Estratégia Econômica: A Gradual tem os produtos sob medida para você. Nossa equipe conta com consultores de investimento que podem te auxiliar nas decisões de investimento, de acordo com perfil, prazo e objetivos. Além de uma plataforma de fundos de terceiros, contamos com produtos de renda fixa, operações estruturadas, seguros, previdência e muito mais. Entre em contato com a Mesa Produtos e comece hoje a entender melhor de investimentos pessoais! 3372-8367. André Perfeito Economista-chefe aperfeito@gradualinvestimentos.com.br 55 11 3074-1257 Sumário Executivo: Debate e controvérsia; Lugares comuns; Um incômodo político; Preços e precificação. Porque adoro discordar do meu chefe. Debate e controvérsia; Lugares comuns; Um incômodo político; Preços e precificação. É um hábito antigo e querido aos ingleses de boa cepa a discussão exaustiva de tudo que se pode imaginar. Coisas de uma ilha que desde Cromwell e a Revolução Gloriosa enquadrou a Monarquia na Lei e criou autores como Lewis Carroll que fez do delírio mágico um suporte para exercitar a lógica aos limites do possível. Por aqui, terra quente e úmida, o hábito do debate sincero é enviesado por pudores católicos que evitam o embate saudável. Como bem disse Paulo Francis certa vez: o brasileiro se aproxima da opinião como quem chega ao altar. Por isso aqui o gosto pelo polemismo ganha espaço como uma planta tropical e recria o gênero de geração em geração e cujo expoente mais novo é o velho Lobão e sua Terra do Nunca. O preâmbulo é necessário, afinal hoje vou falar de um dos meus esportes favoritos (e, confesso, talvez mesmo o único que pratico). Eu adoro discordar do meu chefe. Nosso diretor de research, Marcos Elias, é uma figura rara que tem o gosto pelo duelo intelectual e passamos boas horas discutindo arduamente tópicos de economia brasileira e internacional numa disputa que nem sempre é lá muito cordial. Este processo é necessário; somente na disputa podemos avançar e ideias fracas morrem no caminho. Debate e controvérsia são os motores das ideias econômicas. No geral não deixamos publicas as divergências, mas em seu último texto o Marcos avançou além do que eu poderia aguentar calado. O texto é bem escrito, mas se acumulam lugares comuns e cujo corolário da Tempestade Perfeita do Delfim é a nova síntese quase-neo-clássica onde a conjunção de um downgrade do Brasil, devido a problemas fiscais, somado ao fim da ampla liquidez via FED levaria o Brasil ao circulo perverso de desmonte da economia. O dominó é simples: downgrade do Brasil eleva o risco, que deprecia o Real, que eleva a inflação, que força a SELIC para cima, que desarticula o investimento, que faria um choque no consumo (lembremos que o crédito em % do PIB se elevou consideravelmente), soma-se a isto o fim do Quantitative Easing e teremos assim uma mistura de filme catástrofe do tipo O Dia Depois de Amanhã com um filme B tipo Sexta-feira 13. A Soma de Todos os Medos...
Vale apena ler o texto do Marcos e seguir sua coluna, acesse: http://www.infomoney.com.br/blogs/foolish/post/3053756/colapso-brasil-marcado-para-2014 Poderia atacar o texto sob diversos aspectos, mas vou me focar inicialmente no aspecto mais difuso. O mercado está em pânico por um único motivo: o mercado acredita que o PT irá ganhar a eleição o ano que vem e, cá entre nós, o mercado não aguenta mais o PT. Doze anos já deu, por assim dizer. Fora aspectos políticos de desgosto com o PT que são de ordem ideológica e/ou moral, onde os casos de corrupção são a cereja do bolo, haveria algum motivo propriamente econômico para tal repulsa? Sim, há motivos propriamente econômicos e aqui insisto de novo em minha tese de Revolução Monetária. O Brasil cortou por uma determinação eminentemente política a taxa de juros monetária para baixo de 2% em termos reais. Isso foi um desejo manifesto da presidente Dilma e ela fez isto como pode, ou seja, de maneira heterodoxa. Ao jogar a taxa monetária para este patamar ela indiretamente jogou todas as taxas de rentabilidade da economia para baixo, seja via elevação do preço dos ativos, seja pela alta dos salários. O choque foi grande, em 2005 nossa taxa real de juros era de 12%, no final do ano passado era de 1,4%. Para exemplificar a queda da rentabilidade uso a razão do preço do aluguel sobre o valor do imóvel. Em 2008 essa razão era de 0,78% em São Paulo, hoje está em 0,45%.
