PALAVRAS-CHAVE - economia solidária. extensão universitária. educação popular.



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Transcrição:

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ISSN 2238-9113 ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( X ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA CONTRIBUIÇÕES DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA À PEQUENOS AGRICULTORES DE CASTRO/PR Isabela Santos Almeida (isaalmeida521@gmail.com) Fernanda De Arruda Paes (fernanda.arruda.paes@gmail.com) Lilian Cristina Cruvinel Torres (lillicruvineltorres@hotmail.com) RESUMO - O presente trabalho busca analisar como as práticas extensionista, desenvolvidas na Incubadora de Empreendimentos solidários/uepg, podem contribuir para a geração de trabalho e renda de pequenos agricultores do município de Castro/PR. São problematizados o trabalho de extensão no meio rural, o precário acesso aos meios virtuais nesse espaço, bem como os obstáculos colocados aos pequenos agricultores na elaboração de projetos para captação de recursos. No desenvolvimento do processo de incubação, destaca-se a atuação de técnicos e bolsistas da incubadora, utilizando-se da educação popular, na construção coletiva de um projeto, para obter financiamento para a construção de estufas agrícolas ecológicas. Os resultados foram extremamente positivos, pois além da comunidade ser contemplada, observaram-se as contribuições da extensão universitária na formação dos acadêmicos. PALAVRAS-CHAVE - economia solidária. extensão universitária. educação popular. Introdução Na prática extensionista é importante encontrar o ponto de equilíbrio entre diferentes conhecimentos e/ou realidades distintas, respeitando os sujeitos envolvidos e suas vivências. No cotidiano da extensão universitária, os acadêmicos precisam compreender que o conhecimento popular possui tanto valor quanto o saber científico e que ambos os conhecimentos podem influir um sobre o outro. Sendo assim, a educação popular se faz vital para que esses estudantes encontrem ferramentas de diálogo entre esses dois saberes. Na UEPG, um dos programas de extensão que proporciona o contato dos acadêmicos com realidades distintas da qual ele está inserido, é a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL). Trabalhando com os princípios da Economia Solidária (cooperativismo, autogestão, solidariedade e sustentabilidade) a IESOL atua na constituição e consolidação de

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 empreendimentos econômicos solidários. Através do processo de incubação, a equipe, constituída por professores, técnicos e alunos de diferentes áreas do conhecimento, auxilia empreendimentos a se estabelecer, de acordo com suas demandas e especificidades, que tangem tanto aspectos da viabilidade econômica, como o apoio na busca de espaços de comercialização. Uma característica recorrente nos empreendimentos é a dificuldade de inscrição em editais para captação de recursos. Normalmente isso se deve ao fato desses grupos estarem inseridos em camadas mais populares e/ou em comunidades rurais. O precário acesso aos meios virtuais (por exemplo, a internet) e a linguagem formal e burocrática utilizada, faz com que a inserção desses grupos na busca e escrita de editais ainda seja um desafio. Portanto, uma das tarefas da equipe de incubação é a busca e a aproximação desses instrumentos com os trabalhadores de empreendimentos. Desse modo, o presente trabalho analisa como essa demanda apareceu na incubação da Associação de agricultores familiares das Colônias Iapó, Santa Clara e Vizinhanças, situada no município de Castro-PR, e qual foi o papel da equipe da IESOL nesse processo, relatando suas experiências na prática da extensão universitária. Objetivos Identificar as demandas de um empreendimento rural, incubado pela IESOL; Descrever as atividades realizadas pelos bolsistas na elaboração de projeto para captação de recursos; Analisar as contribuições de práticas extensionistas à um grupo de pequenos agricultores de Castro/PR Referencial teórico-metodológico A extensão universitária parte do pressuposto de intervenção além dos muros da universidade, onde os estudantes colocam em prática seus conhecimentos enquanto ainda estão em formação. Possibilitando esses últimos a atuar com a sociedade e para a sociedade, especialmente ao lado de comunidades ou grupos oriundos das camadas mais populares. A extensão não beneficia apenas a comunidade, sendo esta, uma via de mão dupla. Segundo Jezine, a extensão opera na busca de uma relação de reciprocidade, mutuamente transformadora, em que o saber científico possa se associar ao saber popular (JEZINE, 2004,

