DENÚNCIA CONTRA PREFEITA DO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO JACUÍPE



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Transcrição:

DENÚNCIA CONTRA PREFEITA DO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO JACUÍPE Processo TCM nº 16864-13. Denunciante: Lecivaldo Rodrigues Souza. Denunciada: Normélia Maria Rocha Correia. Exercício Financeiro: 2013. Conselheiro Relator: Plínio Carneiro Filho. Assunto: Merenda Escolar. Deficiente distribuição. Pregão Presencial irregular. Competência fiscalizatória do TCU. Profissionais do setor artístico. Despesas expressivas. Inexigibilidade de Licitação. Ausência de justificativa do preço. Violação da Lei Federal nº 8.666/93. Procedência parcial. Aplicação de sanção pecuniária. DELIBERAÇÃO Versa o Processo TCM nº 16864-13 de denúncia formulada pelo Vereador Lecivaldo Rodrigues Souza contra a Sra. Normélia Maria Rocha Correia, Prefeita do Município de Conceição do Jacuípe, ao qual foram anexados os expedientes de nºs 16885-13 (fls. 38/44) e 16886-13 (46/57) por medida de economia processual e envolver as mesmas partes e o mesmo exercício financeiro, sendo descritas as seguintes irregularidades: 1. Distribuição da merenda escolar em desacordo com a legislação de regência, considerando em que algumas unidades escolares sequer havia distribuição desse benefício ao alunado, acrescendo que somente em 12.09.13 foi deflagrado o Chamamento Público nº 002/2013, para aquisição de gêneros alimentícios da agricultura e do empreendedor familiar rural, para atender aos alunos matriculados na rede pública de ensino, em conformidade com o Programa Nacional de Alimentação Escolar/PNAE..., tendo o denunciante afirmado que de 28.02 a 30.09.13 foi transferido ao Município recursos do PNAE no montante de R$472.764,00, no entanto, a distribuição da merenda escolar nesse período teria sido deficiente, não obstante observar considerável gasto com os festejos juninos. 2. Questionamentos quanto a realização do Pregão Presencial º 006/2013, onde se constata sua autuação em 20.06.13; homologação datada de 04.06.13; aviso de resultado e adjudicação em 08.07.13; enquanto o extrato do contrato vinculado ao Pregão Presencial tem a data de 09.06.13, a revelar, segundo o denunciante, verdadeira bagunça com a coisa pública., cujo objeto é a contratação de empresa especializada para fornecimento de merenda escolar. 3. Gastos excessivos com a realização dos festejos juninos do Arraiá do Amor, com a contratação das seguintes atrações artísticas: Garota Safada (R$230.000,00); Frank e Alex (R$35.000,00); Forró Pé de Cerca (R$15.000,00); Flecha (R$10.000,00); Colega de Quarto (R$15.000,00); Adelmário Coelho (R$150.000,00); Forró do Muído (R$90.000,00); Roquinho Xote Manhoso (R$7.000,00); Forró no Expresso (R$8.000,00); Daniel (R$255.800,00); Forró Safado (R$72.500,00); Forró Talismã (R$35.000,00); Banda Malbeck (R$15.000,00); Banda Bit Player (R$15.000,00); Pablo (R$150.000,00); Bonde do Calypso (R$56.000,00); Ai de Mim (R$15.000,00); Jheovane (R$5.000,00); e Jú