Em outras palavras: ganhar dinheiro no Brasil está mais difícil. Isto não se faz de graça e muito menos com um governo tão sem graça que nem este onde uma retórica nacional desenvolvimentista soa aos ouvidos dos investidores como uma heresia e a heterodoxia um pecado quase mortal ao que se convencionou em chamar de tripé econômico. O mercado está pressionando o governo a voltar à normalidade econômica onde os três pilares sejam observados de maneira mais consistente, dito de outra forma, o mercado deseja que a taxa de rentabilidade volte ao antigo patamar, seja via inflação menor (o que aumenta os juros reais), ou pela elevação da SELIC. Na dúvida o mercado fica vendido em Brasil comprando Dólar e nem isto o governo está dando refresco segurando tanto na ponta de cima como na ponta de baixo a moeda norte-americana. Isto quer dizer que o mercado esteja sistematicamente errado e que o governo esteja correto? De forma alguma, na verdade acredito que o mercado está percebendo com muito clareza o processo em curso. O que o mercado está dizendo é o seguinte: este Brasil que o PT quer fazer nascer de cesárea teria que ser via parto normal, não adianta baixar a taxa de juros na porrada se o país ainda não reúne as qualidades necessárias, o bebê está prematuro. E mais do que isso. Tradicionalmente há uma regra de bolso no Brasil que sempre funcionou muito bem: aposte contra o governo que suas chances de ganhar são muito grandes. Não por acaso a dívida mobiliária Federal sempre teve uma participação muito elevada de títulos pós-fixados via SELIC através da LFT que sempre funcionou como um seguro contra as trapalhadas do governo. A questão é que, e por isso eu acho que não teremos problemas fiscais tão sérios na eventualidade de um distúrbio maior no cambio o ano que vem caso o fim do Quantitative Easing seja violento, a composição da dívida mobiliária mudou muito. Em 2002 estávamos pós-fixados e devendo em Dólar, hoje a parcela pré-fixada é maior que a pós e a dívida em Dólar é virtualmente zero.
Até a Copa do Mundo e a Olimpíada são vistos com desdém. Nós, enquanto elite econômica da nação, não acreditamos que é possível continuar avançando, temos o sentimento que esticamos o crédito demais entre a população e que não há poupança para tanto. Por sinal em conversa com o Marcos ele acertou numa questão na mosca: o governo realmente beira a arrogância ao fazer um projeto de investimentos de quase R$ 1 trilhão nos próximos anos sem contratar nenhum advisor que seja. Seria no mínimo prudente fazer este diálogo com o mercado; o efeito que teria sobre a credibilidade seria enorme. Imagine se o PAC tivesse a auditoria de uma grande empresa internacional e o respaldo de algum grande banco nacional ou internacional com o planejamento de uma grande firma de consultoria? Seria uma enorme bola dentro. No entanto este governo continua se perdendo. Como se diz: quem acha não se encontra. Falta clareza e foco. O governo tem se esforçado para melhorar a comunicação e em conversa recente com o Ministro da Fazenda sextafeira passada pude ver pessoalmente o emprenho deste em trazer mais previsibilidade aos aspectos fiscais. No entanto, tudo ainda é muito vago e sou tentado a não acreditar em tudo que ele nos disse. Apesar desta desconfiança natural do tipo Menino e o Lobo há no ar uma percepção que o governo entendeu que se de fato houver um downgrade seu projeto eleitoral pode ser seriamente comprometido. A questão é a seguinte: o governo tem que se comprometer no longo prazo com soluções mais perenes, fazer apenas um ajuste só para não perder a nota soaria como chantagismo eleitoral e assim a emenda sairia pior que o soneto, o mercado iria para cima de qualquer jeito. No geral acho que é possível colocar as coisas nos eixos. Algumas sugestões simples: um, o BNDES deveria parar de receber recursos do Tesouro e começar a pagar dividendos, e, dois, faça logo o reajuste da gasolina! Da mesma forma que o governo usou a Petrobrás para segurar a demanda na marra e a inflação baixa, uma alta moderada da gasolina
empurraria o investimento a força da seguinte maneira: alta da gasolina, ações da Petrobras sobem, Ibovespa sobe, o Real se aprecia, a percepção de risco diminui e por aí vai... Há ainda muito o que discutir e mal posso esperar para nossa próxima reunião semanal de conjuntura. Desconfio que o debate continuará acalorado e assim evoluiremos ainda mais alguns pontos. Como lordes ingleses em verão tropical e fumando uns charutos que trouxe de Cuba, e que ele, apesar de todo o ranço com os Castros, adora. Só para fechar batendo um pouco nos ingleses. A The Economist disse que o Brasil havia decolado quando as ações da Petrobras estavam valorizando, entre 2003 e 2009, algo como 1000% em Dólar. Eles acertaram o teto. Agora dizem que estragamos tudo. Talvez tenham acertado o fundo. Disclaimer 23/08/10 23/08/10 Este relatório foi preparado pela Gradual Investimentos e é distribuído gratuitamente, com a finalidade única de prestar informações ao mercado em geral. Não possuindo a Gradual Investimentos qualquer vínculo com pessoas que atuem no âmbito das companhias analisadas, assim como a empresa não recebe remuneração por serviços prestados ou apresenta relações comerciais com as companhias analisadas. Apesar de ter sido tomado todo o cuidado necessário de forma a assegurar que as informações no momento em que as mesmas foram colhidas, a precisão e a exatidão de tais informações não são por qualquer forma garantidas e a Gradual Investimentos por elas não se responsabiliza. Os preços, as opiniões e as projeções contidas nesse relatório estão sujeitos a mudanças a qualquer momento sem necessidade de aviso ou comunicado prévio. Este relatório não pode ser interpretado como sugestão de compra ou de venda de quaisquer ativos e valores imobiliários. Este relatório não pode ser reproduzido, distribuído ou publicado por qualquer pessoa, para quaisquer fins.