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 p.2). As ações e projetos extensionistas se tornam importantes pilares na formação dos acadêmicos que, na graduação, têm a oportunidade de atender a comunidades. De um lado a comunidade recebe serviços de qualidade, ofertados pela universidade e, de outro, a própria universidade se beneficia, pois cumpre seu papel social ao retornar conhecimentos e ações para a sociedade. No entanto, o desenvolvimento das práticas de extensão enfrentam diversas dificuldades, e no meio rural, elas são ainda mais acentuadas. Segundo Callou et al (2008), o que mais dificulta o real contato entre a comunidade acadêmica e os agricultores é a diferença entre suas realidades, sendo que a preparação para esse contato não é suprida apenas com a bibliografia. A origem urbana dos estudantes e a inexperiência com o ambiente rural é visto como o primeiro obstáculo a ser enfrentado. Porém, Callou et al. (2008), entende que perde-se muito tempo, de uma carga horária já reduzida, tentando minimizar estas diferenças. Diante disso, é imprescindível para a extensão universitária a compreensão de que o conhecimento popular deve ser respeitado e considerado tanto quanto o conhecimento científico. Neste sentido, a busca pela troca de saberes, entre extensionistas e comunidade, pode ser favorecida pelo diálogo entre os saberes. Segundo Paulo Freire: Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é estender algo desde a sede do saber, até a sede da ignorância para salvar, com este saber, os que habitam nesta. Ao contrário, educar e educar-se, na prática da liberdade é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem - por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais. (FREIRE, 2006, p.25) Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), um dos programas que coloca o aluno em contato com realidades distintas da qual ele está inserido, é a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL). Criado desde 2005, por professores, técnicos e colaboradores, tal programa busca fomentar iniciativas e/ou consolidar empreendimentos econômicos solidários (EES) nas comunidades. Pautando a sua organização nos princípios da Economia solidária esses EES tornam-se passíveis da incidência de políticas públicas, favorecendo assim, a geração de trabalho e renda para aqueles que os integram, Para SINGER (2002), a economia solidária é um modo de produção que tem por princípios a propriedade coletiva ou associada dos meios de produção, a autogestão, solidariedade, democracia direta, cooperativismo, entre outros princípios. O que a difere do modelo capitalista é a priorização das relações entre os sujeitos e a não alienação do processo

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 de produção. Ainda, segundo esse autor, o trabalho das incubadoras universitárias, nesse caso, a IESOL, é o de atendem grupos comunitários que desejam trabalhar e produzir em conjunto, dando-lhes formação em cooperativismo e economia solidária e apoio técnico, logístico e jurídico para que possam viabilizar seus empreendimentos autogestionários (SINGER, 2002). Um dos EES acompanhados pela IESOL é a Associação de agricultores familiares das Colônias Iapó, Santa Clara e vizinhanças, localizada na zona rural do município de Castro/PR. Essa associação, formalmente organizada no ano de 2010. é composta por, aproximadamente, 25 famílias, que trabalham na produção de dois segmentos: agricultura orgânica (verduras, legume e frutas) e panificação. A produção acontece nas hortas familiares e nas dez cozinhas comunitárias que compõem o empreendimento. Já a comercialização, ocorre principalmente, através do Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), embora também comercializem em feiras e diretamente ao consumidor. O contato com a IESOL teve início no ano de 2014, marcando assim, o processo de incubação do EES, com formações em Economia Solidária e apoio na resolução de demandas do grupo; Resultados Uma das principais dificuldades encontradas na experiência de trabalho com empreendimentos rurais, é o fato de que, na maioria das vezes, esses trabalhadores possuem acesso restrito ou totalmente inviabilizado à internet. Isso faz com que a inserção desses grupos na busca por editais que contribuam com auxílio financeiro ou técnico, fique comprometida. Além disso, muitos editais são escritos de maneira formal e burocrática, dificultando ainda mais o acesso. Neste cenário, a incubadora universitária pode desempenhar o papel de contribuir com a busca e escrita de projetos. Sendo assim, destaca-se a função do acadêmico enquanto extensionista, ou seja, de pesquisar projetos nos quais o grupo se encaixe e atuar como facilitador, a partir da metodologia da educação popular. Dessa forma, no início do mês de junho de 2014, a equipe de incubação da IESOL verificou a abertura de um edital da Cáritas Diocesana (entidade ligada à Igreja Católica), onde um dos eixos contemplava projetos produtivos, com a finalidade de promover superação de vulnerabilidade econômica e geração de renda.

