UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ INSTITUTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ INSTITUTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÓS-INCUBAÇÃO DE EMPRESAS Conceituação e Estudos de Caso BRENO BASTOS MIGUEZ 15653 FERNANDA HELENA COSTA MÂNGIA 15660 MARIA CLARA S. V. P. COUTINHO 15668 ADM004 TÓPICOS AVANÇADOS EM ADMINISTRAÇÃO ITAJUBÁ, MAIO DE 2012

INTRODUÇÃO Apesar da participação significativa das MPEs na economia brasileira, elas são mais vulneráveis a algumas situações, tais como quantidade insuficiente de capital próprio, irregularidade de receitas, economias de escala reduzidas, baixa liquidez, poucas garantias reais quanto à captura de financiamentos, experiência escassa em gestão, estrutura frágil para a comercialização e baixa visibilidade no mercado, segundo a APROTEC (2003:31) apud Aragão (2005). Dessa forma, a disponibilidade de programas que aumentem as chances de sobrevivência dessas empresas no mercado e representem facilidades para elas são relevantes. Os mais comuns são os programas de incubação e os parques tecnológicos. Ao participar desse tipo de programa, as empresas contam com facilidades operacionais, tecnológicas e de consultoria, além de linhas especiais e programas de financiamento. No entanto, tais programas possuem certo prazo de duração e o processo de graduação das empresas incubadas se mostra um empecilho a elas. Há dificuldades de sobrevivência no mercado quando da graduação porque isso implica em não contar mais com antigas facilidades e benefícios. Nesse cenário, surgem as iniciativas de pós-incubação de empresas com o objetivo de facilitar a transição da incubadora ao mercado e garantir a manutenção da sinergia entre as empresas. Apesar disso, a literatura acerca do tema e as iniciativas nesse campo se mostram tímidas, de modo que sua caracterização e seus benefícios são de pouco conhecimento. 1. PÓS-INCUBAÇÃO 1.1. Conceitos Para Aragão (2005), a pós-incubação de empresas é um estágio intermediário entre a saída de empresas graduadas de uma incubadora e seu estabelecimento no mercado. A pós-incubação de empresas visa à garantia da sinergia gerada na fase de incubação da empresa e a dar maiores condições para a consolidação e o crescimento das MPEs graduadas, segundo a mesma autora. Já para Assis et al (2005), a pós-incubação deve ser vista como uma etapa seguinte ao término da incubação em que são recolhidas informações acerca da empresa graduada para que se possa acompanhar seu desempenho fora da incubadora. Portanto, se trata de um processo conduzido pela incubadora apenas no intuito de monitorar como as empresas graduadas lidam com o mercado, não caracterizando um programa especial. Nesse sentido, surgem iniciativas com o objetivo de pós-incubar empresas, ou seja, ir além da mera coleta de informações sobre seu desempenho no mercado. As iniciativas visam ofertar às empresas certos benefícios que facilitem a adaptação ao mercado, sendo tais benefícios caracterizados por redução de custos, possibilidade de parcerias e, principalmente, manutenção de sinergia entre empresas.

1.2.Proposta de modelo de pós-incubação Assis et al (2005) propõem um modelo de gerenciamento de pós-incubação de empresas por parte das incubadoras. Tal modelo é caracterizado pelo monitoramento do desempenho da empresa graduada por meio da confecção de relatórios periódicos e visitas. Esses relatórios devem abordar os seguintes aspectos: (1) situação financeira; (2) clientes e faturamento da empresa; (3) mix de produtos; (4) infra-estrutura e funcionários; e (5) tendências e perspectivas. Existe um prazo para que a organização se encaixe num período de pós-incubação. Findo esse prazo, seu contrato com a incubadora é rescindido e ela passa a integrar o mercado. Mas, durante o prazo, dependendo do desempenho da empresa nos relatórios, a incubadora dá consultorias no sentido de verificar ações que potencializem seus negócios e, também, aconselha a associação com redes temáticas. O objetivo dessas redes, que são formadas com outras empresas, é promover estratégia e integração, facilitando sua inserção no mercado (ASSIS et al, 2005). Para Andino (2005), se quiserem obter sucesso no processo, as empresas devem contrair capacidades com intuito de buscarem a competitividade, ofertando bens e serviços novos e superiores, uma vez que estão inseridas em ambientes mutáveis. Logo, para ter essa eficiência, as organizações devem conseguir ter e desenvolver recursos estratégicos, combinando-os da melhor maneira com os já adquiridos. Porém, essas capacidades dependem das características da empresa e dentre as mais pertinentes encontram-se: estrutura da força de trabalho e dos departamentos; estrutura financeira; estratégias de Marketing para consumidores e competidores; tipo de acordo entre demais empresas ou universidades e sua organização interna (ANDINO, 2005). Sendo assim, o modelo de pós-incubação deve estar combinado a uma organização focada no desenvolvimento e na inovação, na racionalização de recursos e numa boa estruturação interna. 1.3. Casos de pós-incubação Almeida e Aragão (2008) realizaram um estudo acerca de duas pós-incubadoras instaladas no país: Condomínio Industrial de Informática e a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia; e Condomínio de Empresas de Alta Tecnologia e a Associação de Empresas de Tecnologia, sendo a primeira instalada em Florianópolis e a segunda, em Campinas. Com relação ao primeiro caso, esses mesmos autores afirmam que o Condomínio Industrial de Informática foi criado a fim de receber empresas já estabelecidas no mercado após sua graduação na Incubadora Empresarial Tecnológica. Com o tempo, esse condomínio passou a integrar a o Parque Tecnológico da região, denominado Parque Tecnológico Alfa (ALMEIDA e ARAGÃO, 2008). As empresas integrantes desse condomínio contam com algumas vantagens, de acordo com Aragão (2005), a saber: (1) custo reduzido de locação do espaço físico; (2) centrais de 3