Moraes (R$30.000,00), no total de R$1.209.300,00, cujos valores superam os de mercado, a exemplo de alguns sites citados pelo delator. Noutro passo da exordial, o gestor chamou a atenção para o fato de que algumas das atrações contratadas teriam realizado shows no período junino no Município de Caruaru, Estado de Pernambuco, mediante o pagamento de valores bem menores aos ora praticados, tais como as Bandas Forró do Muído e Garota Safada, segundo é constatado no site indicado, cópia anexa, de sorte a revelar, segundo o delator, superfaturamento nas referidas contratações promovidas pela Prefeitura Municipal de Conceição do Jacuípe. Até mesmo as bandas de menor apelo popular, estritamente locais, teriam recebido valores acima do praticado no mercado, a exemplo da Banda Colega de Quarto, Banda Malbeck e Banda Bit Play. Mais adiante, o denunciante adverte para o descumprimento da regra do inciso III do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, na medida em que, para ser realizada as contratações com fundamento no referido artigo, devem ser de artistas consagrados pela crítica especializada ou pela opinião pública, todavia ocorreram várias contratações de artistas que sequer foram citados pela imprensa, rasgando sob o ponto de vista moral não só a previsão legal supramencionada, mas todos os princípios administrativos existentes., além de não ter dado divulgação aos contratos das bandas mencionadas, desconsiderando o princípio da publicidade previsto no art. 37 da Constituição Federal, razão porque finaliza a peça de incoação pugnando pela apuração dos fatos e julgamento procedente do expediente para aplicar à denunciada penalidade prevista na regra de competência, sendo o expediente instruído com os documentos de fls. 08/35, 42/44, 51/57 e 68/75 dos autos. Por fim, no expediente de fls. 63/64, o denunciante fez chegar aos autos os documentos de fls. 65/75 objetivando encaminhar os documentos de sua qualificação pessoal com vistas à satisfação do requisito de admissibilidade da denúncia previsto no inciso II da Resolução TCM nº 1225/06, dentre os quais é notada presença de exemplar do Portal da Prefeitura Municipal de Conceição do Jacuípe (fls. 74/75) dando conta que o desembolso em favor da empresa Darlon Carvalho Santiago ME, responsável pelo fornecimento das atrações artísticas, foi da ordem de R$1.049.395,00. Formalizado o Termo de Ocorrência, seguiu-se da notificação da gestora para apresentar esclarecimentos no prazo regimental de vinte dias, resultando nas justificativas de fls. 83/86 complementadas mediante expedientes de fls. 115/118 e 147/152, secundadas pelos documentos de fls. 87/113, 119/145 e 153/170 dos autos, em que o defendente refuta os questionamentos de que foi alvo, tendo, nos dois primeiros expedientes, procurado enfrentar a questão relacionada à merenda escolar assegurando que a aquisição de gêneros alimentícios para a merenda escolar não teria ocorrido em setembro como alegou o denunciante, uma vez que o Pregão Presencial nº 006/2013, realizado com vistas à contratação de empresa especializada no fornecimento de merenda escolar para atender os alunos do Município de Conceição do Jacuípe teria ocorrido em 20.06.13; o aviso de resultado, adjudicação e homologação se deu em 08.07.13; enquanto o contrato de nº 156/2013 foi assinado em 09.07.13. Por sua vez, adverte a defesa que o chamamento público objetivando credenciar empreendedores rurais para fornecimento de gêneros alimentícios oriundos da 2

agricultura familiar nos termos do art. 14 da Lei nº 11.947/2009 ocorreu em setembro de 2013. Alega em seguida a gestora, que no dia 08/07/2013 ocorreram diversas publicações no diário do Município. Certamente por este motivo, algumas datas foram digitadas equivocadamente. Entretanto, no corpo do processo licitatório é possível verificar com clareza que não houve superposição de nenhum ato administrativo. Tudo ocorreu em tempo e ordem corretos. Assegura a defendente, dando seguimento à defesa, que o princípio da publicidade teria sido fielmente observado, como está a demonstrar o processo administrativo nº 006/2013, não passando o expediente de denúncia politiqueira, razão porque pugnava pela improcedência da delação. Mais adiante, no expediente complementar de fls. 147/152 dos autos, a gestora procurou enfrentar a pendência relativa à contratação de forma superfaturada de profissionais do setor artístico para apresentação nos festejos juninos, refutando a imputação assegurando que Em se tratando de São João, artistas e bandas que predominam o ritmo forró, sem dúvida terão seus valores majorados é questão de oferta e procura., de modo que, para a defesa, Os valores tomados como referência são de datas que nada tem a ver com os festejos. Quanto a imputação de ausência de divulgação do extrato do contrato referente à Inexigibilidade de Licitação nº 013/2013, a defesa assegura que a publicação reclamada se deu tanto no mural quanto no sítio eletrônico da Prefeitura Municipal, não obstante haver confessado a ocorrência de equívoco administrativo devido a ausência da publicação do ato de inexigibilidade e o respectivo extrato no sítio eletrônico do Município Diário Oficial, entretanto, isto, por si só, não enseja ofensa à Publicidade em seu sentido amplo, eis que os atos foram publicados tempestivamente em meios eletrônicos de alcance muito mais elásticos., razão porque a peça defensória é finalizada com a gestora pugnando pela improcedência da delação. Encerrada a instrução processual e em respeito à legislação de regência, o expediente em apreço foi enviado à consideração do colendo Ministério Público de Contas, que exarou o respeitável pronunciamento de fls. 174/177, opinando pelo conhecimento parcial e pela parcial procedência da denúncia aplicando-se multa à Prefeita do Município de Conceição do Jacuípe, Sra. Normélia Maria Rocha Correia, com fundamento no art. 71, II, da Lei Orgânica desta Corte., na medida em que deixar de emitir opinativo em relação aos fatos envolvendo deficiente distribuição da merenda escolar por ter sido custeados com recursos federais. VOTO Após tudo visto e devidamente examinado, constata-se que as questões trazidas à consideração da Corte de Contas giram em torno de deficiente distribuição da merenda escolar com verba do PNAE e o correspondente processo licitatório (Pregão Presencial nº 006/13) realizado com vistas à contratação da empresa Fenix Mix Comercial de 3

