraestrutura, Celulose e Estaleiros. Participação na implantação da metodologia de trabalhos em 3D na EPC Engenharia Projeto e Consultoria S/A (Sede - Belo Horizonte), utilizando as ferramentas da Autodesk como plataforma base assim como a criação de documentação de instrução de trabalho relacionado a metodologia implementada. Responsável pela implantação de metodologia de trabalhos em 3D e treinamento de equipe para a EPC (Rio capital) utilizando a plataforma Bentley. Formador de novos administradores 3D para as ferramentas de tubulação pela EngMEX LTDA. kleber.bastos@engmex.com.br
Ambiente Autodesk para engenharia multidisciplinar Os processos internos das empresas EPCistas que tradicionalmente faziam projetos em 2D e estão mudando de filosofia de trabalho para o 3D, são diretamente afetados em função das diferenças entre estas duas metodologias. Esta mudança requer cuidados em diversas áreas das empresas, como: Comercial, Marketing, Qualidade, Planejamento, T.I., Produção (Tubulação, Mecânica, Estrutura Metálica e etc.). Os processos destas áreas impactadas são diretamente influenciados em função da metodologia escolhida. 2
É fato que nos dias de hoje existem muitos recursos para tornar estas mudanças mais confortáveis. Temos diversas ferramentas de gerenciamento de projeto, assim como de modelagem 3D, para as diversas disciplinas envolvidas no projeto (Mecânica, Elétrica, Tubulação, Civil, Planejamento...), porém, existem alguns aspectos que dificilmente serão notados por quem está diretamente envolvido com uma disciplina específica. Geralmente os softwares de modelagem apresentam particularidades que se aplicam muito bem para uma disciplina, porém deixa a desejar para outra. Por este motivo, é muito comum percebermos que cada disciplina envolvida no projeto faz a modelagem 3D em um software que dificilmente coincide com o utilizado por outra. Neste contexto percebemos a necessidade de em algum momento, estas disciplinas/softwares se comunicarem de alguma maneira, pois é de extrema importância em um projeto executado em 3D que as disciplinas visualizem possíveis interferências físicas no projeto ou a utilização de áreas reservadas para manutenção sendo utilizadas indevidamente. Esta ação nem sempre é conveniente que aconteça no integrador de softwares 3D (NavisWorks por exemplo), e sim no próprio ambiente de modelagem 3D (Revit, Plant 3D...), nesta hora é que percebemos que em alguns casos será preciso uma exportação dos dados do software nativo para uma extensão que seja comum a ambos. Esta exportação nem sempre leva todas as informações necessárias para a continuidade do trabalho, ou por vez leva informações desnecessárias para a disciplina que está recebendo as mesmas. Assim novamente, percebemos a necessidade de alguém que não olha somente para uma disciplina isoladamente e sim para todo o processo de produção de projetos em 3D, intervindo de maneira ativa nas ações das disciplinas com o intuito do resultado geral do projeto e não individualizado por disciplinas, atuando antes que problemas de performance de máquina, retrabalho por delay de informações, falta de controle de revisões do modelo 3D etc., interferiram no resultado do projeto. Na prática, o que vemos são disciplinas trabalhando separadamente e quando é necessário juntar estas disciplinas, o trabalho geralmente é corretivo, ou seja, traumático para ambas as disciplinas envolvidas. Cada disciplina possui particularidades que são dispensáveis as demais disciplinas envolvidas no projeto, porem estas informações são de extrema importância para a disciplina em questão. Estas informações uma vez carregadas no ambiente de modelagem de uma disciplina que não necessitam das mesmas irão exigir do hardware um processamento desnecessário, em diversas atividades no decorrer do projeto. Um exemplo disto são os detalhes de furação em um determinado equipamento mecânico. Estes podem ser de extrema importância para a disciplina mecânica e não ter a menor relevância para o projeto de tubulação. Uma vez carregada estas informações no ambiente de modelagem de tubulação, dependendo da quantidade de furos que aparecem no projeto, a área gráfica ficará carregada de informações desnecessárias, e toda vez que for necessário 3