telefone com acesso a Internet e a ramais; (3) serviços gerais de manutenção, limpeza e vigilância; (4) serviços de secretaria executiva; (5) acompanhamento de licitações públicas e concorrências; (6) banco de recursos humanos; (7) plano de saúde e assistência odontológica; e (8) acervo de equipamentos, livros e periódicos, entre outros. Os empresários participantes desse programa afirmam que existe economia de escala graças ao rateio de gastos e fomento à construção de parcerias entre as empresas. No entanto, há um temor quanto à sinergia tecnológica por medo da concorrência ou mesmo do roubo de ideias, de acordo com a mesma autora. Há, ainda, frequência de palestras e possibilidade de prestação de assessoria e consultoria às empresas, bem como captação de recursos financeiros frente a instituições ou investidores. Quanto ao segundo caso, referente ao Condomínio de Empresas de Alta Tecnologia, sediado na cidade de Campinas (SP), a iniciativa surgiu devido à busca coletiva de empresas recémgraduadas por uma edificação pudesse abrigar a todas. Essa busca ocorreu porque tais organizações tinha ciência de que seu sucesso individual ocorrera por conta da sinergia existente entre elas. Durante o processo de incubação e desenvolvimento de produtos e serviços, houve prestação de serviços tecnológicos entre as empresas, além de apoio mútuo (ARAGÃO, 2005). A diretoria da incubadora, então, conseguiu um espaço e cedeu a essas empresas, batizando-o de Condomínio de Empresas de Alta Tecnologia, o qual foi inaugurado em novembro de 2001. Tal iniciativa surgiu por conta do clamor dos empresários e de sua preocupação com a sobrevivência de suas empresas, de acordo com a mesma fonte, conforme Almeida e Aragão (2008). Dentre os benefícios trazidos por esse programa, além da proximidade física entre as organizações, houve amenização das dificuldades de consolidação e crescimento delas em virtude do compartilhamento de infra-estrutura tecnológica, operacional e física. Ademais, isso trouxe redução de gastos dado que as despesas eram rateadas entre os condôminos (ARAGÃO, 2005). A participação nesse programa de pós-incubação demandou que as empresas informassem à CIATEC dados acerca de seu desempenho econômico e tecnológico, além de dados sobre empregos gerados. Apesar de tais exigências, a entidade buscava contribuir para o sucesso das organizações. A oportunidade de associação ao programa foi concedida a todas às empresas, mas foram privilegiadas aquelas que demonstravam possuir sinergia e dependência quanto a suas operações, de acordo com Aragão (2005). Ainda segundo Aragão (2005), é importante destacar que essa iniciativa levou em conta que as empresas já graduadas são tidas como early stage companies, não start-up ventures, por já comercializarem produtos e serviços no mercado. Isso implica em sua contribuição com impostos municipais, estaduais e federais, além de geração de empregos altamente tecnológicos e criação de produtos inovadores. Portanto, apesar do incentivo e dos benefícios cedidos a essas organizações, há uma troca por meio do impacto econômico positivo gerado por elas. 4