Alimentos Ltda., especializada no fornecimento da merenda escolar aos alunos da rede municipal de ensino do Município de Conceição do Jacuípe, pelo valor de R$420.805,60; e a realização de festejos juninos cujas atrações que se apresentaram no Arraial do Amor teriam sido contratadas de forma superfaturada, considerando que as despesas somaram o montante de R$1.209.300,00, sendo que os dados do Sistema SIGA apontam para um desembolso favorecendo a empresa Darlon Carvalho Santiago ME, responsável pelo fornecimento das atrações artísticas, da ordem de R$1.249.395,00. Inicialmente, convém ressaltar que as pendências relacionadas à irregular distribuição da merenda escolar e ao Pregão Presencial nº 006/2013, realizado objetivando a contratação de empresa especializada no seu fornecimento, por envolver recursos do PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar, instituído pela Lei Federal nº 11.947/2009, portanto recurso federal, a competência fiscalizatória segundo dispõe a Constituição da República foi conferida ao Tribunal de Contas da União TCU, para onde deverão ser encaminhados tais questionamentos, para os fins de lei, razão porque o TCM deixa de conhecer dos fatos mencionados. Quanto aos gastos tidos como excessivos com a realização dos festejos juninos do Arraiá do Amor, no exercício financeiro de 2013, com a contratação de diversas atrações artísticas somando o montante de R$1.249.395,00, pago à empresa Darlon Carvalho Santiago ME, segundo registra dados do Sistema SIGA, não obstante os elementos de convicção trazidos aos autos serem insuficientes para comprovação do alegado superfaturamento, ainda que seja observado um impacto de 2,58% sobre a receita orçamentária de R$48.788.297,40 e de 2,61% sobre a despesa orçamentária no montante de R$47.868.665,44, a gestora não apresentou esclarecimentos dignos de justificar o montante desembolsado, haja vista que as atrações artísticas foram contratadas mediante inexigibilidade de licitação fulcrada no inciso III do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, cuja documentação, lamentavelmente, não foi encaminhada aos autos, de sorte a possibilitar o exame da justificativa do preço contratado, para verificar se o mesmo está de acordo com o mercado praticado à época das transações, conforme exige a Lei de Licitações e Contratos Administrativos no parágrafo único, inciso III, do art. 26, vazado nos seguintes termos: Art. 26. (...) Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: (...) III justificativa do preço; Portanto, para que a contratação das atrações artísticas mediante inexigibilidade de licitação se revelasse regular, haveria de ter sido devidamente justificado no bojo do processo administrativo do certame, que os preços cobrados pela empresa responsável pelo fornecimento das atrações que se apresentaram nos festejos juninos em questão estavam de acordo com os praticados pelo mercado na região, na medida em que grande parte dessas atrações apresentaram-se em outras cidades baianas nesse período, de modo que não traria maiores transtornos à Administração Municipal a consecução de informações junto a outras comunas da região quanto aos valores por elas também desembolsados. 4