rotacionar o arquivo de modelagem, por exemplo, a máquina terá que processar estas informações mesmo elas não sendo importantes nesta fase do projeto. Quando for necessário extrair um documento 2D estas informações serão novamente processadas, ocasionando uma perda de produtividade e de performance dos equipamentos. Muitas vezes a forma como uma disciplina trabalha em determinada ferramenta pode ser excelente para ela e não satisfazer as necessidades das demais disciplinas envolvidas no projeto. Como ainda se faz necessário muitas exportações no processo de fazer projeto em 3D, ainda temos muitas informações que são importantes em mais de uma fase dos projetos, mas em função de alguma exportação o retrabalho acaba se tornando inevitável, assim como a insegurança desta informação, já que não conseguimos exportar os arquivos com todas as informações necessárias. Para evitar estes problemas é necessário que se crie recursos externos aos softwares para auxiliar no controle e gerenciamento destas informações. O mapeamento dos processos internos destas EPCistas é de extrema importância para a readequação dos mesmos em ambiente 3D. É necessário que se tenha alguém que não olhe para as ferramentas de modelagem 3D apenas da ótica da disciplina que utiliza o software escolhido e sim de alguém que pode criticar as informações relevantes e irrelevantes para todas as disciplinas que por algum motivo possam ser impactadas pelas informações contidas no modelo 3D gerado por determinada disciplina. Esta é uma atividade de extrema importância para o resultado geral dos projetos executados em 3D, pois estes números do projeto quando olhados separadamente por disciplinas representam diferenças que viabilizam ou inviabilizam alguma ferramenta, porém, este resultado não deve ser avaliado de maneira isolada somente, também deve ser avaliado qual o impacto esta ou aquela ferramenta causa no projeto, tanto impactos negativos quanto positivos. Uma determinada atividade que aparentemente pode ser onerosa para uma determinada disciplina pode resultar em uma desoneração para outra que justifique a utilização do software. Outro ponto de extrema importância de ser analisado é a diferença do cronograma dos projetos executados em 2D para os projetos executados em 3D. Tradicionamente os cronogramas do projetos 2D preveem entregáveis (Plantas, vistas, cortes, isométricos etc.) num curto espaço de tempo a partir do início dos projetos, e o faturamento está totalmente vinculado a estes entregáveis. Porém quando estamos executando um projeto em 3D, estes entregáveis apresentam a mesma sequencia, pois são extraídos a partir do modelo 3D e só serão emitidos quando a modelagem já estiver consolidada, o que demanda um tempo de trabalho não previsto num cronograma pensado para 2D. Neste contexto o cronograma deve ser repensado para evitar que a EPCista fique sem caixa no decorrer do projeto. Outras formas de evidenciar o trabalho deve ser apresentado ao cliente para que este concorde em fazer os 4
faturamentos em decorrências de evidências do modelo 3D e não a partir somente dos entregáveis em 2D. A EAP (Estrutura Analítica do projeto) deve ser bem definida junto ao cliente antes do início das atividades para que todas estas ações se tornem possíveis. A interação entre as disciplinas é facilitada a partir de uma divisão do projeto em áreas e subáreas que sejam comuns a todas as disciplinas, assim a padronização destas nomenclaturas irão auxiliar o trabalho fazendo com que as disciplinas falem a mesma língua no decorrer do projeto, otimizando a ambientação de todos os colaboradores da empresa nos projetos. Ainda falando sobre padronização, a nomenclatura dos arquivos a serem utilizados nas ferramentas de modelagem 3D precisam de um controle rígido, para facilitar a transição das informações entre as disciplinas, pois no decorrer do projeto a quantidade de arquivos que são criados é muito grande. É conveniente que estes padrões sejam sempre discutidos não somente com os envolvidos em uma disciplina específica e sim entre todas as disciplinas do projeto (mais uma vez vemos a necessidade da figura que não olha somente para uma disciplina) e sempre que possível esta nomenclatura deve se manter padrão independente da disciplina. Lembrando que muitas vezes o softwares para controle de interferências (NavisWorks) utiliza a nomenclatura do arquivo para identificar uma interferência, sendo assim a nomenclatura destes arquivos deve facilitar a localização do item modelado no projeto. Informações como a disciplina que modelou o item, a área do projeto, a subárea do projeto, tag de equipamentos etc., devem constar na nomenclatura destes arquivos. Outro ponto de extrema importância que deve ser tratado nas exportações dos arquivos entre os softwares de modelagem 3D são os layers. Os layers que irão transitar entre estes softwares devem obedecer uma padronização, para que seja possível, quando preciso, o fácil mapeamento dos itens para conversão de layer entre as disciplinas. Um exemplo disto são os layers que a disciplina tubulação (AutoCAD Plant 3D) recebe da mecânica (Inventor, Revit etc.), estes layers devem possibilitar uma fácil identificação caso seja necessário uma conversão de padrões de layers numa extração de plantas ou vistas. A entrada de layer dos arquivos oriundos de outra ferramenta que não sejam a ferramenta padrão de modelagem 3D da disciplina em questão, deve ser rigorosamente monitorada para que a conversão destes layers aconteça de maneira automatizada, evitando assim o retrabalho quando se for necessário fazer estas conversões. O mesmo deve acontecer para todas as disciplinas / Softwares. O sistema de coordenadas entre o Inventor, AutoCAD Plant 3D, REVIT e CIVIL 3D não são iguais, existindo a necessidade da criação de marcos nos modelos, para ser possível fazer a compatibilização entre os modelos 3D, quando importado entre os diferentes softwares. (Ex: o PLANT 3D importar do REVIT). 5