1.4. Dificuldades, diferenciais e estratégias das empresas pós-incubadas estudo de caso II A partir de um estudo com oito empresas pós-incubadas do setor de informática e software de Porto Alegre por Andino (2005), foram evidenciadas algumas dificuldades que variam desde a maneira com a qual ingressar no mercado e os tipos de ferramentas para ofertar os produtos, além de como ganhar credibilidade ao vender a outra empresa e não ao técnico que faz o trabalho. Entretanto, vale salientar que tais pontos provavelmente advieram da formação técnica da maior parte dos gestores dessas empresas. Assim, o foco não deveria ser somente no produto, mas no processo de comercialização. No processo de obtenção de novos clientes, algumas se ativeram a um segmento especifico pelo próprio produto exigir isso, utilizando estratégias de vendas bem definidas, conhecendo o setor de atuação e concorrência. Outras já estenderam a atuação já que o produto poderia ser vendido em vários setores. Dessa forma, usaram da indicação de um atual cliente a outra empresa que necessite do serviço que a empresa oferece ou então por meio da prospecção de um segmento específico em que haja interesse em comercializar o item. Nesta estratégia, o atendimento adequado é primordial para ter indicação e não há conhecimento de todos os concorrentes, sendo impossível então, monitorar todos. Logo, há um foco nos considerados mais importantes. Independente da forma utilizada para vender, uma característica comum foi que todas desenvolveram um diferencial comparado aos competidores que culminaram na maior consolidação da empresa no mercado. Com relação a valor agregado, algumas empresas se sobressaíram no planejamento estratégico e organização aprendida enquanto ainda eram incubadas; outras, no comprometimento com resultados, agilidade no atendimento principalmente em relação a cumprimento de prazos para conseguirem confiança e credibilidade. Por fim, uma das empresas destacou sua equipe multidisciplinar que facilita o entendimento do desejo do cliente e oferece a solução mais adequada às necessidades Outras duas reconheceram seu pioneirismo na utilização de ferramentas para desenvolvimento de software que leva à redução de falhas nos projetos juntamente com o fato de serem os primeiros nesse setor especifico. Apenas uma ressaltou seu preço como diferencial. A pesquisa de Andino também mostrou que as empresas pós-incubadas conseguiram inovar mais em relação às não incubada. As primeiras introduziram quatorze novos produtos no mercado ao passo que as outras colocaram apenas cinco. Portanto, o as pós-incubadas são orientadas ao desenvolvimento de novos produtos e à inovação. No que se refere à gestão financeira, embora a receita advinda desses novos produtos seja maior, a capacidade financeira das empresas não-incubadas é superior. Apesar disso, as pósincubadas possuem acesso facilitado a recursos por integrarem uma incubadora. Tal fato pode estar associado a maiores investimentos em recursos de geração de novos produtos e o retorno 5

ser de longo-prazo. Finalmente, a capacidade gerencial também foi melhor devido a formação e ao recebimento de treinamento de Administração por parte das pós-incubadas. 2. REFLEXÃO E CONCLUSÃO A pós-incubação de empresas é, de fato, um instrumento útil para auxiliar as empresas recémgraduadas em seu processo de adaptação ao mercado. Já existem iniciativas bem sucedidas no país que ajudam a ilustrar isso. O intuito dessas iniciativas é manter a sinergia conquistada pelas empresas durante o processo de incubação, dado que muitas constroem parcerias tecnológicas e operacionais em tal período. Apesar disso, se trata de um assunto pouco explorado e cuja literatura é escassa e, de certa forma, relativamente antiga. Ademais, os casos práticos permanecem poucos, apesar do sucesso mostrado pelos existentes. E, apesar dos anseios dos empreendedores quanto a mecanismos que assegurem o sucesso das empresas graduadas no mercado, existem diversos obstáculos a serem enfrentados. Observa-se que as empresas graduadas de incubadoras encaram diversas dificuldades ao adentrarem o mercado, pois o ambiente não é tão mais controlado quanto o visto de dentro de uma incubadora. Sem falar que dentro de uma incubadora são construídas relações de dependência e parcerias entre as empresas, o que pode ser perdido após a graduação. Sendo assim, o apoio de instituições acadêmicas e do próprio governo se torna essencial para que a pós-incubação seja levada adiante e para que surjam propostas de manter empresas graduadas dentro desse esquema. Os benefícios tendem a ser múltiplos, tanto para as organizações, quanto para o contexto em que estão inserida. Portanto, é preciso realizar reflexões acerca de algumas questões: 1. Por que a pós-incubação ainda não se popularizou? 2. Por que as iniciativas de criar pós-incubadoras ou métodos de pós-incubação se mostram tímidas? 3. Até que ponto a dependência das pequenas empresas desses mecanismos especiais atrapalha seu desempenho no mercado? 4. Seria possível aliar um sistema de pós-incubação à incubadora existente em Itajubá? 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. I. R. de. ARAGÃO, I. M. Empreendedorismo: instrumentos de apoio à criação e consolidação das micro e pequenas empresas (MPEs). Artigo publicado pela Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/eadonline/grupodepesquisa/publica%c3%a7%c3%b5es/martinho /110.pdf. Acesso em: 19 de Abril de 2012. ANDINO, B. F. A. Impacto da incubação de empresas: capacidade de empresas incubadas e empresas não-incubadas. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4790/000460096.pdf?sequence=1. Acesso em: 19 de Abril de 2012. ARAGÃO, I. M. Pós-incubação de empresas de base tecnológica. Tese apresentada ao curso de pós-graduação em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-19122005-173518/pt-br.php. Acesso em: 19 de Abril de 2012. ASSIS, J. C. de. SELDIN, R. CAULLIRAUX, H. M. Processo de gestão de incubadoras de empresas: as melhores práticas da rede de incubadoras do Rio de Janeiro. Artigo apresentado no VIII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais SIMPOI 2005 FGV-EAESP. Disponível em: http://biblioteca.gpi.ufrj.br:8080/xmlui/handle/1/197. Acesso em: 22 de Abril de 2012. 7