Demais disso, não se revela aceitável a contratação de algumas bandas com arrimo no inciso III do art. 25 da Lei Federal nº 8.666/93, mediante empresário exclusivo, porquanto, como advertiu o denunciante, não se tratam de atrações artísticas consagradas pela crítica especializada ou pela opinião pública e sim de pequenas bandas... sem nenhuma expressão regional, bandas estritamente locais..., a exemplo das Bandas Colega de Quarto, Malbeck e Bit Play. É conveniente deixar assentado que as despesas realizadas com os festejos juninos no exercício em apreço, em que pese apresentar valores bastante acentuados em se tratando de uma comuna de pequeno porte, a exigir da Administração Municipal maior parcimônia em gastos desta ordem, revelaram-se menos impactantes em se considerando os valores comprometidos nos dois exercícios imediatamente anteriores, considerando que em 2011 o desembolso foi de R$1.906.703,27 e em 2012 a despesa somou R$1.549.553,38. Portanto, como mencionado, esse numerário revela-se desmesurado em se considerando os valores desembolsados por Prefeituras de maior porte, com festejos mais robustos, a exemplo dos Municípios de Cruz das Almas, Amargosa e Senhor do Bonfim, em que o Sistema SIGA aponta para despesas com festas juninas no exercício de 2013, nos valores respectivos de R$1.330.421,65, R$726.848,69 e R$589.997,97. Por tais razões, a delação merece ser conhecida apenas em relação à contratação de atrações artísticas para apresentação nos festejos juninos, para julgá-la parcialmente procedente em decorrência de violação das exigências previstas na Lei de Licitações e Contratos Administrativos, sobretudo as previstas no art. 25, inciso III e art. 26, parágrafo único, inciso III, e realização de gastos com os festejos juninos em valores acentuados, não sendo despropositado, no entanto, reconhecer que se trata de festa tradicional do Município de Conceição do Jacuípe. Diante do exposto e tudo o mais que consta dos autos, com fundamento no art. 1º, inciso XX da Lei Complementar nº 06/91, combinado com os arts. 3º e 10, 2º da Resolução TCM nº 1.225/06, à exceção das questões envolvendo a distribuição da merenda escolar e o Pregão Presencial nº 006/2013, realizado objetivando a contratação de empresa especializada para o seu fornecimento, é de se conhecer e julgar parcialmente procedente o Processo TCM nº 16864-13, que trata de denúncia formulada pelo Vereador Lecivaldo Rodrigues Souza contra a Sra. Normélia Maria Rocha Correia, Prefeita do Município de Conceição do Jacuípe, para, com fundamento no inciso II do art. 71, da mencionada Lei Complementar nº 06/91 combinados com o art. 91, inciso XIII da Constituição do Estado da Bahia e art. 71, inciso VIII da Carta Federal, aplicar-lhe multa no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), a ser recolhida aos cofres públicos no prazo máximo de trinta dias do trânsito em julgado do decisório e de conformidade com estabelecido na Resolução TCM nº 1.124/05, sob pena de serem adotadas as medidas previstas no art. 49 combinado com o art. 74, da mesma Lei Complementar nº 06/91, com a cobrança judicial do débito, considerando que as decisões dos Tribunais de Contas que imputam débito e/ou multa tem eficácia de título executivo, nos termos do previsto no art. 71, 3º, da Constituição da República e no art. 91, 1º, da Constituição do Estado da Bahia. Determinar que as questões descritas nos expedientes nºs 16864-13 (fls. 01/07) e 16885-13 (fls. 38/41) e documentos respectivos (fls. 09/36 e 42/44) devem ser desentranhados e 5

enviados à consideração do colendo TCU, representação do Estado da Bahia, para os devidos fins. SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS, em 07 de abril de 2015. Francisco de Souza Andrade Netto Cons. Presidente Plínio Carneiro Filho Cons. Relator Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste, vá na página do TCM em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente. 6