O integrador de ferramentas 3D NavisWoks é uma ferramenta de extrema importância para o projeto, já que percebemos que esta é uma ferramenta que consegue abrir a maior quantidade de arquivos nativos, sem que se faça necessário uma exportação. Temos duas possibilidades de utilização do NavisWorks, uma é a utilização do NavisWorks Manage e outra a utilização no NavisWorks Freedom. A utilização do NavisWorks Freedom traz algumas restrições já o NavisWorks Manage é uma versão completa do software. Ao utilizar o NavisWorks Freedom não é possível a leitura do arquivo de extensão.nwf, que é a extensão de NavisWorks que faz a leitura em tempo real do projeto. Sendo assim é necessário que seja gerado um arquivo de extensão.nwd para possibilitar a visualização da maquete. Os arquivos de extensão.nwd são arquivos que representão uma fotografia da maquete no momento de geração do mesmo, devemos ficar atendos para possíveis atualizações que não estão representadas neste arquivo. A utilização do NavisWorks Manage é a mais indicada para acompanhamento do projeto, pois esta versão do software possibilita a criação e leitura dos arquivos de extensão.nwf, os arquivos que possuem esta extensão possibilitam uma leitura em tempo real do projeto, além da possibilidade de gerar e visualizar o Clash Detective do projeto. O acompanhamento do modelo 3D a partir do NavisWorks, garante que todos usuários estejam enxergando as últimas atualizações das disciplinas, independente de exportações ou revisões do projeto, além de ajudar a descarregar informações do ambiente de modelagem 3D, pois uma vez que as informações estarão disponíveis no NavisWorks, estas em muitos casos não serão necessárias no ambiente de modelagem 3D das disciplinas que que não geraram o arquivo. Abaixo temos um modelo de workflow para projetos multidisciplinares em ambiente Autodesk. 6
AutoCAD Plant 3D integrado com o banco de materiais Tópicos a serem abordados: A rotina de criação de itens em catálogos do AutoCAD Plant 3D Spec Editor, é necessária para todos os projetos sendo que o reaproveitamento destes itens é de extrema importância. Existem dados, como descritivo para compra, que são desnecessários no ambiente de modelagem, e estes pode estar somente na ferramenta de gerenciamento de materiais. Automatizar tarefas repetitivas da Engenharia para obter produtividade e confiabilidade das informações. Concentrar o conhecimento pulverizado na engenharia em um banco de dados único, atualizado, hierarquizado e acessível. 7
Promover a atualização constante dos materiais, segundo as melhores práticas e disponibilidade de mercado. Concentrar as informações de lançamentos, descontinuidade de materiais, novas tecnologias e possíveis substituições e seus ganhos. Promover a integração entre todas as disciplinas, buscando consenso para uma árvore única de materiais hierarquizada por famílias, para evitar duplicidades e facilitar a organização do cadastro. Construir SPEC s (especificações técnicas de materiais) reutilizáveis, adequadas às boas práticas de engenharia, às necessidades de projeto, às expectativas do cliente e à disponibilidade de recursos do cliente final. Integrar o banco de dados de materiais às ferramentas de modelagem 3D para carga rápida e automatizada de componentes de SPEC nos modelos. Ler as listas de material a partir do modelo 3D, com controle de revisões. Gerar requisições de compra a partir das listas de material liberadas pela engenharia do projeto, controlando quantitativos diferenciais entre listas revisadas após participar de uma requisição de compra. Buscar maior fluência e padronização da comunicação entre a engenharia de projetos e o departamento de suprimentos. Padronizar os códigos e descritivos dos materiais entre as disciplinas, entre os diversos projetos e entre os parceiros envolvidos na cadeia de suprimentos (fabricante, projetista, gerenciadora, montadora e cliente final). Manter o histórico de materiais por projeto para estatísticas futuras. 8
Sugestão de padronização de materiais para Engenharia: 9