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 A partir da leitura prévia desse edital a equipe decidiu apresentá-lo aos associados para saber se era de interesse da associação. A reunião foi organizada com os integrantes que possuem hortas agroecológicas, uma representante da Secretaria de Agricultura do município de Castro, técnicos e bolsistas da IESOL. Foi conversado sobre o edital com os trabalhadores e questionado sobre as possibilidades de utilização da verba concedida. Os associados apresentaram duas demandas referentes ao processo produtivo. Porém, no decorrer do debate, os mesmo pontuaram que somente uma delas seria viável, deliberando assim, a aquisição de financiamento para a construção de estufas agrícolas. Após essa reunião os acadêmicos se voltaram para a pesquisa de modelos de estufas que se enquadrassem no orçamento máximo proposto no edital e encontraram um projeto do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) de estufas ecológicas feitas de bambu. No encontro seguinte com a associação, os acadêmicos apresentaram as estufas de bambu e os trabalhadores concordaram com a proposta. Em discussão sobre os materiais a serem utilizados, os agricultores apontaram que possuíam ferramentas e outros instrumentos que poderiam ser utilizados coletivamente na construção. Também foi necessário realizar o levantamento de três orçamentos diferentes dos materiais restantes, sendo essa tarefa dividida entre a equipe de incubação e os agricultores, em ambas as cidades. Com isso resolvido, os acadêmicos contactaram o CPRA para verificar a possibilidade de acompanhamento técnico, caso o projeto fosse aprovado. Neste contato, além da parceria, o CPRA disponibilizou algumas vagas em uma oficina promovida para a construção de uma estufa. Essa atividade possibilitou uma prévia do que poderia vir a ser realizado na associação. Infelizmente nenhum associado pode comparecer, mas bolsistas e técnicos da IESOL participaram do curso que aconteceu na fazenda do IAPAR, em Ponta Grossa. No decorrer da elaboração do projeto houve reuniões entre equipe de incubação e os associados para troca de informações, repasses, dúvidas e/ou debates que eventualmente surgissem. O projeto depois de finalizado foi apresentado, revisado e discutido pelos agricultores, afinal, eles detinham os conhecimentos prévios e necessários na prática agrícola. Também houve um resultado muito positivo, pois o projeto foi aprovado e os agricultores estão esperando pela vinda do recurso. Considerações Finais

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 6 Percebe-se que grupos, especialmente rurais, tem dificuldade na procura e escrita de editais para captação de recursos. Neste contexto, o apoio da incubadora universitária se faz necessário para auxiliar na facilitação da linguagem utilizada, assim como nos processos de construção de projetos que concorram a estes editais. A metodologia de incubação utilizada na IESOL, por meio de reuniões dialógicas, favorece a participação ampla e direta dos associados e, possibilita ainda, a criação de parcerias com órgãos públicos e entidades de apoio. Todas as ações voltadas para atingir a sua principal finalidade: gerar trabalho e renda para os que necessitam. Quanto a prática extensionista, além da contribuir com a comunidade, beneficia a formação dos acadêmicos. tanto pelo contato com diferentes realidades, como pelo reconhecimento do saber popular. Também no que tange o ambiente da IESOL, a interdisciplinaridade pode ser apontada como uma grande contribuição para s formação acadêmica e profissional. Referências CALLOU, PIRES, LEITÃO, SANTOS.Angelo Brás Fernandes, Maria Luiza Lins e Silva, Maria Rosário F. Andrade, Maria Salett Tauk. O estado da arte do ensino da extensão rural no Brasil. Ilha de Itamaracá. Seminário Comemorativo dos 60 Anos da Extensão Rural no Brasil, 2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 34a edição. São Paulo: Paz e Terra, 2006 JEZINE, Edineide. As práticas curriculares e a extensão universitária. Belo Horizonte. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004. SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. 1ª Edição. Fundação Perseu Abramo, 2002. GUIMARÃES, G. Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares: contribuição para um modelo alternativo de geração de trabalho e renda. In.: SINGER, P.; SOUZA, A. R. (Orgs.) A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao desemprego. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2003. pg 111-122